Uma viagem, de certa maneira



Tudo estava dando errado naquele dia.

"Por que eu levantei da cama hoje?", Gina se perguntava enquanto ia para a aula de poções. Seu humor estava péssimo e ainda teria que aturar o morcegão olhando torto para ela.

-Lá vem a Weasley com suas roupas de segunda mão. - enquanto passava no corredor ouviu a voz arrastada e desprezível de Malfoy, para variar, caçoando dela.

"Acho melhor ele não começar com isso hoje, se não vai se ver comigo!", estava irada.

-Ih, ela parece tão nervosinha... Ui, que medo! - ele disse, parecendo ouvir e ignorar o alerta mental de Gina.

Draco adorava zombar os Weasleys, afinal eles sempre ficavam furiosos, o que era muito divertido, porque não tem graça zoar alguém que não dá a mínima. Acordara com um ótimo humor e nada melhor do que uma brincadeira logo cedo para manter-se alegre. Adorava ser o centro das atenções e para isso, zombava quem aparecesse por perto.

Para sua surpresa, a Weasley se virou no corredor, soltando fumaça pelas ventas, olhou para ele. Parecia possessa. Um horror!

-Malfoy, acho melhor não me provocar hoje, ou terei que... - Gina disse apontando a varinha para Draco, segurando os livros desequilibradamente na outra mão.

-Fazer o quê? Pensa que tenho medo de você? Eu sou monitor, vai me provocar? - o riso irônico e debochado permanecia em seu rosto. -Some da minha frente! - ele respondeu exibindo o broche.

-O que vou fazer? - fingiu pensar um pouco. -Vou te prender em outro armário cheio de bichos-papões. - disse num tom de voz distraído, de costas, ainda olhando para ele. -Ah, não! Você gostou, né? Pensarei em outra coisa...

Na verdade Draco odiara ficar naquele armário. Até hoje esperava uma oportunidade para se vingar da Weasley suja. O que ela fez, ninguém ousara. O ódio passou pelos olhos de Draco e ele tinha que responder àquela provocação.

-Suma... da... minha... frente! - disse pausadamente olhando para ela o mais friamente possível, mas sabia que deixava a raiva perpassar por seu tom de voz.

-Já estou atrasada mesmo. - Gina respondeu irreverentemente, virou o rosto e seguiu seu caminho nas masmorras para a aula de poções.

Pelo menos seu humor melhorou um pouco, nada mais agradável do que se dar melhor em cima de Malfoy logo de manhã.

Draco ficou fumegando no corredor. Ela pagaria por ser tão folgada!






Era verdade que a discussão com Malfoy melhorara seu humor, contudo a aula de Snape ajudou a estragar tudo de novo. Por que ele cismava em passar as poções mais difíceis para ela? Que coisa!

Entrou emburrada no Salão Principal para almoçar. Passou ao lado de seu irmão, que para variar, conversava com Hermione e Harry, mas Gina não estava com vontade de conversar, queria só comer e ficar sozinha. Quando estava de mau humor era melhor não ser importunada.

-Gina! - Rony disse quando ela passou ao seu lado, no corredor, procurando um lugar para sentar sozinha. A mesa estava quase toda ocupada, os grifinórios estavam famintos hoje.

Ignorou o chamado de Rony, se parasse para falar com ele, não parava mais.

Ele levantou, e para evitar que ela fosse embora, a segurou pelo braço, ou melhor, pela manga do casaco. Gina sem perceber continuou andando. Aí que a desgraça se sucedeu.

Ouviu um som de tecido se esgarçando e sentiu que a manga se rasgou. Quando se virou percebeu que além de rasgar, o tecido soltou-se totalmente do corpo do casaco, sem querer se afastou um pouco mais. Gina virou e viu a manga na mão de Rony, que agora estava mais vermelho do que o vermelho desbotado de sua roupa grifinória. Devia ter ficado parada.

A reação foi imediata.

Primeiro um súbito silêncio, depois burburinhos e em seguida todos do salão explodiram no riso. A cena seria realmente cômica, se não fosse trágica.

Gina saiu correndo do salão. Nunca tinha passado tanta vergonha, nem mesmo quando mandou aquele cartão de dia dos namorados cantante para Harry. Rony sentou-se novamente na mesa, agora não estava mais vermelho, estava roxo. De toda a mesa grifinória, somente Hermione e Harry não riam.

-Acho melhor você levar essa manga para ela recolocar no casaco. - Hermione disse para o ruivo pasmo ao seu lado.

-Boa idéia. - ele respondeu distraidamente e saiu do salão segurando a manga. Onde Gina estaria?

Draco Malfoy, na mesa da sonserina, chorava de tanto rir da cena. De alguma maneira tivera sua vingança. Obviamente agora esperaria uma boa oportunidade para caçoar a Weasley com esse fato. Seu pai estava certo, eles eram realmente pobres, estavam com as roupas desmanchando!

A corrida até o Salão Comunal da Grifinória foi a mais rápida que Gina já fizera. Realmente tinha pagado um grande mico. Foi até o dormitório feminino e lá trocou de casaco, sorte que possuía mais um. Esse estava em melhor estado, não descosturaria o remendo tão facilmente como o outro. Voltando ao salão comunal encontrou Rony e Dino Thomas, seu namorado, que conversavam.

-Ah, Gina, trouxe a manga. - Rony disse meio desanimado ao vê-la.

-Obrigada, Rony. - ela respondeu pegando o tecido. -Troquei de casaco, mas depois arrumo o outro.

-Vou voltar para o salão. - ele disse se despedindo e saindo pelo quadro da Mulher Gorda. -Odeio essa pobreza... - Rony resmungou saindo do salão comunal.

-Eu não estava no salão, mas encontrei com o Rony no corredor e ele me contou tudo. - Dino disse com um olhar solidário. -Essas coisas acontecem, não dê importância. - ele segurou carinhosamente a mão dela.

Desde o fim do ano anterior Gina estava saindo com Dino, ele era uma pessoa muito legal, mas Gina ficava com ele mais por amizade, não sentia algo especial. Ele era uma companhia agradável, só isso. Melhor do que ficar sozinha esperando por algo ou alguém que talvez nunca viesse.

-Tudo bem. - ela respondeu bufando. -Vou tentar ignorar as brincadeiras que farão comigo de agora em diante.

Dino aproveitou que todos estavam no Salão Principal e o salão da Grifinória estava vazio para abraçar Gina. Mas ela não estava muito animada para ficar namorando, seu mau humor piorara consideravelmente depois do acontecido. Ela logo desvencilhou-se dele e deu um beijinho rápido em sua bochecha.

-Já vai. - ele protestou quando ela se afastou.

-Já, tenho que terminar o dever antes da aula de história. Você sabe que esse professor novo é muito mais exigente do que o Binns. - Gina deu a desculpa e largou Dino sozinho no salão, indo para a sala do professor Glorfindel.






A aula de História da Magia chegava ao fim. Era impressionante como podia ser mais agradável esse tema com outro professor. Finalmente, durante as férias, Binns percebera que era um fantasma e resolveu se aposentar. Dumbledore disse, quando o substituto Henry Glorfindel chegou no primeiro dia de aula, que Binns dissera que agora iria curtir os benefícios da liberdade . Quem diria?

O novo professor era muito mais animado e parecia gostar do que fazia. Já os haviam feito assistir peças e filmes de datas históricas importantes do mundo bruxo. Ficara muito mais didático e agradável aprender. Somente Hermione afirmava preferir Binns. Todos os alunos, principalmente as meninas, porque o professor era lindo, gostavam mais dele do que Binns, e os meninos ele ganhou pela simpatia, diferentemente de Lockhart.

Henry Glorfindel parecia ter uma descendência veela, tinha os cabelos louros claros, compridos e lisos. Um sorriso cativante, uma voz hipnotizadora e olhos azuis sempre alertas, as meninas suspiravam em sua sala de aula. Além disso, era muito inteligente, compreensivo, atencioso, ou seja, ótimo professor. Tratava todos igualmente, meninos ou meninas, grifinórios, corvinais, sonserinos e lufa-lufinos.

Depois de uma aula legal, o mau humor de Gina tornou a diminuir. Até que reencontrasse alguém desagradável no corredor, em frente à sala de história.

Para Draco, o dia estava sendo muito bom, depois de ter visto a ruína da pequena Weasley e zombado à vontade do Weasley mais velho por ser tão pobre, tudo o que Draco mais queria era poder reencontrar Gina e poder triunfar sobre ela. E foi o que aconteceu.

-Ah, agora a Weasley lançou uma moda, acho que todas as garotas de Hogwarts vão arrancar as mangas do casaco e usá-los como colete. É o estilo detonado Weasley! - disse em alto e bom som no corredor quando ela passava, provocando-a.

-Melhor do que o estilo esnobe Malfoy, que é pisar nos outros. E como vai o papai? Faz calor nessa época em Azkaban? - Gina tocou na ferida.

-Olha aqui, sua miserável, logo ele vai sair de lá, e acho que depois disso, você deveria se preocupar com o que vai acontecer com o seu pai e seus amiguinhos, a Granger Sangue-Ruim e o Potter cabeça-rachada. - Draco estava irado. Logo seu pai sairia de lá e todos pagariam por zombar de um homem poderoso.

-Acho que você deveria ter cuidado consigo mesmo, porque se continuar assim, você será o miserável, perderá sua fortuna que certamente será confiscada pelo ministério. - Gina já ouvira um boato nas férias, o ministério pretendia confiscar grande parte da fortuna dos Malfoys, estavam juntando provas de que o dinheiro vinha de fontes ilegais.

Draco riu com desdém. Aquela Weasley estava desequilibrada. Nunca confiscariam sua fortuna. Seu pai não era burro a ponto de manter todo o dinheiro na Inglaterra. Boa parte estava escondida em paraísos fiscais.

-Não me faça rir. Jamais me igualarei a você. - ele respondeu e virou-se para Crabble e Goyle que estavam ao seu lado, postados como seguranças. -Pobre Weasley, passará frio nesse inverno... - disse e começou a coçar o queixo pontiagudo, fingiu ter uma idéia. -Já sei, vamos fazer uma campanha do agasalho! Ajudem os pobres, doem seus agasalhos! - desenrolou o cachecol e jogou em cima dela.

Aquilo era demais para Gina, seu mau humor, misturado com o ódio que já tinha por Malfoy, e as coisas ruins que haviam acontecido naquele dia, culminaram em um grande tapa no rosto dele. Os cabelos louro-prateados, um pouco crescidos batendo nos ombros, de Malfoy viraram com o rosto para a esquerda.

Draco, chocado pela audácia dela, desvirou o rosto e a encarou, ficou fora de si. Ergueu a varinha e iria proferir um feitiço quando alguém interferiu.

-Pare, Malfoy! - Glorfindel, surgiu no corredor, apontando a varinha para os dois.

Gina virou-se e percebeu que havia uma grande roda em volta deles, antes estava tão concentrada na discussão que nem notara. Olhou para o professor, que parecia irritadíssimo.

Draco abaixou a varinha e olhou para o chão, não queria receber um sermão do professor bonitão. Detestava o professor popular.

-Desculpe. - Gina disse para o professor.

"Ela está se humilhando, tipicamente Weasley!", Draco pensou irritado. "Eu não pedirei desculpas, não mesmo!!".

-O que vocês estão pensando? Vi muito bem o tapa que deu nele, senhorita Weasley. Nem adianta se desculpar. Estou cansado dessa rivalidade toda entre vocês. - ele parecia realmente cansado. -No sexto ano é o senhor Malfoy com o Weasley e o Potter, e agora depois da aula a senhorita e novamente o Malfoy. Vocês vão ter que se entender!

Doce ilusão do professor, Draco e Gina pensaram. Não seria por vontade dele que a grande inimizade secular entre as famílias Weasley e Malfoy acabaria.

-Me acompanhem. - ele continuou, saindo do corredor e entrando na sala de aula. Deixando os alunos do corredor num alto murmúrio. -Vocês, vão para os salões comunais! - ordenou esvaziando o corredor. Apesar da admiração das garotas, o professor era respeitado e obedecido.

Sem escolha ambos o seguiram, caras fechadas e sem se olhar.

-Não sei bem o que fazer, mas vocês devem ser punidos por essa discussão horrível na frente de todos os alunos. - Glorfindel sentou-se na cadeira em sua mesa. -Vocês receberão uma detenção. - por um minuto ele parou e pareceu pensar,debatendo consigo.

"O que será que ele vai inventar agora?", Draco pensava de mau humor à essa altura.

-Vou dar uma sentença comum. Ainda não sei bem o tipo de detenção que os professores costumam usar aqui em Hogwarts. Portanto, quero que vocês fiquem juntos, e a partir de agora mesmo podem ficar aqui na sala-

-Mas professor. - Gina o interrompeu. -Não podemos ficar aqui, ainda mais eu junto com esse...

-Esse aluno. - Glorfindel interferiu. -Sim, senhorita Weasley, você vai ficar, e é bom que se dêem bem, porque quando eu voltar, daqui há umas horas, quero ver essa sala brilhando de limpa! - ele disse se levantando e indo em direção à porta.

-Essa é a detenção? - estava muito fácil, Draco não acreditava, era só aturar um pouco a Weasley nervosinha.

-É. Mas, tem mais, vocês limparão a sala de aula. E sem magia. - com um aceno da varinha do professor, as varinhas de Draco e Gina voaram para sua mão e surgiram na sala baldes, esfregões e panos. -Nem tentem escapar, trancarei a porta. Sei muito bem que é difícil para vocês ficarem juntos, partilhar um local e uma função, mas terão que fazer isso. É o meu castigo. - ele passou para o outro lado e antes de fechar a porta disse: -Acreditem, é para o seu bem.

-PARA O MEU BEM? - Draco gritou quando o professor fechou a porta.

-Que maravilha! - era só o que faltava para melhorar o dia de Gina, presa na sala com o Malfoy.

-Tudo sua culpa! - Draco virou-se para ela, com ódio nos olhos.

-Minha culpa? Quem foi o idiota que perguntou: 'Essa é a detenção?', ele não ia tirar as varinhas, mas você, como sempre, teve que estragar tudo! - e essa era a pura verdade.

-Se você não tivesse me irritado logo cedo.

-E você queria me provocar e não ouvir nada em troca? Ah, Malfoy, vê se começa a limpar logo e me esquece! - Gina pegou um esfregão, molhou no balde e começou a passar no chão.

Draco continuava revoltado com a atitude do professor, mas resolveu começar o serviço logo, quanto antes terminassem, poderiam sair dali e ele não precisaria mais ver aquela garota irritante de perto. Começou a tirar o pó, completamente desajeitadamente, de uma das estantes da sala. Gina o viu e começou a rir, as caretas que ele fazia tirando o pó eram muito engraçadas.

-Por favor, Malfoy, nem para isso você serve? Faz direito! Continua tudo sujo. - ela tinha que criticar.

-Faz você, então! - ele jogou o pano nela, errando por pouco.

Gina pegou o pano do chão e se aproximou, queria se exibir. Sabia limpar uma estante.

-É muito simples. - começou trivialmente. -Você pega o pano e passa nos objetos e depois o chacoalha, para tirar o excesso. - disse exemplificando com um livro grosso.

-Você se esquece que tenho empregados e elfos domésticos em casa? Não preciso fazer o serviço de faxineira, ao contrário de você que deve limpar a casa toda sozinha, ou melhor, você e sua mãe balofa. - ele tinha que provocar. -Nenhum empregado gostaria de receber apenas um prato de uma comida pobre em pagamento por seus serviços.

Gina sem nem pensar tacou o livro na cabeça de Draco, que recebeu o impacto e caiu para trás, apoiando-se na parede, segurando o livro, quase o rasgando. Ela aproximou-se e tentou tomar o exemplar da mão dele.

-Vai rasgar! - ela protestou quando Draco não queria largar a outra metade do livro.

-E daí? Dane-se! - Draco respondeu.

Em seguida o livro emitiu uma luz esverdeada e desvencilhou-se de ambas as mãos, flutuando no ar em frente a eles. A luz intensificou-se e os dois levaram as mãos aos olhos para se proteger. Sentiram o chão se mover sob seus pés. Gina tentou se apoiar na parede, mas subitamente não havia mais parede, então acabou caindo no chão.

A luz verde sumiu e os dois puderam retirar as mãos dos olhos.

Draco quase caiu para trás com o que viu. Gina só não caiu porque já estava no chão, e com grãos de uma areia dourada sob si, em vez da pedra dura e fria de Hogwarts.

-O que aconteceu? - Draco pareceu lembrar-se de estar com Gina ao seu lado. -Onde estamos?

-Não sei! - Gina estava abismada. -Não acredito no que estou vendo!

À sua frente, uma grande muralha, no alto de uma colina que parecia ser de areia, brilhava, bege, da cor da areia, ofuscando os olhos. Do lado estava o mar, cinza, devido a grande quantidade de navios atracados. E atrás, uma imensidão de barracas, parecia um acampamento.

-O que te lembra? Um local antigo... Nós entramos naquele livro? - Draco estava totalmente confuso.

-Entramos? É provável. - Gina conseguiu erguer-se do chão. Limpou a areia das roupas. Aproximou-se de Draco, invadida por um medo súbito de ficar sozinha num local desconhecido.

Um homem, de cabelos pretos, bronzeado com o sol quente daquele local, com um rosto gordo e um nariz adunco, vestido com estranhos trajes que fizeram Draco rir, aproximou-se.

-Weasley, ele usa saias! Estamos na Irlanda antiga?

-Não me parece. Esse sol está quente demais para a Irlanda. - ela respondeu, também achando estranho o homem trajar saias.

-Akiles?! - o desconhecido exibia uma expressão de espanto ao ver Draco. -Nosso líder retornou do Mundo Inferior! - aproximou-se e abraçou Draco que afastou-se desajeitado. -Nossa, você está meio fracote... Onde estão seus músculos, seu bronzeado? - disse dando um forte tapa no ombro de Draco, quase fazendo-o cair. -Bom, mas para alguém que pegou a barca de volta do mundo dos mortos, saindo dos domínios de Hades, está ótimo! E os cabelos continuam os mesmos.

Gina achou a cena maluca, mas não sabia o que fazer.

-Deve ser um engano, meu nome é Draco Malfoy, não tem nada de Akiles. - Draco tentava consertar a situação.

-Imagina, Akiles! Ah, e ainda trouxe uma esposa do vale dos mortos? Assemelha-se muito à filha de Príamo, a ruiva que nós mandamos para a pira com você quando morreu, como chamava-se? Acho que Polixena. Reencontrou-se com ela no outro mundo? Ela é bonita, um pouco magrela, mas... É sua ou diversão para os homens? - o homem falava sério.

-Realmente ela é magrela. - Draco concordou.

-Não sou, não! - Gina sentiu-se ofendida! Quem eram eles para discutir isso agora?

-Bom, eu não sou Akiles e ela não é minha esposa, e muito menos diversão para os homens.

Enquanto Draco tentava convencer o homem de quem ele realmente era, aproximou-se um bando. Todos gritavam felizes, animados. Diziam que o tal Akiles retornara da morte.






Só havia uma possibilidade, Draco devia ser muito parecido com esse Akiles, falecido, foi o que Gina raciocinou.

-Akiles! Akiles! - os homens começavam a fazer um grande coro em volta de Draco.

-Agora poderemos conquistar Tróia! - um deles gritou e Gina compreendeu.

Eles estavam em Tróia, ou melhor, em um livro sobre Tróia. Gina já havia lido sobre essa história com Hermione, em um de seus vários livros. Akiles era o homem responsável pelo exército akaio, ou grego, ele ao lado de Menelau, um grego, rei de Esparta, e Agamenon, seu irmão, ambicioso senhor de Micenas, queriam dominar a cidade, que parecia ser o que ficava por trás dos altos e fortes muros bege. Agamenon queria conquistar Tróia com a desculpa de recuperar a esposa de seu irmão, Helena, que havia sido roubada por um dos príncipes de Tróia, Páris. Mas, na verdade, ele queria poder, dinheiro e ter os mares do local livres para seu comércio.

Ela e Malfoy estavam em uma grande enrascada.

Draco foi erguido pela multidão e ia sendo levado em direção à uma grande tenda, Gina observava tudo confusa, até que fosse, repentinamente erguida. Seus pés subiram e percebeu que foi colocada sobre o ombro de algum homem rude e robusto que lhe deu um tapa na parte posterior da coxa.

-Acho que você dá para o gasto. Mas que roupas estranhas... É uma amazona? - ele falava muito alto, Gina quase gritou em resposta "Não sou surda!", mas disse outra coisa.

-Me largue, ou a ira de Akiles cairá sobre você. - disse com a voz séria, debatendo-se em cima do homem.

-Ah, ele está muito ocupado com a glória do retorno, acho que não sentirá sua falta. Afinal, as mulheres servem apenas para nos servir, e eu acabo de voltar da batalha. Há mais de uma semana que não enviam nenhuma mulher para nós, pobres soldados. Acredito que você bastará para uns cinco.

O pânico cresceu dentro de Gina. Ele não estava levando-na para a mesma tenda que Draco. Além dele haveriam mais quatro? Quase desfaleceu por antecipação, mas tirou forças de si para continuar a protestar.

-Servirei para quê? Serei escrava? Limparei as tendas? - tentava ver o lado melhor, tinha visto no livro que muitas das mulheres capturadas viravam faxineiras.

-Claro que não, você é muito jovem e bonita para isso, nossos homens precisam de você para outros serviços. - ele respondeu apertando a mão sobre a coxa de Gina.

A esperança se fora, estava perdida. Onde Malfoy estava agora? Não a ajudaria? "É óbvio que não, ele nem se importa. Você é uma reles Weasley e esses homens farão o que quiserem com seu corpo.", pensou lembrando-se de Harry e seus seis irmãos, nenhum deles estariam a postos para salvá-la desta vez.

Cansou de se debater e deixou-se levar pelo homem. Não sabia porque, mas ainda não chorava. Talvez a ausência de esperança a impossibilitasse até de temer. Subitamente o homem a desceu do ombro e a segurou, abraçando-a em frente a si, virada para um bando de outros homens como ele, sujos, rudes e fétidos.

-Presentinho!






Do outro lado do acampamento, Draco era colocado de frente a Agamenon e Odisseu, homens que eram mais velhos, porém ainda vigorosos e fortes. Agamenon tinha ambição nos olhos, e Odisseu, pesar e sapiência. Ambos pareciam vislumbrados com Draco.

-Nosso melhor guerreiro, Akiles, ressurgiu das cinzas! - Odisseu levantou-se de seu lugar. Ele era baixo e corpulento, de meia idade, cabelos crespos e rosto vermelho curtido pelo tempo, nariz adunco e olhos azuis profundos. Aproximou-se de Draco, olhando-o no fundo dos olhos. -Então as profecias estavam erradas, Akiles não morreu pelo calcanhar. Ele renasceu!

-Chega de filosofia, Odisseu. - Agamenon tinha um grande nariz adunco, como o bico de alguma ave voraz de rapina, os olhos faiscantes como de um gavião, um sorriso cruel, o queixo se projetando numa expressão brutal e um semblante de barba preta. -Então, garoto, parece que o Apolo dos troianos não o atingiu como disseram. Nós vimos o deus te acertar, o vimos partir, mas você voltou. Então, só pode ser uma resposta do nosso deus, Zeus Tonante. Você lutará novamente ao nosso lado? Ou continuará a fazer aquele bando de exigências descabidas?

Draco bufou. Não era possível! Aquela gente era surda? Não entendiam?

-Vocês... estão... enganados... não... sou... Akiles. - disse vagarosamente, quem sabe desta maneira compreendiam. -Me chamo Draco Malfoy e não sei bem como vim parar aqui. Só sei que não vou lutar e não sou guerreiro.

Todos os presentes começaram a falar ao mesmo tempo, não pareciam concordar com Draco. Agamenon levantou irado.

-Ah, garoto desmiolado, você É AKILES! E LUTARÁ AO MEU LADO!! - gritou fazendo com que todos se calassem e Draco assustasse.

Deveria continuar negando? Mas o que seria feito de si se continuasse? Poderiam matá-lo. Seria mais prudente dizer que era mesmo esse tal Akiles. O problema seria se quisessem que ele lutasse, Draco sempre foi péssimo com armas, por mais que Lúcio tentasse ensiná-lo, por mais que quisesse aprender para mostrar para o próprio pai que era capaz, Draco não era. Não conseguia segurar, empunhar e acertar ninguém com qualquer tipo de arma, apenas com sua varinha, que não possuía no momento.

-Acalme-se, Agamenon, creio que ele está um pouco perturbado, ele acabou de voltar da morte. - Odisseu parecia ser mais lógico. -Vamos dar um tempo de descanso ao jovem, mande-o para a pobre Briseida que chora há uma semana desde sua morte.

-Está bem, amanhã voltamos a falar. - respondeu a contragosto. -Levem-no até a barraca na qual vivia. - viraram Draco e ele repentinamente lembrou-se.

-Onde está a moça que veio comigo? - a Weasley tinha desaparecido, não estava em nenhum lugar por perto.

-A ruiva com roupas estranhas? - o mesmo homem que vira Draco primeiramente disse.

-Ela mesmo.

-Hedrius a levou. - o sujeito respondeu e Draco ficou preocupado. -Creio que para os soldados que voltaram da batalha hoje. Vai ser uma festinha.

A última frase quase tirou Draco do sério. Uma festinha? O que fariam com ela? Se acontecesse algo a ela, ele estaria perdido. O bonitão do professor seria o primeiro a culpá-lo, em seguida seria trucidado por todos os vários irmãos Weasleys que ela possuía, e Draco já havia visto os mais velhos, um lidava com dragões e lhe parecera muito forte. Não podia permitir que fizessem algo com ela, pelo seu próprio bem.

-Festinha? Mas eu permiti? - ele era ou não o chefe do exército? Pelo menos essa parte da confusão tinha compreendido. -Vamos agora buscá-la! - ordenou bruscamente e o homem pareceu tremer.

-Sim, senhor! Me perdoe, mas disse que ela não era sua noiva.

-Mas também disse que não era diversão para os homens! - Draco estava irritadíssimo por ter que salvar a pele dela.

O homem, que Draco não sabia o nome, liderou o caminho no acampamento até onde estaria Gina. Junto dos dois foram alguns homens que estavam na tenda. Draco ficou enojado quando viu o estado dos soldados que haviam voltado da batalha. Muitos fediam e tinha vários cortes e cicatrizes pelo corpo, o estado de suas roupas era péssimo. Como viviam assim? "Nem a Weasley merece uma coisa dessas.", pensou seriamente preocupado.

Os homens pareciam agitados.

-Era para o Hedrius estar por aqui. Vai ver já levou a moça para sua barraca. - o grego disse com um sorrisinho malicioso no rosto. -Ei, Julius, onde está o Hedrius?

-Na barraca, ocupado. - um soldado sujo respondeu, deveria ser Julius.

-Ele estava com uma mulher de cabelos vermelhos?

-Sim, estava. - Julius parecia irritado com o interrogatório.

-E onde ela está? - a pergunta que Draco queria a resposta.

-Ah, já foi levada.

O homem virou-se para Draco com um olhar pesaroso depois da resposta de Julius.

-Acredito que ela não servirá mais para o senhor, mas sua esposa, Briseida, o aguarda em sua tenda. - ele parecia tentar consertar a situação.

Draco não sabia o que fazer. O tal Hedrius já teria feito algum mal a Weasley? Daria tempo de evitar? Mas certamente o homem ficaria irado, e só de olhar os outros soldados, ficava receoso de enfrentar um igual. Não tinha idéia de que lugar era aquele, nem qual o costume dos homens, além de usar saias.

Ficou estático.






N.A.: E aí? O que acharam? Espero e-mails com comentários, hein?

Ah, vou aproveitar esse espaço pra agradecer a todos que me indicaram pra concorrer no D/G Fic Awards e também a todooooos que votaram em mim dentre os tão bons concorrentes e me fizeram ganhar algumas categorias por lá!!!! Vocês nem tem idéia de como eu fiquei super-hiper-mega-ultra feliz!!!! Muitíssimo obrigada pelos votos, de merecimento e de confiança, pois além de gostar das fics que eu já escrevi, vocês acreditam nas que eu ainda nem escrevi, como essa que foi comentada desde que anunciei a idéia, e sempre me apoiam e apoiaram, desde o comecinho, com "Beautiful Stranger". Obrigada!!!!! ;)

Esclarecimentos: No livro ("O Incêndio de Tróia") Aquiles é escrito com k, Akiles, e na fic também ficará assim, porque respeita a grafia grega. A história tá diferente do filme, aqui o Akiles é um pirralho, da idade do Draco mesmo (na fic igualzinho, fisicamente, a ele) e não um Brad Pitt, ele também é um gato e mal, muito mal. E um detalhe importante, no livro o Akiles não morre no fim, mas no meio, portanto, acreditam que ele voltou da morte na fanfic, porque o momento da história é depois de ele ter morrido, uma semana depois.

Como as Olimpíadas foi um acontecimento recente, tudo mundo tá careca de ouvir sobre a Grécia, então só para esclarecer: Hades, Apolo, Zeus Tonante e Pala Atenas são três divindades gregas que terão participações na fic (estrelas coadjuvantes), certo?

Na época de Tróia (é, existiu mesmo a cidade!), a Grécia não era bem Grécia (um país, nação) ainda, não existia nem a democracia, é bem anterior, no começo da civilização. Tróia foi encontrada, ou melhor, os vestígios dela, onde hoje é a Turquia. Mais explicações nos próximos capítulos!

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