Os Potter



Capitulo 4 – Os Potter

Kyo estava caminhando pelos terrenos da propriedade para a qual acabaram de se mudar, se perguntando onde e quando diabos ele chegaria ao seu fim. Olhava ao longe e não encontrava a maldita macieira que seu pai comentara, que indicava o limite a noroeste do terreno, só grama, grama e mais um pouco daquela merda verde.
Pelo menos a brisa morna do final da tarde fazia aquela maldita caminhada rumo ao nada parecer até mesmo agradável, ou pelo menos relaxante. O canto dos pássaros e guinchar dos ratos do mato ao serem encurralados por Gallard faziam o garoto esquecer por um instante que estava longe de casa e que iria para um lugar onde não queria estar.
Podia ver, as vezes, um ave voando a quilômetros de sua cabeça, as vezes indo, as vezes vindo, como se procurasse por alguma coisa. Ele gostava de observá-la, com um sorriso nos lábios, não sabia porque, mas lhe passava uma sensação boa vê-la.
De repente o terreno começou a se tornar íngreme e irregular e o numero de pedras e buracos pelo percurso praticamente quadruplicou, Kyo quase tropeçou duas vezes, mas não teve tanta sorte na terceira vez, caindo de peito aberto no chão. Seu rosto corou muito rapidamente e ele se virou, procurando em vão por alguma pessoa que pudesse estar observando. Só respirou aliviado quando sua inspeção pela área terminou e ele não encontrou ninguém.
Levantou-se e passou a sacudir o corpo, para limpar as vestes. Foi em vão. As vestes não estavam sujas somente de poeira, mas de barro também, e alguma outra coisa vermelha que desejou profundamente que não fosse sangue. Não sabia dizer com certeza se a ausência de Gallard era uma boa ou má noticia. Preferiu esquecer o assunto.
–Tombo feio, não? –perguntou uma voz feminina, vinda do nada, tinha um tom zombeteiro.
O coração do garoto quase saltou pela boca quando ele ouviu isso. Olhou em todas as direções, procurando pela pessoa que falara e de onde diabos ela viera, pois não estava ali há um segundo. Seus instinto mais forte foi o de sacar a varinha.
–Ei! Calma, amigo!
De repente uma garota de cabelos ruivos presos num apertado rabo de cavalo saltou do ar a sua frente, usava vestes cinza escuro e quadribol e tinha a testa ligeiramente úmida, seus olhos verdes brilhavam com graça. Os olhos do garoto não puderam evitar uma passeada pelo corpo dela, mas foi tão rápido que mais pareceu uma piscada. Ela segurava uma Firebolt numa mão e um pomo de ouro na outra. Ele manteve sua varinha em punho, pronta para uso, apesar de um tanto inútil em sua mão. Ela é linda…
–Quem é você? –perguntou Kyo, recuando um passo, seu rosto corando violentamente.
–Calma lá, o do tombo! –zombou a garota. –Só vim ver se não quebrou nada.
Kyo olhou para baixo, um tanto contrariado e sem graça, não esperava preocupação, mas sim zombaria. Olhou novamente para a garota, tentando manter a pose, arqueou novamente as sobrancelhas.
–Você ainda não me disse seu nome. –lembrou-lhe Kyo, erguendo um pouco mais a varinha.
–Você não está com medo de uma garota de catorze anos, está? –zombou ela.
Catorze?! Pensou ele, contendo um sorriso animado. Minha idade.
–Já tive problemas com garotas mais novas que você. –comentou Kyo, o que não era mentira, uma vez fora estuporado por sua prima de treze anos.
–Você parece ter a minha idade, o que te faz pensar que pode fazer alguma coisa contra mim? –zombou ela, dando-lhe as costas.
Certo. Agora ela pisara no calo dele. É claro que ele sabia fazer um ou outro feitiço, mas seu nível ainda era pelo menos ridículo, e abaixo da media. Bem provavelmente aquela garota seria capaz de derrubá-lo com uma vassourada antes que fosse capaz de sequer pensar em algum feitiço que fosse forte o suficiente para dar-lhe tempo de sair correndo.
Baixou sua varinha e guardou-a novamente na bainha de sua calça, sem ter medo de desviar os olhos da garota.
–Parece que eu estava certa. –zombou ela mais uma vez.
–Para ser sincero eu simplesmente acho que você não oferece perigo. –disse ele, com um sorriso maroto. –Além de estar com as mãos ocupada, teria que ser bem rápida para sacar a varinha antes de mim.
Ela sorriu de volta.
–Lílian Potter. –disse ela, com um aceno da cabeça.
–Kyo Hunter. –devolveu o cumprimento.
Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, até perceberem o tipo de situação em que estavam corarem violentamente. Kyo baixou para tentar tirar um pouco de lama de suas calças, enquanto a garota passou a desamassar o uniforme que usava.
–Você estava… Jogando quadribol? –perguntou Kyo, para quebrar o gelo.
–Isso, estava… Com meus irmãos. –ela disse sorrindo, erguendo os braços com a vassoura e o pomo. –Eles devem estar em algum lugar.
Ela ergueu os olhos para o céu e Kyo, involuntariamente, olhou para o lato também. de repente lhe ocorreu algo que era ao mesmo tempo extremamente idiota e lógico. A ave que ele via ia indo de um lado para o outro do céu deveria ser aquela garota a procura do pomo. E eu me senti atraído sem nem saber se era ou quem era ela.
–Seus irmãos? –perguntou Kyo, avoado.
–Isso. Você joga?
Os olhos dos dois se encontraram novamente, mas foi por um milésimo de segundo, pois Kyo olhou para a vassoura na mão da garota. Seu corpo inteiro se arrepiou. Sempre adorara quadribol, mas nunca lhe passara pela cabeça a idéia de jogar e simplesmente cogitar subir numa vassoura lhe causava uma paralisia que chegava a ser constrangedora. Olhou por alguns segundos da vassoura para a garota e de volta para a vassoura, sem saber se dizia que não gostava de quadribol ou que era incapaz de pensar em subir numa vassoura.
–Er… Não me dou muito bem com vassouras… –murmurou ele, sem graça.
–Não? –perguntou ela, ligeiramente assombrada. –Você tem um físico de jogador.
Kyo sentiu-se constrangido ao notar que a garota agora lhe media com os olhos. Ela deu uma volta ao redor dele, inclinando a cabeça para um lado e para o outro para observar melhor o corpo do garoto. Por fim ela parou em frente a ele, com os braços cruzados e um sorriso torto nos lábios.
–Pega ai! –ela lançou a vassoura para ele. –Tenta um voôzinho rápido.
–Não, muito obrigado. –agradeceu ele, tentando devolver-lhe a vassoura. –Quando eu digo que não sou bom com vassouras, é porque eu NÃO SOU BOM!
–Qualquer um pode ser bom com uma vassoura, só precisa de treino.
–E coragem. –murmurou Kyo, mais baixo do que ela pôde ouvir.
–Vamos lá, eu sei que você consegue.
A garota deu-lhe um tapinha carinhoso no rosto e Kyo, mesmo com a luva, pôde sentir o calor da pele da garota. Sorriu envergonhado e montou desajeitado na vassoura, calculando em quantos metros ele cairia e a quantos metros do chão estaria. De acordo com sua experiência quase nula e sua habilidade de nível negativo ele previu que estaria num ponto onde ficaria quase morto após a queda. Respirou fundo, esperando o melhor momento para dar o impulso inicial: nunca.
–Vai… É só dar um pulinho e pronto! Não precisa nem voar, é só flutuar um pouquinho. –animou-o a garota.
Ele sorriu em retribuição e rangeu os dentes, não queria mesmo deixar o chão, mas não podia negar o pedido da garota, ainda mais com toda aquela empolgação.
–O que te faz pensar que eu não vou fugir com sua vassoura, ou você conhece algum feitiço pra me impedir? –brincou ele, tentando enrolar.
–Eu tenho dois irmãos mais velhos no ar, além de uma penca de primos e tios loucos. –brincou ela. –Não acredito que você dê conta deles.
–Nem eu… –murmurou ele, agora três vezes mais aterrorizado que antes. –Acho que não é seguro voar agora.
Ela já ia desmontar a vassoura quando escutou um chiado e instintivamente se jogou no chão. Por um segundo achou que estava fazendo papel de ridículo, mas após esse segundo uma explosão de terra fê-lo se sobressaltar e rolar cerca de um metro para o lado.
A garota o olhava com uma expressão assombrada, mas parecia entender exatamente o que acontecera. Ele olhou para cima, de onde viera a ultima surpresa e se deparou com uma dupla de garotos descendo do céu vertiginosamente, um ruivo e um de cabelos tão negros quanto os seus. Se ergueu rapidamente, e sacou sua varinha, mesmo sabendo que não teria chances contra quem quer que fossem, mesmo que não tivessem a vantagem de estar voando.
Os dois pousaram um de cada lado da garota ruiva e Kyo teve a impressão de que se seguravam para não lhe esganarem. Notou que ambos tinham a varinha em punho e que um deles ainda tinha uma maça de batedor na outra mão. O de cabelos negros. Seus olhos rapidamente caíram no local onde ocorrera a pequena explosão de terra a pouco e encontrou um balaço ligeiramente danificado. O cara jogou o balaço com tanta força que quebrou…
–Eu posso saber o que está acontecendo? –perguntou Kyo, desmontando devagar a vassoura.
Nenhum dos três respondeu e Kyo teve a nítida impressão de que a ruiva se escondera atrás do garoto ruivo que acabar de aparecer. A familiaridade era espantosa. E, Kyo podia jurar que aquele era o ruivo do bando de outro dia. Como ele se chamava, mesmo? Tiago Potter… Eu acho.
–Irmãos? –perguntou Kyo, se dirigindo a ruiva. Lílian.
Ela fez que sim com a cabeça.
–E você quem é? –perguntou Tiago Potter. –E o que está fazendo com a vassoura da minha irmã?
–Ela estava me ensinando a voar. –disse Kyo, estendendo a vassoura para o ruivo, que parecia um pouco mais calmo.
O rapaz pegou a vassoura com delicadeza e passou para a irmã mais nova.
–Você ainda não disse quem é você? –indagou o mais novo.
–Kyo Hunter. –disse ele, com um pouco mais de emoção do que desejava demonstrar. –E peço um pouco mais de educação, por favor, vocês estão na MINHA casa.
–Estes terrenos são baldios. –interveio Tiago Potter, falando pela primeira vez.
–Eram. Meu pai os comprou.
O mais novo riu, com escárnio. Kyo teve vontade de socá-lo, já que era magicamente incapaz de fazer qualquer outra coisa.
–Não me lembro de nenhuma família Hunter, como é que seu pai ficou rico a ponto de comprar esse lugar? –zombou o garoto Potter. –Ganhou na loteria?
–Apesar de não ser da sua conta eu vou dizer. –rebateu Kyo, no seu tom mais frio e educado. –Somos americanos, chegamos aqui a duas semanas. E vocês?
O mais novo pareceu ter um impulso muito parecido com o que Kyo acabara de ter, mas foi segurando pelo braço do irmão mais velho.
–Sem brigas, Alvo. –pediu o ruivo.
–Mas Tiago! Esse moleque ta merecendo.
–Mesmo que esteja, se estiver mesmo em sua casa…
–Estou! –cortou Kyo.
–Então devemos respeitá-lo, somos visitantes.
Kyo se segurou para não deixar escapar um indesejados, mas se manteve firme em sua pose de educado.
–Bem, já que você foi educado… –começou o mais velho. –Somos Tiago, Alvo e Lílian Potter, moramos atrás daquelas colinas com nossos pais, Harry e Gina Potter.
Ele apontou para as colinas ao sul de onde estavam. Kyo notou uma certa ênfase nos nomes dos pais, como se quisesse deixar bem claro que sangue corria em suas veias, mas Kyo deu de ombros, não tinha idéia de quem fossem esses tais Potter ou se eram ou não importantes.
–Certo, agora que já acabamos com as formalidade vocês podem se retirar. –disse Kyo, se virando de costas.
–Ora, seu… –Ele ouviu a voz de Alvo Potter as suas costas. –Fedelho de merda!
Kyo se virou e viu a varinha do jovem Potter apontada diretamente para seu peito e uma onda de fúria lhe percorreu o corpo. Fedelho de merda, repetiu mentalmente. Apertou sua varinha com cada gota de energia que havia em seu corpo e, sem saber explicar como, bolou uma pequena estratégia para acabar com aquilo.
Dois estalos quase simultâneos anunciaram que alguém acabara de desaparatar e aparatar ali. Os três Potter não souberam explicar direito o que havia acontecido, mas quando se deram conta Kyo estava parado ao lado de Alvo, com a varinha erguida e um sorriso frio nos lábios. Parecia simplesmente fora de si.
Expelliarmus! –exclamou o garoto, tirando a varinha da mão de Alvo e pegando-a ainda no ar.
Um silencio mortal caiu sobre os quatro, enquanto Kyo caminhava lentamente na direção de Alvo, as duas varinhas em punho.
–Nunca mais aponte sua varinha para mim! -urrou Kyo, enfiando sua varinha no peito do garoto.
–Que tipo de bruxo espeta o outro com a varinha, ao invés de duelar? -zombou Alvo.
–Não preciso te machucar. –disse Kyo, pondo a varinha do garoto no bolso da calça dele. –Se me dão licença.
Com um outro estalo Kyo sumiu, deixando três Potter perplexos para trás.
–Que moleque… –murmurou Alvo.
–Nossa, pensei que ele só tivesse catorze… –Lílian comentou olhando para a cara de seu irmão mais velho.
–E tem. –afirmou Tiago. –Só que pelo que a Mione falou ele deveria ser um lixo, não um mito.
–Como assim? –perguntou Alvo.
–No primeiro ano você sabia desarmar alguém?
–Não.
–Nem eu.
Os três montaram suas vassouras em silencio. Tiago recolheu o balaço defeituoso que seu irmão jogara no garoto e então foram embora, deixando a propriedade dos Hunter.

Em seu quarto Kyo acariciava Gallard pensando. A primeira pessoa que fora amigável com ele e ele já fora capaz de afastá-la dele. Como sempre ficara nervoso e fizera coisas que não era capaz de fazer quando em sã consciência, como usar feitiços avançados e aparatar. E aparatara duas vezes. Tinha que se controlar mais. E treinar.
Aquela garota, ela era linda, alem de ter sua idade. Lílian Potter… Não vou me esquecer deste nome. Gallard piou baixinho, como se concordasse com ele.
Naquela noite Kyo rolou muito na cama.

Diário do autor

22/01/08 – 00:01

Bem gente, três caps em tão pouco tempo não é para qualquer um, não é mesmo?!
Bem, sem novidades, mas espero ter alguma coisa pra contar da próxima vez…
Comente, sim?! Por favor e pelo amor de Merlin!!

E, qdo você, Tonks, tomar vergonha na cara e aparecer por aqui, por favor me avisa e deixa um comentário, tah!?

To precisando d vc aki!!!!

Bjus a todos e um feliz natal!!! (atrasado)

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