Capitulo 2



Ja era tarde da noite quando Draco conseguiu terminar o trabalho de Snape. O Salão Comunal da Sonserina estava mais sombrio do que o usual, e o silêncio só era quebrado pelo crepitar das chamas na lareira. Jogou o pergaminho na mochila e encostou-se na cadeira dando um suspiro. Correu a mão pelos cabelos loiros, assustando-se ao ouvir passos atrás de si, mas não se atreveu a virar para ver quem era. Seus pelos da nuca se arrepiaram ao sentir a respiração abafada de alguém na sua orelha. A lareira ja não iluminava tanto a sala, então Draco não pôde ver quem estava ali. Sentiu então tirarem a sua gravata. Achou que a garota que estava fazendo isso ja tinha passado dos limites, então tentou falar algo e se levantar, mas surpreendeu-se mais ainda ao ouvir a voz dela:
- Shh. Não diga nada. - murmurou, empurrando-o de volta para a cadeira.
- Por que está fazendo isso?
- Por quê? - deu uma risada baixa e virou-se de frente para ele, beijando-lhe levemente o pescoço.
Tentou novamente retrucar, mas foi interrompido com um beijo. Draco ja estava começando a se entregar às graças da garota quando voltou a si. Empurrou-a para frente e levantou rápido da cadeira. Ao voltar o olhar para ela, percebeu que não se incomodara em ser jogada contra a mesa, pois estava de costas, com as mãos apoiadas no objeto de madeira e com um sorrisinho no rosto.
- Helena.
- Surpreso?
- Por que isso?
- Eu é que pergunto. Por que me evitar?
Ele calou-se, ainda encarando-a na fraca luz da lareira.
- Está com medo do quê? - perguntou ela se aproximando.
- Não estou com medo.
- Acho que eu sei do que você tem medo.
- Mas que implicância.
- Você tem medo de me tocar.
- Como é?
- Medo de me tocar e gostar. Admita Malfoy.
- Você deve estar louca. Eu vou embora.
- Pois vá. Mas se quisesse mesmo ja teria ido.
- "Droga.". - pensou. A garota ja estava a menos de vinte centímetros do seu rosto.
Ela fez menção de beijá-lo, mas parou repentinamente, deixando-o a desejar. Afastou-se de Draco e subiu as escadas para o dormitório feminino. O loiro estava pasmo, com os olhos focados ao nada. Piscou duas vezes, depois voltou ao normal. Ainda meio intrigado guardou suas coisas espalhadas na mesa dentro da mochila, jogou a alça sobre o ombro direito e seguiu ao dormitório masculino.
***
O dia amanheceu nublado, uma brisa cálida de inverno batia suavemente nos galhos das árvores perto da casa de Hagrid, onde uma aglomeração de alunos começava a se formar. O meio-gigante estava prestes a começar a sua aula quando avistou um aluno encapuzado descer as escadas de pedra, desocupado com o horário. Foi caminhando vagarosamente até um grupinho da Sonserina, sendo observado por todos. Quando chegou, colocou seu material em cima de uma mureta de pedra já gasta com o tempo e retirou o capuz, deixando seus cabelos escuros e ondulados caírem levemente no rosto. Hagrid, que já era professor há dois anos, fixou-se em Helena mais à frente, e exclamou:
- Srta. Atwood, creio que essa não é a sua primeira chegada tardia na minha aula.
- Desculpe-me, mas acho que a aula ainda não começou. – virou os olhos para o professor, inocente.
- Mesmo assim. Gosto de ter todos aqui quando pretendo começar minha aula. Suponho que a Sonserina tenha uma aula livre depois, então quero que você fique aqui quando acabarmos. – falando isso, voltou-se para trás, à procura de algo.
Helena revirou seus olhos azuis com uma expressão irritada, mas ao avistar Draco, tratou de abrir um sorriso maroto. Caminhou até ele e cumprimentou-o, com as mãos nos bolsos do casaco preto:
- Bela manhã, não acha?
- É. Ótima. – respondeu, não a encarando diretamente.
- Oh, por favor, Malfoy. – disse num tom baixo. Aproximou-se dele e murmurou no seu ouvido, fazendo-o sentir um arrepio semelhante ao da noite passada. – Não fique assim por minha causa.
Afastou-se do garoto com o seu sorrisinho habitual e voltou para onde estava seu material. Hagrid finalmente começou a falar, sendo observado de perto pelo trio da Grifinória: Harry, Rony e Hermione. Estavam escutando atentamente o início da aula, não querendo fazer feio para o amigo-professor. Mesmo estando de detenção, Helena não parava de jogar pedrinhas para frente, não tendo um alvo certo. Mas um aluno da Grifinória estava sendo um belo atrativo para o grupinho da Sonserina, que ria cada vez que a pedrinha batia nas suas costas. Hagrid, percebendo o ocorrido, voltou-se para ela, que o fitava com um sorriso de falsa inocência.
- Não se faça de sonsa Srta. Atwood. Eu vi o que você estava fazendo com o Sr. Longbottom. - ele cruzou os grossos braços e fez uma cara de repreensão.
- Me desculpe, mas não era para acertar no Sr. Longbottom. Era para acertar no Potter, mas este aí estava na frente. - o grupo da Sonserina caiu na gargalhada.
- Quietos vocês aí! - esclamou Hagrid a eles. - Muito bem mocinha. Mais uma brincadeira sua e irá passar a noite limpando prateleiras com o diretor da sua casa. - e voltou à aula.
- Não é uma má idéia. - murmurou Helena baixo, com um sorriso.
No resto da aula, todos tiveram que escolher um animal mágico que gostavam e um que não gostavam, e explicar na frente da turma o porquê de tais animais.
- Podem começar. Já já eu volto. - Hagrid se embrenhou na floresta, deixando os alunos sozinhos.
Harry fora um dos primeiro a falar.
- Ahn, bom. Eu escolhi o hipogrifo, apesar de gostar também da fênix. Acho os hipogrifos animais dóceis...
- Tão dóceis que quebraram o meu braço. - interrompeu Draco.
- Porque você foi burro Malfoy. Todo mundo sabe que os hipogrifos são bastante desconfiados. - citou Hermione.
- Falou a enciclopédia ambulante. De verdade Granger, já temos livros o suficiente para ler. Ninguém precisa de um livro que sabe falar. - indagou Helena, com um sorriso malicioso no rosto.
- Calma lá Helena. Ela só está complementando o meu trabalho. Seria bom se não se metesse. - Harry falou, já começando a ficar irritado.
- Sorte da Helly o professor não estar aqui. - murmurou um garoto da Sonserina para Draco.
Ele saiu de onde estava e agarrou o braço de Helena antes que ela retirasse a varinha de dentro do casaco.
- É melhor não. Você já está encrencada demais por hoje.
- Está preocupado comigo? Que gracinha de sua parte... Quer duelar por mim?
- Eu não disse isso. - deu meio passo para trás.
- Como imaginei. - em seguida, Hagrid voltou. Ela voltou-se para Harry e disse num tom baixo. - Sua sorte Potter. Mas se quiser resolver isso mais tarde, é só me mandar uma coruja. A não ser que esteja com medo de duelar com uma garota.
- Pode esperar. - retrucou o garoto. Hermione lançou um olhar fuzilante.
No fim da aula começara a chover. Helena pegara emprestada a capa de chuva de Hagrid para sua detenção na floresta. Estava numa clareira com uma pá na mão, e ao seu lado uma pilha de ossos. Tinha que enterrá-los, um a um. Sorte que os ossos eram grandes, senão iria demorar o dia inteiro.
- Tudo bem. Quando meu pai souber disso, aquele gigante estará ferrado.

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