Visitantes Improváveis



Música: Running up that Hill - Placebo

N/a: ninguem é obrigado a escutar a música, até mesmo pq ninguem é obrigado a gostar de Placebo. Eu acho interessante, mas o negócio é com vcs.
a Tia Lara gosta de rock alternativo, mas ninguem mais precisa compartilhar ok?!?

_-_-_

Capítulo III – Visitantes Improváveis


Bellatrix, sua prima, olhos azul-metálico, cabelos longos e negros como a noite, a pele sempre branca feito mármore, tinha um aspecto mais doentio que o comum, mas exibia um sorriso no rosto, um sorriso sarcástico como sempre.

Perguntou-se se ela havia nascido com aquele maldito sorriso. Nunca a vira sem ele.

O perfume era uma mistura de folhas secas e vinho tinto. Sempre foi assim. Poderia ter adivinhado apenas pelo bálsamo que ela exalava antes mesmo de abrir a porta. Sua voz era suave, mas não chegava a ser doce, era decidida demais para ser meiga.

Cumprimentou-a com a cabeça e abriu mais a porta.

Rodolphus Lestrange, o marido, cabelos pretos e ligeiramente cacheados, olhos verde-musgo e uma expressão indecifrável. Mudara muito depois que casou, não costumava ser assim quando era apenas o namorado de Bellatrix. Sempre o via nas festas de família com um tradicional semblante de galanteador. Seu rosto exibia traços mais fortes, de poder.

Rabastan Lestrange, o mais novo, cabelos num corte perfeitamente simétrico e olhos verde-azulados. Mal-humorado. Nunca o vira sorrir, seu aspecto parecia petrificado na mesma expressão. Falava pouco, observava muito. Vivia à sombra do irmão mais velho, nunca teve brilho próprio.

- A que devo a honra da visita tão... inesperada? – perguntou indicando a sala que, poucos minutos atrás, havia quebrado a xícara.

- Viemos conversar. – respondeu a mulher.

Conversar. Cinco anos desde a última vez que se viram e nunca mais ouvira nenhuma notícia. O último evento em que se encontraram foi casamento da mais nova. Régulus não gostava de lembrar daquele dia, muito menos de lembrar de como Bellatrix olhava para ele.

Cinco anos depois ela batia às portas da sua casa, em uma noite fria de terça-feira, sem avisar, ladeada de esposo e cunhado para... conversar. Claro.

Monstro apareceu no momento em que escutou a voz dela, num gesto de servidão fez uma reverência exageradamente grotesca para o qual ela simplesmente lançou um olhar enojado. Jogou a capa e o delicado chapéu para ele, assim como Rodolphus e Rabastan.

- Continua apaixonado por você. – disse Régulus com um sorriso debochado.

- Tem bom gosto.

Era bom irritá-la. Era ótimo vê-la responder friamente.

- Então... como vão?

O olharam exasperados. O silêncio dominou o cômodo por três minutos, três longos minutos onde só o que se escutava era o barulho o relógio.

Régulus saboreou o constrangimento deles durante todo o tempo, saboreou porque sabia que depois daquilo iria ouvir coisas desagradáveis, insultos delicadamente disfarçados seguidos de alguma coisa séria.

Era perito em detectar momentos em que a tensão precedia uma notícia delicada, e, em geral, de caráter perigosamente fatal.

- Estamos bem, e você? – a voz dela era fria e superficial, obviamente não tinha o menor interesse na resposta.

- Nunca estive melhor.

Era extasiante ver a mesma veia da têmpora de seu pai saltar nela.

Tinha aquele sorriso nos lábios, a expressão de sempre, mas não estava como sempre. Não, ele reconhecia muito bem aqueles olhos. Eram iguais aos do seu pai, aos de Sirius, sabia quando a pupila dilatava sem motivo aparente escondia uma ponta de fúria contida.

- Tio Órion? Tia Walburga?

- Bem... – o sorriso alargou-se em seu rosto. – Na verdade eles não estão em casa agora, mas tenho certeza que eles ficariam surpresos em te ver novamente. Mamãe está com um início de gripe, pegou quando estava voltando da Rússia no mês passado e ainda não sarou complemente...
Rodolphus se mexeu desconfortável. Rabastan encostou-se no sofá ao lado do irmão. Estavam claramente incomodados. Talvez começasse a citar todos os chiliques da velha, assim eles teriam motivos suficientes para ir embora.

- Espero que esteja bem. – acrescentou Bellatrix rapidamente.

- Ah, vai ficar... e seus pais? Há muito não os vejo.

- Como sempre. – lacônica e direta.

Estava começando a ficar mais interessante ver seu aborrecimento. Se não fosse por um simples detalhe, somente um, sabia que eles não demorariam a se retirar arrumando uma desculpa qualquer. Mas não antes de conseguir controlar a curiosidade e agir com o cérebro, sua boca adiantou-se:

- Narcissa?

Ah... pode sentir ela se acomodar mais no sofá, pegou a taça de vinho trazida por Monstro e molhou ligeiramente os lábios. Aquele maldito sorriso no canto esquerdo dos lábios, os olhos com aquele brilho de que acabou de encontrar o ponto-fraco do inimigo.

Régulus forçou-se a acreditar que fez de propósito, que não foi tudo obra da sua falta de racionalidade momentânea. Sim... confiava que havia dado a vantagem a ela intencionalmente. Sustentou aquele olhar com a maior dignidade possível.

- Cissy está muito bem. – respondeu frisando aquele muito. – Lucius e ela são muito felizes.

Ponto pra ela. A mera menção do nome do marido da prima mais nova fez com que um músculo perto do olho esquerdo tremesse.

- Que bom. – replicou ele bebendo todo o conteúdo da sua taça.

Bellatrix nem de longe foi sua prima preferida. Nem a outra, da qual era proibido falar o nome.

Narcissa. Narcissa e sua cascata de cabelos loiros reluzentes e seus grandes olhos como duas águas-marinhas, Narcissa e seu nariz levemente arrebitado.

Narcissa da boca delicadamente úmida e dos traços aristocráticos.

Narcissa, a Black diferente. A prima que com sua graciosa fragilidade dominava seus sonhos de garoto.

Dos sorrisos contidos, da educação primada, dos olhares cúmplices.
Seu sonho de menino adolescente.

Bellatrix sabia. Sempre soube e fez pouco caso. Divertia-se.

Sabia porque ele era o único que não a olhava servilmente como os outros garotos. Esses olhares ele guardava para a mais nova, a que era sempre ofuscada por suas atitudes e pela beleza arrebatadora.

Narcissa era clássica. Bellatrix era exuberante.

Régulus gostava da mais nova e dos seus cabelos diferentes

Sentiu uma enorme vontade de saltar da sua poltrona e a voar no pescoço da mulher. Arranhar todo seu rosto de porcelana. Marca-lo para sempre. Faze-la sentir uma vaga idéia do que sentia quando ela propositadamente desferia aquele tipo de comentários.

Controlou-se. Não daria mais vantagens a ela, mas também não iria atacá-la. Seria um ato muito mais estúpido e a fortaleceria.
Poderia ter perguntado:

“E os filhos? Nada planejado ainda?”

Sabia que isso a irritaria profundamente. Mas ainda não era hora, guardaria para quando fosse realmente necessário.

- Iria sair? – perguntou ela indicando a cartola na mesa-de-centro.

- Iria.

- Sinto que nossa visita tenha estragado seus planos.

Régulus sorriu.

Mentirosa e dissimulada.

Não parecia ter sentido em estragar seus planos para a noite.

- Não importa. Não é nada que não possa esperar.

Pronto. Já era hora de dar um fim naquilo. Com um golpe de educação simulada mostrou que não estava feliz com a visita (se é que isso ainda não havia sido entendido) e que esperava que fosse rápida.

- Seremos breves então.

Oh... Rabastan cometeu o erro de ter dito que percebeu o comentário. Recebeu um olhar gelado de Rodolphus, mas Bellatrix apenas colocou a taça vazia na mesa.

Era óbvio que ela não se importava se o assunto que ele tivesse para resolver fosse de vida ou morte. E, claro, eles estavam esperando alguma coisa assim dele, de outro modo Rodolphus não teria fuzilado-o com os olhos.
Os malditos tinha planejado, haviam suposto que ele iria tentar se esquivar do assunto.

Claro. Sentiu vontade de bater na própria testa. Como era burro, abismalmente burro. Eles esperaram o Seu Órion e a Dona Walburga saírem de casa para falar com ele. Idiota. Alguma coisa de muito ruim estava por vir.

- Suponho que esteja a par dos acontecimentos mais recentes, Black. – começou Rodolphus inclinando-se para frente, assumiu um tom mais grave na voz.

- De certo que sim. A “Guerra”. Claro.

- Fico surpreso que uma família tão influente e importante quanto a sua não esteja envolvida mais diretamente...

- Diretamente? Você quer dizer que está chocado porque meu pai ainda não me mandou me juntar ao Lord?

- Precisamente. – respondeu sucinto.

Não, eles não gostaram da objetividade. Rodolphus principalmente, o mesmo olhar que lançara ao seu irmão anteriormente dirigia-se a ele.

- Eu esperava que Bella fosse capaz de responder. Não precisavam ter se deslocado até aqui... Bellatrix sabe, e muito bem, o porquê. Ela sabe que os Black não iriam se queimar com as pessoas do Ministério, sabe disso porque os pais dela não estão envolvidos... não tão diretamente.

- O fato é, Black, que hoje a imparcialidade é tão bem vista quanto a traição. – dessa vez foi Rabastan. O joguinho de espera tinha o deixado muito irrequieto, demais para os interesses deles.

- Rabastan, cale a boca. – disse Rodolphus entre dentes. Uma fúria incontrolável era notada naquela simples frase. Apesar de ter sido dita com a maior polidez possível.

“Rabastan é, literalmente, um idiota. Muito mais do que eu.”

Eles deviam ter ensaiado por algum tempo aquela visita, planejado como cercá-lo de todas as maneiras. E se não fosse a assombrosa burrice de Rabastan eles até poderiam conseguir, ele entregou o ouro.

Claro que com tudo o que Rodolphus disse, Régulus poderia supor o que estava por vir... supor, não era exatamente ter certeza, muito menos ter tempo de pensar nisso.

- É sobre isso que vieram falar. Querem que eu me junte ao “grupinho” do Lord.

- As coisas não estão fáceis lá fora, Régulus. Enquanto você brinca de ser príncipe, existem coisas realmente importantes com que se preocupar. Mais importantes do que o tipo de roupa você vai usar para ir ao seu bordel preferido em Berna.

Agora ela estava mesmo nervosa. De outro modo não teria vomitado as palavras com tanto raiva. Rodolphus só olhou-a desgostoso.

Régulus não sabia ao certo o que desencadeara aquela reação na prima. Poderia ter sido Rabastan e sua boca enorme, poderia ter sido o marido por mandar que ele ficasse quieto ou ainda talvez o seu comentário pejorativo sobre os seguidores do Lord.

Os dois, esposa e cunhado, poderiam ser considerados os culpados pela estratégia ter ido por água a baixo.

- Ah, Bella... por favor. Assim você me ofende. É claro que eu me importo com a limpeza que está sendo feita. Sou tão a favor do poder para os puro-sangue quanto você, sabe disso... Cresci escutando essa ladainha...

- Ladainha?

Realmente, Bella não era mais a mesma. Estava perdendo o controle com uma facilidade impressionante.

Ela se levantou ofendida e inclinou-se para frente, seu rosto exibia uma coloração rosada, a veia pulsava e suas mãos tremiam.

- Régulus, quando é que você vai deixar de ser um fracote que vive agarrado na barra da saia da mamãe? Isso é um assunto sério!

Mas não pode saber o que mais Bellatrix julgava ser sério, Rodolphus pousou a mão no seu braço e forçou-a, da maneira mais gentil possível, a voltar ao assento.

- Black, qual é a posição da família em relação a guerra? – perguntou ele.

- Como eu já disse antes, somos completamente a favor. Mas uma coisa é compartilhar da mesma idéia, outra totalmente diferente é assumir isso publicamente. E quando eu digo isso, é mais do que temos feito durante todo esse tempo. Os Black sempre apoiaram medidas para conter os sangues-ruins, isso é um fato, mas daí a se juntar a outros para matar trouxas...

- Você sabe que os comensais se mantêm incógnitos, não?

“Não se dependesse de Rabastan e Bellatrix...”

- Claro... mas mesmo assim, convenhamos que os aurores estão no encalço dos suspeitos.

- Suspeitos não confirmados. – replicou ele.

- Ainda assim suspeitos... – repetiu pausadamente.

Rodolphus Lestrange era, definitivamente, estranho. Mesmo contrariado ele não se mostrava vencido, muito pelo contrário. Quanto mais absurda era sua proposta, quanto mais se negavam a acreditar no que ele dizia, mais ele parecia são. Era inteligente demais para ser levado pelas emoções. Era preciso ter cuidado com o Lestrange mais velho.

- Ele diz isso porque o papai – disse Bellatrix com desdém – tem que aprovar o que quer que ele faça. Não virou homem ainda, não é dono do próprio nariz!

- Bella... – respondeu Régulus falsamente indignado.

- Acho que vamos. Não queremos que você se atrase para seu compromisso. – disse Rodolphus colocando sua taça de vinho na mesa.

Levantou-se com altivez, e deu a mão para que sua mulher fizesse o mesmo. Régulus e Rabastan se levantaram em sinal de respeito a ela.

- Muito obrigado pelo vinho e pela cortesia, Black. – continuou estendendo a mão a ele.

- O que é isso, Lestrange, somos praticamente da mesma família.

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N/a:. Ok crianças... agora a Tia Lara vai dizer pq nao postou antes
a Tia Lara passou praticamente uma semana inteira de cama, com febre, amidalite e conjuntivite.
Melhorou ontem... entao postou hoje, e espera obter comentarios para continuar escrevendo.
;D
sério gente, o espaço reservado para comentarios NAO é um buraco negro que vai sugar voce se vc resolver deixar um recadinho.
EU JURO.
muitas pessoas sobrevivem...
AUTORES ADORAM COMENTARIO...
siiim, eu quero saber o que voces estao pensando!
gostaram?
odiaram?
acham que ta tudo errado?
essas coisas...
um super-hiper-mega-ultra beijo pra quem comentou!
vcs fazer o meu dia mais feliz!
até a proxima...

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