Capitulo dois



Capítulo dois





E, mais uma vez, ele é o assunto do momento.

É impossível se entrar no banheiro feminino e não sair de lá sem ouvir as palavras “Potter”, “quente” ou “demais”— quase sempre na mesma frase, devo dizer. Desde o domingo a tarde o Potter parece ter entrado em uma maratona para, hum, tirar o atraso, vamos assim dizer.

Ele já ficou com loiras, morenas, brancas, negras, orientais, altas, baixas, magra, e com todos os tipos de garotas que se possa encontrar dentro desses muros. Ou quase.

E, tudo bem ele tem o direito de beijar quantas pessoas ele quiser, mesmo correndo o risco de contrair algum tipo de doença contagiosa com essas vadias garotas, mas ele não precisa fazer isso em plenos jardins do colégio, precisa?

Bom, para ele isso parece mais do que uma necessidade, já que nos últimos três dias ele tem sempre sido visto nos jardins do colégio, e vale ressaltar, com garotas diferentes. De onde saem tantas meninas diferentes que se prestem a esse papel (papel de objeto, quero dizer, porque é meio obvio que ele não quer nada com elas. Não mais do que alguns amassos em praça pública), mas o fato é que são sempre diferentes.

Não que eu ande observando as, hum, atividades de um ser tão desprezível como ele, afinal tenho coisas bem mais interessantes a fazer, mas é impossível não notar. Principalmente quando se está em um colégio onde o nome mais repetido é “James Potter” e sempre seguido do nome da sua ultima, ou não, respectiva.

- Lily, -- John chamou minha atenção enquanto andávamos. – o que você estava olhando?

Como eu tinha dito, tenho coisas muitíssimo mais importantes a fazer do que me importar com a vida do Potter. Andar com o meu namorado inteligente e recém saído da enfermaria é um bom exemplo. Sem falar que ele, o John, se importa comigo, nota até se eu estou mais concentrada nos amassos do Potter com alguma anônima loira do que no papo chato e monótono de “como eu ainda estou doente”. Quis dizer, alguém me nota.

- Nada demais, só estava pensando. – Respondi desviando o meu olhar o mais rápido possível.

- Tive a impressão de que você estava olhando para o Potter. – Ele comentou.

Isso foi a típica jogada “vamos ver se você admite”. Mas essa não cola comigo, baby. Não mesmo.

- Aquele é o Potter? – falei com desprezo. – Bem se vê que ele está profundamente arrependido pelo que te fez.

- Ele é uma pessoa repugnante e inconseqüente. Aposto que ele nem sabia o que o feitiço que ele me lançou poderia fazer, deve ter apenas encontrado-o escrito em algum lugar. Ou ele realmente queria me atingir…

E nós voltamos ao assunto preferido do John: o ataque que ele sofreu.

Eu sei, mais do que ninguém, que ele correu sérios riscos e tal, mas depois de três dias com uma pessoa falando sempre da mesma coisa pode ser meio muito entediante. Mais do que normalmente é estar com o John, eu quis dizer.

Na verdade, como eu pude aceitar namorar com esse cara? Minha nossa, com tantos garotos interessantes em Hogwarts querendo sair comigo, por que eu fui escolher esse garoto?

Eu achei que nosso namoro só ia durar uma semana – o que acabou de passar, por sinal – porque, bem, vocês sabem, né? É totalmente deprimente você passar o se dia dos namorados em Hogsmead sem ninguém, vendo todos aqueles casais abraçados e/ou se beijando. Ou pior, passar o dia dos namorados dentro do dormitório feminino, embaixo das cobertas e comendo chocolate.

Então eu tive a ‘brilhante’ idéia de aceitar sair com o primeiro cara que me aparecesse, salvo o Potter. O que foi uma m*rda, já que ao invés do Amos ou qualquer outro cara interessante me convidar quem me convidou foi o John. Nada contra e tal, mas ele é o John! Aquele cara que sempre foi meio isolado e que ninguém nunca conseguiu ser amigo dele.

Ah, sobre isso eu estou desenvolvendo uma tese, graças ao meu enorme tempo livre, quero dizer o tempo em que o John fala e eu escuto (ou finjo). Eu sempre me perguntei porque ninguém acolhia essa pobre alma para sua própria panelinha e, tenho quase certeza, descobri porque isso sempre aconteceu. O cara é simplesmente insuportável.

E o pior de tudo é que não tem como eu acabar com ele, assim, do nada. Não sem antes arranjar um bom partido para substituí-lo, por motivos óbvios.

- Hei, John, desculpa te interromper, -- como se algum dia ele fosse parar de falar – mas eu lembrei que prometi ajudar as meninas num dever e eu já estou atrasada. – e saí correndo.

Corri como uma desesperada, o que talvez eu estivesse depois de uma hora de “John-talk”, deixando o vento bagunçar os meus cabelos e o Sol banhar o meu rosto.

Não preciso nem dizer que não existia dever nenhum para ser feito, que eu apenas queria me livrar do chato meu namorado. Então, deixei meus pés me guiarem pelo castelo.

Há quanto tempo eu não fazia isso? Andar pelo castelo sem rumo e sem preocupações sempre foi uma espécie de calmante para mim. Algo quase místico. Sentir o cheiro de construção antiga e vagar apenas com os meus pensamentos, sem nem ao menos olhar para onde estava andando era algo que eu precisava fazer.

Principalmente pensar em um jeito de acabar com essa palhaçada, digo namoro. Se eu acabar com ele agora vou parecer uma vilã, destruidora de corações. Como se estivesse usando ele. Coisa que eu nunca faria. Bom, não sem antes ele saber, o que o John não pode alegar. Já que eu deixei bem claro que estava saindo com ele só por sair, sem nenhum tipo de envolvimento e/ou sentimento. O que, sem duvida, foi agravado pela total falta de química entre a gente.

E quando eu digo falta de química eu quero dizer que ele beija mal. Bem mal, pra ser mais clara.

Sem falar que não posso nem respirar que o John já quer saber se tem algo errado comigo, se estou preocupada, se estou triste ou doente. É claro que sim.

E ele faz tudo o que eu quero. Ok, isso era uma vantagem dele nos dois primeiros dias do nosso namoro, mas quem agüenta ter todas as suas vontades satisfeitas, o tempo todo? É um pesadelo. Tenho a impressão que se eu mandasse ele…

Tem alguém no corredor. O que é bem estranho se você considerar que está um dia nublado, mas agradável, e quase todos os alunos estão lá fora curtindo a brisa. E não é só um aluno. São dois.

- … você é realmente estúpido, como você pôde ter uma idéia tão medíocre? – Ouvi o mais alto dos dois garotos dizerem, enquanto estava escondida atrás de uma armadura.

Não dava para reconhecê-los, mas essa voz era familiar.

- Tudo bem, eu sei que fui um idiota, mas agora não há o que possa ser feito. Tenho de dar um jeito no outro. – Sugeriu o menor.

Como assim “dar um jeito”? Nossa esse colégio está ficando cada vez mais perigoso. Que tipo de gentinha usaria uma linguagem dessa, parece coisa de bandidos, de gente metida com artes das trevas.

- Não está pensando em fazer aquilo de novo, não? – O outro disse quase rindo.

- Talvez. – Respondeu o menor com igual prazer – Esse com certeza merece mais.

Quem merece? Quem?

Mas eu não pude saber quem merecia nem o quê merecia, porque nessa hora os dois pareceram perceber que não era muito seguro falar sobre seus planos em pleno corredor e saíram andando, sozinhos.

E eu fiquei ali, atrás de uma armadura, com a maior curiosidade em saber quem eram os dois e de que castigo eles estavam falando.

Eu realmente me assustei. Aqueles dois pareciam muito sérios sobre o que estavam tramando, e a minha intuição dizia que era algo sério, cruel.

Não sei muito bem quanto tempo demorei para chegar até a torre da Grifinória, mas quando o fiz ela Emmy, Dorcs e Lene já estavam lá, então devo ter demorado algum tempo.

- O que é que você tem, Lily? – Perguntou Marlene depois que eu me sentei e permaneci calada.

- Primeiro o John pergunta à gente onde você estava… -- Disse a Emmeline.

- Depois você nos aparece aqui com essa cara de preocupada. -- Completou a Dorcas.

- Qual o problema? – Lene finalizou.

- Eu ouvi… uma coisa estranha. – É, esse não foi o melhor jeito de começar.

Agora as três estão me olhando bem sérias.

- Vamos subir, aqui não é o melhor lugar pra se falar disso.

Não que eu desconfie de nenhum grifinório. Não mesmo, a não ser o Potter, mas tenho motivos. Mas não achei que aquilo deveria ser mencionado em uma sala com, pelo menos, umas doze pessoas, fora nós quatro.

- Bom, explique-se, mocinha. – A Emmy jura que é minha mãe.

Sentei-me na cama de dossel e olhei para as três, muito sérias, e falei:

- Não agüento mais o John. Não dá mais!

- Lily, achei que vocês tinham tanto em comum… -- A Dorcas lamentou (?).

- Mas esse é problema! Nós temos coisas em comum demais. Chega a ser monótono estar com ele. E o John passa o tempo inteiro se lamentando, como se eu já não tivesse problemas o bastante para me preocupar. – Desabafei de uma vez.

- Eu avisei pra não sair com esse cara. – Marlene me lembrou.

Sim, ela tinha razão. E eu detesto quando ela tem razão e eu não a escuto. E essa foi uma dessas vezes.

A Lene tinha me dito pra não sair com ele. Na verdade a Lene faz quase uma campanha “Potter & Lily”, mas ela nunca disse para eu não sair com um cara. A não ser o John. Ela tinha me dito que ele era chato, irritante, feio e, inegavelmente, incômodo.

- Acaba com ele. – Emmeline sugeriu.

Fiquei pasma com a sugestão, apesar dela ter habitado meus pensamentos durante os últimos dias. Olhei então para Dorcas e Marlene.

- É o que deve ser feito, Lily.

- Mas não dá, Dorcas. Como eu vou acabar com ele depois de ele ter sido atacado pelo Potter no sábado e, sem falar, que nós estamos juntos desde sexta, eu acho. – Tentei explicar, mas não as convenci.

- Então você prefere ficar saindo com aquele cara?

- Tudo bem. Vou me sentir um monstro, mas não posso continuar com ele. – Disse mais para me convencer do que a elas.

Depois disso não falei mais sobre a conversa que eu havia presenciado.

Apesar de nem saber de quem nem do quê aqueles dois falavam, sentia como se fosse um segredo que devia guardar, algo íntimo.

Descemos e passamos o resto da nossa tarde conversando, nas nossas poltronas preferidas. O que foi um dia até legal, já que tínhamos a tarde de quarta-feira livre. Até ele chegar.

Não o John, o Potter.

Ele estava com os outros três marotos: Remus, Sirius e Peter. Eles riam de alguma coisa que ele tinha dito. Ele nem parecia o James que tinha os olhos cheios de lágrimas por brigar comigo. Na verdade, ele parecia bem melhor do que quando estava correndo atrás de mim.

- Hei, Lene, junte-se a nós. – O crápula convidou-a.

Marlene foi, claro. Sempre fora muito amiga dele.

Eu continuei conversando com a Dorcas, já que Emmy foi sentar com o Remus. Mas mesmo assim não fiquei muito tempo lá. A presença dele me incomodava.

Não era mais o mesmo sentimento de antes, de querer me livrar dele. Só sabia que estar junto dele me causava um mal estar.

- Emmy, estou com sono, vou subir. – Anunciei alguns minutos depois.

Ela me olhou bem dentro dos olhos, analisando o que eu realmente estaria sentindo. Não sei o que ela “encontrou” nos meus olhos, mas deu-se por satisfeita, me deu um sorriso e disse:

- Não esqueça do que vai ter que fazer amanhã.

Sorri forçadamente.

Devo ter ficado mais uma hora deitada apenas olhando para o escuro e pensando em como iria terminar com o John. Por fim eu adormeci, antes mesmo de qualquer uma das garotas chegar ao dormitório.

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N/A: O capitulo está péssimo, eu sei. Mas tem muitas coisas que não podem esperar para serem ditas, aí dá nessa confusão.
Mãaaas o próximo capitulo vai estar melhor. Como deu pra perceber a Lily quer se livrar do John (e eu também) então a historia vai, finalmente, entrar nos eixos :D
Comentem, mesmo pra dizer que tá um lixo e que é pra eu excluir isso aqui.

Beijos,

Raah B. Potter.

N/B: já disse que to amando cada vez mais essa fic? Eita, notinha inútil. Mas sim, tô morrendo de pressa e te devendo esse capitulo há um tempão. Desculpa, Raissano, amo você! (L)

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