I don't love you.




Well when you go
So never think I'll make you try to stay

(Quando você partir
Não pense que vou tentar fazê-la ficar)


- Você não seria capaz.... - disse quase ameaçadora.

- Vá então, não se prenda por mim. - A medida que o rosto da outra se iluminava em fúria, uma lágrima teimosa insistia em cair. Vendo a expressão forçada de indiferença dele, sofreu ainda mais, estava sendo tão difícil fazê-lo entender. Ela que se entregara de corpo e alma, que imaginava que ele, assim como ela, faria de tudo, e lutaria para ficarem juntos. Depois de meses acreditando nisso, ver que tudo foi só uma ilusão, é como cair de um abismo. Ginevra Weasley se sentia perdida...

Os tempos estavam difíceis, todos lutavam, ninguém parecia se importar com algo que se pudesse sentir. Aliais as pessoas pareciam ter esquecido que tinham coração. Poderia ser o que dissessem, corajosa e tudo mais, mas ela parecia pequena demais diante de tanta ferocidade. Tudo que queria era alguém que acolhesse em seus braços e dissesse que tudo ficaria bem. E até algum tempo, ela de fato tinha acreditado que encontrara. Malfoy apareceu como um anjo, por mais absurdo que isso pareça, foi real, e por tanto tempo ela acreditava que viviam um amor puro, verdadeiro. Ela acreditava que encontrara alguém para lutar por e com ela.

Até que o "combate final" se aproximava cada vez mais, e mesmo estando em absurda desvantagem, Draco não queria de forma alguma passar para o lado da ordem. Orgulho ferido é verdade, mas Gina acreditava que o amor que ele sentia seria maior. E em brigas que poderiam ser tolas, que na verdade seriam tolas, foram se agravando, trazendo sempre a discórdia, foi quando os dois amantes perceberam que as brigas, lágrimas e dor, substituiriam os beijos, abraços e juras de amor.

Em mais uma dessas discussões, Draco afirmou com convicção, que não deixaria de matar ninguém que se opusesse em seu caminho. Por pura provocação, disse que seria um prazer acabar com Harry, ou "qualquer outra daquelas aberrações que você chama de irmãos". Para alguém que ama tanto a família, ouvir aquilo foi mais do que uma ofensa.

And maybe when you get back
I'll be off to find another way

(E talvez quando você voltar
Eu terei saído para encontrar outro caminho).


O loiro percebera que a machucara, e por mais que isso lhe ferisse também, preferiu usar o tom de descaso, porque se ela quisesse ir, que fosse, nunca precisou de piedade, e agora não seria diferente.

- Draco, o que você está fazendo não tem volta... - disse ela com a voz trêmula e rouca, seus olhos pareciam fazer força para conter as lágrimas que sua consciência proibia-os de derramar.

And after all this time that you still owe
You're still the good-for-nothing I don't know
So take your gloves and get out
Better get out
While you can

(Afinal, depois de todo esse tempo que me tomou,
Você ainda é essa inútil que eu nem conheço
Então pegue suas luvas e vá embora
É melhor ir embora
Enquanto você pode).


- Não pense que eu vou me prender a você Weasley... - Draco nessa altura, evitava encara - lá, por mais odiasse admitir, aquela garota mexia com ele, de um jeito que nenhuma nunca fizera. Mais jamais, mudaria, por qualquer uma que fosse, e sempre viveu sozinho, não era agora que ele não iria conseguir. Sinceramente, ela não significava nada, foi só uma fuga em um momento atormentado... Isso, ela não era nada!... Doce engano.

- Então adeus. - Ao se virar, as lágrimas desciam vitoriosas por todo o seu rosto, ela quis correr, correr do mundo, do medo que tomara posse dela, da dor, mais eles vinham juntos com ela, encravados em suas entranhas. Punia-se mentalmente, por ter sido tão tola, não fora real, pura inocência acreditar que aquele monstro amaria alguém.

- VÁ, E NÃO VOLTE NUNCA MAIS! - berrou o loiro quando ela já estava longe, vendo ela se afastar, seu coração parecia berrar, teve que se conter no impulso de correr atrás dela. Então caiu de joelhos, no chão empoeirado do casebre onde se encontravam, olhando ao redor, ele viu como aquele lugar era repugnante, sujo, assustador. Com a simples presença dela, parecia ficar mais colorido, mais quente, confortável, junto com ela parecia que fugia a luz, a alegria que ele algum dia sentiu ou poderia sentir. Um grito foi tudo que ele conseguiu emitir, na tentativa inútil de se livrar um pouco daquela agonia que tomava conta do seu corpo.

When you go
Would you even turn to say
I don't love you
Like I did

(Quando você partir
Você deveria ainda sim voltar para dizer
"Eu não te amo
Como amava ontem")


Ela não sabia ao certo para onde iria, perdeu seu chão, suas certezas, sua consciência. Depois de tanto correr, percebeu que não conseguiria fugir, caiu então, deixando a dor e o sofrimento abraçá-la de uma vez. Aquela terra foi umedecida pelas suas lágrimas, as gramas arrancadas na tentativa das suas mãos de expelir um pouco o sofrimento, o sol quase inexistente testemunha da sua dor, e as nuvens choraram com ela. Seria tão mais fácil, se ele simplesmente dissesse, "eu não te amo mais", pelo menos seu coração entenderia. Mais, assim do jeito que acabou, sua consciência pesava, ao mesmo tempo em que deixava claro, que tudo não passou de uma mentira.

O amor era algo muito doloroso, ao mesmo tempo em que se sentia corajosa para enfrentar tudo e todos, ao perceber que estava sozinha, Gina sentiu-se a mais frágil das criaturas. E era a proteção dele que ela queria. Depois de tantos beijos, de tantos abraços, um orgulho besta acabou com tudo. E se acabou foi porque o amor não era o suficiente, para ele.

Gina chorava, e agonizava em um jardim qualquer, enquanto a chuva tentava lavar sua alma, levar o sofrimento. Ela nem imaginava que não muito longe dali, um loiro também estava afogado em suas angústias, talvez remorsos. Nunca pensou que poderia sentir algo tão forte por alguém, nunca pensou que poderia sentir algo por ela, mais aquela ruiva tomou posse de seu pensamento, de seu coração. Mais independente disso, ela escolheu assim, então ela que agüente.

Sometimes I cry so hard from pleading
So sick and sad of all the needless beating
But baby when they knock you
Down and out
It's where you oughta stay

(Às vezes eu choro tanto por implorar
Tão doente e cansado dessa violência desnecessária
Mas, meu amor, quando te derrubarem
No chão e te jogarem pra fora
É lá que você deve ficar)


Então dois anos se passaram. Dois sofridos anos, que só fizeram as mágoas e rancores se esconderem dentro tanto de Gina, quanto de Draco. E o que se via nas ruas, era tão desumano e medíocre, que as pessoas muitas vezes não tendo mais onde se esconder, acabavam cometendo suicídio, na tentativa de aliviar a dor que sentiam. Mortes, já não eram mais novidades. Ataques em massa, já havia se tornado comuns. Apesar das tentativas frustradas do Ministro e da Ordem de tentarem reverter a situação, tanto a comunidade bruxa, quanto o mundo troxa, estavam absortos em profundo caos.

Gina olhava ao seu redor e simplesmente não acreditava no ponto em que a busca pelo poder havia chegado e Draco, apesar de vestir sua máscara de comensal assasino, já havia percebido que aquele não era o seu lugar. Mas como decepcionar a pessoa que depositara nele, sua total confiança? Ele simplesmente nao podia. Ria quando retornava ao seu esconderijo com Zabini , mas havia tempo que nao se sentia realmente feliz com alguma coisa.

Seus planos davam certo, e ele apenas sorria amarelo para os demais. Todos aqueles comensais acreditavam nele, tivera muito trabalho para conquistar a confiança de todos, valeria a pena decepciona-lo por causa de uma unica pessoa? Pessoa essa que lhe derá as costas, não seu coração sangrara demais e agora estava seco.Gina já não se sentia como antes. Todo aquele caos já nao importava mais para ela, a única coisa que importava, já havia se afastado, única pessoa que realmente um dia importou, nem certeza de que estava viva ela tinha, mais sentia um gosto amargo ao se lembrar, não queria que acabasse assim... Seria tão mais fácil se ele só dissese "Eu não te amo mais!", se era o sofrimento de Gina que ele queria, conseguira com êxito.

E com esse sentimento de total indiferença com o que poderia vir a acontecer com ela, Gina foi para mais um dia de constante busca por comensais, e pelo Lord das Trevas. Mas dessa vez ia ser diferente. Conseguiram descobrir o local de ataque dos comensais e tiveram a oportunidade de se preparar. A armadilha ia funcionar, e com sorte, isso tudo iria acabar de uma vez por todas. Graças â maldita dor de cabeça, chegara atrasada no local, onde feitiços voavam por todas as partes. Sem perder tempo, começou a sua luta em defesa da Ordem. Estavam em um número consideravelmente menor que eles, porém, estavam ali reunidos e juntando lado-a-lado todos os ex-membros da AD. Muito hábeis, iam diminuindo essa diferença pouco a pouco. Toda raiva guardada no fundo de seu coração, Gina atirava na forma de azaração contra os malditos comensais. Até que tudo parou. As pessoas pareciam ter sumido, e a unica coisa que ela viu foi um par de olhos azuis acinzentados, antes de perder os sentidos.

- DRACO! - berrou ao ver o loiro ser atingido pelo minuto de distração, sem pensar correu na sua direção, sem considerar esses dois sofridos anos.

- SAIA!, Não preciso da sua ajuda!. - disse em um tom de frieza absoluta, que Gina sentiu novamente aquele gosto amargo invandir sua boca, admirou a figura de Draco, sentindo-se morrer por não poder toca-lo, por ele estar tão frio, não era possível, ele de fato... lhe esqueceu. Então uma dor como ela nunca sentira antes penetrou por todo seu corpo, fazendo-o se contorcer inutilmente, um dor aguda, com o pouco de fôlego que tinha suspirou o nome de Draco.

- Zabini, chega! - disse no mesmo tom, ao bruxo encapuzado a sua frente, este parou o feitiço, e largou um ruiva desacordada aos pés de Draco enquanto voltava a luta.

And after all the blood that you still owe
Another dollar's just another blow
So fix your eyes and get up
Better get up
While you can

(Afinal, depois de todo o sangue que me tomou,
Um dólar a mais é só outro golpe.
Então dê um jeito em seus olhos e levante-se
É melhor se levantar
Enquanto você pode).


Ajudou ela a se levantar, parecia muito fraca e assustada, Draco não dava um sinal do que iria fazer, do que estava pensando ou sentindo. Ele não parecia o mesmo... Ela demorou a perceber que ele a carregava em direção a floresta tão conhecida, para longe da batalha. Esteve tão presa a expressão rígida de seu rosto na frieza daqueles olhos que pareiam oceanos escuros, que não reparara que chegava ao mais ainda conhecido casebre. Gina estava tão fraca como nunca esteve e sentiu-se dormir nos braços de Draco.

Parecia que tinha tomado uma surra, todos os seus ossos, membros, doíam, e pediam pra que ela continuasse deitada, mais ela precisava ver se ele ainda continuava lá, precisava vê-lo de novo, pelo menos uma última vez. Seu coração bateu mais rápido ao olhar para a única janela no local, e vê-lo com aquele característico olhar pensativo, com algumas mechas grudadas na janela.

- Draco? - chamou quase tímida, tinha tanto medo do que iria ver naqueles olhos, mais qualquer coisa seria melhor do que nunca mais vê-los. Ele se virou quase em câmera lenta, e depois de analisar o local com um ar de puro repúdio, se dirigiu a Gina, ainda olhando da mesma maneira, analisou-a como se fosse um rato imundo, ou um objeto indigno de atenção. Sem dizer nada foi se aproximando, da cama onde a garota estava sem dizer nada. E com um certo receio ele levantou a mão e tocou-lhe a face.

- Draco eu... - mas ele a calou com as pontas dos dedos, que correram pela face rosada da garota, e pararam e uma mecha próxima aos olhos ansiosos, o coração de Gina parecia que iria saltar e sair pela boca, cada vez que ele se aproximava. Foi então o que ela menos esperava aconteceu, sentiu novamente aqueles lábios sobre os seus, aquela boca entre a sua, aquele perfume bagunçando os seus sentidos. Era tudo que precisava, era tudo o que queria, foi como se ela revivesse, como se a vida brotasse dentro dela mais uma vez, com esse simples gesto. Ao se separar dela porém, Draco não sorria como fazia, e agora evitava encará-la nos olhos.

- Durma, descanse. E depois vá pra casa. - Foi tudo que disse, e ela obedeceu como se fosse uma ordem, ele mais uma vez tocou-lhe os lábios. Gina depois disso adormeceu, tendo um sonho perturbado, atormentando-lhe a mente, seu coração estava apertado em um mal pressentimento, parecia que algo havia sido tirado dela, que estava incompleta mais uma vez, então sentiu medo, muito medo de perder quem tanto amava, o único que amava. Sentiu medo de ver-se sozinha, sentiu medo de abrir os olhos, saindo da escuridão de um pesadelo para a da realidade. Mais finalmente abriu os olhos, em pânico viu o quarto vazio, e não tentava impedir as lágrimas que já escorriam livres, morrendo em seus lábios trêmulos.

Foi então, que ao olhar para a mesa ao seu lado viu um bilhete dobrado de maneira tosca, acompanhada de uma rosa, negra. Com o simples dizeres:

I don't love you
Like I loved you, yesterday
"Eu não te amo
Como eu amei ontem"

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