Como tudo começou



Hogwarts, 5 de janeiro de 2007.


Gina e Hermione andavam juntas, como fazem a maior parte do tempo.
As garotas estavam no salão principal logo depois do café da manhã, e estavam passando por lá todas as turmas, até que a Sonserina passou, as duas observaram atentamente a passagem dos garotos e logo na frente do grupo vinha Draco Malfoy, um loiro aguado chato, alto, lindo, o chato mais lindo que Hermione tanto odiava, mas não poderia deixar o “lindo” ultrapassar o “chato” em seu conceito.
Gina suspirou, olhou para Hermione e disse:
-Ele não é lindo?
-Ele quem? Perguntou Hermione, rindo da cara de boba da amiga.
-Ele. Draco Malfoy. –Falou Gina, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.
-Que? Você está em seu juízo perfeito garota? –Perguntou Hermione, realmente avaliando a hipótese de que a ruiva havia endoidado.
-Sabe? Um dia a gente conversou, ele é gente boa. –Disse Gina ignorando completamente o que a amiga dizia.
-Quê? Você conversou com o Malfoy? – Hermione não acreditava no que estava ouvindo. Uma Wesley conversando com um Malfoy? Esse mundo estava realmente de pernas pro ar.
-É, qual o espanto?
-E você ainda me pergunta qual o espanto? O espanto é todo, é todo o espanto do mundo, garota! Como assim? Quando você falou com ele?
-Ah, um dia desses aí. Ele me disse que era pra gente relevar tudo o que ele havia nos dito, porque tudo era da boca pra fora.
-Mas porque você não me disse que havia “conversado” com Malfoy? –Perguntou Hermione, fazendo questão de reforçar a palavra Malfoy na frase.
-Porque eu me esqueci, você sabe como eu sou ruim pra lembrar as coisas. Mas o que importa é que ele é uma pessoa legal
-Ah ta... E se Malfoy é uma pessoa legal, eu sou o Sílvio Santos! –Riu Hermione incrédula.
-Mione, para de falar Trouxes comigo, não faço idéia de quem seja esse Sílvio aí. Mas acho que você não é ele não... Pelo menos, não parece.
-Gina, fala sério, o Malfoy não disse isso. –Hermione evitava acreditar no que Gina dizia.
-É, disse, e ele estava sendo sincero... Ele só disse tudo o que disse pra gente porque era forçado a dizer. –Respondeu Gina parecendo que tudo era normal.
-Ah, agora entendi. Então ele era forçado? Por quem? Por acaso o papaizinho dele entrava em sua mente e dizia tudo? – Perguntou a castanha, sem palavras sobre o assunto.
-É, mais ou menos isso... Na verdade o pai dele dizia que se ele nos tratasse bem, ele iria acabar com nossas vidas.
-É sério isso Gina? – Disse Hermione em tom sarcástico.
-Claro que é Mione. É super sério.
-E como o pai dele pensava em nos matar? Aposto que ele só está dizendo essas coisas para... –Hermione parara o raciocínio, não tinha porque Malfoy mentir, e ela estava percebendo isso agora.
-Para? –Perguntou Gina, com uma cara de já ganhei.
-Para... Ta bem Gina, eu acredito em você, ok? Mas se ele é tão bonzinho assim, agora que o pai dele, graças a Merlin, foi preso, porque ele não disse isso a mim?
-Acho que é porque ele deve ter medo de se aproximar da gente, ter medo de que nós o rejeitemos.
-Tá bem Gina, você me convenceu disso tudo. E eu preciso conversar com ele e ver se isso é verdade. -Hermione começou a avaliar tudo o que Gina havia lhe revelado.
-Ah, vai sim Mione, ele disse que quem mais ele ofendeu foi você, e que queria te pedir perdão por tudo. Ele vai ficar muito feliz.
-Aham... –Hermione parecia que havia parado de pensar.
-Mas você não me respondeu... –Começou Gina, tirando Hermione daquele transe total.
-Respondi o que?
-Ele não é lindo?
-É sim, é lindo. –Disse Hermione, agora, pela primeira vez, revelando que ele era lindo, o que ela já achava desde o primeiro ano. - Mas você tá gostando dele Gina? – Completou a garota
-Ah, não vamos dizer gostando, mas to afim. –Disse Gina toda vermelha.
-Ah, então diz pra ele.
-Ah, acho melhor não Mione. Assim que vocês conversarem sei que vocês dois serão grandes amigos. Então você podia falar de mim pra ele? Me ajudar?
-O que eu não faço por você, ehm amiga? –Perguntou Hermione sorrindo, e abraçando Gina.
-É verdade, obrigada.
-Não esquenta Gina, eu falo com ele sim, mas eu tenho que ir agora pra aula de poções, porque o Snape não tolera atrassos, lembra?
-Boa sorte amiga!

Assim Hermione partiu para mais uma aula com o Snape, e dessa vez a aula era com a Sonserina. A garota foi digerindo toda a história durante o seu trajeto.

Logo ela chegou na aula e sentou-se entre Harry e Rony.
- Oi Mione! – Disse um Harry todo feliz.
-Alô! – Esse foi Rony, levantando a mão para a garota.
-Alô Rony! – Hermione repetiu o sinal que o garoto havia lhe feito anteriormente.
Hermione passou a aula inteira rindo de toda a sua vida, e principalmente do soco que havia dado em Malfoy no terceiro ano, e não parava de olhar para o Sonserino, dizendo para si mesma: “Uhm, até que a Gina tem bom gosto, ele é bonito mesmo...”.

Draco se sentia meio atordoado, ele sentia um olhar atrás dele, e logo percebeu que era de Hermione, ele não sabia o porque, mas ficara muito feliz de saber que os olhares da garota só iam em direção a ele.

A aula passou rápido, pelo menos para Hermione, olhar Draco parecia fazer bem a ela, ela não estava contente com isso, mas adorava as sensações que olhá-lo trazia.

-Mione, você ta bem? – Perguntou Harry, para uma garota que nem tinha percebido que havia batido o sinal para o intervalo.
-Ah, tô bem sim Harry. – Respondeu ela. –É... Vão na frente, daqui a pouco eu vou ta? Vou só guardar uns livros. –Completou a garota, inventando uma desculpa qualquer para poder falar com Draco sem os amigos por perto, pois ela sabia que eles não iam acreditar em uma vírgula do que ela dissesse a respeito de Malfoy.
-A gente espera Mione. – Disse Rony.
-Não Rony, tudo bem, vou demorar um pouco, vai lá com o Harry, ta bem? –Falou Hermione, com um olhar tão compreensivo que Rony não teve como dizer mais nada, e ele e Harry foram embora.

A Sonserina já estava saindo da sala quando Hermione segurou Draco pelo braço:
-É, Malfoy, a gente pode conversar? –Perguntou ela, não acreditando no que estava dizendo a ele, a algumas horas ela nunca se imaginaria dizendo isso a ele.
-É... Claro. – Disse ele, se virando com a cara de inocente mais linda do mundo. - Mas você tem certeza que quer falar comigo, Granger? –Perguntou ele, surpreso por Hermione não se dirigir a ele sem nenhuma palavra ofensiva.
-É, você pode ficar um pouco aqui na sala? Prometo que não vou tirar muito seu tempo. Disse ela, olhando para o chão, sentindo que não conseguiria se concentrar e dizer nenhuma palavra olhando nos olhos cinzas do loiro.
-Posso sim, e não importa o tempo que você tome, ok? –Disse ele, segurando o rosto da castanha, de modo que ela não pudesse evitar olhá-lo.
-Ah ta bom. –Disse ela, tirando a mão dele de seu rosto, para poder voltar a olhar para o chão e conseguir completar seu raciocínio. -A Gina me disse que você não nos ofendeu durante todos esses anos por mal.
-É verdade. Que bom que você acreditou nela. Ela te explicou o porque disso tudo? –Disse ela, coçando a nuca “ai, como ele ficava lindo coçando a nuca” pensava a grifinória, “Hermione, pára, se concentra, ele também não é a oitava maravilha do mundo”, “ah, mas se não é a oitava, ele é a nona”.
-Uhm, então... –Começou a dizer Malfoy, tirando Hermione de seus pensamentos contraditórios.
-É, disse.
– É, eu devo te pedir perdão então, é, eu sei, vou entender se você não quiser me perdoar, eu sei que é difícil... –Dizia ele sem parar nem para respirar.
Hermione então resolveu interromper o momento de nervosismo de Draco:
-É, eu te perdôo, e queria te pedir perdão pelo soco que eu te dei no terceiro ano, e por todos os nomes que eu te xinguei. –Agora ela estava rindo, se lembrando do momento em que ela havia o batido.
-Ah, não esquenta com nada não, você teve toda a razão de fazer tudo o que fez, mas o soco eu vou perdoar, porque só de me lembrar dele meu rosto começa a doer. –Disse ele em meio a risos.
Os dois não paravam de rir.
-É, vamos então? Nós vamos perder o intervalo inteiro rindo.
-Ah sim Granger, mas rir é muito bom, podia perder um dia todo rindo.
-Eu sou a Hermione, ok? Não sou Granger, não mais agora. – Disse ela.
-Ah, ok. E eu sou o Draco, prazer. –Ele esticou a mão pra ela.
-Prazer. –Respondeu Hermione, e Draco a beijou a mão.
Hermione sentiu um frio subir pela espinha, Draco Malfoy beijando a mão de uma sangue-ruim? Isso era no mínimo duvidoso.
Agora Hermione havia acabado de se lembrar do que Gina pedira, que ela ajudasse a amiga com Draco.
-Draco, o que você acha da Gina? –Perguntou a grifinória um pouco nervosa, tirando sua mão do beijo de Draco, acabando combatendo de uma vez aquele frio que subia pela espinha.
-Eu... Eu a acho... Legal. – Respondeu o garoto, meio surpreso com a pergunta.
-Mas, você já pensou nela como sua namorada? – Draco olhou para Hermione de cima pra baixo, a garota percebeu que havia sido direta demais.
-É... Não, porque?
-Então se você fosse escolher uma namorada, não seria ela. É isso?
-É, não que eu a rejeitasse, mas eu não sinto nada por ela não. –Ele respondeu, tentando ser o mais educado possível, pois sabia que Gina era muito amiga de Hermione.
-Ah ta, brigada. – Disse a castanha, sem saber o que dizer, ela pensara que Draco podia gostar de Gina, mas do jeito que ele respondeu ela teve certeza que Draco definitivamente não se atraía por Gina.
-De nada Hermione, mais alguma pergunta?
-Não, ta bem assim. –Ela voltou a encarar o chão.
Eles se encararam por um momento, até que Draco interrompeu o silêncio:
-Então... Vamos pro intervalo? Se a gente ficar aqui mais um tempo sem falar, só nos olhando, nós vamos perder o intervalo inteiro.
-Ah sim. Vamos sim e... –Hermione não sabia o que dizer, era tão bom ficar em silêncio ao lado de Draco.
-E? – Ele perguntou, se aproximando cada vez mais dela. Hermione já sentia a respiração do loiro perto de sua boca. Mas a Gina gostava dele, a sua melhor amiga estava gostando de Malfoy.
-E mais nada Draco, vamos? –Disse ela se virando de costas e indo a direção da porta.
-Ok, vamos. – Draco dizia pra si mesmo: “o que você fez? Você quase beijou e ela só estava querendo ser sua amiga, pára de confundir tudo Draco, ela nunca vais e interessar por você”.
Os dois estavam saindo um do lado do outro da sala de aula.
-É, Draco, se você não se importar, é que eu acho que o Harry e o Rony não vão gostar muito de nos verem assim, saindo juntos...
-Ah sim, você tem razão Mione, acho que não será fácil para eles se convencerem de que eu mudei.
-Que bom que você pensa como eu Draco, é então tchau. –Disse ela, totalmente nervosa.
-Tchau! –Respondeu ele.
Hermione já estava á um metro de distância quando Draco gritou:
-Hermione!
-Quê? Perguntou ela se virando.
-Quando a gente vai voltar a se ver? – perguntou ele, Hermione percebeu que ele estava nervoso, pois não parava de mexer os pés e não tirava as mãos do bolso.
-Na aula de adivinhação. Nós não fazemos a aula, e o professor de Runas antigas está doente, então Rony e Harry não vão estar. –Respondeu ela, ainda em estado de choque.
-Tá bem, até daqui a pouco então...
-Até. – Hermione voltou a se virar e a seguir seu caminho, mas ela não sabia nem que caminho estava seguindo, estava nas nuvens, não sabia porque, mas estava muito feliz, se não fosse Harry e Rony chegarem perguntando onde ela estava, a castanha nem saberia para onde os pés a levariam.
-Eu... Eu estava, estava na sala... –Hermione começou a responder a pergunta que Harry fizera. – Eu estava lá, e percebi que havia esquecido de fazer uma lição. –Hermione continuou, sem encarar os amigos e gesticulando muito, para que ela mesma se convencesse um pouco da mentira que estava dizendo. –É, isso, eu esqueci de fazer uma lição! Dá para acreditar? Onde eu estava com a cabeça, não é mesmo? Ela perguntou mais para si mesma do que para os amigos.
-É Mione, como você foi esquecer, ehm? –Disse Rony. Parecia que ao menos ele havia acreditado na história.
-É, você está meio perdida ainda... –Completou Harry, a encarando. A garota sabia que a ele ela não enganava, parecia que Harry sempre sabia quando ela estava mentindo ou sendo sincera.
-Pois é, eu estou mesmo. –Continuou a garota sem ainda conseguir encarar Harry. –Agora, vamos? Eu quero aproveitar o pouco que me resta desse intervalo. – Completou ela, puxando Harry pelo braço. Rony seguiu os dois e os três foram até uma árvore, na beira do lago.
-Mione, Harry, vou deixar vocês dois aí sozinhos. Eu tenho que ir lá, é, a Luna me chamou para ir com ela ali... –Rony falava, falava e falava, mas não explicava onde ficava o “lá” e nem o “ali”, na verdade ele parecia nervoso.
-Tá, vai lá Rony, depois você me conta onde fica o ali... –Riu-se Hermione.
-Ok, tchau!
Harry começou a mexer nas folhas que estavam no chão, embaixo da árvore onde ele e Hermione estavam, a garota cansou-se do silêncio do amigo, que desde que chegaram não trocaram nenhuma palavra.
-Harry, o que houve? –Perguntou ela, na maior delicadeza possível.
-O que houve com o que Mione? –Ele perguntou, agora, pela primeira vez a encarando, ele parecia estar com um olhar triste.
-O que houve com você? Não me disse nada desde que chegamos aqui, o que está acontecendo?
-Comigo, nada. Já com você, eu não sei.
-Harry, você pode parar com isso e ser um pouquinho mais direto pra ver ser eu entendo sobre o que você está falando? –Hermione já estava se irritando, mas preferia não demonstrar isso, pois sabia que se demonstrasse o que estava sentindo, os dois iriam acabar discutindo.
-Então você não sabe sobre o que eu estou falando? – Ele perguntou, agora se levantando, Harry parecia ainda mais irritado que Hermione.
-Não, eu não sei. –Ela respondeu, se levantando também, agora os dois não conseguiam conter mais a irritação.
-Eu estou falando sobre a mentira que você acabou de me contar. Aquela sobre a lição que você esqueceu de fazer, tá bem?! –Gritou ele, se aproximando dela.
-Ah é? E você está assim por causa disso? –Ela também gritou.
-Não! Eu não estou assim por causa disso!- Começou ele, se aproximando ainda mais da castanha – Eu estou assim porque te vi com Malfoy! Vi vocês dois juntinhos, e depois vi como vocês se despediram! –Ele gritava cada vez mais alto, e se aproximaram tanto que ele já a prendia contra a árvore.
-Tá com ciúmes Harry? –Ela perguntou, tensa. Agora eles estavam tão perto, que Hermione sentia a respiração do garoto.
-Tô, tô sim. E qual é o problema? –Ele perguntou, ele já estava com uma mão a prendendo na árvore e a outra envolvia o corpo de Hermione.
-Problema nenhum Harry. –Ela dizia, separando uma sílaba da outra.
-Se não tem problema, então... –Aí Harry a beijou, Hermione só consegui sentir um lábio prensado ao seu, era um beijo tão bom, tão acolhedor, ela tinha certeza que não queria sair dali, tudo era tão mágico, estava acontecendo tudo o que ela sonhara desde o primeiro ano, desde que viu Harry pela primeira vez, e tudo era tão maravilhoso.
Depois de uns segundos, Harry a soltou, na verdade eles foram se soltando bem devagar, como se estivessem separando a alma que ali, neste momento, habitava o corpo do dois, uma única alma e dois corpos.

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