Fim de Férias



Cap. 1Fim de Férias


 


       Já disse o quanto gosto do último dia de férias? Pois é, eu simplesmente A-M-O. Não é apenas mais um dia e sim O dia! É quando toda a família Weasley e seus milhares de agregados juntam-se em um delicioso almoço para festejar os últimos minutos de prisão domiciliar. Não que eu seja uma rebelde, mas é que quando estamos em Hogwarts somos livres. Falando em Hogwarts...


       – Caraca pai, você tem noção de que toda a nossa família vai estar em Hogwarts este ano? – perguntei
       - A gente vai dominar! A gente vai dominar! – cantou Rox, fazendo uma dança da vitória extremamente ridícula.
       - Imaginem só todo o clã Weasley perambulando pelos corredores... – Disse Fred com ar sonhador fitando o nada.
       - Imaginem só quantas vezes terei que buscar vocês na detenção... – Disse Teddy com ar de desesperado.
       - É, já vi que este será um ano daqueles... – Comentou tio Harry voltando a concentrar sua atenção na janela da sala, realmente entretido com alguma coisa lá fora.


       Comecei uma discussão sem fundamento com Rox sobre suas roupas estranhas, Teddy e tio Harry também começaram a conversar em um canto,  próximos à Lucy e Nick que também conversavam, aliás, parecia mais um monólogo da Lucy porque Nick não estava prestando muita atenção.


       - Bom minhas queridas primas, me dêem licença pois tenho que me retirar, preciso verificar os preparativos lá fora. – Disse Fred, levantando-se e saindo. Com certeza ele ia aprontar alguma.
       - Acho melhor irmos pro jardim também Rox, talvez estejam precisando de ajuda. – Disse pouco convicta, me dirigindo a porta que ligava a casa ao jardim.


       Nem me virei pra ver se Rox me seguia, estava prestando atenção em uma moita no fundo do jardim, parecia que ela estava se mexendo?! Tá, eu definitivamente estou ficando maluca. Talvez Lily tenha razão quando diz que se eu continuar estudando demais vou acabar com problemas, olha só, meu cérebro já está ficando afetado. Moitas decididamente não se mexem. 


  


       Fazia exatamente 1 hora que eu estava escondida no mesmo lugar, mais parecendo uma criminosa fugitiva da polícia, mas o que poderia fazer?! Digo, ninguém sabe que eu voltei e eu não sei como aparecer do nada e contar as novidades... Ora, mamãe vai me matar! Sei disso porque prometi ficar pelo menos um mês junto da minha família antes de procurar fazer qualquer outra coisa, mas não tenho nem um dia ao lado deles, quer dizer, teria só algumas horas se não saísse logo do meu esconderijo no meio do matagal do jardim d’A Toca.


       “Vai Vick, seja corajosa! Você é ou não é além de uma Weasley, uma ex-aluna grifinória?”


       – Esse meu subconsciente traidor pensa que é fácil enfrentar minha família.


       “Mas vai ser fácil, Vick. Todos estarão muito contentes com a sua volta para contestarem a sua decisão.”


       - Ok subconsciente, você não conhece mesmo mamãe e vovó Molly.


       Ótimo, agora pirei e discuto comigo mesma, só pode. Meu Merlin, que tipo de pessoa com 24 anos, culta e viajada, com uma boa carreira pela frente, fica discutindo com o seu consciente atrás de uma moita no jardim da casa onde toda a sua família – eu digo TODA mesmo, até tio Carlinhos está aqui -, com direito a presença de amigos e agregados, estão reunidos para o almoço de último dia de férias?!


       - Ok Victoire, coragem! É agora ou nunca. – sussurro ao ver todas as pessoas saindo da casa e indo em direção a mesa que foi colocada ali no quintal.


       Levanto-me, arrumo a minha blusa de alcinha, retiro as folhas da calça jeans e sigo na direção dos meus familiares, mas paro no meio do caminho...


       - Oh meu Merlin! Eu não acredito que ele está aqui. Como ele se atreve...? – digo ao avistar nada mais, nada menos do que Ted Lupin saindo da casa.


       Tento retroceder e voltar para o meu esconderijo, mas é tarde demais.


       - VICK! 


  


       Todo ano era a mesma história. Não importa onde passávamos as férias, nem mesmo onde morávamos, a única coisa que importava para Molly Weasley era ter sua família reunida n’A Toca no último dia de férias e, é claro, ninguém atrevia-se a discordar de vovó, afinal, desejávamos continuar vivos por muito tempo.
E é aqui que estou. Sentada na sala abarrotada de inúmeras pessoas – é a família Weasley e seus amigos, você queria o que? –, todos falando ao mesmo tempo, num clima harmonioso e feliz.


       - Nick, algum problema? – pergunta a morena de olhos verdes sentada ao meu lado.
       - Não Lucy, eu to legal. – sorrio para minha prima. 


       Lucy é a filha mais velha de tio Percy, sendo a mais geniosa da família, mas torna-se um doce de garota quando quer. Por termos a mesma idade nos tornamos melhores amigas, o que explica o fato dela me conhecer tão bem.


       - Ah é?! Mas não é o que esta parecendo. Você anda meio avoada, aposto que nem prestou atenção na vovó nos chamando para irmos lá fora degustar da deliciosa comida que ela sempre faz. – ela me diz e assim reparo que éramos as únicas, além de tio Harry e Teddy que conversavam a um canto, que permaneceram na sala.
       - Nossa, você tem razão, não ouvi nada. – digo me levantando e indo em direção a porta.
       - Eu meio que percebi – ela me segue e antes de sair vira-se para nosso tio – Ei, vocês dois. É melhor andarem logo antes que tio Rony, Hugo e James acabem com a comida.
       - Já estamos indo, Lucy. – tio Harry diz rindo e nos seguindo porta afora, deixando Teddy por último.


       Dirijo-me a cadeira entre Louis e Fred e de frente pra Lucy.


       - Ei Nick, você lembra que esse é nosso último ano em Hogwarts, né?! – Fred, sentado ao meu lado direito, pergunta dando aquele sorriso de “eu-tenho-trinta-e-dois-dentes”.
       - Ok, você sabe que eu tenho medo quando você faz essa cara e dá esse sorriso de “eu acabei de ter uma idéia brilhante”, não sabe?!
       - Ah, mas essa é a minha cara linda de sempre, priminha. – ele diz dando uma piscadela.
       - Ahãn, talvez seja porque você sempre está tendo idéias comprometedoras, não é Nick?!
       - Autch Lulu! Assim você fere meus sentimentos. – diz Fred fazendo uma carinha de cachorro sem dono.
       - Pode apostar que não serão só seus sentimentos que ficarão feridos se você me chamar de Lulu mais uma vez! – Lucy quase berra essa última parte, ficando cada vez mais vermelha e assustando a todos na mesa.
       - Ixi Fred, pelo que vejo você acabou de se meter em uma grande enrascada. – zoa tio Carlinhos, sentado um pouco distante do nosso grupo.
       - Mas eu não fiz absolutamente nada tio! Justo eu, um anjo que veio iluminar a vida dessa pobre família, que sem mim não era nada, que vivia na completa escuridão...


       Mas Fred não pode acabar seu discurso, pois Louis acabou dando um berro, paralisando a todos. 


  


       Ok, eu definitivamente não estou delirando.
       Como eu sei disso? Simples: todos estão com cara de abobados – é tão bom saber que não sou o único com cara de idiota-que-não-sabe-de-nada – e o Teddy está paralisado como se alguém estivesse apontando uma arma para sua cabeça.      


       - Oh Vick, como é bom ter você de volta, querida. – diz vovó, sendo a primeira a demonstrar alguma reação, caminhando até a recém-chegada e abraçando-a.
       - Ei maninha, senti saudades. – digo, sendo o próximo a abraçá-la.
       - Também senti sua falta, seu dedo duro. – Vick diz rindo e passando a mão pelos meus cabelos.
       - Ei, ei, o amor fraternal é lindo, mas eu também quero cumprimentar minha prima gata. – um dos vários ruivos que estava a nossa volta se pronuncia.
       - Desculpa James, mas a irmã é minha, então tenho muito mais direitos sobre ela. – digo dando espaço para que os outros pudessem cumprimentá-la.
       - É tão bom saber que sou amada a ponto de todos disputarem a minha atenção. – diz minha irmã sorrindo.
       - Oh minha querida, por que você não avisou que voltaria hoje? Eu e seu pai teríamos buscado-a. – diz mamãe a beira de lágrimas e papai ao seu lado faz um gesto afirmativo com a cabeça.
       - É que eu não queria atrapalhar ninguém, mamãe. E afinal, eu tinha certeza que todos estariam aqui reunidos, então resolvi fazer uma surpresa. Vocês estão bravos?
       - É claro que não, minha querida. – vovô se pronuncia pela primeira vez, indo até sua neta mais velha e beijando-a carinhosamente no rosto – Acontece que esperávamos você só ano que vem. Mas é bom saber que a teremos um ano mais cedo. Agora vamos, vamos sentar e apreciar o delicioso almoço, enquanto você nos conta como foi o estágio no Brasil.


       No caminho para a mesa todos iam cumprimentando Vick. Até que chegou o momento. O momento em que Vick se aproximou da única pessoa que ainda não havia se manifestado.


       - Ted. – minha irmã diz com uma voz totalmente “não-Vick”, estendendo a mão para um cumprimento.


       Por um momento todos pararam de falar, as atenções dirigidas à Vick e Teddy. E eu sinceramente pensei que este último não fosse responder ao cumprimento. Ele parecia muito abalado e pálido.
       Mas só por um momento, porque logo em seguida Teddy recuperou-se de seu estado de surpresa e estendeu a mão:


       - Victoire.


       Eu realmente pensei que eles não soltariam mais a mão um do outro, mas os dois acabaram levando um susto e soltaram-se rapidamente após a fala de um dos meus primos:


       - O negócio tá teeeenso! – Hugo fala para logo em seguida receber um belo tapa na cabeça dado por Rose.
       - Seu idiota. Não percebe que acabou de quebrar o momento? 


  


       Não é que meu primo seja um dos seres mais inteligentes desse mundo – nós temos que concordar com o fato de que mesmo ele sendo filho de tia Hermione, tinha assuntos que Hugo verdadeiramente não entendia muito bem –, mas eu realmente entendi que ele fez o último comentário para tentar dar uma continuidade na cena familiar. Afinal, seria óbvio que todos ficariam muito constrangidos para demonstrarem alguma reação.
       Sorte que mamãe também pareceu compreender a atitude de Hugo e deu um jeito para que todos voltassem a se sentar e continuassem o almoço como se nada – tirando o fato de Vick ter voltado – tivesse mudado.
       É por isso que neste momento eu estava sentada em minha cadeira, do lado de um Ted totalmente alheio as conversas ao seu redor, e de um Harry muito preocupado com seu afilhado, escutando as aventuras que minha prima vivenciou na América do Sul.


       - Poxa Toire – tio Carlinhos é o único que utiliza esse apelido quando se trata da sobrinha mais velha. Acho que é pelo fato de Vick ser a afilhada dele e assim ele querer utilizar um termo carinhoso para se referir a ela – é bom saber que você voltou a tempo de eu e sua tia podermos passar alguns dias ao seu lado.
       - Na verdade padrinho, eu tenho algo para comunicar. – fala Vick contorcendo as mãos e mordendo o lábio inferior num claro sinal de nervosismo. É típico de minha prima fazer as duas coisas ao mesmo tempo quando se sente encurralada.
       - O que aconteceu minha filha? – pergunta tio Bill e novamente Vick tem toda a atenção voltada para si.
       - Ok, chegou o momento da verdade. – ela diz levantando-se da cadeira. – Mas antes vocês têm que me prometer que não ficarão bravos de modo algum comigo.
       - Vick, você está nos assustando. – dessa vez quem diz algo é tia Abigail, mulher de Carlinhos.
       - Está certo, o negócio é o seguinte: eu não vou ficar aqui, pois viajo amanhã. – ela diz deixando todos sem nenhuma reação.
       - Como assim Vick? Para onde você vai? – pergunta Roxanne totalmente bestificada.
       - Para Hogwarts. – e como ela percebeu que ninguém entendia nada continuou – Eu sou a nova professora de Feitiços.


       E depois disso são escutados somente gritos indignados de “O quê?” vindos de vovó e tia Fleur e uma visão de um Teddy cada vez mais branco. 


  


       Festas de fim de férias são sempre deprimentes. Sei que isso pode estar soando extremamente mal, e que podem me achar idiota por pensar assim sobre festas, mas não são todas, são, especificamente, as de fim de férias. Bom, como nem tudo é constituído de coisas ruins, até a festa tem um lado positivo. Lado Positivo: A Shannon está aqui! Sim, ela está de volta ... assim como eu também é claro. Deixe-me explicar melhor; eu e Shannon estávamos estudando fora, em Durmstrang, quero dizer, eu estava. Eu e meu primo Dylan estudávamos lá e morávamos com meu tio Denis, pai de Dylan; minha irmã, pelo azar da vida não estudava lá, mas em um outro lugar estranho, por isso estou tão feliz por ela ter voltado, principalmente porque agora estudaremos juntos. Eu e ela. Ela e eu.


       - Como vai ser tudo agora hein? – Ouço ela me perguntando baixo, tirando-me de meus devaneios. Estamos no meu quarto, olhando para o céu através das portas abertas da sacada. Ela se mexe no tapete enquanto tenta virar a cabeça do meu colo para olhar para mim.
       - Agora vai ficar tudo bem. Estamos juntos de novo. – Respondo encarando seus grandes olhos castanhos. Ela é tão parecida comigo, exceto pelos olhos, seus enormes olhos em contraste com os meus que são pequeninos; olhos que parecem carregar uma grande tristeza às vezes, algo que não consigo compreender, acessar e compartilhar. Ela me deixa confuso por ser, ao mesmo tempo, tão parecida e tão diferente de mim.
       - É bom estar de volta, mesmo que aqui já não pareça ser meu lugar...
       - Aqui sempre vai ser seu lugar, e eu vou sempre estar aqui para tornar isso verdade. – Digo voltando a observar o céu.


       Ficamos assim por muito tempo, até que ouço passos no corredor e a porta se abrindo devagar. É mamãe, com certeza para mandar nós descermos. 


 


       Festas de fim de férias são sempre deprimentes. Isso é exatamente o que meu irmão diria, e faço minhas suas palavras. Toda aquela gente te apertando e babando em suas bochechas, principalmente quando faz tempo que não te vêem. Esse é meu caso. Meu e de Gabriel. Fazia muito tempo que não voltava para casa, tanto tempo que ela nem parecia realmente minha casa. Fazia tanto tempo que não abraçava meu irmão que agora não quero me desgrudar dele com medo de perdê-lo. Fato. Estamos agora em seu quarto, olhando o céu pelas portas da sacada. Estou deitada no tapete peludo do chão, com a cabeça em seu colo. Mamãe, com certeza, me mataria se me visse deitada no tapete com meu vestido novo, mas eu não ligo para o que ela diria. Bom, eu ligo sim, principalmente porque alguém, que provavelmente é ela, acabou de abrir a porta do quarto e está vindo em nossa direção.


       - Vocês realmente vão passar a noite toda aí?


       É, na verdade era o papai, eu me enganei. Ele estava muito bonito naquele smoking preto, com aquela carinha de cãozinho pedindo abrigo.


       - Ah papai, estamos nos divertindo tanto... – Resmunguei tentando me ajeitar de frente para ele. – Temos mesmo que descer?
       - Bom, por mim tudo bem. Agora, a mãe de vocês está ficando louca com sua ausência. Já não agüento mais ela dizendo que vocês não a amam...
       - Papai, como ela pode sentir nossa falta com toda aquela gente que há lá embaixo? Francamente. – Disse Gabriel fazendo cara de inconformado... – Diz pra ela que...
       - ...Eu estava com muita dor de cabeça, por isso subi. O Gabriel está cuidando de mim e eu peguei no sono. – Foi a minha vez de fazer carinha de cão pidonho – Por favor?
       - Tudo bem, eu digo. Espero que ela se acalme assim, afinal, não há nada demais em vocês dois quererem ficar um tempo juntos fora de toda aquela confusão. Vocês merecem cinco minutos de paz e sossego. – Respondeu ele já saindo e fechando a porta atrás de si.
       - Mamãe nos odeia e quer nos ver longe um do outro – Disse fazendo um bico fingido.
       - Não seja boba, eu jamais ficaria longe de você de novo. – Disse ele sorrindo e me dando um beijo na testa – Agora, vê se dorme porque você está dodói esqueceu? – Completou me dando uma piscadela sapeca e voltando a olhar pela janela.


       Amanhã estaremos longe daqui, nós dois. Juntos de novo. Para sempre, enquanto o para sempre durar. 


 


       Foi um almoço tenso, muito tenso. Não me lembro de já ter visto o clã Weasley tão silencioso. Nem as piadas do Fred ou as caretas da Rox conseguiram arrancar um mísero sorriso daquelas pessoas. Estavam todos espantados, inclusive e principalmente eu; acho que pânico define melhor o meu estado. Foi um alívio tio Harry ter me chamado e me tirado do transe. Sim, eu estava meio em transe. 


       - Puxa vida, acabei de me lembrar que esqueci em casa uns relatórios que tinha que deixar com Rony. Acho que você vai precisar deles logo pela amanhã então é melhor eu ir buscá-los...
       - Vou ? – Perguntou Rony logo recebendo um olhar estranho de Tio Harry que se levantava. – Ah, é mesmo. Tinha me esquecido desses relatórios. É bom mesmo que você vá buscá-los, senão as coisas ficarão complicadas para mim amanhã...
       - Pois é. Então vou buscá-los agora mesmo, enquanto estou me lembrando. Teddy, você me acompanha?
       - Ãhm? Ah, claro que sim... – Respondi meio perdido enquanto me levantava da mesa para segui-lo jardim afora.


       Assim que chegamos a casa dele fomos direto ao escritório. Ele entrou e sentou-se confortavelmente para logo me observar por detrás de sua escrivaninha. Como ele podia manter aquele olhar calmo, quando o mundo desabava sobre mim? Será que ele não percebeu a desgraça eminente que aconteceu hoje?


       - Foi um almoço agradável, não é mesmo? – Perguntou-me enquanto arrumava desnecessariamente um peso de papel feito por Lily dois anos antes.
       - Sim, claro. Principalmente em termos de diálogo. – Comentei começando a andar de um lado para o outro.
       - Você não quer se sentar?
       - Não, não. Eu... Eu estou bem assim. – Respondi ainda andando – Bom, na verdade, bem eu não estou de jeito nenhum...
       - Eita, mas não é para tanto também... – Resmungou ele meio que para si próprio.
       - Ai tio, o senhor tem que me ajudar! – Exclamei num surto.
       - E você tem que parar de tentar furar o soalho do meu escritório!  – Exclamou ele revoltado.
       - Desculpa, eu só não estou... É muita informação para mim. – Respondi derrotado, me sentando em uma poltrona no canto do escritório.
       - Não, tudo bem. Eu só penso que...
       - O que ela está fazendo aqui? – perguntei desesperado – Por que ela voltou?
       - Ei! Pára um instante, ok? Quero pensar!
       - Ai Merlin, ela veio para me assombrar! – exclamei.
       - Teddy Lupin fecha o bico e sossega o facho agora! – Exclamou ele visivelmente irritado. – Bem melhor... Como eu estava dizendo...
       - Desculpe, mas o senhor não estava dizendo nada... – comecei.
       - Não estava porque você não deixava. Como eu dizia, eu entendo que deve ser realmente difícil para você, ainda mais depois do que aconteceu, mas use o bom senso! Você não deve viver em pânico eternamente pela presença dela, afinal, nada disso foi culpa sua e ela não tem pelo que te punir.
       - Na verdade ela tem sim.
       - Tá, ela tem; mas ela não vai fazê-lo. E você também não precisa ficar durante muito tempo no mesmo recinto que ela. Confie em mim, vai dar tudo certo.
       - Uhum – Resmunguei pouco convicto.


       Não preciso dizer que o resto do dia e minha noite foram péssimos não é? Afinal, imagine o que é viver tendo a certeza que mais cedo ou mais tarde seu pior pesadelo vai voltar. No meu caso ele voltou. Agora, me diga, eu realmente mereço tudo isso? 


 


       Eu não sei por que mamãe insistia em fazer esses churrascos de último dia de férias. Certo, eu entendo o fato dela querer aproveitar os últimos momentos com seus filhos, antes de passarmos 9 meses afastados, mas, sinceramente, precisava chamar vovô Lucius e vovó Narcisa para a “festa”?
       Não que eu tenha algo contra eles, quer dizer, eu até que tenho. Venhamos e convenhamos, eles nunca foram os melhores avós que um neto poderia querer. Tá, tá, eu entendo que eles são da família e tal, mas eles nunca gostam de se enturmar mesmo...
       Vovô continua com aquela típica mania de ser melhor que as outras pessoas, vovó até que consegue ser meio simpática, isso, é claro, quando está longe do marido. Mas eu não entendo mesmo o que eles fazem aqui hoje. Digo, eles nunca aparecem para essas reuniõezinhas, mas por que justo hoje, eles tiveram que vir?


       - Scorpius, você não vai descer? – pergunta-me uma loira encostada na porta da sacada do meu quarto.
       - Ei, Adie, já estou indo. Só estava aqui pensando um pouco, antes de descer para a magnífica festa. – digo levantando-me da cadeira ali disposta e andando na direção de minha irmã, abraçando-a.
       - Relaxa, maninho. A tarde nem vai ser tão ruim assim. Pensa pelo lado positivo, o Ethan também vem. – ela diz apoiando sua cabeça em meu ombro. 


       É tão estranho, pensar que neste mundo existe outra pessoa igualzinha a você – tirando o fato de que ela tem cabelos longos, usa saia na maioria das vezes e é uns 5 centímetros mais baixa – e que mesmo assim continuamos sendo tão diferentes um do outro. É assim que eu e Adhara somos: irmãos gêmeos, iguaiszinhos na aparência e completamente diferentes nas atitudes.
       Antigamente as pessoas diziam que eu era o ‘arrogante-metido-a-sério’ e a Adie era a ‘alegria-e-tagarelice-em-pessoa’, mas agora é tão triste saber que ela mudou. Ela continua sendo a mesma Adhara de sempre, só que muito mais reservada e quieta. Só de pensar no motivo dela ter ficado assim já me dá vontade de esganar as pessoas.


       - É tão bom saber o quanto sou amado, que ninguém resiste a minha presença e que todos sentem a minha falta quando não estou. – escutamos uma voz dizer as nossas costas.


       É, o momento de quietude já era. Afinal, Ethan Zabini é sinônimo de palhaçada e confusão. 


  


       Como senti falta dessa casa, de meus pais, irmão e até mesmo desse palhaço que estava sorrindo na minha frente. É tão bom saber que estou no meu verdadeiro lar e com as pessoas que eu gosto.


       - Não exagera Ethan, você não é o ídolo de ninguém pra ser tão amado assim. – diz meu irmão, soltando-me para cumprimentar nosso amigo.
       - Piuzinho, como você é cruel. Não foi isso que você disse ontem à noite no calor da paixão. – Ethan, dando uma de dramático, coloca as mãos em seu peito e começa a fazer uma voz fina.
       - Pois é, meu querido, ontem foi ontem, hoje esse loiro ai é todo meu. – digo sorrindo para o moreno.
       - Adie! – ele vem em minha direção e me abraça, tirando-me do chão e rodando pelo quarto comigo em seus braços – É tão bom ter você de volta, sua loira.
       - Tá, tá. Já entendi. – Disse tentando me soltar – Mas agora você já pode me por no chão, ou vai acabar amassando toda minha roupa.
       - É, ela realmente não mudou nada. – Disse Ethan me observando de cima a baixo com um ar zombeteiro – Continua a mesma flor de pessoa.
       - Ah, olha só quem fala, seu bobão metido a esperto. – Rebati fazendo minha melhor cara de garota revoltada.
       - Hey hey. Podem parando vocês dois antes que as coisas comecem a voar. Gosto muito do meu quarto sem nada quebrado... – Diz meu irmão com ar de preocupado
       - Relaxa maninho, eu jamais estragaria seu quarto. Curti a decoração... – Falei indo em direção a porta e abrindo-a para sair.
       - É, eu concordo... um estilo meio vovó fazendeira nos anos 60... – Disse Ethan me seguindo para fora e deixando meu irmão com a maior cara de incrédulo olhando para a porta.
       - Que bom que vocês me amam. Saibam que vou me lembrar disso para o resto de minha vida! – Ouço ele gritando para que pudéssemos ouvir.


       É, hora de encarar a realidade. E a realidade, por aqui, é uma festa chata cheia de pessoas esquisitas das quais eu não gosto muito. Tô bem, né?


 


       N/A ThiTi: Aeeee galeriiinha, esse capítulo finalmente saiu! Eu falei que a fic demoraria pra receber seus capítulos, mas que não desistiríamos tãão cedo e tá ae a prova! õ// Quero agradecer a todo mundo que comentou, votou e continua nos apoiando e incentivando, valeu mesmo gente! (y’ Também agradeço pelas capas da fic – obrigada mesmo Jhessi Malfoy, Taly Potter e Gaby Black (amamos as capaaas *____*) – Maaas é claroo que também não podemos deixar de agradecer a Michelle, não é não?! Obrigada por ter aceitado ser a beta da fic! Garota, você vai ter muito trabalho tendo que agüentar eu e a Manuh!  ksopskaposkpoakop  E aquelas que pediram pra ser betas, desculpa mesmo, mas como sabem, só dá pra ser uma, né?! ;x Mesmo assim vlw a intenção ^.~ Boom gente, o 1º cap. está ai, espero que vocês gostem e continuem comentando ;D  BeeeeijooOs!


       N/A Manuh: É, concordo com a pequena acima. Apesar da demora, nós finalmente terminamos o 1° capítulo e, pessoal, altas idéias estão surgindo, para os próximos capítulos, é claro. Quero agradecer também a todos que comentaram, pediram, questionaram, enfim, que acompanharam o nosso trabalho. Hehe. Ah, e agradecer, é claro, a Jhessi, a Taly Potter e a Gaby Black pelas capas M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-S que fizeram, nós amamos, valeu mesmo. Um obrigada também a Michelle que aceitou ser nossa beta (juro que te farei sofrer pouco). E por último, mas não menos importante, quero agradecer a minha amiga-irmã-companheira ThiTi que tem me suportado, esperado e aceitado minhas crises durante o tempo em que escrevi; Te amo Babaganuche!!! E agora... espero que curtam o nosso 1º capítulo e continuem acompanhando os milhares que virão. Beijooooss


       N/B Michelle: Fiquei com inveja da n/a de vocês meninas e resolvi fazer igual. Muito obrigada por me escolherem pra ser a beta, há, vou poder ler os capítulos antes dessas meras mortais, o que você acha disso Sue Silvester (?).Desculpa primeiramente pela demora, acontece que estava sem internet. Bom, o capítulo está maravilhoso, cheio de tramas paralelas (kkkk). Vic e Teddy me casal real preferido. Quase nem preciso dizer que não precisei usar nada dos meus super-poderes de beta, o capítulo tá tão bem escrito. Beijos.

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Comentários (5)

  • Ana Potter Weasley Malfoy

    Continuaaa!!!!!!!!!!! O primeiro capítulo de vocês está muitoo bom!!!!!!!!!!

    2011-12-28
  • Carolina Matos

    Fic maravilhosa, mas, cadê o capítulo 2?

    2011-11-04
  • Monaliza Araujo

    AMEI, AMEI, AMEI !!!! Continua, please. Capitulo perfeito *--* Bjs

    2011-09-26
  • Lana Silva

    Ameiiiiiiiiiiiiiiii o primeiro capitulo *-------------------------* Perfeito quando posta maiiis ???Tô morta de curiosidade !

    2011-09-12
  • Marcela Prince Snape

    Curti muito a fic. O apelido de Scorpius é hilário! Piuzinho. kkkkkk Estou super curiosa para saber o que realmente aconteceu entre Vick e Teddy. Que saia justa aquela na Toca! Gostei muito mesmo não deixe de postar! Beijos!

    2011-08-18
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