Doces-Amargas Lembranças



A noite ia chegando vagarosamente na Rua dos Alfeneirosa. A casa de nº4 estaria vazia, se não fosse por uma mulher que que preparava o jantar. Aquele dia havia sido quente e monótono, como era de costume. Valter Dursley ainda não havia chegado do trabalho. Duda Dursley ainda estava no colégio, e Petúnia Dursley era a única que ali se encontrava.
Petúnia mexia vagarosamente o cozido que preparava. Seu olhar se mantinha fixo na janela, contemplando o nada. Pensamentos e mais pensamentos vagavam por sua mente. Aos poucos ela foi recordando algo que havia tentado esquecer por muitos anos. A imagem de sua irmã Lílian apareceu claramente em sua cabeça. Uma cena que ela tentara apagar de sua mente voltara mais clara que nunca. Ela podia ver o sorriso de Lílian. Quando ainda eram crianças, Petúnia adorava fazer Lílian sorrir. Um sentimento que Petúnia afastava com rancor durante anos cravou-se agora forte em seu peito. Era a saudade.
Outra cena se projetou em sua mente. Fazia um dia frio de inverno. A campainha da casa nº 4 da Rua dos Alfeneiros, tocou. Uma Petúnia jovem e bem apanhada chegou a porta e abriu. Havia um casal ali fora, em frente à sua porta. A mulher que tinha em seu rosto um sorriso que Petúnia conhecia bem. Era Lílian. De repente, um Valter jovem, porém gordo, se posicionou atrás de Petúnia.
-Quem está aí Petúnia? – disse Valter.
Ao ver o casal parado à porta, o rosto de Valter ficou lívido, mas logo ele continuou: -Petúnia, o que sua...sua...sua irmã faz aqui? E este homem? O que está acontecendo?
-Não vai nos convidar para entrar, minha irmã? – disse a jovem Lílian ainda com o sorriso no rosto.
Petúnia tinha uma expressão de espanto no rosto. Por um momento ela pareceu recuperar a voz e disse: -Sim...claro...entre, digo...entrem...
O rosto de Valter ficou mais lívido do que antes, mas ele decidiu não falar nada, porque não queria chamar atenção dos vizinhos.
-Olá Valter! Tudo bem? – disse Lilan.
-O que? Ah, sim...tudo...bem – disse Valter, agora voltando à sua cor normal.
-Sentem-se – disse Petúnia
Lílian e o rapaz que a acompanhava se sentaram. Petúnia e Valter também fizeram o mesmo.
-Petúnia, por que você não me responde mais as cartas?
-Ah, então essa é a explicação para essas corujas malditas que vivem voando por aqui? – disse Valter olhando severamente para Petúnia, que por sua vez, ignorou o olhar do marido.
-Eu...ahm...não tenho tido...tempo – disse Petúnia num tom de desdém.
-Petunia, você ainda está...ainda está magoada? Pensei que já tivéssemos resolvido esse assunto... – disse Lílian.
Foi então que Valter fez menção de abrir a boca, mas foi interrompido por Lílian:
-Ah...que cabeça a minha. Quase me esqueço...Petúnia, Valter, esse é Tiago James Potter, meu namorado. – Lílian apontou para o rapaz que estava ao seu lado, que até então, ninguém havia dado atenção.
-Ele é um...um...
-Um bruxo, você quer dizer. Sim sou bruxo. Muito prazer! – disse Tiago, interrompendo Valter.
–Vamos nos casar daqui a duas semanas e queremos convida-los. Será uma cerimônia simples, só para os mais íntimos. Será na Sala Comunal da Grifinória, nossa casa em Hogwarts...queremos que vocês... – Lílian foi subitamente interrompida.
-Obrigado, mas não poderemos ir. – disse Valter, encarando Petúnia
-Mas Valter...Petúnia, eu... – disse Lílian
-Muito obrigado, mas não! – disse Valter começando a corar.
-Bem... – disse Lílian com uma foz fraca –Espero que mudem de idéia. Aqui está o convite, caso...
Valter pegou o convite e colocou-o na mesa de centro com desdém. Tiago estava se segurando para não enfeitiçar Valter. Durante toda aquela conversa ele apertara varias vezes sua varinha, que estava no cós da sua jeans, mas achou, pelo bem de Lílian, não fazer nada.
-Petúnia, temos uma coisa muito séria e importante a falar – dise Lílian com um ar muito sério. – Algo terrível está acontecendo, estamos sendo...

DING DONG...

Petúnia foi arrancada de seus pensamentos com o barulho da campainha. O susto fora grande. Ela foi até a porta e abiru.
Do lado de fora estava parado um garoto que parecia muito abatido e pálido. Os cabelos estavam desajeitados. As roupas pareciam velhas e rasgadas. Petúnia fitou os olhos do garoto. Eram olhos verdes, olhos que Petúnia conhecia bem. Mas esses olhos não tinha a alegria costumeira. Estavam opacos e cansados. Ali estava Harry Potter.
-Harry...digo...o que você faz aqui? – disse tia Petúnia tentando esconder um certo tom de preocupação.
-Dumbledore está morto. – disse Harry num tom abatido e seco.
-O que? Dumbledore...como? porquê? Quando? – disse tia Petúnia num tom de desespero que Harry nunca havia visto. Mas ele nem ligara. Só estava ali para uma coisa.
-Só vim lhe avisar que estou indo embora. Não voltarei mais pra cá. E...muito obrigado por tudo... – Harry fez um esforço para o “muito obrigado” parecer convincente.
-Mas, Harry, você...você não pode...você ainda...
Mas tia Petúnia foi interrompida pelo tio Valter. Ele havia chegado e correu para perto de Petúnia muito lívido.
-Petunia, o que esse muleque faz aqui? Como... – cuspiu Valter com aspereza.
-O ...Obrigado por tud...tudo – O maior esforço que Harry já fizera para dizer muito obigado. – Adeus.
Então Harry se virou e foi carregando seu malão, parecendo muito abatido e desnorteado. Petúnia ficara estática, sem nenhuma reação. Não sabia o que fazer. Tio Valter ficara de boca aberta e muito surpreso ao ouvir o “muito obrigado” de Harry..
Harry foi se afastando e entrou atrás de um grande arbusto que havia a cinquenta metros da casa do Tio Valter. Harry olhou para trás mais uma vez e viu a casa nº 4, onde os tios estavam parados feito estátuas, com um misto de saudade e rancor. Aquela casa podia representar algo ruim para ele, mas era ali que ele vivia e esperava pelo incio das aulas em Hogwarts, no tempo em que Dumbledore ainda era vivo. Harry respirou fundo e foi para trás do arbusto onde se certificou de que ninguém o olhava e então...

CRAC!
Harry aparatou. Ele já havia aprendido a aparatar. Não muito bem, mas estava melhorando. No instante seguinte ele chegava a um lugar onde tinha algumas das melhores lembranças da vida dele. Ele Chegara ao jardim d´A Toca.
Assustados com o barulho os moradores daquele lugar saíram todos pra fora para ver o que havia acontecido. Harry viu o sr. e a sra. Weasley, Rony, Gina e, muito surpreso, viu também Hermione. Aquilo foi um analgésico para sua dor. Por um momento as icertezas ficaram para trás. Ele estava diante das pessoas que ele amava. Pessoas iguais a ele. Mas o sorriso de Harry foi diminuindo aos poucos ao ver que nos rostos à sua frente não se encontrava um sorriso e braços abertos, mas incerteza e espanto.
-Harry querido, o que...o que você está fazendo aqui? – disse a sra. Weasley com cara de preocupação.
-Harry! – disseram juntas Mione e Gina, ambas com a mesma cara da sra. Weasley.
-Cara, você não deveria estar na casa dos seus tios? – disse Rony espantado.
-Sim – disse Harry. –Mas decidi ficar aqui com vocês, se não for encomodar, estou me sentindo um pouco...
Mas Harry foi imediatamente interrompido pelo sr. Weasley:
-Harry, você não pode ficar aqui! Você tem de voltar...
Harry não estava entendendo. Ele pensou que ali acharia repouso e descanço e que todos ficariam felizes em vê-lo. Mas viu o contrário. Ninguém fora lhe receber. Ninguém se importava com o que ele estava sentindo. Só queriam que ele voltasse para a casa dos seus tios.
-Harry, você poderia ficar,você sabe que você sempre será bem-vindo, mas... – disse a sra. Weasley quando foi interrompida por Harry:
-Eu entendo. Me desculpe...se vocês não me querem aqui eu não vou ficar. Eu me ajeito em algum lugar. Adeus.
-Não Harry, você não está entendendo... – disse a sra. Weasley com um tom de desespero ao ver a reação de Harry, mas foi interrompida pó um barulho.

CRAC

Harry havia aparatado. A sra. Weasley levou as mãos à boca em sinal de despero. O sr. Weasley ficou perplexo e desesperado. Todos não sabiam o que fazer. Harry não podia andar sozinho por aí. Dumbledore não estava mais aqui para defende-lo. Voldemort estava à sua caça mais do que nunca. Ele precisava da proteção da casa dos seus tios.
-Vamos chamar Olho Tonto, Remo e Tonks! –disse o sr. Weasley. – Precisamos deles!
No mesmo instante, Harry sentiu o frio de um lugar que conhecia bem, a rua estava escura e deserta. Ali era o único lugar do qual não o iriam enxotar, afinal, a casa era sua. Ele chegara ao Largo Grimmauld Place, nº 12. A velha sede da Ordem da Fênix.

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