Capítulo 2



Capítulo 2



Sua cabeça latejava de forma como se estivesse prestes a explodir. Era difícil distinguir qualquer coisa quando se estava com a visão embaçada, e complicado andar quando suas pernas cediam ao cansaço inexistente há minutos atrás. Havia demorado em entender o porquê daquilo estar acontecendo, mas então se recordou da sua mais triste e alegre memória. Era mais do que óbvio! Ainda havia alguma ligação entre ela e Tom, e alguma coisa devia estar acontecendo a ele para que estivesse se sentindo daquela maneira.

Gina vestiu os seus chinelos quando finalmente pôde enxergá-los e enrolou com toda a força seu robe em volta do seu corpo trêmulo antes de se ver forçada a sentar na cama novamente.



“Me encontre na sala de Astronomia... Estarei te esperando lá”.




A voz ecoou pela sua cabeça como uma melodia mal tocada. A voz de Tom não soou como durante à tarde, mas ela se via como na obrigação de obedecê-la. E como se em transe, seguiu para fora do Salão Comunal sem nem ao menos perceber que um par de olhos verde a observava.
Enquanto isso, próximo à orla da floresta, uma sombra que antes se unia a outra saiu correndo em direção ao castelo, mesmo sabendo que não deveria fazer aquilo. Tinha que impedí-la de ser confundida!!!


“Pensei que ele já estivesse em Hogsmeade” – Gina dizia a si mesma. "Será que ele precisa de ajuda?”.

Mas Gina foi interrompida por um gato. Madame Nor-rra? Não! Bichento.

– O que você faz aqui, Bichento? – perguntou Gina.

– Era isso que eu queria saber. – disse uma voz atrás dela. Era Mione. – Gina, por que você saiu a essa hora da madrugada?

Gina não sabia bem como explicar, disse apenas que sentiu sede e que havia acabado a água do seu dormitório.

– Vamos voltar, eu te dou um pouco de água do meu quarto – disse Mione – Harry e Rony estão nos esperando; eles teriam vindo também, mas eu os convenci a não sair... Afinal, como monitora, eu não tenho que me preocupar com Filch, eles sim!

E rumaram de volta para o Salão da Grifinória, Gina um pouco apreensiva por não ir ao encontro com Tom.

Enquanto isso, Tom, que rapidamente conseguiu entrar no castelo (não perguntem como!!!) ficou feliz ao constatar que Gina não comparecera ao tal encontro. Gina, já na Grifinória, sentiu o mesmo alívio no coração e finalmente conseguiu dormir.

Mas ao invés de ir atrás dela, ele foi em direção à Sala de Astronomia. Com certeza "ele" mandara alguma armadilha para sua menina-Weasley, mas por qual motivo, Tom desconhecia. Será que seu verdadeiro "eu", que havia renascido há pouco tempo, tentava apagar qualquer traço de amor que pudesse existir dentro de si, mesmo que fosse apenas como uma simples lembrança? Será que o amor de uma simples lembrança materializada pudesse comprometer seus planos atuais?

De qualquer forma, Tom ia impedí-lo a todo custo.

Chegando na Sala de Astronomia, Tom pôde vê-lo. Mas não viu a si mesmo. Não era Lord Voldemort que estava lá, apenas um rato.

Com o olhar frio, Tom reconheceu que era um animago e com a varinha que Gina lhe arranjara, lançou um feixe em direção ao bicho.

O rato se contorceu, mas conseguiu fugir. Tom resolveu não ir atrás do rato, mas caminhou de volta para sua câmara, onde havia uma saída para Hogsmeade. Ele apenas não contava com um par de olhos verdes por debaixo de uma Capa de Invisibilidade.






Enquanto isso, o rato alcançou o exterior do castelo, se transformou em ser humano e desaparatou, aparatando ofegante logo em seguida. Lord Voldemort se dirigiu a ele.

– Você conseguiu, Rabicho?

– Não, mestre... – respondeu ele, ainda ofegante – Apareceu um rapaz, não era o Potter, mas...

– SILÊNCIO! – ordenou Voldemort. Ao contrário do que acontecia, ele não castigou Rabicho por fracassar, apenas se dirigiu para seu aposento, se trancando, desta vez sozinho.

Sentiu um aperto no coração, ao mesmo tempo alívio pelo fracasso de Rabicho. Isso não era um bom sinal para ele. Ele tinha que dominar sua metade e fazê-la voltar para dentro de sua mente, antes que ele se enfraquecesse com esse novo sentimento que experimentava.




Seus pés estavam descalços e tomavam a liberdade de se refrescar na lagoa. Apesar de saber que a Lula Gigante ainda vivia lá dentro, não tinha medo dela. Sabia, como se em um instinto, domar a fera. As mãos passeavam sobre o gramado alto e verde vivo que saía do chão e alcançava quase metade da sua coxa descoberta. Era magnífico poder estar ali novamente, ser ele. Mas os pensamentos do que haveria de significava o acontecimento da noite anterior era como um martírio que o torturava a cada segundo.

– Adivinha! – a voz soou cuidadosa e baixa demais, mas mesmo assim foi possível reconhecê-la.

– Pensei que tivesse aula a essa hora – comentou o garoto logo depois de cumprimentar a ruiva.

– Eu tinha – explicou – Mas ela foi cancelada. Parece que alguém invadiu a classe do Snape, e estão cheios de preocupações, vasculhando por qualquer vestígio...

O coração de Tom então acelerou como se sentisse que tudo aquilo fosse sua culpa.E então teve a completa certeza de que o seu eu mais velho e mais poderoso havia tramado algo contra a Weasley.

– Gina, ontem à noite...

– Me perdoe por não ter aparecido – pediu a menina, interrompendo-o – Mas Hermione me parou no corre...

– Não fui eu que lhe chamei! – disse tudo de uma vez só. Dessa forma seria o suficiente para que ela entendesse.

– Quer dizer que...

– Que ELE a chamou, não eu...

– Acha que foi ele quem invadiu a sala? – perguntou hesitante.

– Tenho quase certeza – respondeu friamente.

– O que iremos fazer, Tom?

– Teremos que descobrir um modo de detê-lo – afirmou com toda a convicção que havia dentro de si.


– Mas como podemos detê-lo? – Gina parecia apreensiva.

– Ainda não sei... – disse Tom pensativo – Preciso pesquisar, mas será preciso entrar na biblioteca durante a noite...

Tom percebeu que Gina estava preocupada com ele, sentiu dentro de si essa preocupação. Ao mesmo tempo sentiu-se tentado a lutar contra o que sentia – seu lado negro tentava despertar o ódio que existia dentro de si, sufocando todo o amor que Gina representava para ele.

Decidiu não deixar transparecer sua inquietação, mas Gina sentou-se ao seu lado e o abraçou, deixando-o muito surpreso por sua espontaneidade.

– Temos uma sintonia, nós dois. – começou ela – Não adianta disfarçar, eu sei que você está com medo.

Tom ficou aborrecido pelas palavras dela, afinal ele não era alguém que temesse qualquer coisa; ele – o bruxo mais poderoso do mundo. Ia falar isso a ela, mas ela o desarmou, beijando-o carinhosamente. O beijo foi demorado e ambos puderam sentir o medo e a tristeza um do outro se dissipar quase por completo.

– É melhor você voltar, menina Weasley... – Tom sussurrou em seu ouvido – Sentirão sua falta e podem nos ver aqui.

Gina não queria ir, mas se levantou, relutante. No caminho para o castelo, sentiu uma dor no coração. Ele sofria, sofria muito e ela estava sentindo sua dor. Ela também sentia sua sede de poder, e teve medo por ele...

Enquanto Gina se afastava, Tom pensava nos meios para deter seu lado obscuro. Pensou que talvez pudesse tirar proveito disso, como herdeiro de Salazar Slytherin sua ambição continuava a mesma. Se derrubasse seu alter-ego, talvez pudesse recomeçar seus planos, mas... E quanto à Virgínia? Ela o acompanharia?

Tom abanou a cabeça, como se quisesse apagar o que tinha acabado de pensar.

– Uma coisa de cada vez... – disse ele pra si mesmo, andando cautelosamente em direção a Hogsmeade.


Gina adentrou o Salão Principal, pois já era hora do jantar.

Rony a encarou:

– Onde é que você esteve? Soube que não teve a última aula, mas não vi você no Salão Comunal!

– Passeando pelo jardim... nada demais.

– Sozinha? – perguntou Hermione.

– É, o que tem de mais? – Gina corou.

Harry encarou a menina por algum tempo, sério. Resolveu permanecer calado e olhar para sua própria comida. Gina teve um mau pressentimento sobre isso.

“Ele suspeita de você" – ela ouviu a voz de Tom em sua mente. "Temos que tomar mais cuidado...”.

Gina sentiu a espinha gelar quanto a essa possibilidade. Decidiu que conversaria com Harry no momento certo, mas que, por hora, preferia que ele ficasse na dúvida, não queria expor Tom; Harry poderia interpretar mal sua presença.

Mal sabia ela que Harry já sabia de tudo...





Na Sala Comunal da Grifinória, Harry aproveitou que Rony e Mione estavam namorando e tomou a iniciativa de falar com Gina. Ela sentiu-se empalidecer quando ele se aproximou.

- Gina, você tem andado estranha ultimamente. - começou Harry – Você está se sentindo bem?

Gina tentou permanecer calma.

– Estou, não há nada de errado comigo.

– Tem certeza? – Harry perguntou sério.

– Tenho... Harry, por que está se preocupando tanto? Não há absolutamente nada...

– Então você não sabe de nada?

Gina começava a ficar confusa e com medo. Ela ouvia sussurros em sua mente: “Calma, controle-se... Ele não vai impedir de nos amarmos".

– Eu nem sei do que está falando. – respondeu ela, impaciente.

Harry levantou as sobrancelhas, pensativo.

– Gina, o que eu vou falar é um conselho de amigo.

Sem saber por que, Gina sentiu seu estômago doer. Harry continuou:

– Quero que você evite sair durante a noite e que não ande sozinha pelo castelo.

Ela se surpreendeu com isso.

– Mas por quê?

– Porque eu vi Tom Riddle no castelo outra noite. – respondeu ele, sério – Não sei como ele voltou, pois o diário foi destruído, mas ele está aqui.

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