A Tempestade.




A Tempestade.


- Sigam pela estrada do leste, lá acharão a cachoeira, terão que mergulhar para passar a queda d’água. Agora se apressem ou sua amiga vai sangrar até morrer, rápido, a cachoeira não está longe, são apenas oito quilômetros da cidade pra lá – A voz de Gawain chegou até eles mas não obteve resposta.
Harry pensou rápido, não poderia perder Hermione, não conseguiriam sem ela, olhou pela rua que se estendia a sua frente. Poucos carros. Mas havia alguns. Avistou uma picape azul, 4x4, correu até ela, cruzando uns 20 metros em poucos segundos, os amigos o seguiram.
- Coloquem-na na carroceria!
Rony obedeceu, e com cuidado, sentou-se e pôs a cabeça dela em seu colo.
- O que você vai fazer Harry? – Perguntou Gina.
- Vou fazer a ligação direta nesse carro e vamos usá-lo pra chegar mais rápido na cachoeira.
- Mas você nem sabe dirigir! – Disse, enquanto Harry usava a varinha para arrombar a porta do carro e se agachava para achar os fios certos.
- Tio Valter tentou ensinar o Duda e me fez ir junto nessa aula, pensei que ia morrer, mas o Duda já estava tão pesado que o carro não anda com velocidade suficiente. Enfim, eu prestei atenção na aula e acho que posso dirigir esse carro.
- Tem certeza?
- Confie em mim.
- Eu confio!
- Consegui! – Disse Harry quando o barulho da partida do carro se fez ouvir. Sentou- se em frente ao volante, fez um sinal da cruz, engatou a primeira e pisou no acelerador;
Cinco, dez, quinze minutos para achar a cachoeira, desceram todos do carro, a hemorragia de Hermione piorava e o feitiço de Gawain já não fazia mais efeito e Rony só pressionava o ferimento enquanto a garota ficava mais pálida.
Harry olhou em volta, sua frustração crescendo, não havia casa nenhuma a volta, Hermione morreria se não achassem uma maneira de transportá-la para o St. Mungus.
Rony parecia estar igualmente frustrado, mas Gina tinha um brilho diferente nos olhos, um brilho esperançoso. E ali, na frente dos dois, começou a se despir, até ficar somente com as roupas íntimas.
- Isso lá é hora pra tirar a roupa garota? – Exasperou-se Rony.
Um Rony muito confuso e um Harry boquiaberto assistiram à Gina pular no lago e começar a nadar até a queda d’água.
- Vamos logo! Gawain disse que teríamos que atravessar a queda d’água. Tragam Hermione com vocês, eu vou a frente para abrir a passagem ela não deve ter muito mais tempo.
E voltou a mergulhar.
- Vamos! – Gritou Rony para Harry, que estava pensativo.
- Espere aí Ron, não podemos submergir com ela ou nós a afogaremos.
- Feitiço cabeça de bolha! Lembra como se faz?
- Helium spheria! – Disse Harry apontando a varinha para a cabeça de Hermione, e uma massa de ar a envolveu como um capacete.
E mergulharam na água fria e nadaram em direção a queda d’água onde acharam a entrada de uma caverna subaquática, sentindo o corpo de Hermione estremecer, Harry e Rony fizeram mais força com as pernas, procurando poupar Hermione de qualquer sofrimento que não fosse absolutamente necessário. Depois de trinta segundos, os pulmões de Harry precisaram de ar e Rony seguiu, levando Hermione sozinho até o local onde a luz era maior e Harry se apressou, sentindo tonturas, finalmente ele encontrou a superfície e vislumbrou uma mansão muito bonita, mas não ficou apara analisar melhor, voltando para onde Rony ainda nadava com Hermione, se recusando a parar o avanço. Harry não pode deixar de fazer a anotação mental de que Rony tinha pulmões muito largos e cheios de ar, por que o amigo não parecia ter necessidade imediata de renovar o seu estoque de oxigênio.
Assim que submergiram, içaram o corpo da amiga e a carregaram para dentro, encontram um lareira acesa e Gina, com a mão cheia de pó de flu, esperando por eles, logo que os viu, sem mais palavras jogou o pó na lareira e as chamas brilharam e arderam com mais intensidade, tomando a familiar coloração verde-esmeralda.

Rony pôs Hermione ao ombro e disse sem hesitar:
- St. Mungus! – E sumiu em um rodopio.
Gina olhou para Harry e disse:
- Vai. Eu espero vocês aqui, afinal, não posso aparecer em um lugar público de lingerie, seria no mínimo indecoroso.
Harry sorriu e após um breve beijo disse:
- Você foi maravilhosa hoje, eu não devo me demorar, só vou me informar sobre os estado da Mione e volto para te fazer companhia.
E entrando também nas chamas verdes Harry imitou Rony e tornou a passar pela desconfortável sensação de enjôo que as viagens pelas lareiras lhe proporcionavam.
Harry viu surgir a sua frente à branca recepção do hospital, porém o clima que se apossara do lugar não era nem de longe o mesmo. Das duas últimas vezes que viera ao hospital Harry vira todo tipo de deformidade e acidentes quase cômicos. Desta vez a tensão era aparente e ao invés das pessoas com trombas de elefantes e bruxos que badalavam como sinos ou até mesmo sapatos mordedores, sangue era visto com freqüência e os ferimentos eram sérios, as pessoas pareciam sofrer.

Harry nunca havia pensado na guerra por esse lado, nunca no lado daqueles que sofriam com ela, nunca no lado daqueles que escolheram não lutar mas eram pegos no fogo cruzado, sempre no bem e no mal, a Ordem contra os comensais, ele contra Voldemort, contra Snape, contra Belatriz. Sempre nas batalhas e nunca no que viria depois delas para aqueles que sobrevivessem. Talvez por que ele não se visse saindo dessas batalhas de outro modo senão morto ou vitorioso.

Harry foi desperto de seu devaneio momentâneo pelo som da voz de Rony, falando alto com a bruxa da recepção.
- Como assim ela vai ter que esperar? – A voz de Rony se alteava a cada sílaba.
- Ela não é prioritária...
- VOCÊ É CEGA OU O QUE? NÃO TÁ VENDO QUE O SANGUE NÃO PÁRA? ELA TÁ ASSIM TEM UNS TRINTA MINUTOS!
A bruxa loira, derrotada pelos fatos, chamou os curandeiros, que com eficiência já haviam prestado os primeiros socorros e estavam levando-a na maca, apressados e aflitos.
As expressões deles não agradaram nem um pouco Rony, que apesar da fúria inflamando-se violentamente em seu rosto, desfez toda sua evolução em um segundo e em outro a substituiu por aflição.

Seguindo-os, Harry também pôs uma máscara de preocupação em si mesmo, até que ele e Rony foram impedidos de avançar mais.
Cerca de quinze minutos depois, um homem baixinho e franzino saiu e chamou-os.
- Senhores, o estado dela é reversível, o procedimento de primeiros socorros que vocês aplicaram, provavelmente salvou a vida dela e, claro, a própria vontade da paciente de sobreviver também foi um fator decisivo ela ficará bem, no entanto...
- O que? – Rony quis saber, com a voz dura.
- O feitiço que a atingiu é um tanto novo, o Ministério da Magia nos enviou seu reversor há apenas algumas semanas, menos de um mês por isso, apesar de ter sua eficácia comprovada, ele ainda é classificado como experimental – Rony gemeu – e como tal, precisa da autorização dos pais da garota para ser aplicado...
- Não! Hermione já é maior de idade, mesmo inconsciente, ela iria querer ser salva, não é mesmo Rony? – Perguntou Harry, ao amigo.
- É a única forma de salvá-la? – Pergunta Rony.
- Se ela tivesse chegado até cinco minutos depois de ser atingida, uma poção poderia salvá-la sem ser necessário uso de feitiço arriscado, mas agora é tarde, o sangue de certos pontos já coagulou e seria ainda mais arriscado para a vida dela que esperássemos a poção furar os bloqueios dos coágulos.
- Então, se esse é o meio mais seguro, faça, era isso que ela iria querer, eu a conheço muito bem.
- Certo, se acomodem, isso pode demorar um pouco, mas ela já estará bem até o amanhecer, ela receberá poção para reposição sanguínea para tomar em casa, normalmente ela ficaria, mas não temos leitos o suficiente para nos darmos ao luxo de ocupar um com quem não precisa realmente de um, ela terá uma cama macia para repousar durante um dia ou dois?
- Com certeza doutor, ela terá o melhor tratamento que pudermos proporcionar.
O médico puxou a varinha e entrou novamente na sala onde Hermione estava deitada em uma mesa de metal.
- Você vai ficar aqui? – Harry perguntou, obtendo um aceno de afirmação de Rony. – Vê se dorme um pouco, você ta muito abatido, eu vou voltar e aguardar com Gina. Eu não muito bem o que dizer para a lareira te levar de volta, por isso eu acho melhor que vocês aparatem lá.
Rony assentiu, novamente sem abrir a boca.
Harry se apressou no caminho de volta, no entanto, um som de conversa o deteve, não a conversa mas o som de uma palavra.
- Comensais? – Disse um enfermeiro em voz alta, de dentro de uma sala.
- Isso mesmo, invadiram a casa do diretor Chang e ele e a filha lutaram para salvar a esposa e o garotinho, parece que levaram a garota prisioneira mas o resto da família saiu sem maiores machucados.
- E como eles estão lidando com isso? O diretor é gente boa, mas perder a filha pros comensais deve estar mexendo com ele.
- Ele está fazendo um escândalo no ministério, avacalhando todo mundo e ninguém pode dizer nada contra ele, eles é quem deviam tê-los protegido pra início de conversa.
Harry, não ficou para ouvir mais. A notícia de que Cho havia sido levada prisioneira criou mais um peso na sua consciência. Será que isso era culpa dele? Será que haviam atacado com base em algo que Malfoy dissera sobre o seu breve relacionamento ou haviam atacado porque o pai dela era um influente membro da comunidade bruxa?
Decidiu não pensar mais nisso, não havia nada que pudesse fazer, não sabia onde os Comensais mantinham prisioneiros e nem tinha esperança de imaginar como guardavam o lugar, estava além de suas habilidades, e das de seus amigos, se vingaria deles depois, quando voltasse da Alemanha, quando estivesse mais forte ele vingaria todos aqueles que deram suas vidas para o cumprimento de seu destino.

Antes que se desse conta já estava na frente da lareira na recepção do hospital. Pegou uma pitada do pó que estava em um pote de vidro perto de uma placa que dizia: USE COM MODERAÇÃO!
- Residência dos Potter.
Harry saiu da lareira da sua casa e achou Gina, encolhida de frio, molhada e ainda com as poucas roupas que tinha no corpo.
Gentilmente tocou-a e disse:
- Vem vamos procurar toalhas e roupas da minha mãe para você.
- Por favor, Harry, eu não gostaria de incomodar...
- Incomodar quem? Não há ninguém para incomodar, não mais...
Gina assentiu, sem discutir e subiu as escadas logo atrás de Harry.
- Como ela está? – Perguntou Gina, preocupada com a tensão de Harry.
- O curandeiro disse que vai viver e que estará bem até o amanhecer.
- Quanto tempo ela vai ficar lá?
- Até o momento em que acordar, eles estão sobrecarregados, tem muitos feridos lá.
- O que há com você? Por que está tão tenso?
- Eu... Aqui, este deve ter sido o quarto deles.
- Harry, por favor, me responda.
- Quando você estiver aquecida na lareira.
- Certo, saia daqui, eu vou me virar para achar as coisas que preciso.
E Harry saiu. Assim que se viu sozinha Gina foi até o closet onde deveriam ficar as roupas dos pais de Harry. Não foi difícil achar o que precisava por que tudo estava bem empilhado e organizado em cubículos, se vestiu com uma antiga calça jeans de Lílian e uma camiseta branca, enxugou o cabelo rapidamente e descalça mesmo saiu para encontrar Harry no corredor.
- Sabe, é muita sorte que sua mãe tivesse o meu tamanho.
- Eu realmente achei que ela era muito parecida com você, quando a vi lá no cemitério.
- Sério?
- Sim, se você não estivesse em pé lá em cima eu poderia jurar que éramos nós dois deitados ali.
- Pára Harry, não pensa nisso, não é saudável, não dessa maneira, me diz logo o que estava te preocupando quando você chegou do hospital.
- Não acho que você precise saber, vai ser uma desculpa pra você ficar brava comigo sabe.
- Fala logo! – Ordenou Gina.
Derrotado, Harry disse:
- Eu ouvi uma conversa entre dois funcionários do hospital, parece que os comensais capturaram Cho Chang.
- E por que você achou que eu ficaria chateada com isso? Não que eu não me sinta mal pela Chang, mas por que eu brigaria com você por isso? Você não acha que isso é culpa sua acha?
- Pra dizer a verdade acho sim, mas você provavelmente você vai discordar, Rony e Mione também, então por que não evitar uma discussão?
- Certo, você sabe o que nós vamos dizer e novamente vai entrar por um ouvido e sair por outro, o melhor que eu posso fazer é te levar para perto da lareira, me aconchegar ao seu lado e simplesmente ficar ali, esperando que você não queira ir atrás dela.
Harry deu um sorriso. Ela estava começando a adivinhar seus pensamentos.
- Não. Eu descartei a idéia ainda no hospital, não seria viável, nem responsável, por a vida de quem eu amo em risco, numa missão que não poderíamos completar.
- Desde quando você começou a pensar antes de agir? Pelo que você dizia nas aulas da AD, tudo era instinto.
- Se você realmente prestasse atenção no que e dizia, teria ouvido quando eu disse que o instinto só é necessário quando já estamos tão ferrados que temos que lutar.
- Hmmm... Você tem razão eu lembro vagamente disso, mas era geralmente quando você falava com tanta paixão que eu me perdia na intensidade dos seus olhos.
- Você vai conseguir dormir enquanto Hermione não chegar?
- Provavelmente não.
- Então eu devo explorar a minha casa, você quer vir junto?
A resposta de Gina foi se levantar antes mesmo que Harry fizesse menção a isso.
- Por onde você quer começar? – Perguntou a ruivinha.
- De cima para baixo.
Começaram então pelo sótão. Acharam várias coisas antigas que aparentemente tinham sido dos avós de Tiago.
Harry achou um livreto com anotações de como fazer capas de invisibilidade, desde a captura do seminviso, o modo certo de tosar, e a melhor técnica de fiação, feitiços para ampliar a duração do efeito de invisibilidade e outras variadas informações.
Gina achou uma coleção de belíssimos vestidos e vestes bruxas do século dezenove e uma coleção de cartas antigas, todas numa caligrafia caprichada, endereçadas a várias pessoas desconhecidas, porém reconhecíveis como os pais de vários membros da comunidade bruxa, como apontado por Gina, notáveis combatentes das trevas. Harry reconheceu alguns sobrenomes, McKinnons, Fenwicks, Prewetts e Lancasters, além de outras ramificações da família Potter que Harry acreditava terem sido assassinados por Voldemort em sua caça a Harry no passado.
Entre outras coisas, Harry achou uma caixinha de jóias que guardou no bolso sem que Gina percebesse, planejando um bom presente para o aniversário da ruiva.
Quando decidiram que poderiam deixar a outra metade do sótão para quando estivessem menos cansados Harry e Gina decidiram que poderiam revistar agora o antigo quarto de Harry, onde o bebê Potter costumava passar as noites.
Viram um berço, modernamente entalhado em carvalho, com pequeninos travesseiros, muito macios e azuis, uma cômoda onde ficavam as roupas e fraldas (e Gina riu muito quando as acharam.) e até pares de pequenos sapatinhos de lã. No armário Harry achou uma série de brinquedos, obviamente para crianças pequenas e claramente mágicos. Harry achou uma miniatura de vassoura, um pomo de ouro de pelúcia e giz de cera fosforescente. Outros eram completamente trouxas, como um boneco de ação de plástico, cubinhos enumerados e carpetes de borracha montáveis. A emoção aflorou em Harry, pensando na vida que poderia ter tido e que lhe foi tomada, mas não chorou, não choraria novamente por causa de Voldemort, até ele já se cansara de tanto choro por uma vida perdida, era hora de seguir em frente, hora de superar e dar um passo a frente, o memento das lamentações acabara, agora era a hora da vingança.
Gina sentiu, como bruxa de sangue-puro*, uma alteração na magia ao seu redor, era como se o ar ficasse mais pesado e um grande calafrio percorresse sua espinha. Olhou para a única fonte de magia que tinha por perto, mas sua varinha não era a origem de tal pulsação, aquilo era mais forte que qualquer feitiço que ela pudesse produzir. Então a ficha caiu. Viu Harry olhando fixamente para o berço onde teria dormido nos primeiros anos de sua vida, então notou algo em volta dele, um tremeluzir da luz, como o ar quente em volta de uma fogueira quente.
- Harry! O que você tem? – Perguntou preocupada.
Não obteve resposta.
- Harry! – Tentou novamente. – HARRY!
A estranha energia desapareceu quando ele virou os olhos em direção a ela. Gina viu uma sombra de ódio desaparecendo para ser substituída pelo olhar apaixonado que ele dispensava a ela sempre que a olhava, o mesmo olhar que ela dispensava a ele.
- Quê? Gina? – Harry disse, vendo o rosto confuso de sua amada.
- Vo...você, estava... pensando em que, segundo atrás?
- Nada de importante... – Respondeu Harry, tentando se esquivar.
- Não tente me enganar! Seja lá o que você estivesse pensando, aquilo estava alterando a magia a sua volta Harry, você estava te emitindo energia, pelo que eu saiba isso ocorre quando um bruxo com grandes reservas naturais de energia tem suas emoções provocadas á flor da pele, poucos são vistos emitindo essa energia, Dumbledore era um deles.
- Eu... estava liberando energia? Eu nem notei, estava apenas refletindo sobre a vida que eu poderia ter tido aqui nesta casa e me lembrei que essa vida foi tomada e não deixada, eu não tive opção e esse sentimento me enfureceu, mas eu me acalmei em segundos.
- Se você se acalmou a energia deveria ter sumido também. Não posso explicar mas acho melhor sairmos daqui, esse lugar não está te fazendo bem.
Desceram então novamente até a sala e lá se aconchegaram no sofá, esperando por Rony e Hermione que deviam demorar ainda algumas horas. Namoraram até que finalmente Gina caiu no sono sobre o peito de Harry e este ainda ficou observando-a durante tempo indefinido até que ele mesmo adormecesse também.

Harry e Gina foram acordados logo ao amanhecer por Rony e Hermione que apesar de pálida parecia muito feliz.
- Eu gostaria muito de agradecer a vocês, Rony me contou como vocês foram incríveis na noite passada, se você Harry não tivesse tido a idéia do carro jamais teríamos chegado a tempo e se Gina não tivesse prestado atenção ao que Gawain disse jamais teriam achado a casa e eu estaria morta. Acho que vocês se mostraram tão sagazes quanto eu poderia ser se estivesse no lugar de vocês.
- Acho que você se subestima Mione, provavelmente se você estivesse no lugar de algum de nós você teria tido a idéia que eu tive depois que você já estava lá: convocar as vassouras, teria sido muito mais rápido que o carro e eu acho que teria evitado a cicatriz. – Disse Harry.
Hermione agora tinha uma cicatriz esbranquiçada no braço atingido, como se um animal a tivesse mutilado naquele ponto.
- Não culpe a si mesmo, você ajudou a me salvar, isso é o que importa para mim e ainda agradeço ao trasgo por ter tomado o caminho do banheiro feminino naquele dia das bruxas.
Dizendo isso abraçou Harry e Gina apertado, emocionada.
- Bom... acho que agora precisamos recolher nossas coisas lá no bosque e seguir viagem. – Disse Rony, cortando um curto período de silêncio.
- Sim, é o melhor que temos a fazer, no evadir deste lugar que Voldemort mande patrulhas para cá, a esta altura algum de seus espiões já deve ter contado que aqueles novatos foram capturados. Vamos aparatar.
Gina foi com Harry e logo os quatro amigos estavam de volta ao local aonde abandonaram a barraca e as vassouras, entraram e fizeram um rápido café-da-manhã e logo estavam levantando vôo, novamente protegidos pelo feitiço desilusório bem aplicado de Hermione. Durante horas Harry viu a paisagem se modificar lentamente, por mais rápidas que fossem as vassouras a distância era muito grande e Harry tinha a impressão de ainda não tinhas saído da Inglaterra.
Aproximou sua vassoura da de Hermione que parecia um pouco mais confiante em do que antes, mas ainda olhava nervosamente para baixo de tempos em tempos.
- Mione! – Berrou para ser ouvido, pois o vento abafava o som da sua voz. Foi preciso mais um berro para que ela ouvisse. – Ainda falta muito para sairmos da Inglaterra?
- Não. – Berrou ela de volta. – Mas acho que seria muito bom se parássemos para descansar um pouco, não seria bom ter que atravessar o estreito durante a noite, por que poderíamos ser captados por radares, tanto nossos como franceses.
- França? – Perguntou confuso. – Fica no caminho?
- Sim. Teremos que cruzar a Holanda e a Bélgica também, são países pequenos mas que devem nos tomar um dia cada um, na França, viraremos para nordeste e daí não mudamos de direção até chegarmos à Alemanha.
- Por que não viramos para Leste agora?
- Por que aí teríamos que passar o dia sobrevoando o mar e não poderíamos nem ao menos parar para descansar.
Harry não falou nada. Concordou silenciosamente.
Seguiram viajem por mais uns quarenta minutos até encontrarem um terreno relativamente seguro para o acampamento.
No dia seguinte, antes que o sol nascesse e sob fortes protestos de Rony, atravessaram da Inglaterra para a França. Harry achou que Hermione já sabia que as viagens sobre a água eram um suplício, por isso impediu que fosse para o leste. Gina vomitou seu café da manhã por causa de um enjôo e ele próprio não se sentia tão confortável sobre a água. Rony estava totalmente normal mas Hermione sentiu-se tonta.
Assim que chegaram em terra desceram e avistaram um porto, de lá foram para uma pequena lanchonete e comeram um pouco, gratos de que não teriam que passar pela água novamente. Ao meio-dia voaram novamente, sentindo-se revigorados e só pararam quando as dores nas costas já estavam insuportáveis. Em contrapartida, as camas da nova barraca que Harry encomendara eram macias e os faziam acordar sentindo-se renovados todas as manhãs. No quarto dia Hermione os forçou a mudar o rumo para o leste dizendo que agora já estavam na Alemanha. Foram quatro dias muito enfadonhos, sem maiores alterações no tempo, no entanto, duas horas depois de levantarem vôo depois do almoço uma grande tempestade surgiu ao leste e como estava no caminho decidiram que a atravessariam assim mesmo, afinal todos ali me já haviam enfrentado tempestades durante os jogos de quadribol em Hogwarts, menos Hermione. Mal sabiam que estavam enganados sobre a tempestade. Hermione desconfiou, quando já estavam a menos quinhentos metros das nuvens, que já deviam estar muito próximos do lugar onde ficaria a tal montanha onde Dumbledore os mandara treinar, mas deixou os pensamentos de lado quando viu Rony fazer um zigue zague para escapar de um raio que certamente o teria atingido. Desceu sua vassoura mais duzentos metros, aquilo não estava certo, os raio eram atraídos por metais e não por madeira, por que a...
Interrompeu quando sentiu um baque no lado do corpo. Era Gina salvando-a de um raio. Imediatamente Rony e Gina assumiram a formação de defesa que usavam nos treinos de quadribol.

Gina procurou Harry com os olhos. Encontrou-o demonstrando toda sua habilidade em cima da vassoura enquanto o rapaz escapava sucessivas vezes dos lampejos de energia elétrica que cruzavam o céu. Seu coração acelerou. Os raios vinham e iam e aparentavam estar se concentrando em Harry que desviava de dez para cada dois que caiam em cima dos outros três.

Harry, guiou a sua vassoura da direita para a esquerda e novamente para a direita, evitando três raios que lhe seriam fatais. Vislumbrou quando Gina salvou Hermione e seu estômago gelou quando o raio destinado á Hermione passou a centímetros de Gina. Não importava o que fizessem, se não saíssem da tempestade cedo ou tarde os raios os pegariam. Eram rápidos mas não incansáveis. Harry passou outros cinco minutos se esquivando e o suor começava a pingar do seu queixo. Não via como poderiam escapar daquela furada. Rony e Gina haviam parado de circular em volta de Hermione e agora os três lutavam individualmente para escapar dos raios, embora a carga mais pesada parecesse cair sobre ele.

Harry desejou que tempestade fosse carregada para longe, pelos ventos forte que se abatiam sobre Hogwarts no outono, desejou estar novamente aconchegado na sala comunal, com Gina, Rony e Hermione. Sua mente voou para as aulas da AD, inexplicavelmente, os melhores momentos de sua vida, ajudando os colegas. E o desejo de revê-los cresceu em seu peito. Uma emoção nova despertava, uma energia nova. Harry puxou a vassoura para o alto novamente e o vento atingiu o seu rosto, forte como nunca, despenteando ainda mais os seus cabelos, era o lugar ao qual pertencia. Pertencia ao ar.
Mais tarde Harry não soube a razão pela qual fizera aquilo, mas ao incorporar o ar como seu habitat natural, abriu os braços. A escuridão que a tempestade trazia já não era mais escuridão, estava claro como o dia só que mais verde que o normal. Harry pode sentir quando a energia em seu corpo se agitou como se fosse um estranho remeximento nas suas entranhas e de repente o forte vento que fazia os alunos de Hogwarts se protegerem no castelo durante os outono tocou o seu rosto como se fosse uma brisa de verão e varreu, lentamente a tempestade para longe, revelando uma grande montanha coberta de neve, que até então estivera coberta pela tempestade, ou protegida por ela, como parecia aos quatro.
- É lá Harry, a montanha a que Dumbledore nos mandou. Chegamos!
- Essa tempestade infernal... estava protegendo o lugar?
- É o que me pareceu também mas, é impossível, controlar tanta energia, nem Dumbledore ousava mexer com a natureza, nem para proteger Hogwarts, é poder de mais para uma pessoa só, não há espaço para tudo.
- Não importa agora, achamos o lugar e agora vamos bater na porta. – Disse Harry, determinado.

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