Lembranças de uma vida



Song fic - D/G

Por MahMalfoy ;*

Pof - fez uma caixa laranja quando caiu, com um baque no chão, abrindo-se e esparramando seu conteúdo.

- Ótimo – resmungou Virgínia Weasley olhando para baixo na direção da caixa.

Passara-se três anos após terminar Hogwarts. Decidira ir morar sozinha, cansara-se de viver sob a barra da saia de sua mãe, morava agora em um flat na Londres trouxa.
Quando ainda morava Na Toca seu café da manhã era pontuado de perguntas e olhares de censura.


“Sempre chega a hora da solidão
Sempre chega a hora de arrumar o armário
Sempre chega a hora do poeta a plêiade
Sempre chega a hora em que o camelo tem sede”



Para eles todos o que fizera foi um grande crime, e este mudara Gina. Para ela era tudo uma grande bobagem, isso sim! Que implicância com o garoto. E mudar? Ela nunca mudaria seu jeito de ser por causa de alguém, mas um dia todos nós mudamos. Com ela também aconteceu.

Gina desce das escadas e pega a caixa laranja, quando começa a juntar seu conteúdo descobre que são fotos. Nem se lembrava de sua existência. Então apenas senta-se ao seu lado e começa a vê-las. Fotos novas, antigas, trouxas, bruxas, apagadas, escuras, claras. Uma grande variedade. Olhou uma por uma: elas lhe traziam lembranças que gostaria de esquecer. Principalmente ele.
Parou em uma foto onde apareciam eles dois na frente do castelo. Ela corria e seus cabelos ruivos voavam para trás. Ele aparava-a quando esta pulava em seu colo. Rodavam abraçados e se beijavam. A neve caía em volta. O sol refletia nos flocos, como cristais.

Tudo bem, ele fora rude, arrogante, esnobe, mau, estúpido, cretino, galinha, sarcástico, mesquinho, ignorante, e muitos outros. Mas ele também mudou.
Bom... Era o que eu tinha plena certeza.


“O tempo passa e engraxa a gastura do sapato
Na pressa a gente nem nota que a Lua muda de formato
Pessoas passam por mim pra pegar o metrô
Confundo a vida ser um longa-metragem
O diretor segue seu destino de cortar as cenas
E o velho vai ficando fraco esvaziando os frascos
E já não vai mais ao cinema”



Comecei a namorar o dito cujo quando tinha 15 anos, ele, consecutivamente, 16. Demorou um pouco para que sacássemos que estávamos apaixonados. Acho que eu tinha uma queda por ele desde os 14 anos, mas tinha o orgulho suficientemente grande para negar. E ele... Eu sempre achei que o grande ego dele um dia o sufocaria. Errei, confesso. Ele se mostrou um ótimo cavalheiro quando me pediu em namoro.

Namoramos durante um ano, escondidos. Depois tivemos que revelar, estava se mostrando óbvio demais, as brigas no corredor tinham cessado. Meus pais, que estavam em casa, quase enfartaram quando receberam a carta. Os dele, vamos resumir: ele teve que se esconder.

Morri de rir quando meu contou o porquê de estar pálido. Ele ficou bravo.
Mas todo o tempo ao lado dele foi a melhor fase da minha vida. Eu me sentia verdadeiramente feliz.


“Tudo passa e eu ainda ando pensando em você
Tudo passa e eu ainda ando pensando em você”



Um dia, precisamente na minha formatura, para minha tristeza, tudo se tornou apenas lembranças.
Ele apenas me deu um beijo, com um calor e desespero, abri os olhos antes dele e percebi as lágrimas penduradas em suas pestanas.

- O que houve meu amor? – perguntei. Algo iria acontecer. Eu sabia, e deveria ter feito alguma coisa.
- Minha princesinha... Eu tenho que ir... – sua voz soou rouca e triste. Para mim foi como levar um Avada. Por que? Lembro de ter perguntado. – A guerra, preciso ajudar o nosso lado.
- Que lado? O seu ou o meu?
- O nosso, o seu. Como quiser. – ele estava muito pálido.
- Meu amor, não me deixe. Por favor. Como ficarei sem você? – eu estava em pânico.
- Não se aflija, eu voltarei... Eu te amo mais que tudo.
- Eu também meu amor.

Abraçou-me, beijou minha testa e virou as costas.

“Penso quando você partiu
Assim... Sem olhar pra trás
Como um navio que vai ao longe
E já nem se lembra do cais
Os carros na minha frente vão indo
E eu nunca sei pra onde
Será que é lá que você se esconde?”



Depois de todo o tempo que esperei, dois anos para ser exata, eu ainda penso nele.
Mas ele nunca voltou.
Lembrava-me de sua promessa e pensava com fervor Ele volta. Prometeu-me. Ele me ama. Eu tenho certeza disso. Mas minha certeza foi se esvaindo com o tempo.
Já sem esperança, busquei retomar minha vida.
Mas quem disse que consigo..?

Nenhuma noticia, a Guerra ainda não tinha acabado... Mas eu não queria me envolver.
Só disso que se falava em todos os lugares.
Mas... Nada sobre meu pequeno garoto. Nada...


“Tudo passa e eu ainda ando pensando em você
Tudo passa e eu ainda ando pensando em você”



A vida foi se mostrando mais dura do que eu pensava. Principalmente sem ele...
Mas o tempo continua passando... Tudo muda e se transforma.
Épocas passam, a moda muda, meninas e meninos crescem, vou ficando mais mulher... Mais madura. Será?
Será que sou madura o suficiente para botar minha vida nos eixos?

Não sei... E nesse momento isso não importa muito.

Antes dessa Guerra nós já tínhamos feito planos para vivermos juntos, na França, Paris. Teríamos um casal de filhos. Diana e Rodrigo
Mas... Todos os nossos sonhos se tornaram apenas borrões...

Gina começou a chorar. Todas essas lembranças machucavam-na. Mas fez parte da sua vida, não a como apagar. Apenas tentar esquecer...
A garota ruiva se levanta e guarda a caixa em um baú ao pé de sua cama.
Vai para a sala e acha uma coruja em cima da mesa piando alto. Era Madeline, sua coruja. Com toda aquela volta ao passado não ouviu sua chegada.
Ela trazia no bico uma carta e um pedaço do Profeta Diário. Era de Rony, seu irmão.

Querida Gina,

Como estás? Espero que leia minha carta antes de ver o recorte de jornal.
Primeiramente, peço desculpas.
Eu, nem nossos irmãos aceitamos o namoro de vocês.
Perdemos muito tempo brigados.
Hoje percebo quão infantil fui.
Sinto muito.

Segundo, sei que você ama-o muito, então verdadeiramente: sinto muito.

Amo-te,

Ronald Weasley.

Não entendeu a segunda parte da carta. Mas foi o recorte de jornal que respondeu.
Tinha um grande título em negrito “O herdeiro é encontrado morto”
E uma foto em preto e branco de um homem com cara de garoto sorrindo.
A reportagem era grande, mas Gina não conseguiu ler, suas lágrimas abundantes embaçavam sua vista.

Caiu de joelhos no chão. Parecia que tinha sido morta junto dele. Sentia-se vazia. Mesmo longe, ela sabia de alguma maneira que ainda estava vivo. Mas agora... Ele não podia mais voltar para perto dela.
Deixou o tempo passar, e ficou tarde demais.
Deveria ter ido procurá-lo. Mas não! Ficara aqui.
E ele lá, lutando contra Voldemort para proteger a comunidade bruxa, para protegê-la.
E ela não enxergou isso.

“A idade aponta na falha dos cabelos
Outro mês aponta na folha do calendário
As senhoras vão trocando o vestuário
As meninas viram a página do diário”



Já me peguei pensando Valeu a pena? Já respondi com confiança que sim, mas em outras vezes pensei que poderia estar feliz agora se isso não tivesse acontecido.
Mas é errando que se aprende.

Hoje, sei que fui burra em me questionar se valeu ou não a pena.
Valeu a pena ter amado, ter arriscado, ter rido, ter brincado, ter sofrido, ter chorado por ele e com ele, pois se não tivesse feito isso não saberia como ele é de verdade, sem a máscara de gelo que ele costumava usar. Não teria as lembranças de seus sorrisos. Não teria amado-o.


“O tempo faz tudo valer a pena
E nem o erro é desperdício
Tudo cresce e o início
Deixa de ser início
E vai chegando ao meio
Aí começo a pensar que nada tem fim...”



Não foi tempo desperdiçado quando estive ao seu lado. Fui feliz! Como raramente fui.
É tão raro um amor igual ao nosso. Um amor que lutou para viver. Um amor diferente, forte em ambos os lados.

Mas isso só acontece quando se tem confiança que seu príncipe encantado um dia chegará. Só acontece quando um amor brota donde nunca se imaginaria, no outro lado. No seu inimigo. E sem perceber se torna feliz amando seu inimigo.
Melhor ainda em descobrir que ele também te ama.

Foi um amor que eu tive o privilégio de ter e não trocaria por nada.
E só se tem esse privilégio quando você se descobre amando Draco Malfoy.

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