Epílogo



Epílogo


Já se passou uma semana e meia desde que eu voltei do St Mungus, por causa do puto do Snape e daquela idéia imbecil dele de me atacar. Quer dizer, nem tão imbecil. Claro que a idéia de me atacar daquele jeito foi completamente idiota e inconseqüente (levando em conta que eu não sou a pessoa mais responsável, foi realmente loucura), mas acho que eu tenho que agradecer ao Ranhoso. Porque foi graças a ele que a Lily resolveu ficar comigo de vez.

Assim que eu voltei do hospital o Professor Dumbledore me chamou para termos uma conversa e ver se estava tudo bem comigo. Acho que ele queria que eu dedurasse o Ranhoso, mas eu não ia fazer isso. Não eu. Não ia dar uma de covarde, dedo-duro que fica choramingando na diretoria. Não mesmo. Sem falar que eu não tenho nenhuma prova contra ele, então mesmo que eu contasse ao Dumbledore ele não poderia fazer nada.

- Então, -- Ele começou com aqueles olhos azuis me varrendo. – como está, Sr. Potter?

- Com certeza bem melhor, professor. – Respondi um pouco intimidado.

Não sei se isso só acontece comigo, até porque nunca perguntei a ninguém, mas quando o Professor Dumbledore me olha nos olhos, parece que ele está procurando alguma coisa dentro de mim. Muito estranho.

- Gostaria de pedir desculpas por todo o ocorrido.

- O senhor não teve a menor culpa. – Disse convicto.

- Talvez não. – Ele disse pensativo. E aproximando-se de mim acrescentou: -- Mas procurarei descobrir e punir quem lhe fez isso.

Só que ele disse isso olhando bem dentro dos meus olhos mesmo. Analisando cada um dos meus movimentos, como se a partir deles fosse possível descobrir quem tinha me atacado. E talvez fosse mesmo, porque quando eu disse que era o melhor a ser feito, sem mencionar que eu sabia quem tinha feito aquilo, Dumbledore esboçou um sorriso.

- Já esperava isso do Sr. – Ele disse ainda sorrindo. – Bom, se não tem nada mais a me dizer creio que pode ir para sua aula.

Então fui para a aula de Feitiços. Não era uma das minhas preferidas e, se eu quisesse, poderia até ter faltado a essa aula. Mas não naquele dia. Eu estava mais do que louco para ver todo mundo, especialmente, a minha ruivinha.

Nesses quatro dias que passei no hospital não posso dizer que passei a maior parte do tempo consciente, mas mesmo assim senti muita saudade dela. Todas às vezes em que acordava, esperava estar de volta ao castelo para poder ver de novo aquele rosto, que eu amo tanto. E tenho certeza que ela também estava morrendo de saudades de mim.

Essa é a única explicação plausível para o que ela fez assim que eu cheguei.

Quando abri a porta da sala o Professor Flintwick me deu as boas vindas e tal, mas não tive nem tempo de agradecer a ele nem nada, porque um aluno havia se levantado e estava vindo em direção a mim. Na verdade, era uma aluna. Uma menina ruiva, não muito alta, com cabelos lisos abaixo dos ombros e que estava chorando. A minha Lílian estava chorando.

Ela veio até mim correndo – ou quase isso, por causa de todas aquelas mesas e alunos – e me abraçou bem apertado. Foi uma coisa tão inesperada que fiquei atônito, sem saber se aquilo realmente estava acontecendo. Quer dizer, Lílian Evans chorando de soluçar, por minha causa, eu suponho, e me abraçando desesperadamente em frente a toda a turma da Grifinória e da Lufa-Lufa não é a coisa mais normal de se ver todos os dias.

Ela ainda passou uns minutos chorando no meu ombro, enquanto eu apenas passava a mão nos seus cabelos, quando o professor me pediu para levá-la lá fora até ela se acalmar ou, pelo menos, chorar mais controladamente.

Ainda não tínhamos nos falado, mas assim que chegamos ao corredor, em frente à sala de Feitiços, ela se afastou dos meus braços, passou a mão no rosto, afastando as lágrimas dos olhos, e me disse bem séria:

- Nunca mais faça isso comigo. – E me deu um tapa no braço.

Eu, que já estava sorrindo, fiquei rindo que nem bobo. Afinal, ela estava preocupada comigo. Ou por que outro motivo ela estaria assim ao me ver?

- Fazer o quê? – Perguntei cínico.

Eu sei que não devia curtir com a cara dela nessa situação, mas ela estava tão linda com esse jeitinho todo preocupado e esquentadinho que eu não resisti.

- Me deixar preocupada assim. – Ela disse parecendo realmente brava comigo. – Sabe a quantas noites eu não durmo por sua causa?

Dá pra acreditar? Lílian Evans acabou de admitir que passou essas noites todas sem dormir só pensando em mim. Ela me ama, cara!

- Estou falando sério! – Ela disse em resposta a minha risada de extrema felicidade.

Passei meu braço pela sua cintura e puxei-a mais para perto.

- Você nunca vai se livrar de mim, ruivinha.

Então nos beijamos apaixonadamente. Foi o melhor beijo que eu já tive. Não que eu faça essa coisa de meninha de ficar comparando as pessoas que eu fico ou coisa do tipo, mas esse beijo foi especial. Foi um beijo de amor (?), um beijo mais do que desejado. E o melhor de tudo é que ele foi correspondido!

Desde esse dia Lily e eu estamos juntos. Estamos ficando. Não que eu não queira coisa séria, ou ela, mas ainda não achei um momento especial o bastante para fazer o pedido. De namoro, não o de casamento. Por mim eu casava logo, mas já ouvi ela falando que só casa depois de terminar Hogwarts, então eu espero.

Sério mesmo, por mais que eu já tenha sonhado em tê-la para mim, nunca pensei que seria tão maravilhosamente divino. Ela me completa e ao mesmo tempo me fascina. Ela está me deixando até romântico!

- Boa sorte, amor. – Lily disse me dando um beijo e saindo.

Hoje é a final de Quadribol, entre Grifinória e Sonserina. Um clássico.

Os professores não queriam me deixar jogar, mas eu consegui convencê-los de que estou mais do que apto a jogar essa partida. Nosso time vem treinando pesado desde que eu voltei, então, como deu pra perceber, a minha vida tem sido uma correria, entre Lílian, aulas, Lílian, provas, Lílian e treinos. Ah! Sem esquecer da Lily.

O dia está maravilhoso. Ensolarado, sem nuvens e com pouco vento, ou seja, tenho tudo para capturar esse pomo hoje. Porque modéstia a parte, eu sou o melhor apanhador desse ano e esse Black não tem a menor chance. Eu sei que é irmão do Sirius, mas nem ele gosta do Régulus, então não vou ser eu que vou morrer de amores por ele, certo?

- Bom time, vocês vieram mostrando toda a garra e o talento de vocês durante o campeonato. Nós sabemos que merecemos estar aqui nessa final, graças ao nosso esforço e à nossa perseverança, mas não será isso que vai nos dar a vitória. Sei que somos capazes de ganhar e é isso que vamos fazer! – Adoro esses discursos de capitão. Tudo bem, eu detesto, mas é necessário, porque se eu não falar isso quem vai? – Sirius e Dimitrius, vocês cubram os artilheiros, que vão fazer de tudo pra colocar a goles nos aros. Robert, você sabe o que fazer. E quanto a mim vou atrás do pomo, o mais rápido possível.

Aí todos me aplaudiram.

Claro, depois de um discurso maravilhoso desse, se ninguém me aplaudisse estariam loucos. [/momento narc]

Então nós sete entramos em campo e fomos, imediatamente ovacionados pela multidão. Porque, como de costume, a Lufa-Lufa e a Corvinal estavam torcendo por nós. Pude ouvir, vindo de algum ligar nas arquibancadas, alguns gritos de guerra e coisas do tipo, mas antes que eu pudesse entender o que eles estavam cantando a onda de aplausos e vivas converteu-se em vaias. Os sonserinos estavam em campo.

Nós, capitães, fomos ao centro do campo e apertamos as mãos da maneira menos amigável possível. Depois disse apenas ouvi o apito anunciando que o jogo estava começando, então dei um impulso forte para levantar vôo.

Senti então o vento no meu rosto, bagunçando meu cabelo, e a sensação de liberdade que só sinto voando. É como se nada no mundo pudesse me atingir, como se ali, distante do chão, eu estivesse também distante de todos os problemas. Mas não estava.

- Potter! – Gritou Tunner, uma artilheira do nosso time, antes que o balaço me acertasse em cheio.

Desviei bem a tempo e isso foi o bastante para me acordar para o jogo. Quer dizer, era uma final, eu não podia ficar apenas voando sem rumo e aproveitando o vôo.

Comecei então a vasculhar os céus em busca de um pontinho dourado. Essa é a pior parte de ser apanhador. Enquanto todo mundo tem objetivos claros a serem seguidos, você passa a maior parte do jogo apenas voando, tentando ver um pontinho minúsculo que, mesmo que você encontre, pode estar do outro lado do campo, então você não vai conseguir pegar mesmo. Sem falar que é a bola mais rápida do jogo.

- Tunner passa para Spinet. Spinet devolve para Tunner, ela vai arremeçar. É uma boa bola, Grifinória vai fazer esse ponto. E… -- Aí a torcida fez um grande “uh” – Isso foi falta! O goleiro da Sonserina não podia ter investido assim contra ela! Esse timinho nojento não pode fazer esse tipo de coisa e…

- Senhor Johnson, por favor! – Pude ouvir a McGonagall.

E essa é a segunda pior coisa de ser apanhador. Porque você além de ter que ficar rondando o campo como um mané, ainda fica ouvindo os comentários sobre o jogo sem poder fazer nada. Já que eu não posso voar até os aros da Sonserina e dar uns belos socos naquele Malfoy.

- Então agora são sessenta pontos para a Sonserina e dez para a Grifinória. – Johnson anunciou sem muita empolgação.

Tudo bem, estar perdendo por cinqüenta pontos não é uma coisa tão ruim. Sem falar que o pomo de ouro vale cento e cinquenta pontos.

Depois disso dei mais umas três voltas no campo e foi aí, quando o placar estava oitenta para a Sonserina e trinta para Grifinória, que eu vi um brilho dourado flutuando bem baixo, quase tocando o solo.

Olhei ao redor discretamente, para me certificar que ninguém iria dar o alarde de que eu tinha achado o pomo. Porque o Black estava mais próximo do que eu, então ele poderia capturá-lo primeiro e nós perderíamos o jogo. Mas ninguém parecia estar interessado nos meus movimentos, e sim em um duelo entre o Sirius e um outro batedor da Sonserina que estavam rebatendo cada vez mais rápido.

O caminho estava livre. Então voei o mais rápido possível em direção ao pomo. Não sei qual o encantamento que eles usam nessas coisas, mas ela parece sempre perceber quando estamos viando em sua direção e não apenas passando. E enquanto eu mergulhava em direção ao solo a bolinha dourada deu uma guinada e começou a ir em direção às arquibancadas.

- Black acaba de lançar um balaço em direção ao… Meu Merlin, olha só aquilo! – Johnson disse fazendo com que todos no estádio olhassem em direção a mim.

Não olhei em direção às pessoas para ver o que elas estavam achando do meu desempenho de vôo, mas posso dizer que, com certeza, todos ficaram bem impressionados, graças ao silêncio que se fez.

Continuei seguindo o pomo bem de perto, num vôo rasante sobre as arquibancadas. Eu estava cada vez mais próximo dele e sabia que ia conseguir capturá-lo. Então, quando estava perto de onde o Johnson e a McGonagall ficam para narrar o jogo, soltei a vassoura para pegar o pomo. Senti todos prenderem a respiração por uns milésimos de segundo.

- Potter soltou a vassoura! Pelas calças de Merlin, esse garoto não tem juízo. Ele está quase caindo da vassoura, mas parece acreditar que ainda vai conseguir pegar o pomo. Mais uns centímetros, só mais um pouquinho… -- Johnson fez uma pausa dramática que, tenho certeza, quase matou a Lily. – E ele pegou!

O público então foi ao delírio com vivas, gritos e comemorações de todos os tipos. Todos os jogadores já estavam indo em direção ao solo, quando eu me dirigi ao microfone do Johnson e pedi para falar um instante.

A McGonagall, em condições normais, nem pensaria duas vezes antes de me negar esse pedido, mas tínhamos acabado de ganhar a final, então ela me analisou um pouco e deixou que eu falasse.

- Não estou aqui para falar sobre a final de Quadribol. – Comecei o meu discurso.

Cara, preciso reconhecer que eu estava mais nervoso do que qualquer vez que eu consiga me lembrar. Afinal era a primeira vez que eu fazia isso em toda a minha vida.

- Mesmo assim, obrigado time, vocês foram ótimos. – Completei antes que eles batessem em mim. /Medo/ -- Não quero tomar o tempo de ninguém, só preciso dizer quatro palavras: Lily, quer namorar comigo?

Eu já tinha localizado aqueles cabelos ruivos em meio a multidão e, como ela não estava muito longe, conseguia ver em seu rosto uma mistura de surpresa e alegria. Lene, Dorcas e Emmeline sorriam como três dementes, mesmo antes dela sequer abrir a boca. O que, eu devo dizer, demorou um bocado. Ou talvez eu estivesse apenas nervoso demais.

Imediatamente me arrependi de ter escolhido esse momento para perguntar isso. Quer dizer, se ela não se sentisse pronta ainda para namorar comigo. Porque mulher tem dessas coisas, querer e não estar pronta, essas complicações que homem nenhum entende. Imagine só levar um fora em frente a todo o colégio. Acho que ficaria traumatizado.

Mas não foi isso que aconteceu.

Logo em seguida Lily abriu um sorriso enorme, o maior que eu já vi ela abrir, e veio em minha direção, entre os bancos. Não sei o porquê, mas assim que a vi vindo minha boca ficou seca, minhas mãos começaram a suar frio e minhas pernas tremiam bastante.

Então ela chegou bem perto de mim, numa distancia que nossos lábios quase se tocavam e sussurrou, para que só eu pudesse ouvir:

- É o que eu mais quero.

E demos o nosso primeiro beijo de muitos que viriam nos anos seguintes. ♥



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N/A: Acabou. Caramba, é tão triste terminar uma fic. E ao mesmo tempo tão realizador ver que um projeto seu foi concluído. Não sei nem o que dizer, porque eu não quero me despedir de vocês. Não mesmo. Porque foi muito bom ter vocês, leitores, aqui comigo todos esses meses, acompanhando, lendo, elogiando, rindo e compartilhando comigo tudo que eu escrevi. Sei que não sou uma escritora, nem nada, mas acho que já posso dizer como eles, os autores de verdade, se sentem quando terminam um livro. É uma sensação muito estranha. É como se estivessem perdendo um filho, como se agora esse filho fosse grande o bastante para seguir seu caminho sozinho e não precisasse mais de ninguém sempre a lhe guiar. E é isso, de certa forma. Porque agora mais pessoas poderão ler essa minha primeira história, mas não vai haver mais mudanças, ela já está criada. Quero sempre guardar com muito carinho esses capítulos que, com certeza, hoje fazem parte da minha história. Porque foi graças a isso aqui que eu pude conhecer pessoas maravilhosas que sempre estiveram comigo nisso aqui, como a Lisa, minha beta. Aos meus leitores mais fiéis, me desculpem por não citá-los nome por nome, mas sintam-se todos abraçados, beijados e mais do que queridos, porque apesar de pensar inúmeras vezes em abandonar a fic, continuei escrevendo por todos vocês. Espero não ter decepcionado ninguém com esse final e gostaria que vocês comentassem.

Amo muito vocês,

Raah B. Potter.

P.s.: Ah, se vocês sentirem saudades de mim, já comecei a escrever uma outra fic. Hogwarts High School -- http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=29781. É J/L, como essa aqui, mas é UA, ou seja é totalmente diferente de Without you. Bom, se puderem e quiserem dar uma passadinha por lá, eu agradeço.

N/B: minha última notinha aqui :/
Odeio o clima de despedida que fica em final de fics, concordo total com o que você falou, Raissano. E sou eu quem agradeço a você, por ter me convidado pra ser sua beta, por me proporcionar tantos momentos agradáveis com Without You. Tenho certeza que todo mundo concorda comigo! Um dia ainda vou fazer isso, conseguir terminar uma fic e tal, haha. Vou me despedindo, tendo a certeza que valeu a pena sorrir das palhaçadas do Sirius, me irritar com a Lily, me apaixonar pelo James, querer um Remus, despertar meus instintos assassinos em relação ao Ranhoso, etc, etc. E agora, galere, nos vemos Em Hogwarts High School *-* xoxo :*

Lisa Prongs.

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