QUANDO NEM TUDO É O QUE PARECE

QUANDO NEM TUDO É O QUE PARECE



A poeira que levantava acumulava na lataria do carro alugado.
Seu coração batia descompassado. A ansiedade lhe deixava mais agitada do que nunca. Iria ver sua família. A tensão desse fato lhe deixava mais desperta do que qualquer antidepressivo.
Ginny olhava ao redor e o pasto sem fim alcançava o horizonte.
“Será que estou no caminho certo?”
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- Ah, não, Harry!
Um homem gargalhava.
Harry Potter, sentado numa mesa de escritório, encarava aquele homem com raiva. O homem se curvava e levava as mãos aos olhos para enxugar as lágrimas no rosto. Lágrimas de tanto rir.
- Isso, isso mesmo! Ria do meu infortúnio!
- Ah, Harry, desculpe, mas...
Outro homem aparece, tendo outro cara atrás dele.
O primeiro diz:
- Vai, Malfoy, agora repete pro Valtinho ouvir.
- Porra, Valter, você precisa ouvir o que esse zero à esquerda do Potter fez...
Harry revira os olhos. De novo. Draco Malfoy ia repetir pela décima-quarta vez, o vexame que ele deu numa balada em que estiveram em Londres.
Como se não pudesse ouvir, ele observava os três: Malfoy, Valter e Ron. Os três gargalhando efusivamente. Ron ria tanto que estava vermelho como seu cabelo. Malfoy fazia gestos, provavelmente imitando Harry. E Valter ouvia com um sorriso de orelha a orelha, com os braços cruzados no peito, prestando ainda mais atenção.
- ... e aí, ela olhou para ele, com uma cara, meu... como se ele fosse o cara mais imbecil da face da terra...
“Que humilhação!” – Harry pensa, levando as mãos aos olhos.
Draco continuava contando, e então, Valter de repente, se curvou para o chão, com as duas mãos na barriga.
“Meu Deus, ele tá tendo um ataque!”
Mas Valter se levantou, e Harry viu. Viu que o mais novo Auror do Departamento estava realmente tendo um ataque. Mas tendo um ataque de tanto rir.
- Chega! – Harry berrou.
Os três olharam para ele, ainda rindo, com os olhos molhados de tanto gargalhar.
- Por favor, Draco. Não precisa me humilhar mais. Eu sei, tá?! Eu tava bêbado e fiz papel de idiota. Agora chega.
- Desculpa, cara, mas foi muito engraçado! – ele volta a rir.
Um homem entra no escritório.
- Posso saber o motivo de tanta risada?
Os quatro se viram, parando a risada na hora, a ouvir aquela voz.
- É o Potter, senhor. – responde Valter.
O Auror-chefe, Sr. MacCussick olha para Harry, muito serio.
- É a história do viado vestido de hippie?
Os três voltam a gargalhar. Harry fecha os olhos, e abaixa a cabeça a balançando sem ação.
- Potter, acho que vou te mandar pra Azkaban. Uma semana lá iria te fazer bem. Ao menos, daria o tempo pra todo mundo do departamento esquecer disso.
Harry o olha chateado e sem graça. Dá uma risadinha fraca, irônica.
- É o seguinte. – continua o chefe. – Você nos dá licença, Valter?
- Claro. – e sai.
- Vocês sabem que nós estamos tendo problemas nos Estados Unidos. Toda a história da Lei Anti-bruxa. E o Ministério da Magia Americano nos pediu ajuda. Preciso mandar três agentes. E resolvi mandar meus melhores. Então vão vocês três.
- Pros Estados Unidos? – pergunta Ron.
Sr. MacCussick afirma com a cabeça.
- Quando? – ele pergunta de novo.
- Em alguns meses.
- Mas senhor, minha mulher está grávida, e...
- Não se preocupe, Weasley. Não vai ser tão rápido.
- Qual vai ser nossa missão? – pergunta Malfoy.
- Ainda não sabemos. O responsável pela missão, o Sr. Dylan não quis me dar detalhes. Mas sei que é algo sigiloso e perigoso. Mas relaxem, isso vocês tiram de letra, certo?
Os três se entreolham. E confirmam.
- Ótimo!
Uma mulher com um enorme barrigão de 7 meses, entra no escritório.
Sr. MacCussick a olha e a cumprimenta.
- Sra. Weasley, como vai indo essa criança?
- Muito bem, sr. MacCussick.
- Já sabe o sexo?
- É uma menina.
- Meus parabéns, Weasley! – ele se dirige para Ron.
- Obrigado, senhor.
- Com licença. – diz ele saindo.
Ela entrega uma pilha de pastas para Harry.
- Tomaram bronca, rapazes?
- Não. – eles respondem em uníssono.
- Então por que essas caras de assustados?
- Hey, Granger. Nós vamos para os Estados Unidos!- exclama Malfoy, que sempre a chamava pelo sobrenome de solteira.
Hermione arregala os olhos.
- Estados Unidos?
- É, pra uma missão do MMA. – diz ele novamente.
- O Ministério da Magia Americano? Quando?
- Não se sabe, talvez em alguns meses. – Harry responde.
- Mas... mas... – ela diz chateada. – Eu não... não vou poder ir.
- Ah, meu amor... – diz Ron.
Hermione fecha o rosto, realmente triste. Falta pouquíssimo tempo para ela dar a luz. E mesmo que a missão seja em seis meses, o bebê vai estar muito pequeno para ela estar em campo.
Ron a abraça.
- Deixa pra lá. – diz ela.
- Com licença, caras. – diz Malfoy olhando o relógio. – Já é uma da tarde. E tem uma gata me esperando para almoçar. – diz ele sorrindo, rindo da cara de Harry. – A gata amiga do hippie do Potter.
Hermione segura o riso.
- Porra, Mione, até você.
- Desculpe!
- Então, bom almoço pra vocês. – diz Malfoy. - E pra senhora também, Sra. Weasley.
Ele diz sorrindo, e sai.
Hermione balança a cabeça.
- Bom Harry, você vai ter que se acostumar.
- Me acostumar a ter todo mundo rindo da minha cara?
- É, quem mandou você beber até ter um queda por UMA hippie? Quer dizer UM hippie?
Ron volta a rir.
- Cala boca, Ron. Se não, eu vou azarar você.
- Tente.
- Tenho duas noticias: uma boa ou uma ruim. Qual vocês querem ouvir primeiro?
- A ruim. – responde Harry ao mesmo tempo que Ron responde:
- A boa.
- Bom, a ruim, é que vocês vão ficar sem a minha companhia. Eu entro em licença-maternidade hoje.
- Nossa, como vou viver sem a sua ajuda, Mione? – brinca Harry.
- E a boa?
Hermione levanta as sobrancelhas.
- Não é boa.
- Você disse que era boa. – diz Harry confuso.
- Não é boa, - ela repete com ênfase. – é maravilhosa.
- Diz logo, Mione. – Ron fica irritado.
- Recebi uma coruja da minha digníssima sogra.
- O que você quer dizer com isso? – pergunta Harry.
Hermione dá uma risadinha de prazer.
- Ginny está na Toca.
Os dois arregalam os olhos.
- O que? – dizem ao mesmo tempo.
- Chegou hoje de manhã.
Eles começam a sorrir.
- Tá falando serio, Mione? – pergunta Ron.
Harry fica serio. Não vê Ginny há três anos. E ainda por cima, a viu de relance. Ela estava diferente, nem falou com ele. Será que dessa vez, podia vê-la direito?
- Ela veio pra ficar?
- Er... parece que não. Parece que ela pegou uma semana de férias.
“Uma semana.” Era tempo suficiente para conversarem. Pra se entenderem. Para ele explicar tudo o que tinha acontecido no passado.
Mas a questão era: será que ela queria explicação?
X

Ginny se empanturra de doce com três crianças. Um menino ruivo de aproximadamente quatro anos, um menino loiro de quase cinco anos e uma menina ruiva de uns dois anos. Respectivamente, Liam, primeiro filho de Ron e Hermione; Charlie e Megan, filhos de Gui e Fleur.
- Ah, mãe, eu adoro Alfajor. É o meu doce favorito. – Ginny berra para Sra. Weasley, com os dedos e a boca suja de chocolate. – Vocês não amam chocolate?
Os três chacoalham as cabeças concordando, rindo a beça.
Ginny se diverte.
- Alguém quer brincar com a Tia Ginny?
Os três se levantam da mesa. Eles correm até a sala. As crianças sentam no chão, e Ginny enfeitiça um ursinho. O urso de pelúcia começa a andar sozinho.
Ginny faz um movimento com o dedo indicador e uma música dançante começa a se espalhar pela sala. Ela tira a bota de couro e começa a dançar, sendo seguida pelo ursinho, que faz o mesmos passos que ela.
Liam, Charlie e Megan riem, achando tudo maravilhoso.
Ginny rebola, dá pulinhos, mexe os braços e os pés ao mesmo tempo. Tendo todos os seus movimentos seguidos pelo ursinho, e seguidos de perto pelos olhos dos sobrinhos.
A porta se abre e com a musica muito alto, ninguém a escuta.
Entram Ron, Hermione e Harry, observando aquela estranha cena: Ginny e o Ursinho dançando.
Ginny toma um susto tão grande ao vê-los, que tudo pára, a musica e o feitiço no urso o fazendo despencar no chão.
- Meu Deus, que susto!
- Ginny! – Ron grita. E ela corre para abraça-lo. Ele a rodopia no ar. – O que que se precisa fazer para tê-la aqui sempre?
- Preciso responder?
Hermione se aproxima.
- Hey, cunhada!
- Mione! – e se abraçam.
Harry a observa de longe. Observa seus movimentos, seu corpo, sua desenvoltura.
Ginny veste uma calça de couro justa e um blusa decotada, mostrando a tatuagem nas costas. Usa também um rabo de cavalo, delineando seu pescoço.
Harry agora percebe que Ginny está olhando para ele.
Ela o olha fixamente, como se pudesse atravessá-lo.
Se ela soubesse, o quanto ele tinha sonhado com aquele momento.
- Como vai, Ginny?
- Muito bem. E você Harry?
- Ótimo.
- Que bom. Fico feliz. – diz ela sorrindo.
“É aqui que começa o jogo!” – pensa ela, sem tirar os olhos dele. – “Você não perde por esperar, Harry Potter!”

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N/A: Bom, se vocês acharam Ginny muito cruel. Ainda não viram nada.
PS: Agradecimentos mais que especiais a Nani Potter, por ter me deixado fazer isto. Obrigado!!!!!

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