Once... (p. I)



Capítulo V (parte 1)- Once upon a december


- Você tem certeza de que eu não sou alérgico a mingau?! – Perguntou Rony, olhando duvidosamente para Gina, esta revirou os olhos.

- Deixa de ser imbecil! É claro que não é. – e voltou a conversar com Hermione. Rony, no entanto, afastou o prato de mingau e começou a comer torradas. – Bom, galerinha, eu tenho que ir, já estou atrasada. – a ruiva se levantou apressada pegou a bolsa e saiu.

- Sabe Hermione, agora que Fred e Jorge inventaram aquelas prejoção você não precisa ler mais nada. – Rony indicou o livro que ela ia começar a abrir.

- O certo é projeção, no caso da sua frase, projeções. E eu prefiro ler. – virou-se para seu livro.

- Você é louca. Dá no mesmo! – exclamou ele, com a boca cheia. – A única diferença é que não perde muito tempo lendo esses livros chatos.

- Não dá no mesmo não. Mas você me lembrou uma coisa. Harry... – o moreno virou-se para ela. – Será que você pode me emprestar um Projelis verde? Tem alguns livros que eu não me interesso muito, mas preciso ler.

- Empresto sim... – falou Harry. – Eu vou procurar no meu quarto e te empresto.

- Que tipo de livros que você não se interessa? – perguntou Rony, disfarçando, muito mal, a curiosidade. Harry sabia bem aonde ele queria chegar.

- Sobre adivinhações. – ela deu de ombros. – Li um, mas não gostei muito do assunto.

- Então pra que saber do resto? – Rony estranhou.

- Pra me manter informada, e chega de perguntas. – disse antes que Rony abrisse a boca novamente, desapontado deu uma troca de olhares rápida com Harry.

- Não acho necessário que você saiba sobre isso. – continuou Harry, tentando fazer o que Rony não conseguiu. Hermione meramente o olhou erguendo as sobrancelhas. Ás vezes ele sentia que a memória dela voltava com toda força. – Em Hogwarts você desistiu da matéria. – respondeu ele diante da inquisição silenciosa de Hermione.

- Mesmo assim. Quem sabe, eu não encontro alguma coisa que valha a pena. – e voltou sua atenção para o livro. Harry olhou para Rony, desapontado também. Os dois a pressionavam há dois dias pra saber o que andava lendo e se tinha descoberto alguma coisa sobre seus sonhos, mas ela não falava nada. Diferente da outra vez, ela não se trancou no quarto ou começou a ler livros estranhos, é claro, tinha passado um maior tempo dentro da pequena biblioteca, mas nada que fosse considerado fora do normal para Hermione. Comentara até que precisava comprar novos livros, mas nada além. Rony, ao contrário de Harry, não estava tão preocupado. Achava que Hermione estava fazendo o mesmo que o amigo. Ocultando informações. E ele achava bem feito para Harry, mas este não queria contar, ainda, sobre as coisas estranhas que estavam acontecendo, em relação a Voldemort. Depois da janta naquele mesmo dia Harry fora pra cama mais cedo, subiu as escadas parando no corredor do quarto de Hermione. Ela não tinha jantado hoje, ele estava começando a se preocupar. Como era de se esperar Hermione não estava no quarto, Harry então foi direto para a pequena biblioteca. A porta estava entreaberta e ele nem se deu o trabalho de bater, quando passou por ela esta rangeu, assustando Hermione sentada a uma poltrona no fundo do aposento. Harry percebeu que ela assistia ao Projelis.

- Que susto Harry! – suspirou ela, extremamente encolhida na poltrona, apertando um botãozinho do Projelis.

- Só queria saber como estava, não desceu pro jantar. – ainda estava parado a porta, e da onde estava não conseguia ver o que ela estava projetando, somente viu o Projelis em cima de um livro de capa preta.

- Eu comecei a ver esses livros – e apontou para o chão onde estava vários outros livros de diferentes cores e capas. – e perdi a noção do tempo. Quando percebi que já anoitecia Dobby veio me trazer a janta. – Harry viu o prato, vazio, do outro lado da poltrona. – Pensei que ele tivesse te avisado. – estranhou ela.

- Avisou... – falou ele vagamente, não gostava de vê-la enfurnada naquele lugar, e começou a se arrepender de ter feito essa pequena biblioteca. Ainda que soubesse perfeitamente que não iria mudar em nada o fato dela ler cada vez mais livros. – Bom, já que está tudo bem. Boa noite. – ele queria não demonstrar a chateação na sua voz. Ainda que não soubesse o porque de estar tão chateado.

- Não, espera! – pediu ela quando viu que ele já começava a fechar a porta. – Eu comecei esse livro agora e não quero ver sozinha. – Harry parou na soleira da porta estranhando a atitude dela.

- Que livro é esse? – perguntou.

- O sinistro. – disse ela, mas completou rapidamente. – Não que eu realmente acredite nisso – bufou nervosamente. – Mas eu só queria uma companhia. – Harry continuou ali parado, quando voltou a falar exibia um sorriso ao canto.

- Você está com medo? – nunca havia visto Hermione com medo de uma coisa tão surreal. Ela pareceu envergonhada.

- Claro que não! – retrucou ela, com uma certa urgência na voz. – Olha, se você não quiser ficar tudo bem, eu vejo sozinha. – e apertou o botão do Projelis, voltando sua atenção pra lá. Harry registrou mentalmente a cena, Hermione tentando ao máximo fingir que não sentia medo algum, ainda que se encolhesse ainda mais na poltrona. Ele deu um sorrisinho. Não acreditava que ela estava com medo.

- Tudo bem eu fico. – disse ele por fim, entrando no aposento e fechando a porta. Harry percebeu o corpo de Hermione dar uma relaxada. Quando ele se sentou no braço da poltrona entendeu o medo de Hermione. O livro era um relato de suas aparições e de como as pessoas morriam logo após, e o pior era que tudo aquilo passava em uma realidade imensa no Projelis. No primeiro susto que ela teve, Harry fingiu não ter se assustado também e deu um sorriso de canto.

- Mas o que você está fazendo ai? – perguntou ela, puxando Harry do braço da poltrona para a poltrona apertada que ela estava sentada. – Senta aqui, pra me proteger! – mais uma cena do Sinistro e seguida de um tipo de morte bem infeliz passou, fazendo-a a ter um leve susto. - Afinal, qual é a desse cachorro? – disse ela abraçando-o, se encolhendo ainda mais nele. Harry, no entanto ficou sem saber agir. Abraçou-a sem jeito, sentindo o cheiro de Hermione invadir, não só o nariz como sua mente. Sentiu a maciez dos braços de Hermione, recriminando-se mentalmente de querer saber se... Balançou a cabeça, tirando da mente os pensamentos que passavam agora. Nunca ficara tão perto da amiga, em uma situação que não fosse perigosa, ainda que agora ele se perguntava o que seria mais perigoso: os comensais ou essa aproximação dela. Até poucos minutos atrás nem sabia que cheiro que Hermione tinha, agora se pegava pensando que não poderia existir outro cheiro melhor. Com medo que Hermione ouvisse seu coração batendo anormalmente rápido e forte se deu conta do que estava sentindo. – Não está assustado? – perguntou ela, levando outro susto.

- Apavorado. – respondeu ele. Mas isso não tinha nada a ver com o Sinistro.

Era tarde da noite do sábado, duas semanas antes do Natal, quando Lupin chegou de surpresa, todos já estavam dormindo tranqüilos, mas logo começou a gritaria da Sra. Black. Harry lançou um feitiço de silêncio no quadro e desceu rapidamente as escadas, sentiu a presença de Rony e Hermione o seguindo.

- Desculpe acordar vocês tão tarde, mas eu precisava avisá-los. Gina foi seqüestrada. – Lupin estava pálido quando entrou na casa. Harry sentiu Rony prender a respiração logo atrás dele.

- É impossível! Eu falei com Gina essa noite! Todos nós a vimos no jantar e depois indo pro quarto. – respondeu Hermione, logo atrás de Rony. Lupin olhou confuso para os três.

- Também não é possível! Eu vi com meus próprios olhos, lutei contra os comensais que a levaram. – Harry reparou que ele tremia, mas embora nevasse, duvidava que fosse do frio. – Eu tenho certeza de que era ela. – continuou ele de olhos arregalados.

- Será que não foi uma armadilha, ou sei lá... Quiseram se divertir? Convenhamos que esses novos comensais não são muito espertos. – respondeu Harry, agitado. Tinha realmente visto Gina indo pro quarto.

- Não! Era ela, eu tenho certeza! Meu Deus, meninos, isso aconteceu não tem menos de vinte minutos! – a palidez de Lupin assustava a Harry.

- Eu vou subir e ver se ela está no quarto. – murmurou Rony, correndo as escadas.

- Vem Lupin, entra. – convidou Hermione, fechando a porta atrás dele. Os dois foram para a sala, os elfos, como se previssem a chegada de Lupin já tinha acendido a lareira e agora servia chá aos acordados. Não deu tempo de sentarem que Rony estava de volta, mais pálido que Lupin.

- Ela não está no quarto. – disse num sussurro, deixando-se cair no sofá. Harry sentiu um lado do seu cérebro adormecer. Hermione do seu lado deixou escapar um gemido rouco.

- Onde isso aconteceu? – perguntou Harry, agora agitado.

- No Caldeirão Furado... Estava somente Tom e eu lá. Foi tudo muito rápido. De uma hora pra outra apareceu uns dez comensais encapuzados, e quando nos demos conta eles lançavam feitiços sobre nossas cabeças, nós revidamos, e até estávamos conseguindo vantagem quando eu percebi que tudo aquilo era uma distração, logo atrás dos comensais um grupo fechado passava atrás, eu só me dei conta de que eles estavam segurando uma pessoa quando a própria conseguiu dar um grito e soltar fagulhas vermelhas. Pelo grito eu percebi que era ela, Tom continuou lutando contra os comensais da frente e eu tentei chegar ao tumulto de trás, eu a vi lutando com dificuldade, contra uns cinco que tentavam imobilizá-la. E não eram os comensais novos não, eles tinham muita habilidade no que faziam, só que ela não é das fracas e eles logo perceberam. Eu consegui estuporar uns dois dos que tentavam lutar contra ela, mas a porta do caldeirão se abriu e a última coisa que eu me lembro foi de uma voz, fria e cortante. Logo após eu fui estuporado, acordei e a única coisa que eu vi foi Tom gravemente ferido e o caldeirão inteiro revirado. – terminou ele, tremendo ao segurar a xícara de chá que Feledo, um dos elfos, lhe entregava.

- Quem era essa voz fria? – mas Harry já sabia a resposta. Lupin levantou os olhos pra ele, assentindo com a cabeça.

- Não... Mas como é possível? Eu a vi conosco no jantar, e depois subindo... Como...? – Hermione pareceu completamente confusa, apertava as próprias mãos, nervosa.

- Eu não sei como, mas era ela. Tem certeza de que depois disso ela não saiu? – Hermione balançou a cabeça.

- Fomos dormir cedo hoje, mas mesmo assim se fosse sair ela teria avisado! – exclamou ela. Lupin suspirou. Ainda tremia e sua palidez o fazia parecer muito mais velho.

- Acabei de mandar Tom para o Sto. Mungus e vim direto pra cá. – ele deixou a xícara intocada na mesa de canto e afundou suas mãos entre os cabelos.

- Nós temos que avisar toda a Ordem. – falou Rony de repente. – Temos que achá-la. – ele se levantou, esperando que os outros fizessem o mesmo.

- Calma Rony, não pode ser assim, temos que planejar antes... – mas Rony gritou com Harry antes que ele terminasse a frase.

– Ela é minha irmã! Nós temos que sair a procura dela! – seu rosto, antes branco, adquirindo o tom avermelhado. Feledo deu passos pra trás quando viu Rony se exaltando.

- E você acha que devemos fazer o que? Não ouviu o que ele disse? – Harry também se levantou. – O próprio Voldemort foi buscá-la, acha que vai ser fácil encontrá-la?! Precisamos de um plano antes. – Rony inclinou-se para ele ameaçadoramente.

- E você espera que façamos o que?! Que fiquemos aqui sentados esperando você bolar um outro plano que nos faça ir pro Sto. Mungus de novo? – Rony chegou a cuspir com a verocidade que falava. Harry precisou respirar duas vezes antes de voltar a falar com ele.

- Não é só você que se preocupa com ela. Mas nós não sabemos onde ela está! Não temos sequer uma pista do que pode ter acontecido. – Harry voltou a se sentar do lado de Lupin, que agora encarava Rony estranhamente.

- Não! – gritou ele. – Não vou ficar aqui parado enquanto ELE pode estar fazendo sei-lá-o-que, com a minha irmã! Eu já passei por isso e lembro muito bem o quão perto da morte ela estava! – fora à vez de Lupin se levantar diante de Rony.

- E você pensa em fazer o que? Procurar de esquina em esquina de Londres? – Lupin dava um ar de maior poder que Rony, ainda que fosse mais baixo. – Ainda não podemos fazer nada! – Rony olhou para os três com um ar de incredibilidade.

- Pois se vocês não vão fazer nada, eu vou. – e se virou para sair da sala, mas Lupin o pegou pelo braço.

- Se você tentar fazer alguma coisa pode piorar! – avisou ele. Rony pareceu não querer ouvi-lo no começo, mas depois se virou lentamente e sentou-se.

- Eu não sei o que vocês têm em mente. – resmungou ele da poltrona.

- Vamos primeiro, como você disse, avisar a toda a ordem. Depois que todos estiverem aqui bolaremos um plano pra saber onde ele se encontra, já que provavelmente ela deve estar com ele. – começou Lupin. Fora sem dúvida a madrugada mais longa que tiveram. Conseguiram avisar a todos da Ordem, alguns aparataram imediatamente ali, outros usaram o Projelis branco, dos gêmeos para participar da reunião que teve, e poucos apareceram só na manhã seguinte. Na hora do almoço poucos sabiam qualquer coisa que pudesse ajudar, o que Rony já estava tendo um ataque de nervos, só pior que ele era a Sra. Weasley, sem dizer do resto da família. As últimas notícias que tiveram do paradeiro de Voldemort fora nas redondezas de Hogwarts, o que induzia a idéia de que ele está tentando entrar no castelo. Embora o próprio castelo tenha erguido suas próprias proteções contra invasores. Já na janta todos estavam com grandes olheiras e cabelos desarrumados em volta da mesa de jantar, os elfos servindo-os. Rony sequer fora jantar com eles, se trancara há mais de três horas no quarto. Passaram mais uma noite acordados, sem nenhuma notícia de Gina ou Voldemort. Harry estava na sala sozinho, pensando diante da lareira, passava a mão diversas vezes pelo cabelo sujo e desarrumado. Um dos aurores no ministério na semana passada jurou ter viso Voldemort entrar no ministério e arrombar o departamento de mistérios. E no jornal de ontem ele fora para o Sto. Mungus, completamente senil. Não dava pra acreditar que Voldemort teria voltado lá. E pra quê? Um tremor passou por ele. Por que tanto mistério com o que ele estava fazendo? O que poderia ser tão ruim? Pior do que a guerra que estavam tendo. Ele bufou de frustração.

- Harry...? – ele voltou com seu olhar para a soleira da porta. Hermione se aproximava dele. Quando ela sentou-se ao seu lado, ele voltou seu olhar para a lareira. Ficaram uns dois minutos sem falar nada, até que a voz de Hermione soou suave aos ouvidos dele, causando um certo arrepio no pescoço ao perceber a proximidade dela. – Sabe que não pode se culpar não é mesmo? – ele virou a cabeça para enxergar melhor seu rosto, deu um sorriso pra ela. Como ela podia conhecer ele tão bem, mesmo sem memória?

- Você não sabe como a mente dele funciona. – Harry voltou a admirar a lareira. – Não sei como ele ainda não encontrou meios de me avisar pra ir onde esteja. – Harry tirou os óculos, encostando-se no sofá deixando a cabeça pender pra trás. Passou os dedos pelos olhos de forma a clarear a visão embargada de sono, embora completamente consciente da presença de Hermione. Voltou a colocar seus óculos e estudou Hermione por um tempo. Parecia nervosa com alguma coisa. – O que foi Mi? – os ombros de Harry voltaram a se tencionar.

- Nada. – e olhou para o outro lado da sala. Ambos sabiam que estava mentindo. – Vocês disseram que ele estava nas redondezas de Hogwarts certo? – ela mexia as mãos nervosamente.

- Sim...? – Harry segurou as mãos de Hermione a fim de chamar atenção dela.

- Eu... – ela começou a gaguejar. – Bem, eu não lembro muito bem de Hogwarts, mas... Eu vi fotos. Em livros, e até nos meus álbuns, e bem... – Harry sentia as mãos de Hermione geladas.

- Aonde quer chegar Mi? – Ela parou de movimentar freneticamente as mãos.

- E se eu te dissesse que eu estou sonhando todas as noites com um lugar muito parecido com Hogwarts? – era a primeira vez que ela mencionava sobre o que sonhava, mas para Harry aquilo não era bem sonhos.

- Eu te diria que sua memória estaria voltando... – Hermione voltou a mexer as mãos, Harry pressionou ainda mais as mãos dela para parar com o nervoso.

- Não são bem sonhos. Eu sei quando é uma memória minha... E quando não é. – ele percebeu que ela não conseguiu olhar nos olhos dele.

- O que quer dizer? – Harry franziu o cenho. Hermione pareceu tomar coragem antes de dizer.

- Harry... Eu acho que eu estou vendo... O passado. – Harry olhou pra ela sem saber o que dizer. – Quer dizer... Eu não sei bem. Não voltei a ter aqueles sonhos. Mas eu andei lendo e... Vendo algumas fotos... E – ela suspirou. – Parece coisa de maluca... Mas eu acho que devemos voltar a Hogwarts. – Harry continuou olhando-a sem entender.

- Hermione... Será que não é a sua memória mesmo? Porque você... – mas ela o interrompeu.

- Eu disse que parecia maluquice, mas eu tenho certeza que não é. E bem... Eu andei lendo... O terreno de Hogwarts antes era de uma família riquíssima. Mas isso já faz tanto tempo... – disse ela balançando a cabeça. – Harry, apenas me ouça... Temos que voltar pra lá.

- Hermione... O que você diz não tem sentido nenhum. E sequer podemos voltar pra lá. Hogwarts tem encantamentos próprios para evitar que entrem pessoas. – ela continuou balançando a cabeça.

- Não... O castelo tem. Porque o castelo foi construído pelos fundadores da escola. Mas não é o terreno inteiro de Hogwarts que tem essa proteção. Isso não diz naquele livro Hogwarts: Uma História, mas eu sei que existem algumas falhas no próprio terreno e... – Hermione falava sem intervalos.

- Mi! – chamou Harry, fazendo-a se calar. – Como você pode saber que existem falhas? – ela olhou pra ele, e depois deu um leve sorriso.

- Eu não sei... Eu só... – mas Hermione suspirou novamente. – Olha... É maluquice minha. Deve ser como você falou... Minha memória deve estar voltando e eu não estou sabendo como administrar isso. – Harry sentiu as mãos de Hermione pararem de tremer. – Eu só... Bem. Esses sonhos são realmente esquisitos Harry... – desabafou ela. Ele segurou mais forte em sua mão. Uma prova de como tudo estava diferente era que Hermione estava desabafando com ele, e não ao contrário. – Me desculpa Harry...

- Desculpa? Pelo que? – disse ele sem entender.

- Por fazer você ficar ouvindo essas... Coisas. Nós já temos muito o que pensar não é mesmo? – Harry suspirou, concordando com a cabeça. Encostou novamente no sofá, voltando seu olhar para a lareira. – Sabe, você tem que parar com essa mania de se sentir culpado por tudo. Não tem culpa nenhuma... Você é a vitima nessa história. – Harry voltou seu olhar pra ela. Estava sentindo falta desse tom bravo que ela usava quando ele não tinha razão.

- É uma coisa que eu não posso evitar. Se não fosse por mim ela ainda estaria aqui. – sua voz saiu rouca, estava tão cansado. Fechou os olhos e quando percebeu Hermione tinha abraçado-o.

- Se não fosse por você eu não estaria aqui. – disse ela com a voz suave, fazendo os cabelos da nuca de Harry se arrepiarem. – Eu sei como você está me protegendo naquelas aulas que Alberfort anda nos dando. Sei que não são pra valer, mas sei que se fossem... – ela não precisou dizer mais nada, fez menção de se afastar do abraço, mas ele a abraçou mais forte. Não entendia essa sua necessidade de ficar ali com ela, mas o que ele menos queria naquele momento era entender ou pensar em alguma coisa. Ela relaxou os braços, suspirando de leve em seu pescoço, e dessa vez Harry não só sentiu um friozinho no estômago, mas como se algo quente viesse de dentro pra fora. Temia que Hermione sentisse o seu próprio corpo quente. Não sabia como, mas a sua amiga estava enlouquecendo-o. Sentiu o perfume dela invadir de novo sua mente. Não queria pôr tudo a perder, queria fazer certo... E foi a vez dele se afastar levemente dela, mas quando encontrou seu olhar brilhante, não conseguiu pensar em mais nada. Suavemente se inclinou para ela, sentindo seu estômago se encolher, e o coração parecer se alargar. Quando sentiu os lábios dela, quis se aproximar ainda mais, mas tinha medo que ela fosse escapar, a boca de Hermione se entreabriu e nesse gesto inesperado fez com que Harry segurasse sua cintura e suas costas de modo que não a deixasse escapar. Não poderia parar naquele momento. Sentiu os braços de Hermione envolver o pescoço dele e isso foi a gota d’água. Como se tivesse se segurado pra fazer aquilo durante toda a sua vida, a beijou com força. Precisava daquilo como se precisasse do ar. Sentiu Hermione suspirar forte e se aprofundou ainda mais nela, não restando espaço entre os dois. Era como se levasse vários feitiços estuporantes de uma vez, e passassem por sua veia, fazendo com que ele quisesse mais. Abraçou-a ainda mais, mesmo sabendo que não tinha como se aproximar mais. Não estava mais com medo de que ela ouvisse seu coração batendo forte, sentia o dela batendo tanto quando o dele, sentia o corpo dela esquentar tanto quanto o seu. Harry nunca sentira aquilo em toda sua vida, sentia que ia explodir em milhões de pedacinhos e depois se juntava de novo. Estava ficando sem ar, mas não conseguiu se desgrudar dela, apertou com força sua cintura, sentindo a respiração dela falhar. Foi um barulho nas escadas que os separou como se tivessem levado um choque. Os dois olharam para as escadas, mas nenhum dos dois viu nada. Ela voltou a fitar Harry e ele voltou a fitar sua boca, agora totalmente vermelha, as bochechas dela pareciam pegar fogo. Ambos com a respiração ofegante. Ele ainda não entendia tudo aquilo. Pensara tantas coisas, mas nunca pensou que pudesse ter tido um sentimento tão forte. Também nunca pensou que iria querer de Hermione tudo aquilo. Ao mesmo tempo que ele queria rir, ele queria falar, e queria beijá-la de novo. Resolveu por falar.

- Eu... – sua voz saiu rouca, ele pigarreou baixinho, mas quando ia voltar a falar percebeu que não tinha o que dizer. E esse meio tempo foi o suficiente para Hermione murmurar.

- Me desculpa. – e sair subindo as escadas.

- Me desculpa? – sussurrou Harry, para si mesmo.






continua...

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