PÓS-GUERRA NO MUNDO DA MAGIA

PÓS-GUERRA NO MUNDO DA MAGIA



Voldemort havia sido derrotado há apenas uma semana. O mundo bruxo respirava aliviado e tentava se recompor daquela que fora a pior guerra mágica da história do país. A alegria pela vitória e a dor pelos mortos se confundiam nos corações das pessoas, e embora a destruição e cicatrizes deixadas pela breve passagem d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado no poder fossem ainda vívidas, as pessoas sentiam algo mais no findar da guerra: um coletivo sentimento de gratidão.

A comunidade bruxa sempre tivera o seu preferido. O Menino-Que-Sobreviveu já os havia salvado antes. Porém, agora, tal sentimento de gratidão e respeito extrapolava todas as expectativas, e Harry Potter era alvo de algo perto da adoração. O garoto de dezessete anos se tornou o símbolo máximo da bruxidade, um líder que os conduziria através dos destroços da guerra. Harry Potter era o grande herói e salvador.

Você provavelmente deve estar pensando no que Harry estaria sentindo. Bem, todos sabemos que Harry sempre foi avesso à fama. Harry sabia que não era nenhum gênio da magia, nenhum mago extremamente poderoso, e continuava a pensar assim, mesmo após ter derrotado Voldemort. Porém, agora estava diante de uma situação inédita: deveria ser ele a liderar, todos diziam.

Após o fatídico combate, Harry, Rony e Hermione ficaram hospedados no castelo de Hogwarts, na Torre da Grifinória. Harry achava bom estar de volta ao castelo – afinal ficara praticamente um ano longe dali – mas as lembranças da batalha ainda estavam muito vívidas em sua mente, e o estrago causado no castelo não o deixava esquecer isso. Ele, Rony e Hermione, juntamente com os professores de Hogwarts, muitos alunos e moradores de Hogsmead, formavam agora uma espécie de força tarefa para reconstruir o castelo, que sofrera danos bastante graves (a escadaria de entrada fora totalmente pisoteada pelos gigantes, da mesma forma que a área oeste havia desabado quase completamente; diversas torres haviam sido demolidas). Os professores McGonnagal, Flitwick, Sprout e Slughorn coordenavam tudo, já que eram os bruxos mais capacitados para restabelecer muitos dos encantamentos que haviam sido desfeitos nas estruturas da escola.

A profa. McGonnagal, apesar de bastante debilitada (duelara em pessoa com Lord Voldemort), vivia a andar pelos corredores, dando ordem aos alunos e voluntários, e enquanto lamentava a destruição do castelo (“Malditos, como puderam fazer isso com nossa escola... jamais teria imaginado...”) também aprumava-se com orgulho ao constatar que os fundamentos da construção estavam intactos (“Seria mesmo impossível que a escola fosse destruída: nossos fundadores eram bruxos extraordinários, o castelo foi construído para durar para sempre”). Hermione também estava bastante perturbada com a presente destruição: parte da biblioteca desabara e muitos livros haviam sido perdidos. Como ela dizia que voltaria para concluir o sétimo ano, lamentava que seu local preferido estivesse naquele estado.

- Você não pode estar falando sério – indignou-se Rony, olhando-a com uma expressão aparentemente horrorizada. Estavam os três tentando pôr em ordem as estantes e os livros, e Hermione acabara de contar sua decisão.

- O quê? Não posso concluir os meus estudos? – Hermione retrucou com irritação. – Sabe, Rony, é essencial que completemos nossa educação mágica, achei que você também voltaria, como pretende arranjar um emprego no mundo bruxo se sequer terminou Hogwarts?

- Bem – disse Rony, fingindo pensar. – considerando que nós salvamos todos eles de Você-Sabe-Quem, acho que poderiam nos dar uma espécie de pensão vitalícia.

Hermione fitou-o. Harry sabia que o que viria e se afastou rapidamente, para por de pé uma estante estatelada no chão. Acabara de dizer “Wingardium Leviosa” e os gritos de Hermione já eram bem audíveis.

- Rony, pelo amor de Deus, você não pode fazer isso! Derrotamos Você-Sabe-Quem porque tinha de ser feito, não acredito que você vai se aproveitar disso!

- Não venha dar lição de moral, você acabou de dizer que vai me largar para ficar na escola mais um ano inteiro...

- Largar você? COMO PODERIA LARGAR SE JAMAIS PEGUEI?

Repondo os livros no lugar com um aceno da varinha, Harry notou que duas estantes a frente Madame Pince, que trabalhava incansavelmente na reposição da biblioteca, procurava em volta a origem dos gritos. Sua expressão não era nada boa.

- Vocês poderiam baixar um pouco o tom da conversa? – disse ríspido mais em voz baixa aos dois. Hermione voltou-se para ele de maneira furiosa.

- Diga a ele, Harry, diga a ele que temos que terminar a escola. Ele também vai voltar se nós dois...

- Sem chance – retrucou Harry. – Não pretendo voltar. – Hermione desconcertou-se completamente, enquanto Rony gritava em triunfo.

- Viu? – disse ele, encarando Hermione. – Só você acha uma boa idéia voltar. Cai na real, Mione, o tempo de escola já passou, você acha mesmo que precisamos de mais treinamento depois de tudo que fizemos neste ano? Nós derrotamos Você-Sabe-Quem, Mione!

Ela, porém, o ignorava totalmente: olhava para Harry sem deixar dúvidas de que estava decepcionada.

- Pensei que voltaria, Harry. Na verdade, contava com isso para convencer Rony a vir também...

- Sinto muito, Mione, mas não tenho mais paciência para aulas e trabalhos escolares – disse Harry, colocando um imenso livro preto no lugar. Virou-se para ela e sentiu-se mal pela decepção estampada em seu rosto, mas falou com voz firme: - Francamente, acho que você também não precisa de mais um ano de escola, você é a melhor de nós três.

A garota endureceu o rosto virou as costas para os dois, apontou a varinha para uma pesada mesa rachada ao meio e a restaurou com um estridente estalo. Rony deu um sorrisinho malicioso para Harry e tentou abraça-la por trás, mas ela pisou em seu pé e o empurrou para longe.

- Ai! O que é agora? Ainda não esqueceu essa história idiota?

- Não – Hermione berrou. –, e não acho que vou esquecer, Ronald Weasley! Agora se afaste de mim ou vou azará-lo de tal jeito que sua cabeça jamais voltará ao normal!

- Você só pode estar louca... – Rony começou, mas foi interrompido por uma furiosa Madame Pince.

- Que barulheira é essa na biblioteca? Fora daqui! FORA!

- Estamos reconstruindo o lugar, mulher! – Rony gritou de volta, mas foram obrigados a sair porque a bruxa ameaçou usar a varinha.

Os três ainda procuraram ajudar de algum modo na reforma do castelo, mas o sol já estava se pondo e os voluntários de Hogsmead já estavam voltando para a aldeia; por hoje os trabalhos estavam encerrados. Encontraram a profa. McGonnagal no Salão de Entrada, conversando com um desgrenhado Hagrid.

- Já estão todos fora dos terrenos da escola, professora, um problema a menos... – dizia Hagrid, até notar os garotos se aproximando. – Ah, aí estão vocês! Precisei de vocês lá fora hoje, onde estavam?

- Ficamos o dia inteiro no castelo, ajudando – respondeu Rony. – Por que precisou de nós?

- Para remover os gigantes, é claro – disse Hagrid. – O ministério mandou umas cinqüenta pessoas para remove-los para outro local, mas foi uma trabalheira estupora-los antes para fazer isso. Se não fosse por Grope não teríamos conseguido!

- Você não ia tentar convence-los a passar para o nosso lado, Hagrid? – perguntou Harry.

- Eu tentei – disse Hagrid, pesaroso. – Mas eles são muito selvagens, não me parece que entendem que foram derrotados. Na verdade – acrescentou, pensativo. – acho que foram enfeitiçados por Você-Sabe-Quem de uma maneira irreversível...

- Sinceramente não acredito, Hagrid – falou a profa. McGonnagal, com desagrado. – Com todo o respeito, eles não são como você, são de índole má, e simplesmente não aceitam a derrota. De qualquer modo, se já foram transportados para outro lugar, são um problema a menos. Agora quase tudo está pronto para a conferência.

Harry sentiu um frio na barriga. A conferência a que se referia a profa. Minerva era o encontro que Kingsley Shackelbolt havia marcado para o dia seguinte; toda a comunidade mágica da Grã-Bretanha estaria reunida em Hogwarts para decidir seu futuro. Era esperado que Harry, o responsável pelo fim do reinado de Voldemort, falasse e especulava-se (em grande parte graças a Rita Skeeter) que o garoto anunciaria sua candidatura a ministro da Magia. Era óbvio que Harry nem sequer pensara nisso, mas o mundo bruxo, como já dissemos, depositava em Harry todas as esperanças.

- Potter – A profa. Minerva virou-se para Harry. – Kingsley virá conversar com você hoje a noite. É possível que Arthur e Molly Weasley também compareçam – disse, olhando para Rony.

Os pais de Rony, assim como Jorge e os outros irmãos, estavam muito abalados com a recente morte de Fred. Como na maioria das famílias, os Weasleys ainda sentiam uma profunda tristeza pelas perdas recentes. Nessa hora Harry se lembrou de Gina, que acompanhava os irmãos em missões para o Ministério lá fora. Ele mal tivera tempo de conversar direito com ela.

Os garotos se despediram de Hagrid e McGonnagal e foram para a Sala Comunal da Grifinória, que estava vazia. Os grifinórios que se propuseram a ficar na escola estavam no Salão Principal jantando. Harry, Rony e Hermione faziam suas refeições ali mesmo, para terem mais privacidade (onde quer que Harry fosse, não era deixado em paz pelos abraços, beijos, agradecimentos e choros descontrolados).

Monstro havia deixado uma refeição completa a sua espera numa mesa, e Harry comeu em silêncio. Sentia-se extremamente nervoso em pensar no dia seguinte. Era incrível como, mesmo após ter enfrentado o maior bruxo das trevas de todos os tempos, ainda podia sentir sentimentos tão humanos como medo de falar em público.

Hermione pareceu notar o tom esverdeado de Harry, porque apertou sua mão e disse, carinhosa:

- Não se preocupe, Harry, tudo vai dar certo amanhã. Você não deve mais nada às pessoas. Tudo que estava em suas mãos você já fez. Não deve se sentir pressionado pela expectativa que eles criaram.

Harry engoliu em seco, e olhou para a amiga. Ela não compreendia, mas como poderia compreender?
- Não é tão simples, Mione. As pessoas... as pessoas ainda esperam coisas de mim. Acham que, porque derrotei Voldemort, é natural que eu seja uma espécie de líder...

- E é mesmo – disse Rony. Desdenhou do olhar que Hermione lhe deu e se dirigiu a Harry com a boca cheia: - Harry, você derrotou Você-Sabe-Quem. Você acabou com ele na frente de todo mundo, todo mundo viu, não há dúvida, entende? É natural que as pessoas queiram você como ministro...

- Rony, cale a boca – repreendeu Hermione, furiosa. – Já não basta toda a pressão em cima do Harry, agora você vem falar uma bobagem dessas! Harry – ela virou-se para ele, decidida. – você não precisa ser ministro da Magia se não quiser. Na realidade, nem sei como as pessoas podem querer isso, quero dizer, você só tem dezessete anos. Jamais houve um ministro assim tão jovem, embora eu tenha lido que em 1902 um rapaz de vinte e quatro anos tenha sido eleito por um período curto...Porém isso não tem nada a ver, o cara tinha tomado uma poção para envelhecer e foi pego logo em seguida...

Harry não ouvia a amiga. Olhava pensativo para o prato. Sabia que não tinha a menor qualificação para ser ministro. Na verdade, tinha certeza que era um bruxo nada extraordinário. Mas ao pensar mais no assunto, lembrava-se que nenhum ministro que conhecera havia sido realmente extraordinário. Fudge fora um pateta, foi por sua culpa, em grande parte, que Voldemort se fortaleceu tão rapidamente, já que o ministério preferia ignorar seu retorno. Depois, Scrimgeour; bem, ele era mais enérgico, mais também não fora muito eficiente. Não conseguiu impedir a derrubada do ministério por Voldemort... Dumbledore sem dúvida teria sido um grande ministro, mas Harry, logo Harry, poderia ocupar tal lugar? Harry se lembrava do que Dumbledore lhe dissera na ocasião em que o encontrou naquele lugar estranho, que achara ser King’s Cross, naquele sonho também muito estranho. Até hoje não sabia se realmente sonhara. O diretor dissera: “É uma coisa curiosa Harry, mas talvez os que têm maior talento para o poder sejam os que nunca o buscaram. Pessoas, como você, a quem empurraram a liderança e que aceitam o manto do poder porque devem, e descobrem, para sua surpresa, que lhes cai bem...”

Harry saberia lidar bem com o poder? Ele não saberia dizer... Mas então, de repente, lhe veio à mente um pensamento que jamais tivera: ele, Harry, fora sem dúvida o único bruxo no mundo que reunira as Relíquias da Morte. Ele, Harry, um garoto de dezessete anos, fora de fato o senhor da morte. Dumbledore lhe dissera isso. Ele sabia disso. Sabia que tinha a capa no quarto lá em cima, e que guardara a varinha em lugar seguro... A varinha. Então Harry se imaginou líder de todos os bruxos, um líder que possuía a Varinha das Varinhas. Seu poder seria insuperável. E todos contavam com sua decisão; amanhã todos viriam para vê-lo aceitar o encargo do poder...

Harry balançou a cabeça, rindo para si mesmo. Rony e Hermione estavam novamente discutindo. O garoto passou as mãos pelos cabelos, achando que devia estar louco em pensar naquelas coisas. Ele nunca gostara da fama, nem da atenção das pessoas voltadas para ele. Aceitar ser ministro da Magia só seria triplicar tudo isso em sua já agitada vida. Jamais teria paz. Não, isso estava fora de questão.

- Acho que devemos ir para a Sala do Diretor agora – disse Harry em voz alta, interrompendo a discussão dos amigos.

Hermione pareceu surpresa: - Por que? Ainda não fomos chamados.
- Você já se decidiu? – indagou Rony, ansioso.

- Já – respondeu Harry, tranqüilo. – E acho que vocês sabem qual decisão tomei.

Harry correspondeu ao sorriso de Hermione, e riu da cara aparvalhada de Rony. Eles saíram da Sala Comunal e rumaram para o corredor em que uma gárgula agora restaurada protegia uma porta. A estátua sorriu e deixou Harry passar sem perguntar a senha. Até objetos de pedra reagiam assim com Harry, agora. Eles subiram a escada em espiral e Harry adentrou a porta, sem bater.

A profa. Minerva estava ali, sentada atrás da escrivaninha do diretor. Sentados também estavam o sr. e a sra. Weasley; Hagrid estava a um canto, e a seu lado Percy Weasley; em pé, no meio da sala circular, estava o ministro da Magia provisório, Kingsley Shacklebolt. O alto homem negro foi o primeiro a cumprimentar Harry, dizendo com sua voz rouca e reconfortante:

- Como vai, Harry? Preocupado, imagino.

- Só um pouco – respondeu Harry, sorrindo. Logo foi engolfado por uma gorducha sra. Weasley, que apertou ele e Rony ao mesmo tempo. Depois ela beijou Hermione e abraçou Harry mais uma vez, falando coisas incompreensíveis enquanto fazia isso:

- Harry, querido... como deve estar preocupado... ah, céus, como se não bastasse... tudo pelo que passou... e agora...

- Molly, querida, você mata-lo – disse o sr. Weasley, também sorrindo para Harry.

- É, mãe, pare de ser dramática – aconselhou Rony.

- Não estou sendo dramática – guinchou histérica a sra. Weasley, se desvencilhando de Harry e apontando o dedo em riste para Kingsley. – Olhe aqui, ministro, sei o que você vai pedir a Harry para fazer, e saiba que não concordo com isso. Pelo amor de Deus, ele é apenas um garoto!

- Um garoto que acaba de salvar todo o mundo bruxo, Molly – retrucou Kingsley, mas ele sorria.

- Não subestime Harry, mamãe, ele nos salvou a todos – falou Percy, olhando sorridente para Harry. Ele ainda achava estranha a volta do comportamento normal de Percy.

- Não acho que devamos enlouquecer Harry logo agora – interrompeu a profa. Minerva, tentando por alguma ordem na sala. – Harry, sente-se aqui.

Harry se sentou naquela mesma cadeira em que tantas vezes conversara com Alvo Dumbledore. Agora, porém, encarava uma severa e pálida Minerva McGonnagal.

- Harry – começou ela. – você sabe que a grande conferência será realizada amanhã. Acho que você também sabe o que grande parte da comunidade bruxa espera que você faça... Porém – ela encarou-o com a mesma expressão de Hermione poucos momentos atrás. – você não deve se sentir pressionado. Você já fez demais pelos bruxos, Harry, e nada mais é exigido de você.

Harry apenas olhou-a. Sabia que sua intenção era boa, mas se sentia meio idiota sendo tratado como um garotinho acuado. Já havia tomado sua decisão. E ia dize-la agora, se Kingsley não o tivesse interrompido.

- Harry, veja bem – falou o bruxo, pausadamente. – Antes que você diga o que decidiu, quero lhe fazer uma proposta. Melhor, quero lhe dar uma idéia. Caso esteja se sentindo obrigado a assumir a responsabilidade para si – o que eu acho muito compreensível – eu proponho que você faça isso. Que assuma o posto de ministro da Magia.

Harry olhou-o abobalhado.

- Eu te explico: o mundo bruxo está necessitando de uma força nova, Harry. De algo que nos erga dos escombros. E o nosso líder natural para fazer isso é você: o Menino-Que-Sobreviveu, aquele que derrotou o Lord das Trevas. Acho mesmo que seria positivo você nos liderar, e, caso ache não estar preparado, eu, Arthur, Minerva e todo o Ministério estaremos aqui para assessorar e ajudar você.

Harry só teve tempo de piscar, e logo depois levou um susto tremendo, que o fez pular: um estrondo de furar um tímpanos explodiu na sala, e, olhando em volta, o garoto viu que os quadros dos diretores berravam e gritavam, agitando bandeirolas com seu nome e faixas com “Potter Ministro” escritas nelas. Os quadros começavam a ensaiar um estupendo hino para Harry quando a profa. McGonnagal berrou ainda mais alto pedindo silêncio. Rony, o sr. Weasley e Hagrid, que acompanhavam a canção animadamente, se calaram constrangidos.

Recompondo-se do susto, Harry se sentou. Olhou para Kingsley e então falou:

- Eu agradeço a sua sugestão, Kingsley, mas acho que isso está fora de questão. Não quero ser ministro da Magia.

Os quadros soltaram uma audível lamentação coletiva, mas Harry continuou: -Simplesmente não acho que lido bem com isso. Também acho que sou muito jovem. Acho que agora o mundo bruxo precisa de alguém como você. Você é a pessoa certa, Kingsley, e direi isso a eles amanhã.

O bruxo olhou-o nos olhos, e então sorriu: - Agradeço muito sua confiança Harry. Mas espero contar com você nas tarefas que teremos daqui a diante. Na verdade – olhou para Rony e Hermione. – espero contar com vocês três.

- Estaremos ao seu dispor, ministro – disse Harry. A sra. Weasley novamente apertou o garoto em um abraço, chorando copiosamente e murmurando “ainda bem... tão re-responsável!...”; os quadros dos diretores novamente irromperam em brados. Através dos cabelos vermelhos da senhora Weasley, Harry divisou, no maior quadro de todos, um bruxo de longas barbas prateadas que batia palmas juntamente com os outros. Harry sorriu para ele.

Hagrid também soltou um uivo de lamento, e Harry não sabia se era por conta do momento histórico ou porque o diretor falecido aparecera do nada (o guarda-caça sempre reagia assim ao ver o quadro de Dumbledore).

Harry gostaria de ter conversado com o diretor, mas a profa. McGonnagal, desaprovando tamanha baderna, deu a reunião por encerrada. Logo todos desciam a escadaria de mármore para se despedir de Kingsley, que logo após sair do castelo montou um testrálio e desapareceu no céu escuro, acompanhado do sr. Weasley e Percy. A sra. Weasley ficaria hospedada no castelo.

- Ah, Harry querido – disse ela. – Esqueci de dizer, Gina veio conosco, foi direto para o Salão Principal e agora deve estar na torre da Grifinória.

Harry correu com Rony e Hermione para a sala comunal, e ao chegar lá teve a surpresa de encontrar também, além de Gina, Neville Longbottom e Luna Lovegood. Harry os cumprimentou feliz, e parou na frente de Gina. Ela sorriu e o abraçou. Harry não via Gina há apenas alguns dias, mas sentia uma saudade imensa.

- E então, Harry, o dia é amanhã – disse Neville, o rosto ainda arroxeado, mas aparentemente muito feliz. – Você nem sabe o que estão dizendo por aí. Dão como certa sua eleição para ministro da Magia.

- Papai queria publicar uma edição extra do Pasquim – disse Luna. – Declarando apoio incondicional a você, mas acho que não vai dar tempo.

- Sério, é? – duvidou Rony. Ele ainda tinha ressalvas a fazer sobre Xenofílio Lovegood.

- E minha avó diz que você é a melhor escolha, Harry – acrescentou Neville. – Ela acha o Shacklebolt legal, mas diz que você é o nosso líder natural.

- Gente, tenham um pouco de senso – disse Hermione, exasperada. – Harry não pode ser ministro da magia, ele só tem dezessete anos. Mesmo – alteou a voz, pois Luna fez menção de retrucar – tendo ele derrotado Você-Sabe-Quem.

Harry riu dos amigos e reparou que Gina estava muito calada. Estaria querendo lhe dizer algo? Agora não podiam conversar, de qualquer modo.

Os garotos continuaram a discutir a conferência do outro dia (Luna insistindo que os nargulés e bufadores de chifre enrugado deveriam de algum modo ser representados na reunião), e também imaginando quais seriam os próximos passos para o ministério. Afinal, Voldemort fora derrotado, mas muitos Comensais, que não estiveram na batalha final, e outras criaturas a seu serviço, continuavam a solta. Além disso, um número enorme de bruxos ainda poderiam estar enfeitiçados e infiltrados no ministério, o que aumentava ainda mais as dificuldades. Para o ministro, concluíram, restara muito trabalho a fazer. Antes que ficasse muito tarde Monstro apareceu trazendo uma enorme bandeja de bolinhos, e todos foram dormir, bastante ansiosos para o que ocorreria no dia seguinte.

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Comentários (1)

  • rosana franco

    Imagino a ceno dos quadros fazendo torcida,gostei muito do capitulo,vamos ver agora como sera a convenção.

    2011-04-27
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