A fornalha do Diabo



Música: Vangelis – La petite fille de la mer

Capítulo I – A fornalha do Diabo

“Quando eu era pequeno, costumava colocar o ouvido sobre o tampo da mesa do meu quarto e escutar os barulhos esquisitos que vinham de lá. Com o tempo elaborei uma teoria: aqueles eram os barulhos do inferno.

Não do inferno em si, mas da fábrica do inferno, o lugar onde os pequenos servos do Diabo fabricavam as coisas... todo tipo de coisas, mas principalmente objetos de tortura e armas.

Que meu quarto ficava no 3° andar da casa não tinha a menor importância, eu estava convencido que o que escutava era a fornalha do inferno.

Tinha que ser a fornalha, nunca escutava gritos ou lamentações ou choros angustiados. Parecia que trabalhavam noite e dia forjando as peças em metal.

Me sentia como um espião, eu era o único no mundo que sabia que o Diabo tinha uma fornalha, uma fábrica, e onde ela era. Exatamente embaixo da mesa do meu quarto. Não, não no lavado do andar de baixo, mas embaixo da casa, minha mesa era um portal onde eu escutava tudo.

Nunca disse para ninguém. Eu sabia onde o Diabo fazia suas armas e não dizia para ninguém. Mentia para mim mesmo que, se contasse as pessoas não acreditariam, mas na verdade eu não queria que ninguém soubesse. Só eu poderia saber, assim, quando o mundo estivesse no caos, guerra profunda, apocalipse e alguém dissesse que precisávamos atacar o coração do inimigo eu diria:


- Eu sei onde eles fabricam as armas.

E num golpe de triunfo, atacaríamos e venceríamos. E eu seria conhecido como “O Homem que Salvou o Mundo”. Todo mundo iria me adorar, seria a pessoa mais poderosa em cima e embaixo da terra. E respeitado, muito respeitado.

Era inevitável meu olhar superior aos pobres mortais que não sabiam de nada. Não que eu os achasse uns vermes ou que não fossem merecedores da minha companhia, mas eles não sabiam o segredo que salvaria a humanidade da catástrofe, enquanto que eu, eu seria o redentor.

Os anos passaram, e não aconteceu o Armageddom. O Diabo não invadiu a superfície com seus escravos para aterrorizar as pessoas, mas eu nunca deixei de verificar (sempre que lembrava) meu portal.


No meu aniversário de 11 anos eu fiz a última tentativa. Fui até o meu quarto enquanto todos festejavam nos jardins e, como de costume, coloquei meu ouvido direito sobre o tampo da mesa. Lá estavam eles, trabalhando como sempre, incansáveis. Bati com força e a mesa estremeceu, era a primeira vez que eu ousava fazer isso, mas já era hora de eles entrarem em guerra.

Eu não queria necessariamente causar o sofrimento das pessoas, mas seria famoso com a guerra, eu libertaria as pessoas do tormento. Já havia aprendido que, durante a história da humanidade, sempre tem aqueles que precisam ser sacrificados por um bem maior.

Eu precisava me tornar um homem conhecido e respeitado.

Não pareceu surtir efeito, eles continuaram trabalhando. Os barulhinhos não pararam nem por um minuto. Minha paciência se esvaiu, eu tinha completado 11 e se não salvasse o mundo agora, talvez estivesse velho demais para quando isso acontecesse.

Bati mais uma vez, com mais força. Nada.

Em um surto de irracionalidade e fúria eu subi em cima da mesa e pulei nela três vezes. Ela partiu-se em duas. Meu portal tinha se quebrado.


- O que houve? Por que não esta na festa, primo? – perguntou aquela criatura angelical.

Minhas mãos tremeram e minha respiração, já alterada, tornou-se ainda mais acelerada. Comecei a me sentir tonto. Apontei para os meus pés, mas a voz falhava ao tentar arrumar uma desculpa plausível.


- Reparo – disse aquela voz harmônica ao tirar a varinha das veste com uma graciosidade impressionante.

E em um segundo lá estava minha mesa inteira. Olhei-a ainda constrangido, não sabia o que dizer se ela me perguntasse por que eu tinha pulado em cima da mesa.

Mas ela não perguntou. Sorriu para mim, aquele sorriso meigo e doce e disse com a voz que embalava meus sonhos:


- Vai ser nosso segredo, ok? – e piscou lentamente o olho direito com cumplicidade.

Ah, aqueles grandes olhos azuis que pareciam refletir o céu em uma tarde quente primaveril. Concordei com a cabeça. Naquele momento eu percebi que concordaria com tudo o que aqueles olhos me pedissem.

Ela fez um sinal para acompanhá-la e eu saí, não antes de lançar um olhar desgostoso à mesa.

Nunca mais voltei a tentar escutar os barulhos malditos.”


~*~*~*~*~*~~
N/a: Bom... a fic vai funcionar da seguinte maneira:
_nao vai ser escrita em primeira pessoa apesar desse cap, ele eh mais como uma introduçao... todo o resto vai ser narrado em terceira pessoa
_geralmente vou colocar uma musica antes do cap como sugestao, nao que faça aqueeeeeela diferença, mas eu acho q influencia um pouco
_ja vou deixar avisado que nao sei com que frequencia vou atualizar, tenho outra fic no ar que esta beem no meio, e vou precisar dar prioridade a ela.
Mas nao consegui me aguentar... precisava postar essa, estava meio pronta a um tempinho, mas ficava protelando pq ter duas fics pra atualizar nao eh facil (ainda mais eu q vivo demorando)..

Preciso colocar uns creditos aqui... à minha grande colaboradora e amiga Alex
ela tem me ajudado pra xuxu, tanto nessa quanto na outra.
palmas pra garota... ela tem uma santa paciencia pra ler meus emails, cuidar da fic dela e me dar sugestoes...
thanks!
o/*\o

escrevi tudo isso esperando estar falando com alguem...
se estiver alguem ai do outro lado lendo... POR FAVOR RESPONDA.
pra dizer q esta bom... q nao esta... q eu deveria jogar isso no lixo...
seu computador nao vai pifar se voce gastar 30 segundos pra escrever alguma coisa no quadrinho no fim da pagina da fic...
bjuus

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