Um final inesperado

Eu sou Lord Voldemort.
Eu sou Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
Eu sou o Lorde das Trevas.
No entanto eu levei exatas três das piores semanas da minha vida para achar Severo Snape.
Mas como eu sou magnanimamente, infinitamente, soberbamente poderoso, achei o maldito, e ele estava escondido no lugar mais óbvio possível, o primeiro lugar que pensei, e que descartei por ser óbvio demais: A Casa dos Gritos em Hogsmeade.

Quando cheguei, oculto pelo meu maravilhoso feitiço de desilusão, o cão sarnento estava sentado numa mesa, tomando uma xícara de chá, escrevendo alguma coisa (e eu suspeitava o que era) que o fazia parar em certos pontos e rir muito alto.

- Snape! - Eu gritei, e cada átomo da casa pareceu se encolher um pouco de medo da fúria contida no grito.
- Milorde... - Respondeu-me tranquilamente.
Eu tive de admitir; Snape era realmente bom em oclumência. Eu sabia que ele deveria ter se borrado naquele momento em que se virou para me encarar, mas ele sequer tirou a varinha do bolso.
- Você não está com medo, Ranhoso? - Perguntei, cheio de desprezo na voz.
- Não sabia que o senhor conhecia esse infame apelido... - Ele falou, divertidamente, mas eu sabia que ele se magoaria.
- Eu conheço tudo, Snape.
- Você, e todo mundo, agora. - E gargalhou gostosamente, odiosamente; meu sangue ferveu de fúria... Mas me controlei. Porque apenas matar Snape não seria suficiente, ele ia sofrer, muito, mais do que possa imaginar...
- O senhor já sofreu nas mãos de Rita Skeeter, senhor?
Não respondi. Depois que eu matasse Snape, tomaria providências contra a maldita redatora que escrevera os textos anteriores!
- Já, e pelo visto sabe como é humilhante. O Senhor precisava ver o que ela escreveu sobre mim, assim que me voltei para o lado de Dumbledore. Algo como "...cuja perversidade dos atos é proporcional ao tamanho do nariz" ou "... que planos malignos estarão escondidos sob a camada de cabelo sebento que cobre sua cabeça?"
- Você não tem medo de morrer, Snape? - Perguntei, quase rosnando
- Não. Eu sei o que estou fazendo. Já cumpri minha parte, pode me matar.
- De todos os defeitos que você possui, meu caro, não sabia que era um suicida potencial também...
Mas eu não dei tempo para que Snape respondesse. Apontei minha varinha para ele e...
- Imperius
Tal qual um macaquinho ensinado, Snape começou a seguir minhas ordens:
- Você agora é uma odalisca, Snape. - Com um gesto de minha varinha, Snape estava coberto de véus coloridos e uma típica roupa de dança do ventre.
Minhas risadas devem ter ecoado a quilômetros dali, quando eu conjurei uma máquina fotográfica e tirei fotos do Snape dançando e fazendo caras e bocas...
- Agora você vai imitar uma galinha.
Snape se agachou e dobrou os braços à guisa de asas, e saiu cacarejando por todo o quarto, enquanto eu tirava mais fotos da cena hilária.
- Seus ex-alunos adorarão ver estas fotos, Snape... Por mais que me desgoste ver Harry Potter satisfeito da maneira que for, receio que dessa vez não terei opção a não ser proporcional ao garto alguma diversão... Muito bem, agora dance funk, e as coreografias apropriadas!
Um novo gesto da varinha, e uma música bizarra passou a tocar...

Alô?
Qual é foguenta?
Quem tá falando?
Sou eu Bola De Fogo...e aê tá de bobeira hoje?

- Quem dera eu ter uma daquelas câmeras de vídeo trouxas, uma gravação dessa cena bem viria a calhar! - Eu disse, e sem aguentar mais nem um segundo, senti o riso explodir quando Snape passou a imitar o diálogo.

Tô...
Vamu dá um rolé na praia, mó solzão praia da Barra...
Já é..
Então vou ai ti buscar,valeu?
Valeu...
Então...Fui!!!

Mentalmente eu repassava todos aqueles dias de tanta vergonha e humilhação... Mas por mais incompetente que eu fosse na cama, pelo menos eu nunca havia dançado "Atoladinha"...

Pirilin, pirilin, pirilin
Alguém ligou pra mim
Pirilin, pirilin, pirilin
Alguém ligou pra mim
Quem é?

Será que a Murta ainda se lembrava de alguma coisa? E Bellatrix, eu deveria matá-la, mesmo fiel e competente como ela era?
Maldito Snape! Não, dançar "Atoladinha" não seria suficiente...
Também queria fazer suas perguntinhas...

Sou eu Bola de Fogo
E o calor ta de matar
Vai ser na praia da Barra
Que uma moda eu vou lançar

- Snape! - Eu gritei, tirando uma última foto de sua coreografia medonha, e ele se virou para me encarar, sem, no entanto, parar de mexer o traseiro com as mãos no joelho.

Vai me enterrar na areia?
Não, não vou atolar
Vai me enterrar na areia?
Não, não vou atolar

- Você vai me responder umas perguntinhas!
Snape parou de dançar, mas eu estava achando aquilo muitíssimo divertido (a maneira com que ele gemera as últimas frases tinha sido um pouco nojentas, mas não deixavam de ser hilárias), então mandei que ele continuasse.

To ficando atoladinha
To ficando atoladinha
To ficando atoladinha
Calma, calma foguentinha

- Snape, pelo amor de Deus, Você lava o cabelo?
Pela primeira vez, embora tivesse acabado de descer até o chão com um dedo na boca, Snape corou.
- Lavo. Foi o James Potter que me lançou essa maldição no primeiro ano, e desde então nada do que eu faça dá jeito em meu cabelo.

Piririm, piririm, piririm
Alguém ligou pra mim
Piririm, piririm, piririm
Alguém ligou pra mim

- Você deu tanta atenção a esse aspecto da minha vida, Snape, mas me responda: Você já teve uma namorada?
Snape tornou a corar.
- Não.
- Ha! - Eu gritei, em triunfo. - Você é virgem, Snape!

Quem é?
Sou eu Bola de Fogo
E o calor ta de matar
Vai ser na praia da Barra
Que uma moda eu vou lançar

- Não sou, não - Ele respondeu, asim que deu uma volta completa rebolando com as mãos no quadril
- Então...?
- Com a Murta-Que-Geme, no meu quinto ano. Ela não tem esse apelido por acaso, sabe.
Eu reprimi uma gargalhada, afinal, quem era eu para falar alguma coisa?
Mas pelo menos Murta estava viva, quando...

Vai me enterrar na areia?
Não, não vou atolar
Vai me enterrar na areia?
Não, não vou atolar

- Qual era a sua com a Lily Potter?
- Ahh... Bem...
- Não mude de assunto!
- Esse é o mistério da série toda, você vai mesmo estragar?
- É... Pensando bem... Não venderia mais nenhum livro, e eu não saberia quem ganha a guerra no final... Próxima pergunta!

To ficando atoladinha
To ficando atoladinha
To ficando atoladinha
Calma, calma foguentinha

- Por que você tortura tanto o Potter?
- Você acha que é fácil ter que olhar todo dia para a miniatura do cara que de zoou durante toda a sua vida escolar? Fruto do amor entre o amor da sua vida e seu maior inimigo? Opa! Espera aí, não devia ter dito isso... Ah, esquece...
- E o Draco Malfoy? Por que você puxa tanto o saco do garoto?
- Tesão reprimido. Já viu como ele é a cara do pai?

Minha surpresa foi tamanha que a música parou de tocar imediatamente, e eu fiquei olhando o Snape por uns trinta segundos antes de fazer a sétima pergunta:

- Você está me dizendo... Você definitivamente saiu do armário?
- Eu não sou gay! Eu sou... Eu sou... Pansexual!
- Pansexual? - Eu indaguei, completamente incrédulo.
- É, veja bem, nunca desconfiou da minha atração por caldeirões?
Eu pisquei confuso por alguns segundos. Primeiro Snape mostra um insuspeito talento para dançar funk, e agora me revela que se sente atraído não só por mulheres, mas por homens, e caldeirões?!
- Certo... E a Hermione Granger? Digo, são tantos os apoiadores de vocês... Pensando bem, até que vocês formariam um casal... erm... "fora do comum"... Oh, não, pobre Granger, nem ela merece...
- A Granger? A Granger?! Como é que alguém pode beijar uma coisa daquelas; já viu o trabalho que ia dar com todo aquele cabelo no meio, e aqueles dentões gigantescos? E olha que ela os reduziu...
- Agora a penúltima pergunta... Bem, aquela autora maluca disse que você não tem filhas, e então, você tem algum filho?
- Por melhor preparador de poções que eu seja, sem dúvida, nem minha melhor poção da fertilidade seria capaz de engravidar um caldeirão! Se bem que... Há uma pequena chance... Draco Malfoy... Bom, talvez ele não seja parecido com o pai, mas com a mãe, entende o que eu quero dizer? Houve uma vez, há dezessete anos, eu e Narcisa Malfoy, muito Firewhiskey, você sabe, festinha dos Comensais...
- Poupe-me, Snape! - Eu bradei - Está querendo me dizer que você é o pai de Draco? Pior do que isso só se eu fosse o pai do Potter, e então nossas varinhas se transformariam em sabre de luz... Chega! Vamos à última pergunta: Você é fiel a mim ou ao falecido?

Mas naquele exato momento, algo aconteceu...
Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley entraram de repente na casa e conversavam aos altos brados, até que pararam ao me verem em pessoa conversando com Snape, vestido de... Odalisca?
-...tem certeza que a Horcrux está aqui, Har...- Espere aí, o que está acontecendo? - falou Hermione Granger, em total estado de choque.
- o Snape aqui estava demonstrando sua perícia em dança do ventre. - Eu falei delicadamente, e então, do nada, apontei minha varinha para a sangue-ruim e disse - Avada Kedavra!
E ela caiu mortinha no chão.
- Espere aí! Você não pode matar a Hermione! - Gritou o outro amiguinho do Potter.
- Claro que posso. Foi o que acabei de fazer, não foi?
- Ora seu... Lord Voldebro...
- NÃO SE ATREVA A TERMINAR ESSA FRASE! - Eu gritei, e também matei o outro amiguinho do Potter.
- Voldemort, seu frustrado filho da mãe! Eu até tenho pena de você, sabia! Agora entendo, você não passa de um...
- Eu posso ser qualquer coisa, Potter, mas não serei eu a morrer virgem! Haha! Agora o velho morreu, e não tem nenhuma fênix nojenta para salvar você!
- Você não pode me matar! Eu tenho o poder do amor!
- Ah, é? Pois eu tenho o poder da... Avada Kedavra!
E o Grande Harry Potter, enfim tombou, completamente, totalmente, indubitavelmente... morto!
- E então, Snape, a quem, afinal, pertence a sua lealdade?
Mas Snape me olhou de um modo estranho... Mas quando eu percebi que ele enfim havia se livrado da Maldição Imperius, era tarde demais...
Ele estava segurando óculos... Os óculos do Harry Potter, minha última Horcrux!
- NÃO! - Eu gritei, mas Snape esfarelou os óculos com as próprias mãos, e então apontou sua varinha para mim, antes que eu tivesse tempo de me recuperar do choque e apanhar a minha...

FIM

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