Conversa em dia



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Ron ia ficando mais branco do que Nick-Quase-Sem-Cabeça conforme as palavras eram digeridas. Isso não estava certo... não poderia estar. Claro, a criança parecia com ele, mas ele não via Hermione há 2 anos, então a menos que ela tenha engravidado e não contado à ele, ela estava mentindo.

Na verdade, de onde quer que a situação fosse vista, Hermione havia mentido sobre o bebê. Harry sabia? Todos estavam rindo dele pelas costas?

Era coisa demais para Ron; correu para o vaso mais próximo para vomitar. Ouvindo isso, Molly, Harry e Ginny entraram na sala para ver o que estava acontecendo.

“Vejo que contou a ele,” disse Molly, observando seu filho mais novo arruinar seus lírios.

Hermione retraiu-se com os sons e respondeu, “Sim.”

Hannah olhou curiosa para sua família, imaginando o que estava acontecendo. Não era comum homens estranhos saírem correndo vomitando.

“Mamãe, ele tá dodói?” a jovem bruxa perguntou, puxando a barra da saia de sua mãe.

Hermione mordeu os lábios. “Hum, Ginny, você poderia levá-la para a cozinha e dar-lhe algo para comer, por favor?”

Seria melhor se ela conversasse com Ron a sós; Hannah não precisava ouvir o linguajar que Hermione sabia que Ron usaria. Ginny assentiu e abaixou-se para pegar a sobrinha.

“Não, não a leve!” Ron disparou. Limpou a boca e levantou-se, trêmulo. "Por favor."

Ginny hesitou e olhou para Hermione.

“Não quero que ela ouça coisas erradas de você. Ela tem o costume de repetir tudo o que ouve,” Hermione explicou séria.

“Repetir, repetir, repetir!” Hannah cantarolou antes de cair na gargalhada.

Hermione notou um pequeno sorriso ameaçando aparecer no rosto de Ron, mas assim como esse pensamento veio, o sorriso se foi.

“Viu?” disse Hermione, arqueando uma sobrancelha. Acenou para Ginny, que rapidamente dirigiu-se para a cozinha, Harry e Molly logo atrás.

A jovem mãe suspirou e sentou no sofá, ajeitando a saia. Olhou para Ron, que andava de um lado para o outro e com o rosto corado. “Gostaria de sentar?” perguntou timidamente.

Ron parou e a olhou como se ela estivesse maluca. “Como é que é?” perguntou.

“Sentar, para que a gente possa conversar,” Hermione respondeu, tentando manter-se calma.

“Conversar?” disse Ron, cuspindo a palavra como se fosse uma coisa suja. “O que você... Merlin! Isso é típico de você,” disparou, decidindo que fingir calma estava fora de cogitação.

“Típico? Ter um filho seu é típico?” Hermione perguntou, cruzando os braços. Ron já havia dito algumas coisas estúpidas na vida, mas essa vencia todas.

“O que? Não,” Ron disse, sacudindo a cabeça. “O que é típico é que as coisas sempre tem que ser do seu jeito.”

“As coisas não têm sempre que ser do meu jeito,” a morena retrucou, sentindo-se ofendida.

“Sim, elas têm!” gritou Ron. “Você me escondeu isso por quanto tempo? Dois anos?” seu rosto estava esquentando e sua voz aumentando conforme falava.

“Eu ia te contar.”

“Quando? Quando ela se formasse em Hogwarts?”

Hermione podia sentir as lágrimas se formando em seus olhos, mas estava determinada em não mostrar fraqueza. “Você não sabe o quanto eu quis te escrever contando. Foi uma decisão muito difícil.” disse, baixando a voz.

“Uma decisão difícil? Você teve a chance de me contar, ou não. Como diabos isso pode ser difícil?” Ron gritou, seu rosto endurecendo ao olhar para a antiga namorada com indignação.

Hermione levantou para encará-lo, seus olhos faiscando. “Se eu tivesse te contado, você teria voltado para casa, não teria?” perguntou, colocando as mãos no quadril, assim como a Sra Weasley fazia com Ron quando ele a aborrecia.

Arqueando as sobrancelhas, ele respondeu, “Que droga, eu teria.”

“Então você entende porque eu não podia te contar? Você teria voltado para casa sem carreira e provavelmente iria trabalhar em algo sem futuro e seria infeliz pro resto da vida,” Hermione argumentou. Seu olhar suavizou e ela continuou, “Ser um Auror era seu sonho, e eu tinha que te deixar vivê-lo.”

Não muito certo do que responder, Ron abriu a boca e a fechou novamente, pensativo. Finalmente, após um momento de silêncio, ele respondeu, “Você poderia ter me contado e dito para não voltar pra casa... todas aquelas cartas e nada.”

“E você teria me escutado?” Hermione perguntou, já sabendo a resposta. Sorriu significativamente ao ex-namorado, e sentou novamente no sofá.

Desta vez, Ron juntou-se a ela. Ele parecia ter se acalmado. “Bem... tudo bem, acho que entendo porque você não me contou,” disse, seu rosto vermelho agora rosa de embaraço.

Por um tempo eles permaneceram em completo silêncio, ambos pensando no que dizer a seguir.

Ron limpou a garganta, chamando a atenção de Hermione antes de perguntar em voz baixa, “Como ela se chama?”

A simples pergunta fez seu coração disparar. “Hannah,” respondeu.

Ron umedeceu os lábios e acenou a cabeça. “Ela se parece comigo?”

“Claro,” ela respondeu, sorrindo para o pai de sua filha. “Ela tem o seu sorriso, seu temperamento e tenho certeza de que você percebeu, suas sardas e cabelos.” baixou os olhos para suas mãos, que estavam em seu colo. “Sempre que olho para ela, vejo você.”

A raiva e choque de Ron estavam diminuindo, e uma onda de novas emoções as substituía. Ele ainda sentia raiva por ter sido enganado, mas uma parte dele a compreendia. Estava claro pela expressão de Hermione que guardar este segredo havia sido muito doloroso, e ele não podia imaginar o que ela havia passado nesses dois anos. A outra parte dele sentia-se triste; ele havia perdido etapas importantes da vida de sua filha- seu nascimento, primeiros passos e primeira palavra.

“Lamento que tenha tido que fazer isso sozinha,” Ron disse, sentindo-se culpado. Ele entendera porque descobrira somente agora, e não 24 meses atrás, que era pai, mas isso não o impedia de sentir-se culpado por não estar lá.

“Eu não estava completamente sozinha,” Hermione admitiu, levantando o olhar. “Estou morando aqui, sua mãe tem ajudado muito.”

“E quanto ao trabalho? Você me escreveu contando que estava trabalhando no Ministério,” Ron parecia meio confuso.

“Trabalho em casa. Mando os relatórios por coruja e vou ao escritório por uma hora ou um pouco mais por dia,” explicou.

“Parece que você não precisou de mim, no fim das contas,” o ruivo disse, soando um pouco magoado.

Hermione negou com a cabeça. “Crianças precisam dos pais, nós precisamos, sim, de você,” disse, olhando nos seus belos olhos castanhos.

“É coisa demais pra assimilar... ”, Ron disse, esfregando o pescoço. A única preocupação que ele tinha essa manhã era em apresentar Miranda, e agora ele era responsável por outro ser humano! De repente seu rosto empalideceu e seus olhos se arregalaram.

“O que foi?” Hermione perguntou, segurando a mão direita de Ron, preocupada.

Ron puxou a mão e levantou num pulo. “Miranda! Eu- eu preciso contar à ela,” disse, em pânico. Como ela iria reagir? De todas as maneiras que ele imaginou apresentá-la à sua família, ter de explicar a sua namorada que ele tinha uma filha não era uma delas.

Subiu as escadas de dois em dois degraus, deixando Hermione com o pressentimento de que poderia ter sido melhor.

Depois que Ron desapareceu nas escadas, Hermione entrou na cozinha para finalmente relaxar.

“Pelo barulho, aposto como ele não reagiu muito bem?”

“No início não, Molly, mas acho que ele está bem agora,” explicou, sentando ao lado de Harry que fitava Hannah espantado, observando-a tomar a mamadeira.

Harry virou-se para a amiga. “Ela é linda. Simplesmente...” procurou uma palavra para descrever o quão linda era a criança, mas não conseguiu encontrar uma.

“De tirar o fôlego?” Ginny, que estava do outro lado de Hannah, sugeriu.

“É,” concordou. Voltou-se para Hannah, cuja mamadeira estava agora caída ao seu lado. A pequena piscou e inclinou-se, pegando os óculos de Harry.

“Bigada,” disse, colocando-os na cabeça. Harry piscou algumas vezes até seus olhos se acostumarem à claridade.

“Desculpe não ter lhe contado, Harry,” Hermione desculpou-se, olhando novamente para suas mãos.

“Tudo bem, Ginny já me explicou tudo. Entendo porque você fez o que fez. De qualquer maneira, estar aqui agora e ver Hannah compensa tudo,” acariciou os cachos ruivos da garotinha.

“Onde está Ron?” Molly perguntou, pegando a mamadeira vazia, e com um rápido toque de sua varinha, limpou-a e a guardou no armário.

“Foi falar com a Miranda,” Hermione respondeu, fazendo uma careta. Viu a expressão de Molly endurecer quando esta fechava a porta do armário.

“Sinto muito,” Harry disse de repente, evitando olhar para as amigas. “Eu devia ter avisado vocês que o Ron ia trazê-la, mas ele disse para eu não falar nada.

“Oh, não é sua culpa, querido,” Molly assegurou-o, dando um leve tapinha em seu ombro.

“Não importa, Harry,” disse Ginny. “Depois que o Ron contar à ela sobre essa preciosidade, ela provavelmente irá embora.” ela mostrou a língua para Hannah, que riu, ainda achando os óculos de Harry divertidos para brincar.

“Talvez, mas eu a conheço ha dois anos e ela é bem compreensiva. Nunca fica sem graça.

“Ótimo,” Hermione disse sarcástica, apoiando o queixo na mão.
“Já estou até imaginando,” disse Ginny. Limpou a garganta e imitou um sotaque irlandês. “Oh, que bebê lindo! Ela é a sua cara, Ronald! Quando nós nos casarmos, serei a madrasta dela! Não vai ser demais?”

Isso fez com que Harry risse alto, Molly transformasse sua risada em tossidas e Hermione se endireitasse na cadeira, em pânico.

“Eles não vão casar, vão?”

“O que? Não, mas dê alguns meses e ela vai ter o Ron vestido com sua melhor roupa, praticando o ‘eu aceito’,” disse Harry suspirando. Ele olhou para embaçado ruivo que era Ginny, por um momento, antes de perceber que ela o olhava também desviou o olhar, corando levemente.

“Por que você se importa tanto, Hermione?” perguntou Ginny. Virou-se para Hannah e pegou os óculos de Harry, ajudando-o a colocá-los de volta. “Pensei que já tivesse esquecido Ron.”

“Bem, já, claro! Eu não quero que a Hannah tenha uma madrasta, só isso,” Hermione respondeu rapidamente, corando. Isso era verdade, ela não queria uma madrasta para sua filha, mas além disso, não queria que Ron namorasse mais ninguém. Ela pensou que poderia lidar com isso quando o dia chegasse, mas vê-lo novamente hoje trouxe de volta a lembrança dos bons momentos que tiveram juntos.

“Claro, tudo bem,” Ginny disse. Ela não acreditava na amiga, mas mesmo que Hermione admitisse que queria voltar com Ron, não tinha nada que ela pudesse fazer.

“Gostaria de um pouco de chá, Harry?” perguntou Molly, mudando de assunto.

“Sim por favor, com duas colheres de açúcar,” disse Harry. Olhou para a cozinha. Era exatamente do jeito que ele lembrava, exceto pela receita na panela, mamadeiras no armário, e algumas fotografias de Hannah espalhadas. “Então, o que aconteceu enquanto estive fora, que eu ainda não sei? Fora o nascimento da Hannah, claro.”

As garotas pensaram por um momento; a vida social delas estava parada desde que Hannah nascera. Elas raramente falavam com outras pessoas além de Neville e Luna.

“Erm, Neville está indo bem no St Mungo’s, estão deixando ele atender os pacientes- com supervisão, claro,” disse Ginny, tentando lembrar o que mais Luna havia lhe dito no trabalho.

“Obrigado,” Harry agradeceu quando Molly lhe passou o chá. “E quanto ao Remus?” perguntou, preocupação transparecendo em seu rosto. Com o tempo, Harry aceitou a morte de Sirius e lentamente aprendeu a lidar com isso. Remus, por outro lado, estava levando mais tempo para aceitar. Ele passara doze anos odiando o cara e teve apenas dois anos para recuperar o tempo perdido. Perder James e Lily tão jovens foi doloroso para Remus, mas aquele dia no Ministério foi algo completamente diferente.

A expressão de Hermione suavizou gradativamente enquanto respondia. “Melhor, aparentemente. Ele é o padrinho da Hannah e a adora. Faz com que ele saia de casa.” O último desejo de Sirius foi que Remus ficasse com o Largo Grimmauld nº 12 e um terço de sua fortuna- os outros dois terços foi dado à Harry e aos Weasleys.

Harry sorriu; estava contente que Remus estivesse melhor. Os primeiros meses foram duros para ambos. Dando o último gole no chá, Harry levantou-se.

“É melhor eu ir ver como ele está.”

As três mulheres o acompanharam até a lareira.

A Sra Weasley deu-lhe um abraço apertado, dando-lhe as boas vindas adequadas. “Você virá amanhã, não é, querido?”

“Não faltaria por nada,” respondeu, abaixando-se para pegar suas malas. Ginny foi mais rápida e pagou-as para ele. Fez um movimento para abraçá-lo, mas no último minuto desistiu e, ao invés disso, estendeu-lhe a mão.

“Até mais, Harry,” disse calmamente. Harry assentiu em resposta.

Virou-se para Hermione, que lhe deu um beijo no rosto. “Cuide-se, e mande lembranças ao Remus.”

“Darei,” assegurou. Harry voltou-se para a escada e gritou para Ron, “Ei, vocês dois! Estou indo.” Não houve resposta, mas imaginou que eles estivessem ocupados discutindo sobre a paternidade recém descoberta de Ron. Após um rápido aceno para Hannah, aparatou no Largo Grimauld.

“Tchau, tchau!” disse Hannah quando ele desapareceu com um pop.

Hermione respirou fundo. A hora de enfrentar Ron e Miranda juntos havia chegado.

“Que comece a festa,” sussurrou para si mesma ao subir as escadas.



Capítulo dedicado à Eduardo Ferreira Cardoso, que tão cedo nos deixou, mas que estará sempre em nossos corações. Lov u cousin!

E aí, personas? Demorou, mas chegou... não esqueçam de comentar e votar.

Próximo capítulo: Só o que tenho a dizer é: "Preparem seus Avadas".

bye bye

see ya

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