Capítulo II




Capítulo II - Safado.



 


Não vou. Não vou e ponto. Recuso-me a ir a um baile com uma pessoa que não quer a minha companhia e prefere mil vezes mais ser agarrado por um bando de vadias, e só vai primeiramente por que eu o ajudei numa matéria (ninguém pede que uma pessoa vá ao baile de primavera em troca de ajudá-lo em uma matéria. NINGUÉM) e em segundo, porque a minha melhor amiga, super popular, Lily Evans, pediu a ele que ele fosse comigo, quando disse a ele que estava livre da nossa promessa. Embora ele negue que ela o pediu isso. Hello, eu tenho cara de idiota? Não responda! ;x


 


-Lene, você não entendeu, você TEM que ir. – Lily afirmou pegando a chapinha na bolsa dela. – Sirius Black se ofereceu para ir ao baile com você! – ela completou sentando-se na minha penteadeira e começando a alisar o próprio cabelo.


 


-Até parece que ele se ofereceu, Lily. Eu conheço vocês, ok? Conheço esse seu jeito manipulador, e a capacidade do Black de ficar com 33 mulheres idiotas em uma noite. Então, pronto, não vou me sujeitar a isso.


 


-Quantas vezes eu vou ter que dizer que eu não tenho nada haver com isso?


 


-Quantas vezes você quiser. Eu não vou acreditar mesmo. Lily, por favor. Pelo bem da nossa amizade esquisita que está por um fio, pare de dizer sandices. Não minta para mim, Evans. – eu disse séria, embora isso soasse como uma brincadeira.


 


-Lene, nem que seja pelo fato de que ele é um galinha, você simplesmente não pode perder esse baile, e está em cima da hora para esperar que outra pessoa te convide. Vá com Sirius, não por ele, mas por você.


 


-Profundo, Lily, mas não conquistador, esse seu sermão. Não vou. Não preciso desse baile. Vou ficar aqui,assistindo TV, ou quem sabe, estudando.


 


-ESTUDANDO? Marlene, você estuda de mais, criatura. Tira uma folginha, só por hoje. Por favor, se não vai fazer isso por você, faz por mim. Eu sou sua melhor amiga. Ou pela sua mãe, que espera que você não seja uma isolada no colégio.


 


-Fala sério Lily, o que a minha mãe mais quer é que eu seja uma isolada no colégio. Ela acha que amigos atrapalham o estudo.


 


-Lene, pelo amor de Deus, você precisa ir a esse baile.


 


-Não. Não é não. Além do mais, nem roupa eu tenho. Não dá pra ir.


 


-Já ouviu falar em ‘ Quem quer arruma um jeito, quem não quer uma desculpa’?


 


-Já. E eu não quero ir ao baile.  Desculpas, sim. Esfarrapadas mesmo, porque eu não quero ir ao baile. Não vou.


 


-Lene, se você não for eu... eu vou... vou me matar.


 


-Claro, claro. A faca está lá na cozinha.


 


-Vou espalhar um boato cabeludo sobre tu.


 


-Aham, sei, e eu morro de medo de boatos. Desista Lil!


 


-Lene, eu sei que está brava comigo por não ter sido uma amiga tão boa e do Sirius porque ele é galinha, mas, por favor? Você tem que nos dar uma segunda chance.


 


-Eu não tenho que dar nada a vocês. Muito menos uma segunda chance. Não importa o quão dispostos vocês estão a mudar. – eu cruzei os braços e me virei. Estava sendo teimosava e infantil, mas não conseguia agir de outra maneira.


 


Ela segurou os meus ombros e sorriu, eu pude perceber. Eu dei um riso fraco e ela girou nos calcanhares  para me encarar.


 


-É, o pior é que eu sei. Mas eu não queria que fosse assim. Eu gostaria de poder voltar as pazes com você.


 


-Posso até pensar no seu caso Lil. – sorri monotonamente  -, mas Sirius é... Sirius. – eu disse por fim, e desabei na cama, colocando as mãos na cabeça.


 


-Sirius está tentando não te magoar.


 


-Está se esforçando. – eu zombei. – Eu vi ele se agarrando com a Vany no banheiro feminino ontem. – reclamei.


 


-Com a Vany? – Lily estranhou.


 


-Sim. – eu afirmei cruzando os braços. Eu estava infinitamente sendo ridícula. Como eu poderia sentir ciúmes de algo que eu nunca tive? Sirius não me devia nada. Nunca ficamos, nem namoramos; mal nos falamos. Como eu podia pedir que ele parasse de ficar com as meninas se eu disse que não queria nada? Se fui eu que pedi para que ele ficasse com aquelas garotas no baile? Se fui eu que rejeitei o ‘pedido’ dele? Mas nada disso importava. Que ele fique com quantas garotas quisesse. Que ele rejeitasse a segunda chance que eu desse ou não para ele. Não importava, nada disso. Eu só queria ficar quieta no meu canto. Eu era uma rejeitada isolada. E daí? Eu fui isso a minha vida inteira. a gente se acostuma com a solidão.


 


Lily entortou os lábios, e eu pulei rapidamente da cama, e a porta se irrompeu. Eu olhei para Lily, assustada e nervosa, mas ela parecia mais assustada do que eu.


 


-Marlene, pelo amor de Deus, para de tratar a si mesma como uma perdedora sem futuro. É a sua grande oportunidade. – era Miguel.


 


Espera aí! Miguel? Em que dimensão estamos? Será que as pessoas à minha volta foram abduzidas e agora vieram alguns alienígenas? Lily uma amiga exemplar? Sirius me convidando para ir ao baile? Miguel sendo um bom irmão? O que está acontecendo?


 


-Quem são vocês e o que fizeram com Lily e Miguel?


 


-Lene! – Lily bufou irritada. – Para de joguinhos?


 


-Estou falando sério! – Bronqueei. – Acorda! Vocês não são assim. Só falta mamãe aparecer com um vestido aqui e dizer que eu deveria ir ao baile também. – zombei. HAHAHA!


 


Maldita boca. Maldita, maldita, maldita. ;x acho que vou costurar minha boca. (N/A: HAHA, Lene assistiu almas condenadas. Pareeéy! /) Porque eu tinha que falar? Grande ajuda. Mamãe entrou dançando no quarto, segurando um vestido na frente do corpo.


 


-Oportunidade única. – ela sorriu, e traduziu tudo que queria dizer. Por que ela podia dizer tudo que queria com tão poucas palavras.


 


O único problema é que o vestido era lindo – daqueles irresistíveis.


 


-Mãe, o que te deram pra beber?


 


Ela bufou, e me estendeu o vestido.


 


-Só espero realmente que caiba.


 


Embora não fosse realmente um elogio, eu fui tranqüilizada. Afinal, era a mamãe normal, então eu tivera certeza de que este ser na minha frente, não era algum tipo de alienígena que abduzira a minha mãe e agora tomara o lugar dela na terra. (/ok, chega de ficar estudando de madrugada! Estou ficando louca!)


O_O


 


-Isso me trouxe um pouco de alívio! – admiti, olhando para o vestido.


 


-É só uma noite, Marlene. Não vai morrer se você for. – Miguel tentou me convencer. ERROR! Argumento errado, maninho.


 


Certo, lavagem cerebral deveria ser proibida! Eu já suspeitava que o Miguel contrabandeava drogas (/mentiiiira); mas nunca imaginei que ele daria pra mim (/mentiiiiiira²). Só posso ter cheirado Tang para ter aceitado experimentar aquele vestido. Ele é bonito, afinal. Não, mentira, ele é liiindo de morrer.


 


AAAAAAAAAAAAAAH! É UM SEQÜESTRO! CHAMEM A POLÍCIA! Não podem me jogar no banco do carro do Miguel e dirigir até a festa. Eu me recuso. Vou fugir ;x


 






 


Eu me sentei na cadeira perto da mesa de ponches e suspirei. O que você esperava? Que eu fizesse uma entrada super uper triunfal, jogando o meu vestido o Black se tornasse completamente romântico e me chamasse para dançar, como em filmes/contos de fadas? Essa é a vida real, falou? Eu sou a menina esquisita que foi obrigada ao ir ao baile por pessoas esquisitas e por uma mãe ET.


 


-Levanta, Lene! – ela puxou o meu braço. James chegou ao lado dela e sussurrou algo em seu ouvido. EU OUVI, TÁ LEGAL? “Deixa ela ai, Lily”; tudo bem. To acostumada.


 


-Ai, Lily, eu to bem aqui. – Na verdade, sentada da maneira que eu to, esse vestido me deixa gorda, mas abafa. – Pode ir.


 


E ela largou o meu braço, automaticamente. Lançando o corpo para cima de Jay, eu os observei afastando-se. Uma lágrima sorrateira e salgada escorregou pelo meu rosto e eu tentei secá-la inutilmente com as costas da mão.


 


-BLACK! – reclamei, quando Sirius se sentou ao meu lado, colocando as mãos geladas ao meu pescoço. – Enfiou a mão em um balde de gelo, é? – reclamei, cruzando os braços.


 


-Estava pegando ponche para Vany. – Ela virou o rosto. – Você disse que não vinha.


 


-Eu disse que não vinha com você. Mas, eu fui obrigada, de qualquer jeito. – Dei de ombros.


 


-Quer? – estendeu o braço me oferecendo ponche.


 


-Aceito. – Disse de mau-humor. Os olhos dele entrecruzaram o meu. Eu pude ver o sorriso brincar em seus lábios. Os lábios que eu tanto desejei. Sirius Black, porque você tem que ser tão perfeito? Por quê? Porque você tem que ser tão perfeito mesmo sendo um galinha? Porque você só fala comigo quando eu não estou em condições de responder? Eu simplesmente não raciocínio quando nossas respirações estão tão perto. Não dá Sirius Black. Não dá pra suportar que eu te amo e você só abusa. Só usa. Eu não sou uma marionete.


 


-Você é engraçada, Marlene. - Eu sou? Não sou. Eu sei disso. Eu não sei fazer piadas. Eu não sou engraçada. – Eu gosto disso. – Ele riu. – E você é gostosa.


 


Eu revirei os olhos.


 


-É só nisso que você pensa, o tempo todo? Garotas, garotas e playboys?


 


-Isso é normal. Estranho seria se eu só pensasse em garotos. – ele olhou para pista. Imaginei que estivesse procurando pela próxima vadia garota para danças, mas ele se virou para mim. Ele fez um biquinho e depois perguntou. – Ah, dança comigo?


 


-Lily deve estar te pagando uma grana alta! – eu disse.


 


-Eu sou rico, modéstia à parte. Não preciso de dinheiro.


 


-Então você realmente acha que tem que cumprir a sua promessa de eu te ajudar com as matérias e tudo mais. Parece que as pessoas que tem o raciocínio menos astuto (?) como o seu demoram mais tempo para absorver a informação. Olha o tamanho do decote daquele gótica! Porque não vai lá e aproveita e transa com ela no banheiro! – Nem eu sei qual é o meu problema, tá? Não perguntem, só concordem.


 


-Você é esquisita –  ele segurou meu pulso e o meu ante-braço e começou a me puxar. – Mas é interessante. – Eu cedi, porque o meu braço poderia ser arrancado fora à qualquer momento se eu continuasse daquele jeito.


 


Ele me guiou até o meio da pista e segurou na minha cintura. A batida hipnotizante repetida parou, dando lugar para uma calma e arrastada. Exatamente o que eu não precisava agora. Música romântica.


 


Ele escorregou a mão pela minha cintura, e eu desviei. *Hello! Ela ta tentando passar a mão na minha bunda!!


 


-Você é nojento, Black. Se queria uma putinha pra ficar tarando, porque não seguiu o meu conselho e ficou com aquelas vadias que eu falei? Eu não sou o seu tipo de garota.


 


Ele riu e lançou a cabeça para cima, debochadamente. Eu continuei o encarando, e esperando uma resposta.


 


-Marlene, você não sabe qual é o meu tipo de garota.


 


-Ah, sei sim. Todo mundo sabe. Seu tipo de garota é qualquer bonitinha que deixe você passar a mão na bunda dela. As garotas privativas e conscientes não são o seu tipo de garota! – eu gritei, enfurecida.


 


-Calma Marlene. Esse é um dia feliz, para as pessoas ficarem contentes. Não precisa se estressar.


 


-Eu estou calma! – gritei. Eu estou calma, ta? Estou calmíssima. Sou a pessoa mais calma desse mundo. EU ESTOU CALMA!


 


-Percebi. – ele disse irônico.


 


-NÃO SEJA IRÔNICO COMIGO, BLACK! – eu sei. É notável que eu sou problemática. Em um momento estou declarando o meu amor pelo Black para mim mesma, dizendo que ele nunca me compreenderia e blábláblá, e em outro momento estou gritando com ele sobre ser ou não tipo de garota dele, depois que ele me tirou pra dançar. Acontece que às vezes ele fica meio insuportável.


 


-Está bem, McKinnon. Não vou ser irônico com você.


 


Apertei os olhos para ele, e fiz uma cara emburrada. Já mencionei o quão problemática eu sou? Já!


 


-Você é esquisito. – Comentei. – Fala comigo duas vezes por ano, e agora me tira pra dançar. Sem mencionar que você me chamou de esquisita!


 


-Está bem. Sou esquisito. – Ele concordou e eu arqueei as sobrancelhas. O que está acontecendo com as pessoas?


 


Arqueei as sobrancelhas, e ele se curvou para mim. Seu rosto estava tão perto, que eu podia sentir o seu hálito refrescante. Os olhos dele encaravam o meu, e eu pude ver o brilho em sua íris, enquanto ele aproximava sua boca da minha.


 


Eu estava rendida, mesmo depois de tanta teimosia, eu deixei que ele encostasse seus lábios nos meus. Minha respiração ardeu, enquanto nos beijávamos. Ele se separou de mim, sacudindo a cabeça e sem me encarar.


 


Furiosa, eu o empurrei, e ele cambaleou entre outras pessoas. Eu segurei o vestido para não tropeçar, enquanto saía perdida, pelo meio da multidão, enquanto as lágrimas passeavam pelo meu rosto. Eu empurrei a barra para sair do ginásio, mas Sirius gritou meu nome:


 


-MARLENE! O que aconteceu? – eu me virei para ele, enxugando as lágrimas, enquanto tentava citar as palavras, sem soluçar.


 


-Sabe o que aconteceu? Você aconteceu Sirius Black! – eu gritei. As palavras saíram como um rugido tão alto, que eu achei que iria perder a voz. Todo mundo pareceu se virar para olhar, mas eu não olhei em volta para me certificar. – Eu passava cada minuto do dia sonhando ridiculamente com você, mas eu era esperta o suficiente para ter certeza de que você não passava de um canalha nojento e abusado! Mas hoje eu tive mais que certeza! – e eu acrescentei , silenciosamente, mais próxima dele, apenas com o dedo indicador apontado para ele. – Você simplesmente me fez sonhar, para depois acordar! Por que me beijou, afinal, se não era o que você queria?


 


-Quem disse que não era o que eu queria?


 


-Há. – resmunguei. – Pare de brincar com os sentimentos dos outros, Black. É errado. – eu disse, apenas. Dando de ombros, eu puxei o meu vestido novamente, e sai do salão a meio de olhares repreensivos e assustados.


 


Lily saiu do salão logo em seguida, correndo atrás de mim, e parando ao meu lado, enquanto cobria meu rosto com as mãos, desatando em lágrimas.


 


-Lene...


 


-Vá embora! – eu reclamei, furiosa, com a voz rouca.


 


Eu estava sendo chata com Lily, porque ela não tinha muito haver com isso, de qualquer forma, mas eu simplesmente estava desesperada, não queria falar com ninguém.


 


-Lene, por favor, sai daí! – eu me trancara, em uma das cabines do banheiro, em cima da tampa da privada desenrolando o papel higiênico para limpar a maquiagem.


 


-Saia daqui, Lily! Me deixe em paz!


 


-O que aconteceu, Morena? – ela perguntou, com a voz mais calma.


 


-O Black, Lily. Me beijou. – eu disse, abrindo a porta e a abraçando.


 


-E o que há de errado nisso, xuxu?


 


-Lily, foi só pra se divertir. Pra brincar comigo, ou você realmente acha que um cara como Sirius Black ficaria com uma pessoa como eu? – eu chorei. E eu que não era uma pessoa emotiva. õ/


 


-Acho. Porque você é uma pessoa divertida, bonita, inteligente.


 


-É, inteligente. Porque é só pra isso que eu sirvo. Pra passar cola em provas. – eu reclamei, sentindo as lágrimas se apressarem pelo meu rosto coberto de pó compacto.


 


-Lene, pare de se auto-depreciar! – ela mandou. – Eu sei que não tenho sido uma ótima amiga ultimamente, mas eu não teria começado a ser sua amiga se você não fosse a pessoa maravilhosa que é. Você é gentil, atenciosa. Então não deixe que essas pessoas ponham rótulo em você.


 


-Como eu rotulei Sirius de cachorro? – abri um sorriso envergonhado, enquanto ela secava minhas lágrimas.


 


-Não, isso todo mundo sabe que é verdade. – ela revirou os olhos. – Enfim, Marlene! Levante-se e vá dançar com o amor da sua vida.


 


Eu sorri para ela.


 






 


Eu segurei as lágrimas dessa vez. Coloquei o cabelo atrás da orelha.


 


-E então? – Lily cochichou do meu lado. – O que houve?


 


-Ele seguiu o meu conselho. – disse, sem emoção.


 


Estava tudo errado. O problema é que eu não poderia culpá-lo. Claro que ele tinha me beijado, e eu pensei bobamente por um momento que ele me amava tanto quanto eu sempre o amei. Mas eu o mandei embora. Eu o mandei se esfregar com as vagabundas que ele tanto gostava.  E eu não posso culpá-lo por obedecer aos meus comandos. Mas não posso negar que estou chateada. Que eu esperava que ele estivesse esperando por mim.


 


-Eu disse para ele ficar com as vadias dele. – eu disse, com a voz rouca. – A culpa é toda minha! Se eu tivesse calado a minha matraca.


 


Enquanto outra lágrima conhecida atingia o chão, é que eu percebi, que não era culpa minha. Se ele me amasse, não importaria se eu dissesse que  era para ele ficar com aquelas bitches, ele não ira. Mas também não era culpa dele, se ele simplesmente não me amava.


 


-Lene, isso não é sua culpa. Só acontece.


 


-Eu só pensei que ele podia me amar. Pelo beijo, e o baile. Mas, ele continuar insistindo foi armação sua, não foi?


 


-NÃO! Lene, não. Não armei.


 


-Então ele se sentiu culpado. Por isso que ele insistiu. E foi só. Eu não deveria esperar muito.


 






 


-Como foi o baile? – perguntou Miguel sem tirar os olhos da TV.


 


-Uma porcaria. – eu suspirei, e me sentei ao lado dele.


 


-Ah. – ele disse, apertando o botão pra mudar de canal furioso.


 


Eu enchi o pulmão de ar, tentando não me exaltar. Mas foi difícil. Puxei o controle da mão dele, e desliguei a televisão.


 


-Ok, eu sei que é muito, mas você podia uma vez parar de olhar para o próprio umbigo e se importar um pouco com os meus problemas? – eu disse, chacoalhando o controle furiosa.


 


-Ahn... não. Agora me devolve o controle?


 


-Foi uma pergunta retórica, imbecil! – joguei o controle no chão, pisei duas vezes com o sapato de salto que Lily me emprestou, e bati os pés até o meu quarto.


 






 


-Meu irmão é um panaca. – eu grunhi, no telefone e Lily riu. – Pera um minuto Lily, meu celular ta tocando.


 


Eu puxei o meu celular que berrava o som de The Way I Loved You, da Taylor Swift Diva. O nome ‘Sirius’ – já que Lily arrumou o celular dele pra mim, embora eu nunca tive coragem de ligar, e imagino que seria fácil ele arrumar o meu número. Embora não tenha um motivo.


 


-Lily, eu já te ligo, ok? – eu disse, desligando o telefone, e atendendo o celular. – Alô?


 


-Alô! Lene, eu fui procurar você, mas disseram que você já tinha saído da festa. Ta tudo bem?


 


-Esta. – eu menti. Mas eu acho que ele percebeu que eu estava mentindo, porque eu minto muito mal.


 


-Olha, aquelas garotas... É que elas me chamaram para dançar... E eu não queria te chatear... E o beijo...


 


-Não. Tudo bem. Mesmo.


 


-Tem certeza? – ele insistiu e eu consegui ouvir o som eletrônico da baladinha como música de fundo. – Me disseram que você parecia chateada.


 


-Ahn. Não é nada. – insisti.


 


-Alguém já te contou pra você que você mente muuuito mal? – ele perguntou.


 


-Ahn, sim. Muitas pessoas. Agora, se não se importa, tenho que retorna a ligação da Lily.


 


-Bem, acho que isso não é mentira, não é? Ela está do outro lado do salão olhando impaciente para o celular. – ele disse.


 


-Aham. Tchau. – disse e desliguei o celular e discando o celular de Lily.


 


-Estava falando com o Black? – perguntou assim que atendeu.


 


-Sim... – eu disse, e mesmo já imaginando a resposta, perguntei. – Como sabe?


 


-Ele acabou de desligar com alguém. E quando você desligou comigo, ele estava falando com alguém no celular. Ele parece abalado.


 


-Claro. Claro. Lily, aproveite o baile. Você não tem o direito de se preocupar comigo hoje.


 


-Mas Marlene... – ela começou e eu a interrompi.


 


-Essa noite é importante para você. Eu sei. Pare de se preocupar comigo. Coração de pedra, ok? Vou me recuperar logo. Eu juro. Beijos. – e mandei-lhe um beijo estalado antes de desligar o telefone.


 


Eu desliguei o celular e tirei o telefone do gancho, para Lil ter certeza de que não era para se preocupar comigo. Deitei na cama, ainda de vestido e fiquei olhando para o teto, tentando pensar nas imensas fórmulas de matemática, tentando resolver uma de cabeça, mas meu cérebro não conseguia pensar em outra coisa que não fosse a festa.


 


-Marlene, Lil quer falar com você. – Miguel disse, estendendo o celular dele, quando entrou no quarto. – E rápido!


 


-O que aconteceu, Lils? – eu disse, sentando na cama.


 


-Marlene, porque você desligou o telefone? Estou te ligando há um tempão!


 


-Ai, Lili. Menos drama, mais papo. O que aconteceu, ruiva?


 


-Você é cruel, sabia? – EEU? – O Sirius saiu daqui assim que vocês desligaram o telefone! E ele parecia completamente abalado, amiga. Juro, o James acabou de comentar que nunca viu ele assim.


 


-E por que eu sou cruel? – perguntei.


 


-Ai, não é óbvio, Lene? Ele está assim por causa de você! – ela gritou quase me ensurdecendo no telefone.


 


-Ah, claro. Porque eu tenho muita influência na vida dele. – eu disse irônica. – Lily, acorda. Eu sou só mais uma. Sempre fui. Não, na verdade. Antes eu não era nada. Não era nem UMA. A partir de agora, sou só mais uma.


 


-Pois bem, ele acabou de sair da escola, na moto, e sem nenhuma garota na garupa. E sabe o que mais?


 


-O que? – Eu perguntei, tentando parecer desinteressada. Mas eu sou um caso perdido com atriz. Então ela provavelmente percebeu.


 


-Nada não. – ela disse, e depois riu, desligando o telefone.


 


Acho que eu nunca tive tanta raiva na minha vida.


 


Joguei-me na cama, e comecei a soltar suspiros para o ar, pensando em hoje. Eu tinha sido tão ridícula.


 


Ouvi uma buzina de moto. Arregalei os olhos e saltei da cama, correndo em direção da janela, e vendo a cena que eu jamais poderia imaginar.


 


Era ele. Tirou o capacete, e sacudiu os cabelos cacheados. De smoking amassado,  caminhou até a porta da minha casa e tocou a campainha.


 


Eu prendi a respiração. Não sabia o que fazer. Pulei de susto quando a campainha tocou de novo, e depois de alguns segundos, Miguel chamou meu nome.


 


Eu soltei o ar, e depois de respirar fundo algumas vezes, decidi que o melhor era descer. Mordendo o lábio inferior, eu desci as escadas lentamente, e encarei o sorriso dele, enquanto ele acenava pra mim da porta.  Olhei séria, e tentando não desmaiar.


 


-Oi, Lene. – ele disse, e Miguel se afastou, voltando para a sala.


 


-Oi. – acenei de volta, com a voz dura.


 


-Lene, olha, me desculpa... – ele parou por um tempo, e olhou para o tel. Depois suspirou e continuou. – Eu não sei o que falar.


 


Eu suspirei, e sorri para ele.


 


-Não tem que me falar nada, Sirius. – eu disse, tentando parecer indiferente, mas parecia estar levando uma facada nas costas.


                          


-Não, Lene. Eu tenho. Eu só não sei o que. – Eu já disse o quanto eu odeio teimosos? Argh.


 


-Sirius, eu não sei como você vive sua vida. Mas pode continuar vivendo. Você não tem nenhuma obrigação comigo. – eu disse, virando de costas, e caminhando mordendo o lábio inferior.


 


-Então por que eu me sinto tão culpado? Se eu pudesse continuar vivendo sem dizer o que eu tenho que dizer, por que eu me sentiria culpado?


 


-Eu não sei. – admiti, pronta para cair em lágrimas ali a qualquer minuto. – Eu não sei, Black. Não sei o que você quer dizer. Mas sei que esse sentimento de culpa vai passar. Não precisa ter pena de mim.


 


-Não é pena. – Ele disse. Eu suspirei. Isso estava ficando tão chato. – Definitivamente não tem como sentir ‘pena’ de você, McKinnon. É tão independente.


 


-Eu? – ele acenou com a cabeça. – Independente? – ele acenou com a cabeça de novo e revirou os olhos. – Eu não sou independente.


 


-Não, imagina. – Ele disse irônico. -Marlene, eu já estive no seu lugar, está bem? No lugar oposto do qual ao estou agora – ah, uma maneira gentil de dizer que ele já foi impopular. Quanta delicadeza, Black. – E bem, eu não levei numa boa. E você parece simplesmente não se importar. Você simplesmente é indiferente, não precisa que os outros te digam todos os dias quão bonita você fica naquele jeans. Você é independente. Faz tudo de si, para si. É incrível. E não tente negar.


 


-Não vou negar. Realmente tudo que faço é de mim e para mim. Mas isso não é independência. É egoísmo. E eu sou mesmo, afinal. Egoísta. E sim, Black, posso não demonstrar, mas eu me importo com o que as pessoas dizem sobre mim. Me importo com os comentários, e com as bolinhas de papel no meu cabelo. Me importo, sim. Não sou indiferente. Não sou independente.


 


Ele ficou quieto. Tive meu ataque de novo, eu sabia. Ele não tinha o que responder.


 


Ele não falou mais nada, mesmo. Só colocou o capacete no chão e se aproximou de mim. Eu tentei manter a respiração normal. Ele simplesmente mexeu no meu cabelo, antes de sorrir e se afastar. Eu tentei não desabar ali mesmo, enquanto ele saia da minha casa. Colocou o capacete e subiu na moto. Acenou para mim, da moto.


 


Então eu percebi que mesmo que eu tentasse acreditar num destino com Sirius Black


Isso nunca aconteceria.



Porque somos de mundos diferentes, é.

N/A: Meu Deus, eu sinto TANTO. Desculpem de verdade, pela demora, ok? Mas tá aí. Beijos, amo vocês ♥

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