A Visita



Capítulo Quatro

A VISITA

A semana passou numa lentidão incrível, ao menos na opinião de Gina.

Finalmente era sábado, dia de visita à Hogsmead.

A garota arrumou-se e desceu rapidamente as escadas a fim de encontrar-se com Rony, Mione e Harry, na entrada do salão comunal.

Harry, solícito e atencioso como sempre, lhe ofereceu o braço. Rony e Mione se entreolharam, sorrindo cúmplices um para o outro.

Gina suspirou, exasperada. Ultimamente, estava tendo certa dificuldade em se ver livre do trio. Há um ano atrás, estar com eles era o que mais desejava na vida, mas agora...

De uns tempos pra cá, descobrira que sua paixonite por Harry tinha sido coisa de criança. E de mais a mais, no fundo, o rapaz só procurava sua companhia por estar se sentindo sozinho e para não ficar segurando "vela" para os amigos. No entanto, seu irmão e Mione pareciam achar que algo estava acontecendo entre os dois.

Então, inventou uma desculpa qualquer e tratou de ir cuidar do que tinha planejado para aquele dia.

Enquanto se afastava, sentiu um calor na nuca. Era ele, só podia ser. Ela nem precisava virar-se para constatar que Draco Malfoy a estava olhando. Mas foi exatamente o que ela fez.

E, quando o fez, mergulhou diretamente naquela profundeza azul-acinzentada que eram os olhos dele. Recebendo uma piscadela, corou violentamente e dando meia-volta, continuou seu caminho.

Draco continuou a acompanhar com o olhar o suave balançar dos quadris da garota. Que Merlim o ajudasse, pois não conseguia tirá-la do pensamento. Sentindo pontadas no baixo ventre, pensou em como seria ridículo e humilhante se ela soubesse que apenas seu leve rebolado era capaz de deixá-lo naquele estado, pegando fogo e morrendo de calor.

"Que merda! Sera que tem chuveiro no Três Vassouras?"

Ele ainda conseguia pilheriar com o próprio drama...

A casa de tia Íris era uma gracinha. Em estilo colonial alemão, fora construída por tio Kurt, bruxo alemão, falecido marido dela, como presente de casamento.

Havia um pequeno jardim, muito bonito e bem cuidado à frente da casa, e foi lá que Gina encontrou a querida senhora.

- Gina, minha sobrinha-neta preferida!

- Tia Íris, eu sou a sua única sobrinha-neta...

- Isso é um detalhe relevante. Mas vamos entrar querida, e ficar mais à vontade.

Gina sentou-se no sofá e estava servindo-se de chá com biscoitos. A tia sentou ao seu lado, virou-se para ela e perguntou:

- E então, querida, a que devo o prazer da sua visita? Porque vir aqui só pra comer meus biscoitos de nata é que você não veio...

- Nossa, tia, eu tenho de ter um motivo específico para lhe visitar?

- Claro que não, sei que você me adora, mas é que hoje está com uma carinha...

- Eu não consigo esconder nada da senhora mesmo, hen?

- Nem você nem ninguém. Por que você acha que os seus irmãos pouco vem me visitar? Especialmente o Ronald, depois que começou a namorar aquela menina, a Hermione?

Gina engasgou e quase cuspiu o chá. De olhos arregalados, encarou a tia.

- Que foi, minha filha? Posso estar idosa, mas de algumas coisas eu me lembro muito bem... Ah, quando o meu Kurt me beijava, eu sentia um...

- Tudo bem tia, eu já entendi. Na verdade, eu tenho um motivo sim.

E relatou o sonho que tivera.

A tia-avó tinha os olhos esbugalhados, perdidos em alguma parte do passado.

Gina já começara a ficar preocupada, quando a velha senhora saiu do seu transe e exclamou:

- Então era verdade...

- Verdade? O que era verdade, tia? Me conta tudo, vai...

- Gin, Claire Ferguson Weasley era minha bisavó e consequentemente, sua tataravó. Eu me lembro dela vagamente, eu tinha uns 8 anos quando ela morreu e a coisa mais curiosa, é que a lembrança mais forte que eu tenho dela, é que ela vivia repetindo uma frase. Como é que era mesmo? Ah, "o amor da virgem amansará o dragão, a paz reinará e o que é do injustiçado a ele retornará". Só que eu nunca entendi direito o que significava, até você me contar o seu sonho. Achei que fosse senilidade da parte dela.

- Será que existe algum documento, ou o que possa esclarecer mais a situação?

- Vamos ao sótão, querida. Acredito que você verá por lá uma coisa que lhe espantará e será útil...

Subiram as escadas e abriram a portinhola do teto.

Havia quadros, baús e rolos de pergaminho por todos os lados.

O olhar de Gina foi atraído para uma pintura onde um belo casal havia sido retratado: uma jovem de cabelos flamejantes e um rapaz loiro, de feições aristocráticas. Belos os dois, sem dúvida, mas algo no olhar da moça refletia inquietude, mágoa e tristeza.

- Merlin...

- O que foi, querida?

- Essa pintura, ela...

- Eu sei, a moça é bem parecida com você. O rapaz, se vê que é um Malfoy dos pés à cabeça. O quadro foi pintado quando do noivado de Claire e Christian. Faz parte de um par. O outro, acredito que esteja na mansão Malfoy, se é que já não foi queimado ou destruído. Repare na assinatura do pintor...

- Ewan Weasley? Como?

- Um dos passatempos de seu tataravô era a pintura. Naquele tempo, os Weasley eram tão ricos quanto os Malfoy. Ele e Christian tinham estudado juntos e por incrível que pareça, eram amigos. Do jeito deles, é claro: Christian era frio, reservado. Ewan transbordava vivacidade e simpatia. Um dia os dois bateram os olhos em Claire, tutelada de um antigo professor deles.

- E já deu pra adivinhar tudo, não é mesmo tia? O estrago foi feito...

- Pois é. Eles se apaixonaram por ela, mas o coração de Claire escolheu Ewan. E Seamus Snape, seu tutor, que era trisavô desse Severo que é seu professor de poções, escolheu Christian para seu marido. Afinal, os Malfoy sempre tiveram mais poder na política bruxa.

- Imagino como Ewan deve ter ficado...

- Acho que no fundo, Christian sempre soube que o amigo e Claire se amavam. Mas o que um Malfoy quer, um Malfoy tem. Achou que não havia importância e pediu a Ewan que pintasse o quadro como presente de noivado, tendo por intenção mostrar que ele havia vencido e Claire era dele.

- Que canalha! Nem pensou no sofrimento do amigo ao ter de retratar uma cena dessas!

- O amor, Gin, deixa as pessoas cegas. Ele era um rapaz arrogante, tinha tudo o que queria, a família dava tudo de mão beijada. Isso deteriora o caráter de uma pessoa. Vê hoje, o filho de Lucius, Draco?

Gina desviou os olhos, com medo de que a tia lesse em seus olhos a confusão a respeito daquele rapaz. E continuou o assunto:

- Mas por que nós nunca ouvimos falar dessa história?

- Meu avô achou melhor nunca comentar sobre isso, pois causaria muita dor e revolta saber que a situação pela qual a família passa até hoje, é fruto de injustiças do passado. É horrível saber que existe tanta gente desonesta, que por um pouco de dinheiro, falsifica documentos capazes de despojar uma pessoa de toda a sua herança. Foi tudo tão bem feito, que nunca se conseguiu comprovar a fraude. E tudo o que possuíamos, passou às mãos da família Malfoy.

- E quanto à profecia?

- Sobre a virgem e o dragão? Se tudo o que você sonhou foi verdadeiro, a profecia também deve ser. E acho que esse sonho não deve ter sido obra do acaso... Você deve ser a garota da profecia, pois virgem é o que o seu nome significa. E o rapaz, o dragão, deve ser...

- Draco?!

- Foi você que disse...

- Não, não é possível! Eu me recuso, recuso o fardo. Não quero ter nada a ver com ele. Ele é arrogante, calculista, frio, traiçoeiro, vive ofendendo os outros... Como eu vou gostar de um cara desses? Acho que a Tata estava meio senil mesmo, vai saber se não era só imaginação dela.

- Quanto a isso, não posso opinar nada, querida. Veja só: o amor, quando chega, não quer saber se algo é sensato ou deixa de ser. Por amor, fazemos coisas que nunca imaginamos serem possíveis. Por exemplo, eu e seu tio Kurt, certa vez, fizemos am...

- Tia Isís!

No caminho de volta ao castelo, Gina tinha muito em que pensar...

Quem Claire achava que era para tomar as rédeas do destino de uma pessoa?

Ninguém diria a ela o que fazer, nem a manipularia. Não era uma profecia que iria ditar seu caminho...

Ela e Draco Malfoy. Que absurdo..., pensou enquanto sentia um arrepio na espinha....

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