O início da tortura



O Início da Tortura

E agora, o que faria? A situação estava mais enrolada do que ele poderia imaginar ao princípio daquele dia.
Antes ficar azarando os caras da barraquinha na hora dos beijos, que ter de dar um jeito para que aquela rifa não saísse para alguém que ele considerava perigoso.
E o jeito que lhe ocorria agora, era comprar todos os outros bilhetes dessa rifa. Mas claro que ele teria de usar uma cortina de fumaça...
Afastou-se antes que Dumbledore lançasse mais um daqueles olhares enigmáticos para o lado dele. Sabe lá se ele realmente era capaz de o estar enxergando ali? Estava chegando à conclusão de que o que as pessoas falavam, tinha um fundo de verdade e o diretor era capaz de quase tudo.
Avistou os dois grandalhões que sempre o acompanhavam e lhes deu a incumbência de comprar os bilhetes, com a ajuda de diversos outros sonserinos, mas isso devia ser feito de forma discreta, para que ninguém desconfiasse dele.
- Mas Draco... pra que você quer comprar esses bilhetes? Tá certo que a ruiva é uma gracinha, mas daí a sair com ela... Por acaso tá a fim dela? - disse Goyle.
- Eu, a fim dela, paspalho? Por quem me toma? Eu quero é fazer ela de palhaça, ver sua cara quando ninguém aparecer pra passar o dia com ela...
- Então tá... Vou falar com os caras.
- Vê lá, hein... Não vai falhar, nem deixar vazar que eu estou envolvido nessa estória...
Meia hora depois, estavam eles de volta com os bilhetes.
- Compraram todos?
- Sim, menos um. Esse o Potter já tinha comprado.
- Tudo bem. Que chance ele tem de ganhar essa rifa? Comprou só um bilhete dos cem que foram vendidos... Impossível ele ganhar. Só se tiver nascido de quina pra lua.
Duas horas mais tarde, ele chegou à conclusão de que o Potter não tinha nascido de quina pra lua, mas com a lua dentro da quina...
"Maldito, maldito, maldito!!! Como ele consegue ser sorteado, com somente UM número?! E agora, ele vai sair com a Gin... Ele vai dar em cima dela que nem sarna... E ela já foi apaixonada por ele. Pensa Malfoy, pensa... Você não pode deixar isso acontecer!"
E um Harry muito sorridente, ia em direção à Gina, quando tropeçou em algo que não viu e se estatelou no chão. Draco havia acabado de colocar o pé à sua frente, por baixo da capa da invisibilidade.
A vingança ia ser doce. Aquilo, era um mero paliativo...

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Gina viu Harry tropeçar em algo que não existia. E vislumbrou o pedaço de um sapato, sem nada por cima.
Riu internamente, não do tombo de Harry, coitado, mas da fúria de Malfoy.
Discretamente, ela observara a enxurrada de sonserinos comprarem bilhetes da sua rifa, nem dando tempo para que rapazes de outras casas o fizessem.
Quem ele achava que estava enganando?
Desde quando os sonserinos estavam assim tão desesperados pra saírem com ela? Desde quando Nott e Fisher, que só faziam atazanar a sua vida, gastariam seu dinheiro comprando bilhetes de rifa dela?
Quando Dumbledore anunciara que Harry fora o ganhador da rifa, ela percebera um olhar embasbacado em Draco, logo substituído por incredulidade e após, por raiva, uma raiva descontrolada, que culminara justamente, naquela atitude infantil de Draco, de causar a queda de Harry.
Se isso não provava que ele era o autor do roubo dos bilhetes e da fúria consumista dos sonserinos, nada mais provava...
Agora, era encarar o encontro com Harry. Se isso era bom para seu plano, por outro lado teria de ser muito cuidadosa para não dar esperanças ao rapaz, que ao que parecia, de uns tempos pra cá se encantara com ela. Pena que ele já não era mais o que ela desejava, já que, infelizmente, um certo par de olhos azul-acinzentados andava freqüentando seus sonhos, muito contra sua vontade.
Balançando a cabeça para afastar esses pensamentos, foi verificar se Harry estava machucado.

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Dumbledore observou o jovem Malfoy, que escondido atrás de uma árvore, tirava a capa da invisibilidade. Seus olhos correram dele para Gina Weasley, que parecia meio aérea. Deu uma risadinha, internamente imaginando no que aquele relacionamento que estava se desenvolvendo entre eles, ia dar.
Percebera o envolvimento do rapaz no sumiço dos bilhetes de Gina e notara o interesse súbito de diversos sonserinos na rifa. Isso lhe lembrara de uma conversa que tivera com sua velha amiga Isís. Interessante o que ela lhe contara sobre uma certa profecia.
Se podia haver uma pessoa que podia dar jeito naquele garoto, esse alguém era a menina Weasley. E ele sempre soubera que o rapaz não era exatamente o que parecia, havia algo nele de especial, o que faltava ao pai. Isso só precisava ser despertado.
Por isso, trapaceara no resultado do sorteio da rifa. Murmurara um feitiço para troca do número que fora sorteado e favorecera Harry. O ciúme de Draco faria o resto...


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