A namorada de Draco Malfoy



Hermione sentou-se na frente de Lúcio no escritório. Era um aposento que ela teria gostado em outras circunstâncias, já que era lotado de livros, do chão ao teto. O fogo estava rugindo na lareira, e Lúcio tinha puxado duas poltronas de dentro de lá: uma para ele, outra para Hermione.

Não havia nenhum lugar para Harry se sentar, então ele ficou em pé ao lado de Hermione.

- Então, Lilá..._ Lúcio estava falando. Seus dedos estavam coçando seu queixo e ele estava sorrindo, mostrando assim seus dentes afiados. Hermione achou que ele ficava melhor aborrecido – Como você conheceu meu filho? Quero saber o que uma bela garota como você viu em Draco.

Que babaca esse homem é, pensou Hermione furiosamente.

- Várias garotas gostam de Draco_ ela disse suavemente – Ele é muito popular.

- Você também está na Sonserina?_ perguntou Lúcio

- Não._ Hermione disse rápido, não só porque estava revoltada com a idéia de estar na Sonserina, como também temia que Lúcio achasse estranho Draco nunca a ter mencionado nos últimos seis anos. Por outro lado, ela também não podia dizer que estava na Grifinória – Estou na Corvinal.

- Então você deve ser muito inteligente._ disse Lúcio

Hermione não sabia o que dizer, então não disse nada. Harry limpou sua garganta.

- Ela é a melhor aluna de nosso ano, pai.

Lúcio virou seus olhos para Harry, depois olhou de volta para Hermione. Era como se Harry não estivesse lá.

- Estou feliz que você está aqui, Lilá._ disse Lúcio – Você veio em boa hora. Coisas ótimas estão acontecendo na Mansão Malfoy. Na verdade, muitos amigos meus estão chegando esta tarde e eu estou planejando uma pequena recepção. Eu presumo que você vá participar, não vai?_ seus olhos pararam em Harry_ Como a .... namorada de Draco?

Lúcio disse “namorada” como se fosse uma palavra que ele não dizia há trinta anos.

- Eu não... tenho nada... para vestir._ disse Hermione, arregalando os olhos, surpresa

Os olhos de Lúcio examinaram Hermione, de seus jeans surrados e sua camiseta, para seu cabelo, que estava começando a ondular nas pontas (já fazia um tempo desde a última vez que ela se lembrou de usar sua Poção do Alisamento) e pelas suas botas batidas.

- Você é miúda e esbelta._ ele disse, e agora ela definitivamente não gostava do olhar no rosto dele. A mão de Harry apertou o ombro dela bruscamente – Como minha mulher._ continuou Lúcio suavemente – Tenho certeza de que ela pode te emprestar alguma coisa. Draco!

- Sim?_ disse Harry, que agora tinha as manchas vermelhas de Draco quando fica com raiva nas maçãs do rosto - O quê?

- Vá até sua mãe._ disse Lúcio – Pergunte a ela se ela pode trazer um vestido para sua jovem amiga aqui. Eu acho que Lilá ficará encantadora em algo... lilás!

Lúcio sorriu. Ele provavelmente se achava divertido. Não parecia que Harry havia concordado. Ele olhou de Lúcio, violentamente para Hermione, que deu a ele um sorriso desesperado. Vá, ela mexeu os lábios para ele, Eu vou ficar bem.

- Está bem!_ disse Harry. Ele se virou para ir, e então, virou de volta rapidamente, e disse no ouvido de Hermione, alto o suficiente para Lúcio ouvir – Volto logo, querida!

- Claro que sim!_ ela disse fracamente

Seus olhos encontraram os de Harry. Os olhos dele estavam cheios de aflição, raiva, e algo mais. Sem avisar, ele se inclinou e a beijou na boca.

Foi um beijo rápido e meticuloso, e Hermione quase não teve a chance de perceber o que estava acontecendo. Ela fechou seus olhos e se entregou ao beijo, mas Harry já a tinha soltado. Por um segundo, ele olhou dentro dos olhos dela, e ela podia jurar que estava olhando para os olhos verdes de Harry, e não para os acinzentados de Draco... ele estava muito Harry naquele momento.

Então ele se levantou e virou-se para Lúcio.

- Eu já volto!_ ele disse, virou-se e deixou o aposento

Logo que a porta fechou atrás dele, o coração de Hermione foi à sua boca. Ela sempre sentiu que podia encarar qualquer coisa enquanto estivesse com harry... mesmo com Draco, estava tudo bem, já que ele tinha a aparência de Harry... mas encarar Lúcio Malfoy sozinha a deixava doente de estômago.

- Então, Lilá..._ disse Lúcio, sorrindo por todo o seu pálido e pontudo rosto – Você ainda não me contou como conheceu Draco.

- Quadribol_ ela disse rápido – Você sabe que ele é apanhador da Sonserina, e eles estavam jogando contra a Grifinória e ganharam, e depois do jogo, eu fui parabenizá-lo por vencer Harry Potter. Então ele me chamou para sair.

Os olhos de Lúcio lampejaram com a menção ao nome de Harry.

- Você conhece o garoto Potter?_ ele perguntou

- Todo mundo conhece Harry Potter._ disse Hermione, honestamente

- Ele é seu amigo?

Hermione respirou fundo.

- Não_ ela disse. E machucava, em algum lugar debaixo de suas costelas, dizer que não era amiga de Harry, mesmo isso sendo uma mentira. – Ele é horrível para Draco. Então eu não gosto dele._ ela respirou fundo de novo – E ele é o Inimigo, não é?

Agora o sorriso de Lúcio se alargou.

- Eu estava certo em dizer que você era inteligente._ ele disse – Então você está do nosso lado?

- Ah, claro! Draco me explicou tudo, e tudo faz sentido. Quando... quando o plano for posto em ação, aqueles que forem leais serão recompensados.

- Está certo. E você é um daqueles leais...Lilá?

- Sou leal a Draco._ ela disse solidamente

- Você é?_ ele perguntou pensativo – Venha aqui por um minuto, minha querida. Eu gostaria de te mostrar algo. _ ele se levantou e caminhou até as estantes de livros. Hermione seguiu-o. Ele pegou um livro grosso cujo título era Elaborações Essenciais de Bruxaria e o abriu, vasculhando as páginas – Você já viu esse livro antes?_ ele perguntou

- Não_ disse Hermione, e ela pressentiu que se ela tivesse procurado por esse livro na biblioteca de Hogwarts, ela o acharia na seção restrita.

- Olhe para isso_ disse Lúcio, olhando afetuosamente para o livro – É a maldição Lacertus. Uma forma muito avançada de bruxaria, na qual um braço de metal feito de Magia Negra é transplantado ao braço de um humano vivo.

- Com qual propósito?_ perguntou Hermione

- Quando o braço de metal é transplantado para um ser humano, ele se torna uma arma poderosa, seleta e mágica arma. Em resumo, seu toque destrói qualquer pessoa que não tenha sangue mágico.

- Mata trouxas._ disse Hermione categoricamente

- E sangues-ruins._ disse Lúcio – Tem mais efeito desse modo.

Ela olhou para ele. Ele parecia feliz, como se estivesse mostrando para ela a fotografia de uma begônia que ele plantou, e não uma arma aterrorizadora.

- O senhor vai usar essa maldição em Harry Potter._ ela disse vagarosamente

- Não eu, pessoalmente_ disse Lúcio, fechando com o livro com um estalo – Voldemort. Eu vou, é claro, ajudá-lo.

Ele estava olhando ela daquele jeito de novo. O olhar que ela não gostava. Hermione andou para trás e esbarrou na parede quando Lúcio começou a andar até ela.

- Uma vez que a maldição Lacertus está nele, nosso Mestre irá enfeitiça-lo com a maldição Imperius (obriga a pessoa a fazer algo). Imagine como irá ser, o grande Harry Potter andando por aí, usando Magia Negra para massacrar trouxas e mestiços. Muitos irão correndo para Voldemort para pedir proteção. E ele dará, mas com um preço.

Eles estavam contra uma das estantes agora, e Lúcio colocou uma de suas mãos em um lado do torso dela, prendendo-a contra a parede. Ela estava entre e a desesperada necessidade de empurrá-lo e a igualmente desesperada necessidade de ouvir mais sobre o que planejavam fazer com Harry.

- Por que Harry?_ ela perguntou, e rapidamente se corrigiu – Por que Harry Potter? Por que Voldemort simplesmente não o mata e põe o braço metálico em outra pessoa... alguém que ele não tenha que colocar sob a maldição Imperius?

- Para começar, porque a maldição Lacertus é fatal._ disse Lúcio – Suga toda a energia de seu portador e o mata vagarosamente. Então Harry irá morrer, mas morrerá servindo ao nosso Mestre. Uma ironia que eu com certeza vou adorar. Agora fique quieta, sua garota idiota, estou tentando te beijar!

Hermione ficou pasma.

- Mas o senhor é o pai de Draco!_ ela falou

- E por esse motivo, numa posição perfeita para te garantir que você é boa demais para ele!_ disse Lúcio trivialmente

- O senhor nem me conhece..._ disse Hermione tirando as mãos dele dela

- Isso_ disse Lúcio – Já vai mudar.

E ele tentou alcançá-la de novo, dessa vez agarrando-a fortemente na cintura. Hermione tentou dar uma cotovelada nele, mas ele escapou ligeiramente. Ele era muito rápido.

Alguma coisa passou pela cabeça de Hermione, balançando seu cabelo.

TAC!

- AAAII!_ berrou Lúcio

Ele cambaleou para trás, colocando uma mão em sua têmpora, que estava ensangüentada. Um pesado castiçal de bronze havia voado pelo ar e atingido a cabeça de Lúcio com uma força impressionante.

- Quem jogou isso?_ Lúcio olhou em volta violentamente – Onde você está?

Outro objeto navegou pelo ar: um peso de papel de porcelana em forma de lagarto. Lúcio esquivou-se e o peso de papel atingiu a parede atrás dele.

Hermione percebeu que estava sorrindo.

Draco.

- O senhor tem um poltergeist, senhor Malfoy?_ ela perguntou bem alto, para sobressair-se ao barulho de vidro quebrando, porque um alguém invisível havia jogado a bandeja de drinques no canto.

Lúcio disse inúmeras palavras grosseiras. Era fácil perceber de onde vinha o grande vocabulário de xingamentos de Draco

Elaborações Essenciais de Bruxaria de repente voou pelo ar e foi na direção da cabeça de Lúcio. Ele puxou Hermione, colocou-a na sua frente, como um escudo. O livro a atingiu no ombro, e caiu no chão.

- Ai!_ ela reclamou, desaprovando, e olhando para Lúcio

Ele estava pálido e suava muito, e ele tinha uma mão sobre seu próprio peito. Por um momento, Hermione achou que ele estava tendo um ataque cardíaco. Então ela deu-se conta de que ele estava protegendo algo perto de seu punho.

O escritório estava silencioso. Ela pressentiu que Draco tivesse perdido o controle, nesse ponto.

Lúcio baixou suas mãos e Hermione viu algo brilhar no peito dele. Ela ia dizer alguma coisa, quando ela percebeu que Lúcio estava olhando depois da cabeça dela, para a porta. Ela seguiu o olhar dele e viu Harry e Narcissa parados na entrada. Harry estava olhando para ela com aflição. Narcissa estava sem emoção.

- Eu trouxe o vestido que você me pediu, Lúcio._ ela disse.

Ela estava segurando um tecido dobrado.

- Obrigado!_ disse Lúcio com uma calma incrível, considerando que ele tinha acabado de ser atacado por forças ocultas e que suas têmporas ainda estavam sangrando.

Nesse momento, ele colocou sua mão na cabeça, e Hermione viu de novo a coisa brilhante no peito dele.

Era um pingente de vidro redondo, preso a um cordão de prata. O vidro era muito transparente, e no centro dele, Hermione podia ver algo suspendido. Algo como... um dente.

Estranho, ela pensou. Mas de todo modo, Lúcio não era esquisito?

Pelo aposento, seus olhos encontraram os de Harry. Me tire daqui, ela pensou para ele com força.

Harry andou a largos passos até ela e pegou sua mão.

- Eu acho que Lilá deve quere descansar antes da recepção._ ele disse – Posso levá-la para..._ ele parou, parecendo embaraçado. Ele estava quase dizendo “meu quarto”, mas Lúcio e Narcissa não pareciam o tipo de pais que deixam a namorada de seu filho adolescente dormir no quarto dele.

- O quarto dela?_ Lúcio completou – Não. Sua mãe pode acompanhá-la. Eu preciso de você por um instante, Draco.

Harry olhou para Hermione desamparado.Ela apertou a mão dele e caminhou até Narcissa, que imediatamente virou-se e saiu do escritório. Hermione foi atrás dela. Narcissa não disse uma palavra até que elas chegaram a uma estreita porta de carvalho, que ela abriu, revelando um pequeno quarto. O quarto tinha as paredes de pedra que Hermione já tinha acostumado-se a ver na Mansão malfoy, mas a colcha da cama era bonita e tinha o desenho de flores azuis.

- Esse é o seu quarto._ disse Narcissa. Ela entregou a Hermione o tecido dobrado, que era frio e suave ao toque - E esse é o vestido.

- Hã... Obrigada!_ agradeceu Hermione

Narcissa olhou para Hermione, considerando.

- Espere!_ Narcissa disse, e então ela saiu do quarto e voltou um minuto depois carregando um par de elegantes sapatos prateados e uma caixa – Eu achei que você poderia querer isso._ ela disse – E a recepção é às quatro.

Ela saiu de novo, desta vez fechando a porta atrás dela. Curiosa, Hermione abriu a caixa. Parecia ter cosméticos lá dentro. Esquisito, ela pensou. A maioria das bruxas usava o Feitiço Enrubescedor de Lábios e similares.

Ela colocou a caixa e os sapatos sobre a cama e começou a tirar sua camiseta. Então, algo ocorreu a ela. Ela abaixou seus braços vagarosamente.

- Draco?_ ela falou – Você está aqui?

Não houve resposta, mas Hermione sentiu uma espécie de silêncio culpado de um lugar perto do armário.

- Eu sei que você está aqui!_ ela disse – Eu preciso me vestir!

- Então se vista!_ falou a voz de Draco, num tom abafado – Eu não me importo!

- Malfoy!_ ela disse ameaçadoramente

- Ah, está bem!_ disse Draco, e ele de repente apareceu perto do armário, segurando a capa em uma mão, e sorrindo – Você quase...

- Eu não fiz nada quase._ disse Hermione – Agora vire para a parede!

Grunhindo, ele virou-se. Mantendo um severo olhar nele, Hermione tirou seus jeans e camiseta, e pôs o vestido. O tecido era muito rico e pesado, e sem dúvida, muito caro. Ela sentiu frio contra sua pele, ela amarrou o cordão, e inclinou-se para afivelar os sapatos. Finalmente ela se levantou e balançou o cabelo.

- Pronto!_ ela disse

Draco virou-se. Sue queixo caiu.

- Hermione_ ele disse – Você está linda!

- Estou?_ ela perguntou espantada

- Vá se olhar no espelho!_ ele disse apontando para a penteadeira perto da cama.

Hermione caminhou até lá e se olhou no espelho. E enrubesceu. Ela nunca entendeu porque garotas como Lilá e Parvati conseguiam gastar tanto dinheiro em roupas, mas agora ela entendia. O belo e pesado tecido refletia na luz como água e o profundo tom lilás combinava perfeitamente com sua morenice (embora, ela pensou, não combinaria de jeito nenhum com a verdadeira Lilá, que era totalmente loura). O vestido grudava nas partes certas e servia tão bem nela, que Hermione se perguntou se era encantado. Não que ela ligasse. Ela girou em frente ao espelho e viu a saia cintilar.

- Uau!_ ela exclamou

Draco estava sentado na cama assistindo Hermione. Ela podia vê-lo refletido no espelho. Ela sentou-se na penteadeira, tirou uma escova da caixa de Narcissa e começou a pentear os cabelos. Ela ainda podia ver Draco pelo espelho. Ele estava deitado contra os pilares da cama.

- Você deveria ser batedor, e não apanhador._ ela disse – Você tem um ótimo braço para arremessar.

Draco riu.

- Eu não posso acreditar que bati na cabeça de meu pai com um castiçal!

- Eu fiquei muito feliz que você estava lá.

- Você ficou?_ perguntou Draco. Ele estava tentando parecer indiferente, mas sua mão esquerda estava batendo na sua perna ansiosamente com sua varinha – Eu vi que Harry te beijou. Eu achei que você tivesse gostado...

- Ele só estava mostrando ao seu pai que ele, você sabe, tinha pretensões com Lilá._ disse Hermione silenciosamente

- Não funcionou, funcionou?_ perguntou Draco, batendo com a varinha mais rápido

- Draco..._ ela virou-se e acariciou-o no rosto

Ele tirou a mão dela de perto.

- Está bem. Eu sei que ele é um cretino, o meu pai.

Ela sentiu muita pena dele, mas não soube o que dizer.

Eles ficaram em silêncio por um instante. Então ele disse:

- Você acha... que quando voltarmos para a escola... vamos continuar a ser amigos?

- Quando o efeito da poção passar, você sequer vai querer_ ela falou

Draco não parecia convencido com isso.

- Eu acho que eu vou querer sim. E além do mais, você não está sob o efeito de uma poção.

- Draco, nem tem muita aula para nos preocuparmos. Já é junho!

Draco ficou, de repente, muito interessado no cadarço de seu sapato.

- Talvez eu possa te visitar no verão, então._ ele disse

Hermione deixou sua escova cair.

- O quê?

- Se você não tiver nada para fazer...

- O quê?_ ela perguntou de novo

Agora, ele parecia irritado: um pouco do antigo Draco lampejou em seus olhos, Garoto Intitulado, como Parvati costumava chamá-lo.

- Você está dizendo que não quer que eu vá?_ ele perguntou

Uma imagem rebelde e súbita apareceu na cabeça de Hermione, de Draco, sentado em sua mesa de jantar, entre sua gorda tia Matilda e seu surdo Grande tio Stuart, ambos contadores. Eles estavam tentando cativar Draco numa conversa sobre Wimbledon, e Draco, parecendo muito deslocado vestido com vestes pretas e chapéu pontudo, não estava nem prestando atenção. Finalmente, ele puxou sua varinha, e transformou todos que estavam à mesa em sapos.

A imagem rebelde passou e Hermione disse:

- Draco!Você irá odiá-los! Eles todos são trouxas!

- Tudo irá correr bem!_ ele disse compactamente – Eu tenho muito bons modos!

Uma imagem igualmente vívida passou pela cabeça dela, desta vez de Draco com a família dela nas habituais férias na praia de Brighton. Draco estava vestindo calções de banho (será que ele tinha calções de banho? Será que ele ao menos tinha joelhos?... ela nunca os tinha visto) e desdenhosamente recusando o refresco que a mãe dela havia oferecido. “Vamos lá, você irá gostar!”, disse a mãe de Hermione. Draco puxou sua varinha e a transformou num sapo.

Você está ficando louca, Hermione, ela disse para si mesma. Ela virou-se de sua cadeira e olhou para Draco.

- Olha_ ela disse – Se nós voltarmos para a escola e você ainda quiser me visitar no verão, então, sim, você pode.

Ele se alegrou.

- Sério?

- Ah, claro!_ disse Hermione, imaginando que em setembro, sua família inteira estaria comendo moscas

- Harry já te visitou no verão?_ perguntou Draco, neutro

- Sim_ disse Hermione – Mas ele já está bastante acostumado com trouxas e meus pais realmente o adoram, então..._ela percebeu a expressão de Draco – Você podia parar de ficar falando no Harry?_ ela disse asperamente – Ele é o meu melhor amigo, e acho que você tem algum tipo de problema com isso...

- Aquele beijo que ele te deu no escritório não era um beijo de melhor amigo!_ Draco falou asperamente

- Eu te disse que ele estava só fazendo uma cena para o seu pai!

- Você pode dizer isso para você mesma, Hermione!_ disse Draco – Mas eu aposto que você adorou o beijo, não adorou, Hermione?

- Ah, cale a boca, Malfoy!

- Você gostou do beijo?

Ela jogou a escova na mesa, e isso fez um barulho.

- Sim! Eu gostei!

- É emlhor você manter sua mente em alerta!_ ele disse com uma raiva aguda – Nós somos bruxos, e não mongóis!

- Eu vou gravar isso na cabeça para o caso de eu decidir casar com um de vocês.

Eles olharam ameaçadoramente um para o outro.

- Você sabe o que eu quis dizer._ ele disse sombriamente

- Talvez eu não saiba_ disse Hermione, indelicada – Talvez você precise explicar!

Draco apenas a encarou e ela encarou de volta. Ela sempre pensou que só Harry podia cuidadosamente exasperá-la assim, mas aparentemente, esse não era o caso.

- Eu não sou sua namorada._ ela disse – E nem de Harry. E eu devo dizer que NENHUM DE VOCÊS indicou que querem ser meu namorado. Então se eu resolver fugir... fugir com... Neville Longbottom, isso é problema MEU, e não de nenhum de vocês!

Draco parou de encará-la e começou a rir histericamente.

- Você realmente quer fugir com Neville Longbottom? Porque Hermione Longbottom é um nome horrível!

Hermione sentiu sua boca se contrair num sorriso relutante. Draco estava atrás da cadeira dela, agora. Ambos os rostos estavam refletidos no espelho, lado a lado. O cabelo escuro dele estava arrepiado para todos os lados, parecia que ele não podia controlá-lo assim como Harry não podia. Nós combinamos tanto, ela pensou, para depois sentir uma bolha de culpa e confusão viajar de seu estômago até seu peito. Se distraia!, ela disse a si mesma e começou a vasculhar a caixa de cosméticos de Narcissa.

Bateram na porta do quarto; esta se abriu, e Harry entrou. Hermione não podia acreditar no quão cansado ele parecia estar. Ele tinha olheiras e ele parecia ainda mais pálido do que Draco geralmente estava. Mas ele sorriu quando a viu.

- Oi!_ ele disse

- Harry!_ ela falou – Você está bem?

- Agora estou!_ ele respondeu – E você?

- estou bem!_ ela disse, levantando-se.

O resultado disso foi bastante inesperado. Harry parecia que tinha acabado de ser atingido por algo muito pesado na cabeça. Ele deu um passo para trás, literalmente, e olhou para ela.

- Hermione..._ Harry disse, e seu tom parecia o de Draco uns instantes atrás – você... está...

- Sim?_ ela disse

Mas Harry não parecia ter mais nada a dizer. Ele só olhou.

- Bem, eu acho que isso livrou-se dele por um instante_ disse Draco para Hermione – Nós devemos voltar à nossa conversa?

É isso, Hermione pensou. Não importa o que acontecer, eu vou ficar com esse vestido. Lúcio Malfoy vai ter que abrir meus frios dedos mortos antes que eu concorde em devolvê-lo.

- Claro!_ disse Hermione

- Sobre o que estávamos falando?_ perguntou Draco

- Hogwarts, uma história_ disse Hermione, sorrindo

Isso tirou Harry de seu transe. Ele olhou para Draco espantado.

- Você leu Hogwarts, uma história?

- Por que isso é um grande feito?

Harry não parecia muito agradado.

- Se você não sabe por quê, não sou eu quem vai te contar._ Harry disse

Draco olhou para ele friamente.

- Você não pode ir à recepção assim, Potter!_ ele disse – Você parece que deitou e dormiu nas suas roupas!

Harry fez uma cara mal-humorada para Draco.

- Me desculpe se eu não sou elegante o suficiente para você, Malfoy._ ele falou asperamente – Eu estou um pouco cansado. Eu passei os últimos sessenta minutos ao seu infeliz pai a arrumar o seu escritório idiota. O escritório que você bagunçou.

- Eu acho que não devia ter bagunçado o escritório_ disse Draco, com falso arrependimento – Eu devia ter me sentado e deixado ele TIRAR A ROUPA DE HERMIONE E ESTUPRAR ELA NA MESA!_ ele berrou a última parte, e Harry esquivou-se com surpresa

Os olhos de Harry viraram-se imediatamente para Hermione.

- Isso é verdade?_ ele perguntou, nervoso

Hermione mordeu seu lábio e fez que sim com a cabeça.

- Eu vou matar ele!_ disse Harry sem tom – Quando nós tirarmos Sirius daqui, eu vou voltar e matar ele. Se eu não puder usar o Avada Kedavra (feitiço fatal) nele, eu vou arrancar a cabeça dele com uma dessas espadas de esgrima idiotas!

Hermione estava muito chocada para dizer qualquer coisa. Ela nunca viu Harry assim, nunca. Isso a assustava.

- É meio rude_ disse Draco – Falar em matar meu pai quando eu estou na sua frente, não é, Potter?

- Você vai tentar me impedir, Malfoy?_ perguntou Harry – Eu não te aconselharia a isso.

Draco, que estava deitado na cama, levantou-se vagarosamente e sentou-se.

- E eu te aconselho a deixar isso passar._ Draco disse. Sues olhos estavam brilhando de raiva agora – Hermione está bem.

- Ela não está bem!_ disse Harry – Malfoys estão querendo agarrar ela o dia todo, como ela poderia estar bem?

- F***-se, Potter!_ disse Draco, levantando-se e puxando sua varinha.

Harry fez o mesmo. Hermione rapidamente se colocou no meio deles, se sentindo profundamente ressentida com toda essa situação.

- EU ESTOU BEM!_ ela berrou – EU ESTOU PERFEITAMENTE BEM! SÃO VOCÊS DOIS QUE TÊM UM PROBLEMA!

- Eu não tenho um problema!_ disse Draco. Ele tinha no rosto um sorriso horrível, que fazia Hermione olhar incrédula: ela nunca havia visto uma expressão como essa no rosto de Harry, isso era tão bizarro para ela quanto se ela tivesse visto Lúcio Malfoy dançando salsa no saguão – Ele tem um problema.

- Pelo amor de Deus!_ disse Hermione com repugnância, pegou sua varinha do bolso e disse – Expelliarmus!

As varinhas dos dois pairaram nos ares e Hermione as agarrou. Eles olharam para ela espantados.

- Agora_ ela disse – se vocês quiserem começar a matar um ao outro, vocês vão ter que fazer isso com o antiquado derramamento de sangue. Se bem que eu aconselho que vocês evitem pisar no meu vestido enquanto vocês se atacam, ou danificá-lo de qualquer outra forma, porque se vocês fizerem isso, aí sim, haverá Magia Negra neste quarto. E será feita por mim.

Draco estava sorrindo de novo, mas era um sorriso muito mais agradável desta vez.

- Tudo que você quiser!_ ele disse

Mas Harry não estava sorrindo. Hermione olhou para ele, e o que ela viu fez seu estômago sacudir. Ele estava muito pálido, ainda mais pálido do que Draco geralmente estava, e seu cabelo louro platinado estava grudado em sua testa em mechas suadas. Ele estava respirando, inseguro.

- Harry_ ela disse em alerta – Você está bem?

Harry balançou a cabeça e sentou-se subitamente no chão. Hermione sentou-se ao lado dele, e ele agarrou os punhos dela e os segurou bem firme. Nenhum dos dois se mexeu por muito tempo. Então, Harry se levantou, cadavericamente pálido, mas se não fosse por isso, normal. Ele disse, então:

- Eu preciso me vestir para a recepção. Volto logo!_ e deixou o quarto, fechando a porta atrás dele

- Ele está ficando maluco!_ disse Draco categoricamente, assim que a porta fechou

- Não_ disse Hermione, se levantando – Ele só está sentindo coisas que ele nunca sentiu antes, e ele não sabe como lidar com isso. Harry não está acostumado a sentir ódio, ele não odeia as pessoas. Ele não odeia sequer você._ ela adicionou, com o espectro de um sorriso

- Fala sério!_ disse Draco – Com certeza, ele me odeia!

Hermione balançou sua cabeça.

- Eu devo estar perdendo meu estilo._ disse Daco, e como ela não sorriu, ele adicionou, mais sério – Ele não é um santo, Hermione.

- Não._ disse Hermione silenciosamente – Ele é só a pessoa mais corajosa que eu já conheci.

Draco não disse nada depois disso. Ele se sentou silenciosamente na cama e depois de algum tempo, Hermione sentou-se a seu lado e colocou sua cabeça no ombro dele. Ele colocou sua mão sobre a cabeça dela, e meigamente fez carinho no cabelo dela.

- Hermione..._ ele começou

- Sshhh!_ ela disse – Eu não estou fazendo o tipo. Eu só estou fazendo isso porque nesse momento, eu quero. Está bem?

- Claro!_ ele disse – Está bem!



**



A festa estava horrível, assim como Hermione havia esperado. Aconteceu em um dos enormes e gelados salões de festa, e todo o aposento estava cheio de Death Eaters em vestes pretas. Ela era a única pessoa do sexo feminino lá, além de uma enorme mulher vestida com cetim preto, cuja risada parecia com o rangido de um misturador de argamassa.

- Essa é Eleftheria Parpis_ disse Harry no ouvido de Hermione – Eu vi ela tendo uma rapidinha com o Lúcio na sala de visitas.

- Argh!_ enojou-se Hermione

Harry sorriu. Ele parecia um tanto restabelecido. Ele parecia um pouco pálido, do contrário perfeitamente recomposto, e vestido em uma das elegantes vestes de gala pretas de Draco. Vários Death Eaters pararam para cumprimentá-lo, e ela podia dizer que ele estava fazendo um bom trabalho fingindo que conhecia a todos, mas muito calmo e frio. De fato, muito do jeito do Draco.Isso era estranho, ela pensou, ela sempre odiou Draco demais para reparar que ele era bonito, não importava o que Lilá e Parvati dissessem. Mas agora ela podia ver isso; na verdade, ela percebeu que, no sentido clássico, Draco era muito mais bonito do que Harry podia sonhar ser. Não era a beleza que fazia seu estômago sacudir, como Harry fazia, mas ela reconhecia que havia a beleza.

- Lúcio é algum tipo de tarado sexual, eu acho._ ela sussurrou no ouvido de Harry

- Deve ser_ disse Harry – Além do mais, ele tentou fazer aquilo com você, não foi?_ ele começou a ganir uma risada e Hermione bateu nele, brincalhona

- Será que não tem nada para comer?_ disse Hermione, olhando esperançosa para os lados

- Eu não sei_ disse Harry – Eu acho que Lúcio quis reunir a todos para contar sobre o seu mais novo plano diabólico. Eu não acho que ele esteja planejando alimentá-los.

- Você acha que podemos dar uma fugidinha?_ perguntou Hermione, esticando o pescoço para examinar a multidão

Em algum lugar na parede, Draco estava em pé, embrulhado na capa da invisibilidade. Hermione havia explicado os detalhes do plano de Lúcio aos garotos, e eles haviam decidido ir pegar Sirius o mais rápido possível. Eles esperavam que durante a confusão da festa, eles pudessem dar uma fugidinha até a sala de visitas e descer até o calabouço pára resgatar Sirius. Porém, não havia tido uma brecha na qual ela e Harry pudessem dar a “fugidinha”.

- Nós podíamos tentar!_ disse Harry – Se eles nos pegarem, vão achar que nós só estamos querendo ficar sozinhos para namorar.

- Viva aos hormônios adolescentes!_ disse Hermione – Vamos nos agarrar atrás de uma tapeçaria!

- Não me diga!_ disse uma voz atrás dela

Era Lúcio. Hermione pulou de susto e ruborizou. Eleftheria Parpis estava com ele; ela estava olhando para Hermione com um olhar maternal.

- Quem pode te censurar, querida?_ ela perguntou – Draco está ficando muito bonito. Assim como seu pai._ ela adicionou, olhando para Lúcio com um jeito que causava náuseas

- Uh!_ exclamou Hermione

- Lilá só estava brincando

- Claro!_ disse Lúcio, com um sorriso no boca, mas que não alcançava os seus olhos. Hermione pressentiu que ele ainda estava irascível com a aversão que ela teve às tentativas dele – Eleftheria, esta é Lilá Brown, a namorada de meu filho.

Hermione sorriu educadamente para Eleftheria.

- Boas notícias, Draco._ Lúcio continuou – Harry Potter foi visto no Parque Malfoy pelo dono da Estalagem Natal Gelado. Ele acabou de me enviar uma coruja.

- Isso são boas notícias!_disse Harry fracamente – Ele estava com mais alguém?

- Pelo menos com uma pessoa._ disse Lúcio, afável – Uma garota.

- Então ele chegará logo!_ disse Harry

- E vai achar uma festa de boas-vindas esperando por ele!_ disse Lúcio

Um terríveu silêncio caiu sobre Hermione e Harry. Nenhum deles podia imaginar nada para dizer. Finalmente, Hermione disse:

- Harry tem uma porção de namoradas, pode ser qualquer uma delas.

- Tenho certeza._ disse Lúcio. Ele deu a eles um olhar minucioso, e então disse – Se divirtam, crianças!_ e sumiu na multidão, seguido por Eleftheria

- Correndo perigo de parecer com alguém num livro de piadas,_ disse Harry – Eu acho que isso quer dizer que estamos perdendo tempo. É melhor que façamos isso, agora!

Hermione concordou com um sinal fervoroso com a cabeça, e eles se afastaram para o final da mesa, onde eles haviam deixado Draco. Eles não disseram nada, mas um barulho de atividade dinâmica indicou que Draco havia se juntado a eles, e os três andaram até a porta mais próxima. Eles seguiram as instruções sussurradas de Draco, caminhando até a sala de visitas.

- Uma porção de namoradas!_ disse Harry, balançando sua cabeça quando eles viraram o corredor – Eu não tenho uma porção de namoradas! Eu não sou um galinha, Hermione!

- Eu sei disso!_ ela disse, tentando não rir

- No momento,_ disse Harry – Meu total de namoradas continua zero.

- Isso é porque você está sempre perdendo seu tempo correndo atrás de Cho._ disse Hermione, irritada – mas ela não quer sair com você de jeito nenhum!

- Eu não estaria tão certo disso._ disse a voz sem corpo de Draco

Harry olhou com suspeita para o lugar vazio onde Draco provavelmente estava.

- O que você quer dizer?_ perguntou Harry

- Eu acho que ela experimentou uma drástica mudança dos sentimentos dela por você._ disse Draco

- Você disse fez alguma coisa para ela, Malfoy?_ perguntou Harry rispidamente

- Não para ela, se vê_ disse Draco. Hermione podia o ouvir rindo – Com ela, talvez. Um pouco do antigo charme dos Malfoy, e ela estava implorando para sair comigo.

- Ah, claro!_ exclamou Harry – O famosos charme dos Malfoy! Foi esse charme que convenceu seu pai de que você era gay ou foi só o seu cabelo?

Draco o ignorou.

- De todo modo, eu disse a ela que você não estava interessado._ Draco continuou

- Por que você fez uma coisa idiota dessas?_ perguntou Harry asperamente

- Porque..._ disse Draco – Você não está interessado. Oh, olhem!_ ele disse antes que Harry pudesse dizer qualquer outra coisa – Chegamos!

Havia fogo na lareira da sala de visitas, mas o aposento estava sagradamente vazio. Um novo quadro estava pendurado na parede acima do alçapão, dessa vez de um baixo e raivoso homem com uma plaquinha que indicava que ele se chamava Servoleo Malfoy. Harry abaixou-se para puxar o tapete para o lado.

- Eu não acho que você queira fazer isso, Draco!_ disse uma voz macia atrás de Harry

Eles viraram para trás. Lúcio Malfoy estava em pé na entrada, circundado por uma multidão de Death Eaters. Eleftheria estava ao seu lado, e ela não estava mais parecendo maternal de forma alguma. Os grandes olhos negros dela pareciam cavernas em seu rosto rechonchudo.

- Você_ ela disse para Hermione – Como é mesmo o seu nome?

- Lilá_ disse Hermione hesitante – Lilá Brown.

- Eu conheço os Brown_ disse Eleftheria, entrando no aposento – E eu conheço a filha deles, Lilá. Você não é Lilá._ ela virou para os Death Eaters ao lado dela – Peguem-na!

Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. Os Death Eaters foram para cima de Hermione. Ela recuou, amedrontada. E Harry deixou cair a parte do tapete que ele estava segurando, andou obliquamente, e ficou entre Hermione e os Death Eaters.

- Saia da frente, Draco!_ Lúcio falou severamente

- Não!_ disse Harry – Deixe-a em paz!

- Ela é uma espiã!_ disse Eleftheria friamente – Ela é amiga do Inimigo! Ela foi reconhecida, Draco, pelo dono da estalagem em Parque Malfoy! Ela não veio aqui para te visitar, mas sim com Harry Potter! O estalajadeiro a viu na recepção e nos contou tudo!

- Eu acho que você não pode ser censurado!_ adicionou Lúcio – por ter um gosto azarento para garotas. Homens melhores que você já foram enganados por mulheres bonitas. Mas eu te aconselho a desviar, Draco. Eu não quero te machucar, mas eu te machucarei se você não me obedecer!

- Mentiroso!_ falou Harry – Você adora me machucar!

Lúcio sorriu.

- Talvez!_ ele disse, e fez um sinal com a cabeça para os dois Death Eaters que estavam na frente de Harry

Harry tentou pegar sua varinha, mas isso foi inútil. Haviam dois deles e um só dele mesmo. Ele teve tempo para atingir um deles com o Feitiço do Impedimento, mas o outro não pegou sua varinha. Ao invés disso, ele agarrou Harry e o jogou no chão. Quando Harry tentou se levantar, o Death Eater o chutou bem forte na cabeça, com sua bota de ponta de aço.

Harry se encolheu.

O Death Eater chutou-o de novo.

- Com cuidado!_ disse Lúcio numa fala suavemente arrastada – É o meu único herdeiro quem você está maltratando!

O Death Eater olhou para o chão, onde estava Harry.

- Ele está vivo_ o Death Eater disse – Mas ele não vai acordar tão cedo!

- Então deixe-o como ele está, assim, deitado!_ disse Lúcio – Traga-me a garota!

Os dois Death Eaters agarraram Hermione pelos braços, mas ela mal notou. Ela estava olhando para Harry, que estava deitado sobre uma poça de sangue que não parava de crescer. Eles só a soltaram quando ela estava bem em frente a Lúcio.

- Olá, Lilá!_ disse Lúcio – Eu devo me preocupar em perguntar o seu nome verdadeiro? Eu acho que não, já que não estamos excessivamente interessados em você. Nós estamos interessados no garoto Potter. Onde ele está?

Hermione tinha seus olhos firmemente fechados, mas ela ainda podia ver a imagem de Harry na sua mente.

- Você matou ele!_ ela disse, e chamou Lúcio por um nome que ela nunca seuquer imaginou que sabia. Devia ter pego de Draco...

- Draco vai ficar bem!_ disse Lúcio, impaciente – E não finja que se importa. Você veio aqui com Harry Potter. Onde ele está?

Hermione abriu seus olhos e olhou dentro dos acinzentados de Lúcio. Eles estavam mais frios que o próprio inverno.

Ela balançou sua cabeça.

- Muito bem!_ disse Lúcio, indiferente

Ele pegou sua varinha, e colocou a ponta sobre o peito dela, bem em cima do coração. Ele colocou seu rosto perto do dela. Perto o suficiente para beijá-la.

- Crucio_ ele disse

Era a pior dor que ela podia ter sentido na vida, podia ter sequer imaginado. Ela estava sendo queimada, retalhada, fatiada, aberta; ela estava sendo destruída e torturada; seu corpo nunca mais seria o mesmo. Ela podia ouvir-se gritando com agonia, e ainda assim, parecia ter ficado surda e cega, o mundo estava ficando branco; ela gritava e gritava; ela estava morrendo.

Lúcio tirou sua varinha e a dor parou. Hermione caiu no chão, ajoelhada, os Death Eaters soltaram seus braços, e ela tapou seu rosto com as próprias mãos.

- Dói, não é?_ falou Lúcio

- Não seja idiota!_ disse Hermione. Sua própria voz subitamente parecia fraca e estranha para seus próprios ouvidos – Claro que dói!

Lúcio deu um passo a frente, e pôs um de seus pés calçados com botas sobre o ombro dela, e empurrou. Sem forças para manter-se erguida, Hermione caiu de costas, obliquamente, olhando para o pai de Draco. Eu vou morrer, ela pensou selvagemente, Eu vou morrer sem ter tido ao menos a chance de contar...

- Você não tem que morrer_ disse Lúcio, como se lesse os pensamentos de Hermione – É só nos contar onde sta Harry Potter.

Hermione não disse nada.

Lúcio suspirou e ergueu sua varinha novamente.

- Cru...

- Pare!_ alguém gritou de um canto do aposento, parecendo para Hermione, a dois milhões de quilômetros de distância – Deixe-a em paz!

Ela soube imediatamente quem tinha falado, e uma aguda punhalada de desespero a atingiu como um prego. Não, ela pensou, Draco. Não!

Mas não havia nada que ela pudesse fazer. Draco tirou a capa da invisibilidade e a segurou nas mãos, totalmente visível, totalmente desprotegido. Todos os Death Eaters viraram para vê-lo, em choque; uma expressão de triunfo estampava o rosto de Lúcio Malfoy.

- Deixe-a em paz!_ dise Draco novamente, numa voz vacilante. Ele parecia aterrorizado: ele estava tão branco quanto um fantasma e seus cabelos pretos e sua testa estavam cheios de suor. Mas ele parecia determinado – Sou eu. Harry Potter. Estou aqui!

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