Não me deixe só.



Capítulo 1

Tudo escuro. Ruídos das árvores se roçando e de vez em quando alguns gritos abafados. Sentia o gosto de sangue invadindo a sua boca, e pressionava os lábios numa tentativa de fazê-los parar. Já não sentia mais o ardido dos cortes que havia em sua perna e braços, e o corte de sua cabeça parecia não parar de sangrar. Mas nada daquilo a importava no momento. Estava acontecendo. A guerra de tantos anos havia chegado em seu momento final. Pessoas da ordem e de todos os lugares estavam ali, naquele momento, combatendo contra Voldemort. A floresta proibida estava mais sombria do que nunca, e ainda se escutava gritos de desespero. Comensais haviam a invadido e matavam aqueles que viam pela frente. Corria o mais rápido que podia, os cortes se aprofundavam cada vez mais, mas nada importava para ela naquele momento. Precisava saber onde ele estava, como ele estava, se ainda estava... Gina fechou os olhos com força, e sentiu a respiração muito rápida e superficial. Não!Nada disso aconteceu! Está tudo bem... Tem que estar...

Apressou ainda mais o passo, e de repente sentiu como se as arvores tivessem sumido. Ouve um clarão muito forte, que passou como um rojão, e ela colocou o braço na frente do rosto tentando se proteger. Parecia estar ainda mais quente, e conseguiu escutar o crepitar de alguma coisa. Ao abrir os olhos levou um susto tão grande que a fez tropeçar em um galho logo atrás, e caiu sentada no chão. Havia um enorme vão enorme entre as árvores, em forma de circulo. O centro do círculo havia sido contornado com fogo que crepitava na grama e nos pequenos galhos que ainda existiam pelo chão. Heliopatas. Pensou Gina. Ela estava tão perto do fogo, que se arrastou um pouco mais pra trás se afastando. O fogo era alto, e se ela se levantasse seria mais ou menos do tamanho dele. Viu sombras se mexendo atrás do fogo e rapidamente se levantou e procurou se aproximar o máximo que podia. O fogo aumentou e ficou mais forte assim que ela tentou se aproximar. Olhou pros lados, e pra sua surpresa encontrou alguns participantes da ordem, junto com um Rony pasmo e, ao que parecia, medo, tentando enxergar algo por trás da cortina de fogo.

Rony estava com a aparência péssima. Tinha um lábio inchado e o lado esquerdo da sua cabeça estava aberto, escorrendo sangue por todo rosto. Ele não parecia se importar com nada disso, nem sequer perceber que estava nesse estado. Havia também muitos cortes nos braços e pernas, e sua roupa estava rasgada em vários lugares. Imaginou que não devia estar em melhor estado.

Correu até Rony, tropeçando em algum galho de vez em quando, e o abraçou fortemente, o pegando de surpresa. Era muito bom saber que seu irmão estava vivo. Assim que Rony percebeu quem era, retribuiu o abraço com a mesma intensidade. Eles se entreolharam com um sorriso triste, até que Rony percebeu o grande machucado na testa da irmã.

- Você está muito machucada, Gina... – disse ele preocupado.

- Você também está. – respondi sem fôlego. Seu irmão Rony estava vivo. Mas e quanto aos outros ? Será que estavam bem ?

- Rony. – disse, se afastando um pouco, e encarando-o preocupada. – E os outros? O que aconteceu com eles? Onde está Gui, Fred, Jorge? E... Hermione? Você a viu?

O rosto de Rony enrijeceu. Ele abaixou a cabeça cabisbaixo sem o que dizer. Gina se aproximou, apoiando o queixo dele em suas mãos, obrigando-o para que a olhasse e respondesse.

- Não sei. – tinha os olhos marejados. – Não vejo ninguém... desde que saímos da Ordem.

Gina não podia acreditar. E se todos estivessem mortos?

- E... Harry, Ron? O que aconteceu com ele? Onde ele está? – Rony encarou-a avaliando sobre o que diria. – Me diga a verdade, Ron. – Sentia seus batimentos cardíacos acelerarem como nunca. Ele não podia estar... ! Não! Ele me prometeu! Ele me fez prometer!

- Não sei Gina. – Rony me dizia com dificuldade. Aquilo era muito difícil para ele também. – Eu não tenho notícias de ninguém... – ele olhou melancólico pro fogo em formato de círculo, e as palavras saíram da boca dele sem medir conseqüências. – Eu acho que ele deve estar lá dentro. – Uma onda de medo e desespero me invadiu. – Com Voldemort.

Era como se seu coração tivesse parado de bater naquele segundo. E como não houvesse oxigênio a sua volta. O rosto branco, pálido de medo virou-se para encarar as chamas vermelhas atrás de si. Aquilo não poderia estar acontecendo agora.

Rony teve que segurá-la mais fortemente pelos ombros para que ela não caísse de joelhos. Ele me fez a promessa que jamais ousaria em quebrar. Não podia ficar sem ele. Não conseguiria sozinha...

A profecia estava sendo comprida naquele momento... Harry estava lutando pela vida de muitos naquela hora. Pela vida dele. Era decisivo o fim. Harry precisa terminar com aquilo ou a comunidade bruxa estava determinada as Trevas, e uma guerra de horror sem fim. Era Harry ou Voldemort.

Gina tampou a boca com uma das mãos, deixando que algumas lágrimas escapassem com a angústia. Sentiu os braços de Rony a envolverem num abraço de consolo. Ele não podia... Não podia deixá-la... Não agora que ela precisaria dele mais do que nunca...

Um estrondo. Vários gritos. Tudo aconteceu muito rápido, e sem nem sequer saber pra onde estavam indo, e o que estava acontecendo, Gina e Rony corriam para longe dali. Rony já começava a entrar dentro da floresta, quando Gina parou ao perceber o reflexo de uma luz esverdeada sobre a grama e os galhos. Ela se virou, temendo o que ia ver, e então observou os vários comensais que agora estavam atacando as pessoas no lugar em que ela estivera instantes antes. Havia corpos sem vida pelo chão, pessoas que não se podia identificar vivas ou mortas, aurores e ex-alunos lutando ainda com comensais.

Mas sua atenção fora atraída para um luz esverdeada que brilhou fortemente por cima do círculo de fogo. O clarão provavelmente chamou a atenção da maioria, já que o ar ficou parecia mais pesado e tudo se acalmou lentamente.

Numa fração de segundo o raio desapareceu, e houve um silêncio repentino. Todo mundo que se encontrava no local parecia respirar somente por aquele momento.

O fogo alto que pairava com força formando um círculo, caiu com um estrondo na grama , fazendo um baque surdo, e desapareceu no mesmo instante.

Não respirava naquele momento.

Harry e Voldemort estavam frente a frente, ambos com as varinhas apontadas inutilmente para o chão. Harry tinha muitos arranhões pelo rosto, que estava respingado de sangue. Seu joelho sangrava muito, mas ele parecia nem sentir ou perceber a gravidade dele.

Voldemort tinhas os olhos vidrados em Harry, fundos e vermelhos. Seu rosto mais pálido que a morte, tinha uma expressão horrorizada, e sua mão esquerda estava posicionada fortemente em seu peito, apertando com angústia.

Lentamente e juntos, eles foram caindo de joelhos na grama esverdeada coberta de pequenos galhos, ainda se encarando atentamente. Era como se algo naquele momento, algo muito forte e poderoso, algo que os havia marcado com um destino, estivesse os enfraquecendo lentamente e juntos...

Voldemort apertava cada vez fortemente o peito com a mão. Parecia que a dor estava intensificando, seu peito parecia mais apertado, e o ar não era tão abundante... e sim escasso.

Harry tinha o rosto contorcido em dor, e da sua cicatriz emanava um brilho forte... Parecia que a profecia estava se cumprindo. Levou a mão a cicatriz tentando diminuir a dor que latejava fortemente em sua testa, mas o que ela fez foi ficar ainda mais forte que antes, fazendo com que ele gritasse com a dor.

Voldemort não tinha mais seus sentidos, e o peso de seu corpo parecia estar começando a se aliviar. A dor em seu peito não era mais tão forte... e já estava se tornando suportável. Lentamente, sem forças pra se manter ajoelhado, ele caiu no chão, sentindo a terra molhada e as pequenas folhas em sua volta. Olhou pro céu, que brilhava intensamente com as estrelas, e disse suas última frase antes de morrer...

- Vamos morrer juntos Potter. Assim como o destino nos marcou...

Harry nem sabia o que acontecia em sua volta tamanha era a sua dor. Sentia-se tonto, as árvores em sua volta estavam balançando muito fortemente, e tudo estava ficando mais escuro que o normal. Sua visão estava escurecendo de forma rápida e nada conseguia fazer para impedi-la. Bateu no chão sem forças, e fechou os olhos, percebendo que ia perdendo os seus sentidos...

Tudo a volta explodiu novamente. Feitiços, Comensais desesperados por vingança, faziam a questão de matar quem estivesse a sua frente. Aurores sem o poder de impedi-los apenas tentavam salvar o máximo que podiam e salvar as próprias vidas. Pessoas gritavam com o horror estampado em seus rostos, e corriam sem direção nem destino. Um caos. Um caos mais horrível e cruel que alguém podia presenciar.


Reunindo toda sua coragem que existia no momento, ela correu rapidamente até onde Harry estava e se ajoelhou ao lado dele, o pegando pelo pescoço e colocando-o em seu colo. Ele ainda parecia estar acordado, mas não muito consciente.
Ela olhou a sua volta a procura de ajuda, mas ninguém parecia se importar, ninguém parecia se importar a não ser com a própria vida. Procurou com os olhos por Rony mas ele não estava por perto.

Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Olhou o corpo dele inerte em seu colo e se lembrou dos momentos em que passaram juntos. Momentos difíceis, em que não restava um pingo sequer de esperança entre os membros da Ordem, uma esperança de que pudessem vencer as Trevas do mundo bruxo. Estava feito agora. Voldemort estava morto. Mas com ele levara centenas de inocentes mortos, e estava levando Harry com ele também... Ela não poderia deixar.


Lembrou dos bons momentos, que apesar de estarem em tempos ruins, existia assim que eles estavam juntos, cuidando apenas um do outro, sem pensar no mundo lá de fora. No que nesses cinco anos eles conseguiram ter juntos, e no que ainda estava por vir. Não. Ele não poderia estar... Ela não conseguiria sem ele... Não sozinha.

Chamou por seu nome, até que alguma resposta viesse, mas esta não veio. Então se levantou, sentindo-se fraca e exausta. Correu por entre uma multidão de desespero, onde as pessoas pareciam fora de si. Segurou o braço de um homem na tentativa de chamar a sua atenção, mas ele somente se soltou e fugiu, com o medo em seus olhos.

Ela olhou em volta e não reconhecia ninguém. Ninguém que pudesse entendê-la. Que pudesse ajudá-la.

As árvores, a multidão, as luzes a sua volta começaram a ficar difusas, até chegar um ponto que não conseguia mais enxergar. Ela pôs a mão na cabeça, tonta, e fechou os olhos com a esperança de que pudesse voltar a ver. Um segundo depois, caiu no chão sem forças.





Estava muito claro. A visão foi voltando ao normal aos poucos, até que ela pudesse ver o teto branco iluminado pela claridade do Sol que nascia lá fora. Demorou um pouco para que voltasse a consciência e que se lembrasse dos fatos, que haviam ocorrido na noite passada.

Sentou-se na cama da enfermaria, respirando, enquanto tudo voltava a sua mente em flashes rápidos. Olhou em sua volta e viu várias camas iguais com pacientes, alguns gravemente feridos e outros já acordados, e apenas uma enfermeira distraída no fim da sala. Sem pensar duas vezes, pulou da cama e correu em sua direção, chamando a atenção de alguns pacientes que se viraram para vê-la,

- Senhora! – gritou antes que chegasse ao seu encontro. – Senhora... Eu preciso saber... – começou ofegante.

- Me desculpa querida, mas no momento eu não posso dar nenhuma informação sobre familiares, amigos ou alguém que não esteja na enfermaria. – disse sem nem sequer olhá-la, preenchendo formulários em sua prancheta.

- Quê? – perguntou incrédula. – Mas é muito importante...

- Sinto muito, não há nada que eu possa fazer. – Disse ela, dessa vez olhando de soslaio para Gina, e saindo sem mais explicações.

Gina observou a enfermeira percorrer por todo o corredor até o lado de fora, incrédula. Sua família estava perdida entre a guerra e não conseguia achar nenhum rosto conhecido na grande sala em que se encontrava.

O que acontecera depois que perdera a consciência? Pra onde fora Rony e o que acontecera com Harry? Estaria ele...

Encostou de leve na parede oposta, sentindo os olhos arderem novamente. Estava sem pais, irmãos, nem amigos... Sentiu as costas se arrastarem ao longo da parede até que sentasse no chão. Sem agüentar segurar nem por mais um segundo, chorou com a dor que sentia.


N/A: E aí, o que acharam ? Muito deprimente ? Muito tosca ? Sem graça ? Legal ?

Terá continuação ???

Please deixem seus coments.

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