Sonhos



Cap. 5 – Sonhos

No dia seguinte, acordei novamente de bom humor e antes de descer para a cozinha dos Dursley, tomei a minha poção, pois não queria que não se repetisse o mesmo episódio de ontem: ainda recordava os meus gritos de dor e expressão de pânico de Harry.
Depois de me vestir e de lavar a cara, sai do meu quarto, mas antes de descer as escadas, dei uma espreitadela no quarto de Harry, que ainda dormia. Decidi não o incomodar, e desci, juntando-me a Petúnia e a Dudley na cozinha. Petúnia deu-me os bons dias, mas o primo de Harry ficou a olhar para mim com uma expressão desconfiada. Não lhe liguei e perguntei a Petúnia se ela precisava de ajuda, ao que ela me respondeu que eu podia ir pondo a mesa. Quando terminei, ela pediu-me que fosse acordar Harry. Ia a começar a subir as escadas, quando a campainha tocou. Avisei a tia de Harry e subi, mas só meio lanço de escadas, estava curiosa: quem seria a pessoa que estaria à porta. Como estava meio escondida, Petúnia não deu por mim quando foi abrir a porta. Pouco depois, Petúnia e uma senhora gorda agarrando a trela de um cão entrou na casa e sentou-se num dos sofás, falando com Petúnia. Decidi subir o resto das escadas, antes que uma das duas desse por mim e dirigi-me para o quarto de Harry. Talvez ele me pudesse responder quem era aquela senhora. Abri a porta e reparei que Harry já lá não estava. Vi que a confusão do quarto dele tinha aumentado e pensei que iria ser demorado arrumar todas as coisas dele. Sai do quarto e fui à casa de banho, que era onde provavelmente Harry se encontraria, mas estranhei não o ver lá. Fui ao meu quarto e encontrei-o lá, ainda de pijama, encolhido na minha cama a chorar. Assustei-me e rapidamente me aproximei dele.
- Harry! – chamei, tentando afastar os braços dele da sua face. – Por favor, fala comigo. O que se passa?
Mas ele continuou o silêncio, mas abraçou-me, dando a entender que tinha notado a minha presença. Senti logo a minha camisola a ficar molhada. Ainda estava bastante preocupada com aquela reacção de Harry, mas respeitei o seu silêncio e retribui o abraço e acariciei-lhe os cabelos na esperança de o acalmar. Quando as lágrimas de Harry cessaram, ele quebrou o silêncio.
- Desculpa, Hermione. – falou ele reparando na minha camisola molhada.
- Não faz mal. – disse, numa voz suave. – Entendo que às vezes precises de chorar. Não é por isso que não deixas de ser um homem. O homem que eu amo.
- Obrigado pelo teu apoio. – agradeceu ele.
- Agora podes me explicar a razão por estares a chorar? – perguntei eu num tom calmo e suave.
- Sim. Acho que te devo explicações, não é? – respondeu ele, mostrando o sorriso que muito gostava. – Eu acordei sobressaltado, porque tinha acordado de um pesadelo. No meu sonho, vi que Voldemort te tinha capturado e te estava a torturar. Acordei com medo, por isso vim ao teu quarto para ver se estava tudo bem contigo, mas fiquei um pouco assustado quando não te vi, mas pensei logo que aqui estavas segura. Mas os meus pensamentos foram logo invadidos pelas cenas de tu estares a ser torturada, quando tu foste atacada por Dolohov e desmaias-te, nós rodeados de Dementors, quando tu ficaste petrificada, e quando por engano te transformaste em meia-gata, devido à Poção Polisuco. E agora notei que o meu maior medo não é enfrentar Voldemort, mas sim o receio de te perder.
- Oh, Harry. – exclamei eu, sentido as minhas lágrimas caindo pela minha face. – Tu nunca me vais perder. Amo-te demais para isso. Mas eu também tenho muito medo de te perder.
Ficamos ali mais um tempo abraçados, até que eu me lembrei da razão pela qual andava à procura de Harry.
- Harry! – chamei e olhou para mim. – Antes de eu subir, entrou na sala uma senhora gorda, com um cão e que ficou a falar com a tua tia. Quem é ela?
- Deve ser a Tia Marge. – respondeu Harry, com raiva e eu percebi que devia ser aquela tia que ele tinha insuflado no antes do terceiro ano. – E isso não é bom. Ela não gosta de mim, e aposto que ela irá trepar nas paredes de raiva ao te ver aqui. Além do mais, se ela cá ficar mais do que um dia, ela irá ficar no quarto de hóspedes, onde tu estás.
Fiquei a desejar que ela ficasse apenas um dia, embora no dia seguinte eu e Harry nos fossemos embora. Os dois decidimos melhor descer, poiso pequeno-almoço já deveria ter sido servido.
Quando chegamos à cozinha, estava lá Petúnia, Dudley, Vernon, Marge e o horrível cão dela. Como eu entrei atrás de Harry e Marge ainda não tinha dado por mim, ouvi os horríveis comentários dela e entendi a razão de Harry tanto odiar a família.
- Olha quem ele é. – exclamou Marge num tom maldoso. – Vernon, admira-me que ainda não te tenhas livrado dele.
- Bem, Marge. Nós ainda não fizemos isso, por causa dos vizinhos. – respondeu Vernon. – Eles iriam comentar o misterioso desaparecimento do rapaz.
- Nisso tens razão. – concordou ela, reparando agora na minha presença. – E quem é ela? A namorada de Dudley?
Fiz uma careta de nojo, ao pensar só em dar um beijo ao porco do primo de Harry. Impedi os tios de Harry de dar uma explicação e respondi:
- Não!!! – respondi eu, sentido raiva. – Nunca namoraria com Dudley. Mas sim tenho namorado. Harry é o meu namorado.
E para aumentar o espanto de Marge abracei-me a Harry, que parecia um pouco surpreendido pela minha atitude, mas contente por eu ter desafiado Marge.
- Vernon! O que significa isto. – falou ela, virando-se para o irmão. – Além de sustentares esse morto de fome, ainda acolhes a namoradinha horrível dele.
Pronto! Fartei-me, não aguentei aquela mulher horrível a insultar-me e ao Harry.
- Ouça aqui. – falei eu, elevando a minha voz. – Lá por ser uma desocupada não lhe dou o direito de me insultar. Nem ao Harry. Deveria era insultar o seu sobrinho que não passa de um gordo maricas e que nem chega aos pés de Harry Potter!
E deixando para trás um Harry perplexo, Marge e Vernon surpreendidos, Dudley assustado e Petúnia orgulhosa, eu subi as escadas e bati com a porta do meu quarto. Sentei-me na minha cama e comecei a chorar, lembrando-me de como era muito humilhada na escola primária, por ser muito inteligente e por tirar boas notas. Foi quando eu recebia a carta de Hogwarts que eu prometi a mim mesma que eu não deixaria mais ninguém me humilhar. O que eu não esperava é ter a ajuda de dois bons amigos nessa tarefa. Harry e Ron. Pouco depois ouvi a minha porta abrir, revelando Harry e Petúnia, que trazia uma bandeja com comida.
- Hermione! – chamou Harry. – Nunca esperei isso de ti, mas foi espectacular.
- Obrigado. – agradeci. – Mas não me deveria ter excedido. Acho que a senhora deve estar zangada comigo?
- Nem por isso! – falou Petúnia surpreendo-me. – Acho que ela estava a precisar de alguém que a enfrentasse.
- Ela ainda está lá embaixo? – perguntei.
- Não, Vernon levou-a ao comboio antes de ir trabalhar. – respondeu Petúnia e eu senti-me envergonhada.
- Sinto-me tão horrível. – lamentei. – Não deveria te reagido assim, mas não goste que me humilhem.
- Não te preocupes. – confortou-me a tia de Harry. – Ela não ficou nem um pouco chateada. Até gostou muito de ti.
- O que? – perguntei surpreendida.
- Bem, ela antes de se ir embora falou que o Harry tinha muito sorte em ter uma namorada como tu.
E Petúnia, deixando a bandeja em cima da cómoda, saiu deixando-me com Harry. E eu fiquei embrenhada nos meus pensamentos. Acho que nunca esperaria uma coisa daquelas da irmã de Vernon. Aproxime-me da cómoda e comi o pequeno-almoço. Quando acabei de comer, voltei a sentar-me na cama e quebrei o silêncio, já que Harry não tinha dito nada, limitando-se a observar-me enquanto comia.
- Mesmo sabendo que a tua tia não ficou zangada, eu não deveria ter dito aquilo. – disse, tapando o meu rosto com as mãos.
- Não te preocupes. – acalmou-me Harry. – Ela mereceu aquilo que lhe disseste. O que querias dizer que não gostas que te humilhem. O Ron fez-te a mesma coisa no primeiro ano e tu não reagiste da mesma maneira.
- Aí a situação era diferente. Eu era nova naquela escola e … – hesitei eu.
- O que, Hermione. – perguntou Harry.
- Bem, digamos que eu já estava habituada. – respondi eu. – Eu era bastante humilhada na escola onde tive antes de ir para Hogwarts. Mas o comentário de Ron feriu-me profundamente e eu não sabia como reagir.
E quando acabei de fazer esse comentário lembrei-me de uma coisa. Antes de eu começar a gostar de Harry, eu tinha gostado de Ron e de certa maneira eu sabia que Ron também gostava de mim (Ginny tinha me feito vários comentários acerca de Ron e em como quando eu não estava com ele, estava sempre a falar de mim). E olhando para Harry, reparei que tanto eu como ele, poderíamos magoar Ron se dissemos que namorávamos.
- Harry. – chamei eu. – Acho que nos esquecemo-nos de um pormenor quando começamos a namorar.
- Que pormenor é esse? – questionou Harry.
- Ron – respondi, vendo que Harry ficou pálido. – Não sei como ele vai reagir quando souber que estamos a namorar. Tenho receio de magoar os sentimentos dele.
- Eu também me esqueci de Ron. – exclamou Harry, ainda pálido. – E mais eu sabia que ele gostava de ti.
- O que vamos fazer? – perguntei.
- É melhor, por enquanto não lhe contarmos. – disse Harry. – Embora ele possa ficar chateado de nos não lhe termos dito logo no inicio.
- Num certo sentido tens razão. – concordei eu. – Talvez desse modo o pudéssemos preparar para a notícia. Bem, mas por agora é melhor nos concentrarmo-nos em ir arrumar a tua mala. Dumbledore vem buscar-nos amanhã.
E assim, saímos os dois embrenhados na questão: como dizer a Ron que os seus dois melhores amigos namoram? Mas eu pelo menos, esqueci essa questão assim que entrei o quarto de Harry. As coisas dele estavam todas espalhadas.
- Harry! – ralhei. – Que confusão que aqui está! Acho que vamos demorar quase um dia inteiro aqui.
- Oh! – exclamou ele, decepcionado. – E eu que tinha melhores planos para nós os dois.
Abraçando-me, Harry começou a beijar-me o pescoço, mas eu que estava mais preocupada em arrumar aquela confusão o mais rápido possível, para que depois pudéssemos aproveitar os últimos momentos antes de irmos embora.
- Harry James Potter. – ralhei. – Fazes o favor de me largar e me ajudares. Quando mais depressa nos despacharmos, mais rapidamente poderemos namorar. Se não me ajudares, não há namoro para ninguém!
Parece que a minha ameaça resultou, pois Harry soltou-me e começou a juntar as suas coisas todas para dentro do malão, mas de uma maneira tão desorganizada, que eu comecei a rir.
- O que foi? – questionou ele, chateado. – Primeiro ameaças-me que se não te ajudo não há namoro para ninguém e agora estás a rir de mim. Isso não vale.
- Oh Harry! – exclamei eu, tentado conter o riso. – Já olhaste para o teu malão? Está uma confusão.
- O que tem. – disse ele, fechando a cara, zangado. – Eu gosto de confusão.
- Se vamos arrumar as tuas coisas! – falei, beijando-o. – Vamos ter de fazer isso da maneira correcta.
Tirei todas as coisas de dentro do malão dele e comecei a organizar tudo: dobrei-lhe as roupas e pondo-as num dos cantos do malão; passei para os livros arrumando-os por tamanho ao lado das roupas dele; por fim comecei a organizar os seus materiais para poções; o seu telescópio; o kit de tratamento de vassouras e ia a colocar o álbum de fotos dentro do malão, quando uma fotografia caiu no chão. Apanhei e virei-a para a ver e as lágrimas vieram aos olhos: era uma foto de um Harry bebé nos braços dos pais. Eu já a tinha visto antes, mas quando vi aquela fotografia, lembrei-me de mim mesma, uma bebé gorducha de cabelos castanhos nos braços dos meus pais. E pensei como será que eu reagiria se soubesse que os meus pais tinham morrido, que eu nunca mais os iria ver. Senti-me triste e era como se tivesse ficado vazia por dentro, como se não houvesse mais nada que preenchesse esse vazio.
- Hermione! – chamou Harry, reparando na foto que eu tinha nas mãos. – Estás bem?
Não respondi e limitei-me a me lançar nos braços dele, chorando compulsivamente. Sei que Harry deve ter ficado preocupado com a minha reacção, mas acho que mais nada me importava. Seria muito mau para mim se eu perdesse os meus pais da mesma forma que Harry perdeu os dele: assassinados por Voldemort! Após mais algum tempo abraçada a Harry, as minhas lágrimas passaram a ser soluços.
- Hermione. – Harry chamou-me, com uma voz doce. – Está tudo bem contigo querida?
- Sim, Harry. – falei eu, com uma voz um pouco fraca. – Obrigado pelo teu apoio.
- Sempre às ordens. – ele disse e tirando a foto das minhas mãos, ele observou-a e compreendeu porque eu tinha começado a chorar. – Tens medo não é?
- Sim, tenho. – afirmei. – Acho que também eu ficaria com vontade de me vingar se ele matasse os meus pais.
- A vingança não leva a lado nenhum, Hermione. – Harry afirmou. – Sentirias-te muito pior que antes. Matar alguém não é fácil. Depois ficarias com remorsos, mesmo que essa pessoa fosse das trevas.
Pensei naquelas palavras de Harry e apercebi-me de que ele tinha razão, mas lendo nas entrelinhas, senti que Harry continuava a esconder algo, mas com o que eu tinha ouvido, percebi que o segredo dele deveria estar relacionado com Voldemort. Deixei esse pensamento de lado, pois não queria pressionar Harry a me contar o que ele escondia e colocando novamente a fotografia dentro do álbum, coloquei-o dentro do malão de Harry, fechando-o. Como as minhas coisas estavam já arrumadas, propus ao Harry irmos um pouco para o jardim dos tios dele. Ele concordou e saímos do quarto dele e descendo as escadas, saímos para a rua e sentámo-nos novamente atrás da árvore onde tínhamos estado ontem. Eu gostava muito daquele sítio, pois tínhamos privacidade, já que os vizinhos não nos veriam. Ficamos ali até Petúnia nos chamar para o almoço. Fiquei um pouco frustrada, pois adorava imenso estar nos braços de Harry, gosto de sentir aquela sensação de segurança que Harry transmite. Quando acabamos de almoçar, Harry desculpou-se e foi para o quarto, pois queria descansar um pouco. Respeitando-o descanso dele, eu voltei para o jardim e deitei-me à sombra da árvore, onde estive abraçada a Harry. Como estava tão bem ali acabei por adormecer, mas os meus sonhos não foram pacíficos.
Estava abraçada a Harry, chorando. Só percebi o porquê das minhas lágrimas quando alguém arrancou Harry dos meus braços e me lançou um feitiço qualquer lançando-me contra uma árvore. Comecei a gritar o nome dele, vendo-o a ser torturado pela maldição Cruciatus. Tentei chegar a ele, mas a única coisa que consegui foi arranhar as minhas costas e naquele momento percebi que estava amarrada à árvore. Comecei a chorar ainda mais, a pessoa que eu mais amava estava a ser torturada e eu não podia fazer nada.
- Está a doer sangue de lama? – falou a pessoa que estava a atacar Harry. Não lhe via as feições pois tinha a cara tapada por um capuz. Pensei que deveria ser um Devorador de Morte. – Pois ainda vais sofrer mais, sangue de lama imunda.
Afastou a varinha de Harry e este deixou de tremer, caindo sem sentidos no chão.
- Harry! – gritei, sentindo-me fraca e muito só. – Não me deixes, por favor…
Ao olhar para Harry na esperança de que ele acordasse nem reparei que o Devorador de Morte vinha na minha direcção. Só dei por isso, quando já não senti nada a prender-me. Tentei correr na direcção de Harry, mas fui agarrada pelo devorador.
- Largue-me. – gritei, debatendo-me nos braços dele, tentando-me soltar, mas sem sucesso. O devorador era mais forte que eu.
- Ainda não, sangue de lama. – falou ele, de uma forma sinistra fazendo-me arrepiar. – Primeiro vou-me divertir contigo.
Senti nojo quando o devorador me beijou e comecei a chorar de desespero quando senti que ele tinha rasgado a minha roupa.
- Não. – gritei assustada. – Naaaaãooooo…
Mas foi tarde de mais. Senti-me invadida por aquela pessoa. Pensei que o meu pesadelo tinha acabado, mas ele invadiu-me inúmeras vezes, fazendo-me sentir como um verme imundo. Fiquei sem forças e apenas sentia aquele sujeito asqueroso invadir-me vezes sem conta e a única coisa que fiz foi fechar os meus olhos, pois não queria olhar para aquela cara nojenta (já que o Devorador tinha tirado o capuz, mas eu não vi os traços da pessoa que me estavam a violentar). Parecia que ele nunca estava satisfeito. De repente, tudo parou e apelando às forças que me restavam olhei em volta e reparei que o Devorador estava inconsciente ao meu lado e vi Harry com uma pedra na mão.
- Harry. – suspirei eu, sentindo as minhas forças voltarem. - Ainda bem que estás vivo.
Tentei abraça-lo, mas ele esquivou-se. Não entendi porque, até que uma coisa no devorador me chamou a atenção. Cabelos ruivos. Destapando a cara do devorador (já que o capuz tinha-lhe tapado a cara novamente quando Harry o atacou), reparei que era Ron Weasley, uma pessoa que eu pensava que era de confiança. Uma centelha de compreensão passou na minha mente. Harry pensava que Ron me tinha invadido com a minha permissão, pois eu não me estava a debater e ainda por cima tinha os olhos fechados. Mas antes que eu pudesse me explicar, Ron recobrou os sentidos e apontado a varinha para Harry, murmurou:
- Avada Kedavra. – Harry ficou sem reacção e eu gritei o nome dele.
- Harrrryyyyyy… – gritei eu com todas as minhas forças. – Nãaaaaooooooo…
De repente tudo ficou verde e eu acordei encharcada em suor e lágrimas. Fiquei mais uns minutos deitada na relva, tentando controlar a minha respiração e as minhas lágrimas. Aquele tinha sido um sonho horrível. Tentei me levantar, mas estava tão fraca que a única coisa que consegui fazer antes de desmaiar foi a imagem de Harry a vir na minha direcção… Acordei uns minutos mais tarde, deitada na minha cama, sentido a mão de Harry a agarrar a minha. Lentamente, pois ainda me sentia fraca, olhei para o lado e vi-o sentado numa cadeira ao lado da minha cama. Tinha os olhos fechados e estava ligeiramente branco. Apertei a mão dele, e vi-o abrir os olhos. Um mar de verde brilhante, contrastando com a face pálida. Puxei-o para mim e ele sentou-se na beira da cama. Largando-lhe a mão, acaricie-lhe a face, sentido novamente as minhas lágrimas a caírem. Delicadamente, puxei-o para mim e beijei-o delicadamente. Foi um beijo com sabor a sal, mas eu gostei, pois foi suave, mas ao mesmo tempo contendo paixão. Separamo-nos algum tempo depois, e eu fiquei a olhar para a imensidão de verde dos olhos dele. Ficamos mais um tempo em silêncio, pelo menos até que Harry o quebrou.
- O que aconteceu, Hermione. – perguntou ele, não escondendo a preocupação. – Tinha acabado de acordar quando ouvi gritares o meu nome.
- Tive um pesadelo horrível, Harry. – respondi. E contei-lhe o meu pesadelo, sem esconder nenhum pormenor.
- Engraçado. – exclamou ele, um pouco confuso. – Eu também tive o mesmo sonho.
Eu fiquei confusa. Era um pouco estranho, nós os dois termos tido o mesmo sonho. Mas agora eu poderia explicar a minha versão.
- Qual foi a sensação que ficaste quando viste o Ron a… – disse, mas com um pouco de receio de continuar. Não saberia como Harry iria reagir. - …invadir-me?
- Fiquei péssimo. – respondeu ele, após um tempo de reflexão. – Acho que me senti traído. Tu não estavas a reagir e eu pensei que estavas a gostar.
- No meu sonho, eu também fiquei com essa impressão. – esclareci eu. – Mas eu nunca te faria isso. Principalmente com Ron. Eu só não reagi, pois estava com nojo de mim mesma e por que as minhas forças se tinham ido de tanto me debater quando eu estava presa na árvore e tu estavas a ser torturado e acabaste por desmaiar. Nessa altura senti-me tão fraca e vazia, parecia que as minhas forças de viver se foram quando te vi desmaiar… E é a ti que eu amo, e não o Ron! Mesmo que ele se tentasse aproximar de mim, não teria sorte, pois eu não te quero perder! Aqui dentro… – disse apontando para o meu coração. - … só existe lugar para o amor que eu sinto por ti e para o sentimento de amizade que eu nutro pelo Ron e pela Ginny…
Com aquela afirmação, pareceu-me a mim que Harry ficou mais aliviado. Pelo menos teria a certeza que eu não o traíra de livre vontade. E ficou um pouco aliviado quando eu falei que a única coisa que eu sentia por Ron era apenas sentimentos de amizade…
Mas continuei pensativa… Porquê o facto de tanto eu com Harry termos tido aquele sonho ao mesmo tempo? Será pelo nosso receio de Ron reagir mal à notícia do meu namoro com Harry? Espero que esse sonho tenha apenas por base esse receio, pois seria horrível viver aquilo que tanto eu como Harry sonhamos… Eu e Harry ficamos abraçados, sentados na minha cama até à hora de jantar. Quando acabamos de comer, eu e Harry dirigimo-nos para os nossos respectivos quartos de modo a no dia seguinte estarmos em condições de viajar com Dumbledore.

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