O Abismo



O abismo



Hermione havia pensado naquele beijo a noite toda. Ela não conseguia se desculpar. Está certo que havia sido o Malfoy que tinha começado o beijo, mas ela havia retribuído. Ela não se conformava com a idéia de tê-lo beijado, ou pior, ela não se conformava por ter gostado do beijo. Ela tinha que admitir que o cara beijava bem. E como! Ele beijava com vontade, de uma maneira quente, sexy, irresistível. E foi pensando nisso que ela acabou conseguindo dormir. É verdade que por pouco tempo.


Ela acordou um pouco antes do Sol nascer atormentada por um sonho com Malfoy. Aquilo não era novidade. Quase todas as noites ultimamente ela sonhava com ele. Mas geralmente eram pesadelos, em que ele a matava, ou torturava o Harry, o Rony, sua família. Mas dessa vez havia sido um sonho bom. Muiiiito bom para o gosto de Hermione. E ela não estava gostando nem um pouco daquilo.


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Já havia passado dois dias depois do beijo. Hermione decidiu agir como se nada estivesse acontecendo. Já Malfoy parecia que queria falar ou comentar alguma coisa sobre isso. Mas Hermione não dava nenhuma brecha e estava se recusando a falar com ele.


Isso deixava Draco ainda mais atraído por ela. Dificilmente as garotas o dispensavam. Afinal, ele era bonito, sexy, rico e poderoso. Ou se não fosse por essas razões poderia ser por medo. Ninguém queria desafiar Draco Malfoy. Mas Hermione fazia isso. E ela não parecia ter nenhum medo disso. Draco pensava cada vez mais nela e dizia para si mesmo que era exatamente por isso. Porque ela era a única garota que o havia dispensado. Mas no fundo ele sabia que não era só por isso. Bem no fundo ele sabia que gostava dela. Mas acontece que não era nem um pouco fácil admitir que gostava de Hermione, afinal ela era Hermione Granger caramba! A CDF de cabelos lanzudos e amiga de Potter e Weasley. Tudo isso sem contar que ela era uma Sangue-Ruim.


Dizer que Draco estava confuso era pouco. Ele sabia que gostava de Hermione e queria ficar com ela. Mas ao mesmo tempo ele não queria isso. Ele só tinha que esperar Harry Potter chegar e matar os dois logo. Então ele tinha que deixar de ser idiota e esquecer aquela garota. Mas ele devia saber que isso não ia ser nem um pouco fácil.


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Hermione estava no jardim embaixo de uma árvore pensando no que ela poderia fazer para ajudar Harry. Ela sabia que ele estava indo pra lá e que não ia sossegar enquanto não a salvasse. Ela esperava realmente que ele não tivesse vindo sozinho. Tudo bem que ele tinha poder suficiente para lutar com Draco Malfoy. Acontece que Malfoy estava em posição privilegiada. Só na entrada da casa deveria ter uma centena de feitiços. Se Harry conseguisse entrar (o que seria praticamente impossível), ele estaria bastante fraco quando fosse enfrentar Malfoy. Antes de sequer conseguir bolar o início de algum plano ela foi interrompida por Draco Malfoy que estava encostando-se à árvore em que ela estava.


- Pensando no que Granger? – ele perguntou com um olhar de quem não estava realmente interessado na resposta.


- Não interessa! – ela respondeu de maneira mal-educada. Ele havia interrompido seus pensamentos. Ela detestava quando as pessoas faziam isso.


- Nossa! Quanta hostilidade. O que foi que eu te fiz, querida? – ele perguntou de maneira cínica soltando uma quase imperceptível risada depois da frase.


- Além de existir, nada! – ela respondeu enquanto já se levantava para ir embora. Ela não ia ficar ouvindo ele falando besteiras outra vez. Além disso, cada vez que ela ficava perto dele, ela se sentia mais atraída pelo loiro. Ele tinha um cheiro tão bom que seria capaz de virar a cabeça de muitas mulheres. E ela não queria que isso acontecesse. Por isso ela tratou de sair dali rapidinho.


Ao ver ela entrar na casa, Draco sentou na grama agradecendo por ela Ter ido embora. Ele só havia ido lá para irritá-la e ver se ele não conseguia esquecê-la de vez. Mas parecia que não tinha funcionado muito bem. Ao vê-la pensativa daquela maneira, ela parecia estar ainda mais bonita. E foi então que um pensamento passou pela sua cabeça. Talvez ele devesse deixar o orgulho e a raiva de lado e tentar conquistá-la, e tentar viver essa paixão. É bem verdade que o pensamento passou de raspão, e Draco logo recriminou essa idéia idiota. Mas o pensamento ficou ali, na sua cabeça, talvez só esperando por um momento de irracionalidade de Draco para aparecer novamente.


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Hermione havia acabado de jantar e estava no corredor em direção ao seu quarto quando Draco a chamou.


- Que foi? – ela perguntou de uma maneira um pouco impaciente. Aquele definitivamente não estava sendo um dia bom para ela.


- É... – ele começou, raciocinando se ele deveria falar aquilo que ele queria ou não. Quando a viu sair da mesa de jantar e subir as escadas, ele percebeu que realmente gostava daquela mulher. E ele não era homem de ficar sofrendo por amor platônico. Então ele decidiu que iria viver esse amor, ele queria isso. Ele não queria pensar no que isso poderia significar, ou no que poderia acontecer no futuro. Ele só queria pensar no presente, era isso que importava. Foi então que ele pulou da cadeira e a seguiu pelas escadas decidido a falar de seus sentimentos em relação a ela.


Mas ao olhar nos seus olhos ele não soube o que dizer. Ele nunca havia sido muito bom com as palavras. Ele sempre havia sido melhor agindo. Ele então diminuiu a distância entre os dois, e antes que ela pudesse abrir a boca para dizer alguma coisa Draco a beijou. Esse havia sido um beijo diferente do outro. No outro beijo Draco havia cedido a um impulso ao beijar Hermione. Mas dessa vez ele realmente queria fazer isso, e ele queria mostrar a ela que gostava dela. Que contrariando a tudo ele realmente gostava dela.


E dessa vez Hermione não retribuiu. Ela até se sentiu tentada a fazer isso, mas antes que pudesse ceder ao seu desejo ela se afastou de Draco pensando que realmente ele havia ficado louco.


- Eu não te disse para nunca mais fazer isso Malfoy? – ela perguntou, com raiva, tentando não demonstrar o quanto havia sido difícil resitir ao beijo.


- E desde quando você me diz o que eu devo ou não fazer? – ele já estava começando a ficar irritado. Estava na cara que a Granger sentia pelo menos alguma coisa por ele, nem que fosse atração. Se não fosse assim ela não teria retribuído ao beijo do outro dia. Ele não entendia como ela podia ser tão orgulhosa e não se entregar ao desejo que estava sentindo. Ele conseguia ver nos seus olhos que ela o desejava, por mais que ela tentasse esconder isso.


- Malfoy, você é um completo idiota! – ela disse em um tom de desprezo enquanto já se virava para voltar ao seu quarto.


- Espera! – Draco disse, enquanto agarrava seu braço com força. – Eu quero falar com você. – ele ainda não sabia o que ia dizer, mas tinha que dizer alguma coisa. Ele estava como que tomado por uma espécie de pressentimento que dizia que ele tinha que ser rápido. Que ele tinha que falar tudo aquilo que ele sentia agora. Algo como “è agora ou nunca”. Ele se sentia como se não estivesse ali. Nunca havia se sentido assim, e estava com medo daquilo. Era como se outra pessoa estivesse ali em seu lugar, e ele só estava observando sem poder fazer ou dizer nada.


- O que você quer agora? - Hermione respondeu enquanto tirava seu braço do alcance dele.


- Granger, porque você não deixa de ser cabeça dura desse jeito, em?


- Do que você está falando Malfoy - ela perguntou confusa. Onde ele estava querendo chegar?


- Será que você não percebe que existe alguma coisa entre a gente? Um sentimento forte? – ele falava calmamente como se estivesse explicando pra ela que um mais um é dois.


- Você só pode estar ficando louco. O único sentimento que existe entre a gente é raiva, ódio. Eu tenho um ódio tão grande de você Malfoy, que se eu tivesse minha varinha agora eu faria muito mais que um simples Avada Kedrava. Eu o faria sofrer tanto, mas tanto, que você se arrependeria eternamente de todas as vezes que você me insultou, de todas as vezes que você machucou meus amigos e de todas as vezes que você me chamou de Sangue-ruim. É realmente uma pena que eu não possa transformar esse desejo em realidade. – Ela falava isso com uma voz baixa. Mas seu olhar daria medo até em Lorde Voldemort.


Em Lorde Voldemort, não em Draco Malfoy. Ao ouvir isso, ele apenas fez uma careta e continuou olhando para ela. Ele esperava uma reação assim. Talvez um pouco mais amável. Precisava ser tão agressiva? Mas ele não ia desistir. Não agora. Ele realmente amava aquela garota. E ele estava decido a dizer isso a ela, nem que fosse a última coisa que ele faria na vida.


- Nossa, que violência! Ainda bem que você não tem sua varinha aqui não é mesmo? – ele disse com um sorriso cínico. Hermione soltou um suspiro indignado. Ele não havia levado a sério o que ela havia falado. Mas ela devia ter desconfiado. O Malfoy não ia se deixar abalar pelo que ela dissesse. E ela finalmente acabou se rendendo.


- Malfoy, porque você não me diz logo o que você quer e me deixa em paz?


- Tá legal. – ele achou estranho ela finalmente ter cedido, mas ele não estava em condições de questionar. Ele tinha que aproveitar a oportunidade.


– Bem Hermione, então eu não vou enrolar. O que acontece é que eu estou gostando de você. Isso não deveria acontecer, é verdade, afinal nós somos inimigos. Mas aconteceu, e não há nada que eu possa fazer pra mudar isso. O que importa é que eu tenho certeza que você também sente algo por mim, embora você tente esconder isso. – ele dizia isso como se estivesse lhe dizendo uma receita de Poções.


Ele nem sabia como estava tão calmo. Talvez ele estivesse realmente louco.


Ela nem sabia o que dizer. Será que o cara tinha pirado de vez? Além de dizer que gostava dela ainda dizia que era correspondido? É verdade que ela sentia uma atração por ele. Mas daí a ser amor? Não. Pelo menos ela pensava que não.


- Mas você é muito convencido mesmo. Malfoy, será que voc..


Mas antes que ela pudesse terminar ele já havia colocado o braço em sua cintura e a puxado para si. Ao sentir seu rosto tão próximo do dele, ela não se sentiu capaz de mexer nenhum músculo. Ela sentia os olhos cinzentos do rapaz olhando profundamente para os seus e não conseguia mais nem raciocinar. Talvez ele tivesse razão. Talvez ela realmente gostasse dele.


Ela não soube se foi ele, ou se foi ela. O que importa é que quando se deu conta os dois já estavam envoltos em um beijo provocante, intenso, irresistível. As línguas se buscavam com fome, de uma maneira até mesmo desesperada. Ela nunca havia se sentido assim. Ao mesmo tempo em que ela queria empurrar Draco, ela queria que o beijo durasse para sempre. Ela pensou que os seus lábios nunca mais se desgrudariam.


Mas eles se desgrudaram. Malfoy retirou seus lábios dos dela, e sussurrou em seu ouvido. Tão baixo, mas tão baixo, que era como se ele tivesse vergonha daquilo que estava dizendo.


- Eu te amo.


Ela então abriu os olhos assustada, e encontrou o olhar dele. Ansioso, preocupado, como se estivesse esperando por uma resposta para sua declaração. Antes que pudesse pensar no que aquilo poderia significar ela o abraçou com força. Ele correspondeu a abraçando com vontade e desejo. Quando eles se soltaram, Draco pegou sua mão e foi a levando para o seu quarto.


Quando eles entraram. Draco fechou a porta e acariciou o rosto de Hermione. Hermione viu que agora não havia mais o que fazer. Ela percebeu que também o amava. Ela então o puxou para um beijo rápido. Draco então a pegou no colo e a colocou na cama, para depois se arrastar por cima dela. Ele ainda olhou mais uma vez para os olhos castanhos a sua frente, antes de fechá-los para beijá-la. Aquela foi a melhor noite da vida dela. Ela se sentiu viva e feliz como não se sentia há muito tempo. Ela sabia que aquilo não era certo. Se apaixonar por Draco Malfoy ia contra todos os seus princípios, e ela tinha certeza que aquele era um amor praticamente impossível. Mas ela não se importava com isso agora. Ela só se importava com o presente, com aquilo que ela estava vivendo naquele momento. O futuro que ficasse pra depois. Pronto! Ela finalmente havia caído no abismo. E não tinha a mínima intenção de sair de lá.

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