Capítulo 2




- Hoje é dia de visitarmos o centro de portadores de deficiência. – disse-lhe um homem caminhando ao seu lado.

Harry mantinha as duas mãos nos bolsos estando bem distraído a ponto de não dar atenção ao amigo.

- Estou tentando falar com você, rapaz.

Ele permaneceu da mesma forma, arrancando um suspiro de quem tentava dialogar, motivando-o postar-se na frente de Harry, que parou espantado.

- Está louco se metendo assim no meu caminho? – perguntou Harry nervosamente - Podíamos ter esbarrado feio.

- O que há com você? Tem estado assim o dia todo.

O homem viu Harry largar os ombros, indicando o quanto estava arrependimento, dando também um largo suspiro frustrado. E depois se assistiu ser analisado.
De certa forma, havia mais idade que o garoto, ele era um homem formado, apenas seu corpo mostrava uma idade ultrapassada dos quarentas anos, os cabelos brancos começaram a ficar presentes entre os outros pretos, sendo a causa de possuir uma vida dedicada ao trabalho de arquitetura, e tendo ainda energia para manter uma relação.

Harry era jovem, que há pouco tempo apareceu – dois anos, para ser exato – e apesar de uma forma chocante, de conhecê-lo totalmente contundido, estando entre a linha dos vivos e dos mortos, e ser misterioso por não tocar como assunto o seu passado durante todo esse tempo. Era o grande amigo que poderia ter.

- Desculpe-me se fui duro, Jeff – disse Harry calmamente – Mas hoje estou virado com a cabeça para outro lado. Não pode substituir meu turno?

- Mal volta da viagem a Londres, e já está assim – retrucou indignado – eu lhe cubro dessa vez, mas vou avisando que na próxima não vai haver passividade da minha parte.

Harry sorriu aproximando-se e dando uns tapas nas costas do companheiro.

- Ainda o recompensarei por salvar minha vida tantas vezes.

Jeff riu gostosamente e Harry foi alvo de um soco, sendo batido no meio de seu peito, fazendo-o vacilar alguns passos e sorrir ainda mais.

- Não pense em me recompensar. – avisou rudemente – Arranje uma garota de sua idade e use a divida com ela. Essa cidade está cheia delas, rapaz!

- Sabia que diria isso – Harry voltou caminhar com as mãos nos bolsos, criando um olhar vago. – Sabe, em meu passado existiu uma garota muito significativa em minha vida, era a única em que eu confiava plenamente, a única que conseguia entender-me quando ninguém ao menos tentava, éramos cúmplices. E a verdade, é que, ainda não superei de tê-la deixado para trás e penso que nenhuma chegaria ao nível dela. – Harry voltou a encarar o chão, tristemente.

Jeff sentiu-se contagiado pela tristeza do jovem, entendia em parte a razão da negação para falar de seu passado, ainda o machucava. Ter que abandonar o que julgava ser mais importante para criar outra vida, tinha de ser muito forte e ser muito corajoso, seria mais que cometer uma crueldade e um crime consigo mesmo.

- Se ela era significativa, por que não a trouxe com você?


Harry voltou a olhá-lo, demonstrando no jeito, depressão, e ainda tentando esconder desgosto, por estar se mostrando, nesse instante, ser frágil. Poucas vezes deixavam o ver assim. Sempre que isso acontecia Jeff o comparava com uma obra. Forte, sustentável, mas se, por acaso, derrubassem uma das paredes, parte viria abaixo. Algo semelhante acontecia com Harry nesse momento. A diferença, é que essa tal garota era o que o sustentava, pelo menos, no tempo em que a conhecia.

- Porque achava que não ofereceria uma vida digna de que ela merecia. – lamentou-se.

- Você a amava, não? – persistiu Jeff.

Ele passou sua vista para frente, de forma pensativa.

- Antes de partir – começou Harry – Uma noite anterior, conversei com ela, e acabamos por deixar sermos levados pelo momento que estávamos tendo, ainda me recordo de quando aconteceu, realmente é memorável...



Flash Back



- Seja o que for, vou tentar fazer dar tudo certo no final – consolou, pela única alternativa - Prometo a você.

Um pouco mais relaxada, Hermione deu um pequeno sorriso. Desejava mesmo que ele cumprisse.

Harry permaneceu com as mãos passando suavemente pelos cabelos lanzudos e encaracolados de Hermione, fazendo, carinhosamente, com que ela apoiasse a cabeça entre o vale do pescoço e do ombro, deixando-a chorar e soluçar sobre ele, molhando suas vestes e a camiseta da escola. Segundos depois, viu-se apoiando a cabeça sobre a dela. Deixando o silêncio tomar conta do locar, exceto o choro de Hermione, que apesar da situação, ia se acalmando aos poucos.


- Por favor, não se sinta assim – implorou Harry sussurrando – me parte a alma ser o motivo de suas lágrimas.


Hermione afastou-se lentamente para fitar o rosto de Harry, mantendo o seu próximo ao dele. Ambos podiam sentir a respiração hesitante um do outro.


- Sinta tanto que me veja chorar – disse Hermione ainda com os olhos lacrimejados – Não queria que me visse vulnerável. - e deixou-se chorar novamente.


Harry, outra vez, ofereceu apoio para ela, mesmo que dessa vez tenha a abraçado com força, como se estivesse socorrendo-a de algum perigo, como se sua vida dependesse daquilo, e Hermione tenha apoiado suas mãos no peito dele.


- Se que saber, isso mostra o quanto é humana – encorajou-a Harry desfazendo um pouco da força do abraço – que não pode sempre mostrar-se forte e fria como você vinha fazendo, e mostra o quanto pode ser corajosa. Veja-me – Harry vagarosamente e por consolo, deslizou umas das mãos apoiada no braço de Hermione. – Há dias que sinto vontade de gritar, de ofender o primeiro que vejo na frente, às vezes me sinto tão impotente por não acabar com o sofrimento dessa guerra, que me percebo com vontade de chorar, mas, seguro minha mascara e continuo mantendo aparência de um garoto inatingível. – Com todo cuidado colocou as duas mãos uma de cada lado do rosto dela, fazendo-a olhar em seus olhos, assistindo nos dela a insegurança, e o medo. – Você, Hermione, é uma garota incrível, invejada por muitos, e capaz de surpreender ainda mais a cada dia.


Hermione sorriu, ainda que, descesse lágrimas pela sua face e a fizesse sentir o gosto salgado delas em sua boca. Harry correspondeu ao sorriso, enquanto um de seus dedos passava em umas das lágrimas que teimava em descer. Repentinamente, sentiu uma vontade incontrolável de fazer esse gesto com seus lábios, e algo nela, deu coragem para fazer isso, sentindo com que aquilo a fizesse fechar os olhos, lentamente.


Harry roçava os lábios em cada lágrima que descia pela face de Hermione, ele mesmo percebeu os olhos serem fechado quando inesperadamente roçou os seus no canto dos lábios dela.


- Te amo muito, Harry. – ouviu-se desabafando Hermione, por impulso.


Harry se afastou, ainda não permitindo muito espaço entre eles. Hermione, ao reparar que não o sentia mais, abriu os olhos e contemplou curiosidade nos dele.

- Desde quando?

- Desde sempre.

Ela o viu sorrir, como jamais pensou que veria novamente durante muito tempo, um sorriso semelhante ao primeiro ano quando descobriu ser o apanhador mais jovem de Hogwarts apareceu. Igualmente ao pai.

Chegando mais perto dela, em um movimento ligeiro, fez obscurecer a sua visão, para finalmente os lábios se encontrarem.

Por um milésimo de segundo ela permaneceu estática, mas o nervosismo e o desejo de anos sendo guardados dentro de si a espera disso, atingiu como um frio na barriga, e por fim a fez fechar os olhos.

Envolvendo as mãos no rosto de Harry, e depois de encher suas narinas por um aroma de limão dele, com uma força remota, correspondeu ao beijo, dando permissão para que ele explorasse sua boca, de forma inocente, saborosa e viciante. Deixando cada segundo parecendo um minuto, e o minuto uma eternidade, fazendo-os querer ainda mais.

Hermione soltou um suspiro pesadamente, sendo, de excitação. Harry percebendo, a trouxe para mais perto e as mãos dela envolveram-lhe pela nuca. Ficando a razão de nenhum dos dois querer se afastar, para somente compartilhar o calor um do outro e despertando emoções que jamais pensariam em sentir na vida.

A ‘luta’ das línguas iniciaram uma vontade maior de uma conexão melhor, o beijo se tornou ardente, sensual, os corpos ultrapassaram o limite do calor permitido, o sangue borbulhou e pulsaram em suas veias. Hermione tentou uma aproximação ainda mais, sendo impossível, eles estavam tão próximos quanto podiam, mas ela acabou por pisar com força no pé de Harry, lamentando-se ao perceber se distanciando dele quando brutamente ele os separou ambos de lábios inchados.

Harry largou-se dela e Hermione o capturou pelo olhar, e arrependeu-se de ter feito, preferia infinitas vezes não assistir o que via nos olhos dele. Notou sentimento de arrependimento, o viu estar assustado, como se estivesse recriminando pelo o que acontecido. Ela tentou aproximar, ele vacilou alguns passos e surgiu o efeito de estar assustada quanto quem havia acabado de beijá-la.

Hermione tentou abrir a boca para proferir alguma palavra, mas não tinha forças para isso. Harry piscou várias vezes antes dele mesmo iniciar uma conversação, de forma fria.

- Lamento... eu não devia ter... isso foi totalmente um erro. – Hermione fechou os olhos e tentou ignorar, permanecendo calma – me deixei levar, não era para ter acontecido – Harry quem tentou dessa vez ficar próximo, ela abriu os olhos e se afastou quando percebeu. - De todo jeito, não queria ter que iludi-la – Hermione o olhou apavorada, com um misto de nervosismo.

- Me beija e é isso o que tem a dizer?

- O que você queria que eu dissesse? – replicou levantando os braços – Que fiquei feliz pelo o que aconteceu?

- Você tem razão – Harry franziu o cenho – Foi totalmente um erro.

Hermione mostrou-se indignada, e agachou-se para recolher o material jogando tudo para dentro da bolsa com fúria, começando a andar depressa para a escada do dormitório.

Harry a segurou pelo braço, fazendo trombar diretamente contra o seu peito, estando perto outra vez. Iniciando uma luta dos olhos verdes contra os castanhos. Até que inesperadamente, ela deixou tudo cair no chão e Hermione chocou seus lábios aos dele, de maneira arrebatadora e agressiva, Harry não ofereceu oposição, correspondendo ao modo fervoroso, segurando a com todas suas forças em seus braços, Hermione sentiu o arranhar enquanto agarrava com vigor as vestes dele pela costa, tornando-se tudo mais secreto e delicioso.

Meio relutantes, pausaram trêmulos e chocados pelo excesso de desejo nesse ultimo beijo. Hermione encostou-se sua testa na de Harry, deslizando os dedos carinhosamente na face dele.

- Jamais diga novamente uma coisa dessas – avisou lhe Hermione – Da próxima vez posso o levar a sério.

- Lamento de verdade – Harry sorriu constrangido se afastando – Essa guerra me faz temer por você quanto teme por mim.

- Mas não pode fugir...

- E você acha que não sei? – perguntou Harry sorrindo colocando umas das mãos na boca dela para impedi-la de continuar – Sabe que dispensei Gina pela guerra, você é a ultima que colocaria em risco, e sabe tanto quanto eu que não podemos ficar juntos até que isso termine – Hermione abaixou seu olhar melancólico. Harry beijou suavemente os lábios dela para o olhar novamente. – E eu te amo tanto que é por você que lutarei e voltarei.

- Isso me recorda que tenho uma promessa a cobrar de você – disse Hermione, voltando estar animada.

- Claro, é uma divida de vida ou morte, assim como desejo torna-la a mulher mais feliz do mundo quando tudo terminar. – Hermione jogou os braços em volta do pescoço de Harry.

- Isso é muito lindo, mas ainda não me sinto satisfeita – disse ela sedutoramente.

-Creio que sua alma é verdadeiramente grifinoriana. – disse Harry sorrindo, deixando-a envergonhada – E você não sabe com o que está lidando me provocando desse jeito – completou roucamente aos lábios dela lhe tocar o pescoço, Hermione riu e deu-lhe uma mordiscada no mesmo local.

Aquilo mexeu com toda a pouca sanidade que Harry conservava em respeito à Hermione, entretanto, naquela situação, o seu comportamento não precisava ser mais de melhor amigo, ele não ia pensar, ia agir, como um desconto pelo o que ela havia acabado de provocar em sua fera interior. E mostrou isso quando de leve pressão pelos os ombros, fez Hermione deitar-se no sofá, ficando sobre o corpo dela. Ela sorriu de maneira graciosa.

- Não sei desde quando você é tão provocadora, mas esteja certa de que terá que arquear com as conseqüências.

- O que espera? – perguntou Hermione continuando a sorrir. Harry levantou uma sobrancelha, antes de surpreendê-la por um beijo frenético, ao mesmo tempo, em que, suas mãos trilharam o corpo, bem feito, de mulher, de maneira lenta e enlouquecedora. Hermione arfou e ele se distanciou orgulhosamente.

- Da próxima vez, lembre-me de provocá-lo mais – disse Hermione de olhos fechados, sussurrando, tentando desfrutar da sensação que acabara de ter.

Harry sorriu, retornando beija-la de forma mais calma e com gentileza.



Fim do Flash Back



- Nesse dia ficamos quase a noite inteira juntos, aproveitando – disse Harry com um pequeno sorriso malicioso – No dia seguinte, assim que acordamos, não deu tempo de nem nos vermos, aconteceu algo imprevisível em nossa escola, e foi nesse dia que tomei a decisão de retomar minha vida em outro lugar, longe dos meus amigos, principalmente dela.

- Seja o que tenha acontecido nesse dia, você certamente gosta de arranjar problema. – disse Jeff dando uns tapas nas costas de Harry. – Sei que não tenho tanto direito de entrar na sua vida pessoal, mas creio que não precisava ter fugido sem se despedir.

Harry o olhou envergonhado.

- Não tenho orgulho do que fiz – respondeu fuçando os cabelos rebeldes nervosamente – Mas ninguém iria entender. Muito menos ela. Foi uma decisão precipitada, apenas as lembranças e as saudades que me atormentam.

- Por que não vai atrás dela? – perguntou Jeff curiosamente.

- Porque quando fui a Londres, descobri que ela se mudou, agora não faço a mínima idéia de onde possa estar.

- Que falta de sorte, criança!

- Realmente é muita – Harry ficou deslumbrando um ponto atrás do amigo, totalmente pensativo.

Jeff percebendo o clima de tristeza retornando, resolveu retomar um outro assunto.

- A propósito, você me disse que tinha algo importante a dizer. O que é?

Harry ficou apreensivo, e depois sorriu exuberantemente.

- Comprei uma casa – seu acompanhante riu, levando como se fosse uma piada – No lago.

Jeff parou de rir, franzindo a testa.

- Você enlouqueceu Harry? É uma casa velha feita de vidro. – disse exaltado – Não tem privacidade.

- É linda – empolgou-se ele. Sem ligar pelo o que homem disse. – Eu tenho até uma gata.

- Arranjou uma gata? – perguntou chocado.

- Ela simplesmente apareceu na casa.

- Essa sua falta de mulher o está endoidando de vez.

Harry o repreendeu com o olhar.

-Ok! Mas não diga que eu não avisei.

- Pode deixar. – disse sorrindo. Entretanto, desmanchou, ao olhar do outro lado da rua, viu uma mulher lhe acenando, fazendo o forçar acenar de volta. E ela começou a se aproximar rapidamente sorrindo. – Lá vamos nós de novo. – cochichou para Jeff, suspirando.

- Ela não é tão mal assim.

- Isso porque não é você quem ela vive perseguindo. – Jeff sorriu zombeteiro, vendo a moça correndo para atravessar e desviar os carros. Quando, repentinamente, ouviu-se um barulho de salto quebrando. Deixando-os espantados ao vê-la caindo no meio da rua.

- Vá socorrer ela!

- Vai você! – retrucou Harry.

- Deixe de ser egoísta, foi por sua causa que aconteceu isso. – Harry revirou os olhos.

- Ela devia ser menos desesperada, até parece que iria sair correndo dela.

- Você em muita vez tentou fazer isso, só não conseguiu porque eu o segurei. Vá logo, ou é capaz dela ser atropelada!

Harry suspirou frustrado, e começou a caminhar na direção da mulher. Jeff seguiu cada passo, assistindo-o ajudar ela a se levantar, rindo sozinho com a cara de revoltado dele quando teve que pega-la no colo e voltar para onde estava. Deixando-a no chão.

- Obrigada, Harry.

- Sempre que precisar, Michelle. – Jeff nunca imaginou que soaria tão forçado e que Harry não seria tão irônico. – Eu ainda acho que seria melhor se você comprasse botas. Já é o terceiro salto seu que se quebra.

- Esses saltos da cidade não prestam. – respondeu Michelle sorrindo recebendo seu salto quebrado de Harry – Juro que pensarei na sua oferta dessa vez.

Harry apenas assentiu com a cabeça.

- Sabe o que nosso amigo aprontou agora, Mi? – Jeff era o único que a chamava por algum apelido. Harry nem se atrevia, ou, conhecendo o jeito dela, a mulher pularia em seu pescoço e imploraria que repetisse o dia inteiro.

- Nem imagino! – disse ela com uma sobrancelha erguida olhando na direção de Harry. – O que ele fez?

- Comprou aquela casa abandonada no lago – respondeu de forma caótica – E já arranjou uma gatinha! Diga se ele não enlouqueceu de vez?

Michelle franziu a testa, da mesma forma de Jeff.

- Você é doido? Não vai ter privacidade naquele lugar, nem uma assombração gostaria de viver numa casa dessas, ainda mais com uma gata que pode proliferar alguma doença.

Harry revirou os olhos

- Deixem disso! – esbravejou com eles, cansado - Eu gosto de lá, é o único lugar que consigo me sentir confortável. E só para saberem, o veterinário disse que a gata é muito saudável.

- Tudo bem – replicou Jeff, retornando a olhar para Michelle – Melhor não discutimos com Harry Potter. – Ela balançou a cabeça negativamente revirando os olhos, e seguidamente, olhando para o relógio.

- Veja só, estamos atrasados.

- Eu não vou, Jeff irá me cobrir. – disse Harry – Estarei muito ocupado.

- Sempre fugindo dos compromissos sérios – disse Michelle olhando para o alto, irritada. Harry deu apenas de ombros, e ela pensou ter ouvido “O que você quer eu faça”, mas preferiu ignorar, virando-se em direção de Jeff – Vamos, então? – ele confirmou, andando na direção do carro de Michelle.

- Nos vemos outro dia, Harry. – gritou Jeff do outro lado da rua, antes de abrir a porta e entrar no carro.

Harry ficou olhando saírem em movimento com o automóvel para acenar em despedida, logo em seguida, retornou a andar silenciosamente, pensando nas correspondências que permaneciam em seu bolso cuidadosamente, estando disposto entregar para a dona, ou quem que fosse.

Na realidade, ainda havia a curiosidade sobre as marcas das patas, o estilo da perfeita e familiar letra na carta, mesmo que, achasse tolice não acreditar que era uma brincadeira de mau gosto. No entanto, concordou em arriscar de entregar as correspondências que tinham sido pedidas, assim ele conheceria a pessoa, ou o/a enganador/a.

Antes disso, esperaria a resposta da carta que deixou na caixa de correio de preferência ao sair de manhã, da sua casa. Por isso, ao não saber se era brincadeira ou algo sério, teve que usar outro nome.


-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*


Hermione encaminhou-se atrasada para o local de trabalho, na ocasião de os médicos confundirem a de ser próxima ao rapaz ao qual faleceu no acidente em Davy Place, e apesar de ter relutado, recusando-se a ir para o hospital e dizer que não era nada dela, que somente tinha se oferecido de uma maneira impossibilitada de salvá-lo, agora, em seu escritório, sentada com as mãos na cabeça e os olhos lacrimejados, lamentava-se de não ter ido.

Naquele momento parecia uma obrigação ter acompanhado, sendo ainda a ligação que sentiu ao pega-lo nos braços e o assistir morrer.

Ouviu a porta se abrir e ser fechada vagarosamente, os passos indo até ela, para em seguida a mesma mulher senta-se na cadeira em frente de sua mesa. Hermione virou-se para ela e percebeu ser a responsável que ensinava tudo quando ficava perdida com tanto papéis. Dra. Klyver sorriu-lhe serena.

- Oi! – disse ela.

- Oi! – respondeu Hermione suspirando pesadamente, mantendo as lágrimas seguras em seus olhos.

- Ouvi falar do Davy Place. – A morena confirmou com a cabeça, retornando abaixar a vista. – Soube que tentou salvar um homem na hora do acidente.

- É, tentei.

A mulher abriu a boca para consolar da forma antiga, dizendo “Sinto Muito”, mesmo sabendo que a pessoa quem tentou ajudar não era nada dela, mas fechou e suspirou, tentando ser solidária com a novata.

- Escute Hermione, vou lhe dizer o que digo para muitos advogados novos como você. Talvez seja a primeira a prestar atenção. – Hermione olhou para ela intrigada, ao mesmo tempo com curiosidade – Em seu dia de folga, vá para bem longe deste lugar, onde se sinta bem.

- E o trabalho? Há muitos casos para ocorrer essa semana.

- Esqueça, por enquanto, não possuo só você de advogada nesse departamento. – Dra. Klyver apoiou os braços na mesa de Hermione para se aproximar – Agora, existe um lugar que possa ir, não existe?

- Às vezes quando me sentia invisível, eu tinha um lugar. – disse Hermione ficando com o olhar perdido – Nunca me senti assim quando morava na casa do lago. É o único lugar em que me sentia verdadeiramente eu mesma.

- Então você já tem para onde ir – triunfou a Dra. Klyver sorrindo – Saia mais cedo e vá para lá, quando estiver disposta, retorne – Ela levantou-se da cadeira e caminhou até Hermione para apertar seu ombro. Logo em seguida, se retirou da sala.

Hermione deu um pequeno sorriso, confirmando de que iria. Recolheu os relatórios e todos os seus pertences, para sair quase comemorando o retorno à casa do lago.



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A mãe de Hermione, em uma tarde tomando chá com as vizinhas, mal esperava que sua filha passasse tão cedo para visitá-la, lhe dizendo que havia ganhado permissão no trabalho na intenção de esquecer o ocorrido no Davy Place e que iria passar alguns dias na casa do lago. Como era o esperado, a Sra. Granger apoiou Hermione de qualquer decisão que tomasse, e que faria bem também para esquecer seu passado sombrio, cheio de tristezas e desagrados.

Anteriormente acabou indo para seu apartamento, - que acabou levando Nina juntamente com ela, deixando Bichento aos cuidados do porteiro - ao sair, abandonou todo o lado de advogada naquele prédio e em seu carro apenas as características de Hermione foram mantidas.

No momento, pisava sobre as folhas secas do pré-outono, sentindo o aroma do clima, transmitindo paz e calmaria como não havia sentindo há muito tempo. O lago ainda permanecendo com as suas águas cristalinas e azuis, os poucos patos se banhando em uma parte dele, enquanto Hermione colocava os pés nas pedras da beirada. E após alguns minutos de ter aproveitado tudo o que aquele lugar oferecia e matar a falta que lhe fazia, olhou para a casa.

Uma alegria desvairada atingiu a sua mente, a paz na sua alma parecia aumentar em cada segundo. Caminhou até a ponte que ligava a casa naquela terra. Nina vinha logo atrás dela. E foi nesse instante, que tentou olha-la, viu a lavanca da caixa de correios levantada.

Hermione chamou sua gata para acompanhá-la e seguiu na direção dele. Ultrapassando a curiosidade, conseguiu pegar o envelope e abrir de jeito vagaroso.


Dia 13 de Abril de 2004

Caro(a) Senhor ou Senhorita

Primeiramente deve achar estranho colocar o dia em uma carta, faço isso para caso ela volte saber quando eu a mandei. Segundo, recebi sua mensagem alguns dias atrás e devo lhe informar que acho que houve algum mal-entendido. E como assim você adorava? Que eu saiba, a casa do lago estava abandonada. Talvez tenha se enganado com o endereço da cabana dos Friedrichs...



- Já que não mora ninguém nesta casa há anos. Mas estou curioso sobre as marcas das patas. – repetiu Hermione em alto e bom som, ficando confusa e achando barbaridade ao fato da data do ano de 2004, aquilo era piração. Mesmo assim, terminou de ler.


Obs.: Estou com suas correspondências, agradeceria se me deixasse seu nome para que pudesse entregar e também para saber se meu correspondente é homem ou uma mulher, chutaria mulher, pela letra tão caprichosa que possui.

Peter Harsom Jarty



Hermione olhou para o lado do carro e depois para a casa, como se fosse se deparar com o comediante que o havia escrito, e acabou por não encontrar, nem uma alma. Retornou para a correspondência e contraindo o cenho ao pensar em reconhecer aquela letra. Ela abriu sua bolsa, retirando uma caneta de lá.

Seguidamente, colocou a carta no correio, levantou a lavanca. Para depois, entrar na casa e esperar resposta.



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Sr. Jarty


Conheço a casa dos Friedrichs, e posso garantir que nunca morei naquela casa. Então, vamos tentar de novo.
Eu morava na casa do lago, mas me mudei. Agora, eu moro no centro, em 12 Penywern Road, Earl's Court. Gostaria que entregasse minha correspondência. O meu nome digo na hora, se isso não for mesmo uma brincadeira, mas garanto que sou mulher.
Aliás, estamos em 2006. Pode perguntar a qualquer um.




Harry lançou, revoltado, a carta no sofá - Nina teve que pular para o chão com motivo de não ser alvo do nervosismo do dono, o que a deixou indignada de ter que se retirar do seu canto aquecido e confortável - após comemorar ao seu belo chute e acertar que era uma mulher. Contudo, não havia possibilidades de estar em 2006, só se ele fosse uma bela adormecida e tivesse conseguido dormir por dois anos seguidos e nem tivesse se dado conta disso. Riu do próprio pensamento.

Pelo menos ela havia caído no lance do nome, sem ao menos suspeitar ser um anagrama, enquanto batucava em sua mente o que ela tinha perdido para achar que estava em 2006.

- 2006? O que ela quis dizer com 2006? – perguntou-se indignado.

Caminhou até a pia da cozinha segurando uma panela com intenção de enchê-la para preparar um ensopado que o fizesse esquentar, uma vez que o tempo para fora estivesse de congelar, e a casa não o ajudava. Mas ao tentar abrir a torneira água alguma saiu.

Suspirando, abaixou-se para entender o ocorrido, tendo ainda os pensamentos na carta, principalmente enfezando com a data.

- Não entendo como ela pode pensar que estamos em 2006 – disse Harry em voz alta, não escondendo estar aborrecido. – E ainda me faz ficar falando sozinho, como diz Jeff, certamente vou acabar enlouquecendo.

Enquanto pensava nisso, suas mãos tentavam concertar, não se dando conta de que o encanamento se soltou e gordura encalhada começou a cair em seu rosto.

Harry levantou-se apressadamente, tentando achar o pano que sempre deixava na cozinha, em pouco segundos o encontrou, retirando todo o liquido de sua face. Logo em seguida, foi até o quarto trocar de roupa, continuando ao estado frustrado. Aquele era um mistério que teria que descobrir no dia seguinte.



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