Aulas de Dança



Capítulo 10 – Aulas de Dança

Quando Gina acordou na manhã seguinte, sentiu-se maravilhosamente bem, não sentia mais frio, foi aí que ela sentiu uma leve rajada de vento quente contra seus lábios e ergueu os olhos.

Lá estava ele: Draco Malfoy.
Gina estava completamente sobre ele, uma das mãos estava em sua nuca e a outra apoiada contra o peitoral bem definido do loiro, uma das mãos dele estava em sua cintura, enquanto a outra estava perdida em seus cabelos.

A ruiva moveu-se lentamente sob ele, tentando não acorda-lo, no entanto, não foi completamente competente. Draco soltou uns resmungos e sentou-se, fazendo com que Gina, que estava deitada sobre ele, mudasse rapidamente de posição, ficando sentada no colo dele, com uma perna de cada lado do corpo dele.

Gina sorriu, sem graça.

“Bom dia”

Ele sorriu de volta, um sorriso preguiçoso e bondoso que ficava simplesmente maravilhoso nele.

“Bom dia, Virgínia, dormiu bem?”, Gina abaixou a cabeça e sentiu as bochechas pinicando.

“Sim, obrigada... sinto muito, eu...”

“Tudo bem”, interrompeu ele, enquanto gentilmente, tirava Gina de cima dele e colocava-se de joelhos, passando as mãos pelos cabelos loiros e, agora, sem gel, caindo na altura dos olhos azul piscina do rapaz.

“Draco, eu sinto muito por ontem...”

“Gina, eu já disse que está tudo bem”, disse Draco, sério, com um pouco de impaciência, depois soltou um murmúrio “Sinto muito”, disse ele, vagamente, fazendo com que Gina acreditasse que ele se referia ao tom de voz grosso, mas na verdade, ele estava pedindo desculpas por tudo “Você poderia pegar as malas e guardá-las no carro, enquanto eu desfaço a cabana?”

Gina assentiu, pegando as duas malas e caminhando em direção ao carro, com a chave que Draco havia entregado-lhe, tinha acabado de fechar o porta-malas, quando ouviu o barulho claramente obvio de alguém se aproximando, ergueu os olhos.

Aquilo era estranho.

Entre ela e Draco havia agora um tipo de clima um tanto quanto solene e tenso, quase como se a idéia de terem dormido juntos – mesmo que não de uma maneira íntima – houvesse mudado tudo entre eles.

No entanto, não era Draco que se aproximava, mas sim Zabini.

“Dormiu bem, Gina?”, perguntou ele, com um sorriso.

“Sim...”, disse Gina, sentindo como se tivessem milhares de borboletas em seu estômago ao lembrar-se de seu corpo confortavelmente contra o de Draco.

“Que bom! Algum problema com o Draco?”

“Não, nós estamos muito bem, dá para vazar, Zabini? Nós estamos indo embora”, disse Draco, que acabar de surgir, trazendo a barraca já desarmada e o saco de dormir.

“Certo, vejo que já fizeram as pazes”

Draco revirou os olhos e negou-se a responder, guardando as coisas dentro do porta-malas e fechando-o com força.

“Vamos, Gina”, disse ele, enquanto caminhava em direção ao volante “Tenha um bom dia, Blaise”

“Idem para vocês”, falou o moreno, dando de ombros e entrando em sua cabana novamente.

XxXxX


“Aula de Dança?”, repetiu Draco, incrédulo.

“É, por que não?”, perguntou Gina, lançando-lhe um olhar divertido, mas decidido “Eu quero ter um pouco de gingado!”

“Você já tem gingado mais do que o suficiente para levar qualquer cara à insanidade, Virgínia”, um pensamento em Draco atormentou-o apenas tempo o suficiente para que ele conseguisse pensar em outra coisa para dizer.

“E o que você quer aprender?”

“Estive pensando em tango! É tão...”

“Ousado?”, sugeriu Draco, horrorizado só de pensar em outra pessoa encostando-se na Gina, que não fosse ele.

Nessas horas, Draco costumava achar que o fato de ter dormido abraçado com Gina uma péssima idéia, pois mal conseguia pensar em outra coisa. Sempre era aquela maldita imagem dela aninhada nos seus braços, respirando levemente, fazendo-o sentir uma leve corrente de ar contra o seu pescoço.

Merlim...

“Não, eu ia dizer exótico”, a ruiva indignou-se “E ela não é ousada, Draco, ela é sensual!”

“Hahahahahaha, sei”, falou ele, rindo forçosamente “Essa é a sua idéia de sexy? Sair por aí dançando agarrada com um cara, quase como se estivessem...”

“Bom, agora que você tocou no assunto”, cortou Gina, séria “Você não precisa se meter, querido, se você não quiser fazer, eu posso ir sozinha! Eu só preciso que você me deixe lá, é um prédio aqui em algum lugar, com os dizeres ‘Aprenda Tango Em Uma Aula’...”, disse a ruiva, pensativa, observando os prédios que passavam.

“Como é que você sabe de uma coisa dessas?”, perguntou ele, revirando os olhos.

“Eu conversei com uma menina e ela... ali! Achei! Pára o carro, Draco! Pára!”, berrou Gina, mas ao ver que essa não era a intenção dele, destravou a porta e abriu-a, fazendo com que ele freasse na hora.

“Você tá ficando muito folgada, garota!”, berrou ele, quando conseguiu falar, uma vez que ficou completamente sem ar, ao achar que ela iria pular do carro em movimento.

Gina deu um sorrisinho.

“Você vai fazer o curso também ou vai me abandonar, como fez no bung?”, perguntou ela, inclinando-se, de maneira que seu rosto ficou apenas alguns centímetros do rosto do loiro.

Ele fechou os olhos, inspirando o perfume adocicado que saía da pele branca como leite, dela.

Sentiu uma imensa vontade de abrir a porta, puxa-la para dentro e beijá-la como nunca fizera com ninguém, de tê-la ali mesmo, não se importando se estavam no meio de uma rua e alguém pudesse vê-los.

“Certo, Malfoy, você está ficando insano”

“E... eu não te abandonei, Virgínia”, disse ele, levemente amargurado, ao lembrar-se de Gina e Zabini.

“Bom, você quem sabe, mas eu tenho certeza de que vai ter algum cavalheiro pansexual muito gentil que aceitará de bom grado ajudar um pobre coelho a dançar tango!”, e, deixando essa frase no ar, a ruiva girou nos calcanhares e entrou no edifício.

Draco recostou a cabeça no volante e começou a batê-la de leve, tentando tirar aquela ruiva da sua mente, no entanto, Gina era a única coisa em que ele conseguia pensar, a única pessoa que conseguia controlá-lo daquela maneira, bastava ela fazer aquela cara, ou usar aquele comentário irônico que quando ele dava por si, já estava seguindo-a, como se ela fosse uma maldita veela.

Bufando de raiva e frustração, ele abriu a porta do carro, fechando-a com força e violência, entrando no prédio.

Lá tinha uma recepcionista que, ao vê-lo, passou a língua nos lábios vermelhos e carnudos, fazendo Draco acompanhar o gesto com os olhos azuis brilhando. A mulher era realmente bonita, cabelos negros, cacheados, a pele era bronzeada e os lábios carnudos, bem do estilo de garota que instigava Draco Malfoy, não como aquela ruiva maldita que não tinha nada demais.

“O que deseja, senhor?”, perguntou ela, inclinando-se e mostrando o decote, insinuando-se.

“Eu vim...”, Draco teve que controlar-se, limpou a garganta “Acompanhar uma... garota”, disse ele, por fim, já que ele e Gina não eram amigos e, definitivamente, não eram namorados.

“Aquela magnífica ruiva?”, perguntou a mulher, mas deixando claro que a idéia de que ele e a ruiva se conheciam a deixava extremamente chateada.

Draco engoliu em seco.

“Ela não faz o meu tipo”, disse ele, omitindo o fato de que aquela ruiva era quem roubava seus pensamentos, era quem fazia com que ele tivesse um bom motivo para acordar de manhã que, se não fosse por ela, sua vida continuaria sendo a mesma chatice monótona de sempre.

“Não mesmo?”, perguntou a mulher, um pouco mais feliz.

“Não, querida, ele não gosta de coelhos”, disse uma voz que fez Draco gelar, ele voltou-se e encontrou uma Virgínia Weasley sentada na sala de espera, fitando-o com os olhos frios e cheios de mágoas.

“Gina...”

Ela fez um gesto do tipo ‘esquece isso, estúpido’ e sorriu, fracamente:

“Obrigada por ter vindo, Draco, a aula começa em cinco minutos”

“E eu sou a professora!”, disse a mulher, alegre “Irei te ensinar a dançar tango, meu querido, depois de um tempo, você não vai querer fazer outra coisa!”, e ela saiu de trás da recepção “Vamos? Os outros alunos já estão dentro da sala!”

Gina negava-se a olhar para Draco.

Então, ele não permitia que ela ficasse com ninguém, mas, lógico, ele podia sair por aí flertando com Deus e o mundo que ela teria que ficar calada, como se fosse uma obrigação dela aceitar tudo aquilo de cabeça abaixada e aquilo era o que mais a irritava.

“Merda, Gina, você está ficando...”, mas Gina afastou os pensamentos com um aceno, quando a porta da classe se abriu e mostrou uns vinte casais, e um outro homem latino, que devia ser o professor que lecionava junto à mulher da recepção.

“Temos dois novos alunos! Eu gostaria que vocês dessem boas vindas, à... Virgínia Weasley e... qual seu nome, amor?”, perguntou ela, para Draco.

“Draco Malfoy”, resmungou ele, num murmúrio.

“e DRACO!”, berrou ela, sorrindo, enquanto os outros alunos sorriram aplaudindo-os, obviamente, os olhos dos homens concentravam-se em Gina e os das mulheres, em Draco, com um sorriso levemente sensual, que fez com que ele abaixasse os olhos.

Aqueles primeiros cinco minutos foram o necessário para saber que passaria por três longas horas de torturas, onde mulheres fariam de tudo para seduzi-lo.

“Como eles são novos, farão o começo da aula com os professores. Virgínia, querida, vá com o Professor Estevão”, Gina engoliu em seco ao perceber os olhos do professor engolindo-a por inteiro “E você, meu amor”, disse ela, referindo-se ao loiro “, fará essa aula comigo!”

Gina bufou e caminhou rapidamente em direção ao professor.

Uma música provocante e instrumental começou, os alunos arrumaram-se em duplas, enquanto o professor começava a explicar os passos para Gina, que mostrava ter um talento nato para a coisa, porque já estava fazendo os movimentos de maneira mais profissional e provocantes do que a maioria das garotas que estavam lá tendo aulas há meses.

“Agora a música está terminando, o grande final, querida, é o seguinte, você, com sua perna de apoio – a esquerda – vai em envolver a cintura e a uma das minhas mãos estará nas suas costas, você vai recostar-se nela, de maneira que descerá seu tronco um pouco e depois eu a puxarei para mais perto, OK?”, disse ele, sorrindo, com aquele maravilhoso sotaque latino “Garota, você tem jeito para isso!”

Gina riu maravilhada.

“Obrigada”

“Bom, então vamos, meu queridos! A parte final da dança em: cinco, quatro, três, dois, um... e JÁ!”, berrou a mulher que estava quase se atracando com Draco, quem também era muito bom naquela dança.

Gina fez rapidamente o que professor tinha lhe dito, envolveu com a perna esquerda a cintura dele e inclinou o tronco para trás, tendo a visão de todos de cabeça para baixo, e então, com um gesto rápido, o professor puxou-a para perto de maneira que seus rostos ficaram bem próximos, os narizes se tocando.

O professor respirou fundo e fitou-a, maravilhado.

“Eu... Deus meu...”, ele dizia, sem palavras “Você... Você tem talento, garota! Muito talento!”, sussurrava essas palavras no pé do ouvido da ruiva.

Era verdade que o professor era um caminho sem volta para o inferno, com o peitoral bronzeado bem definido, e deveria ser um pecado uma mulher passar pelo mundo sem tocá-lo, mas Gina não sentia-se tão confortavelmente assim com ele.

Seus olhos voaram e pararam em Draco que fez todo o procedimento, sua testa estava encostada na da professora, mas seus olhos azuis encontraram com os dela.

Gina voltou-se para o professor.

“E agora, professor?”

Ele sorriu, enquanto Gina retirava a perna da cintura dele, e fitava-o, curiosa.

“Agora, rodaremos os casais. Direita!”

A menina que está à direita de Gina aproximou-se do professor e Gina percebeu que teria que dançar com o rapaz à sua direita, que também não era nada mau: cabelos ruivos compridos, o rosto bem branquinho e dois olhos azuis que brilhavam quase com um toque infantil.

Ele era lindo...

...uma pena que lembrasse terrivelmente o Rony.

“Oi”, falou Gina, sorrindo, sem graça para o sósia do irmão.

“Oi, tudo bom?”, perguntou ele, enquanto a envolvia pela cintura e os dois começaram a dançar com uma incrível falta de harmonia, fazendo com que, no fim da música, o garoto não conseguisse segurá-la e os dois caíram com força no chão, fazendo os dois se contorcer no chão, gargalhando.

Draco fitou aquela cena, com frieza.

Como ela podia ousar rir com outra pessoa que não ele?

Fitando o professor, murmurou uma azaração e ouviu que o pensamento dele era fazer com que os alunos homens mudassem indo para a esquerda, correu para o menino que estava à esquerda de Gina e obrigou-o a sair de lá e ir para o seu lugar.

“Credo, que estressadinho”, resmungou o cara, obviamente chateado com o fato de não ter a chance de encostar naquele corpo perfeito da ruiva, mesmo que ela estivesse usando aquele imenso casaco.

“Agora, meu queridos alunos, virem-se para a esquerda!”, e quando Gina levantou-se, quem esperava por ela era Draco Malfoy, incerta, fitou-o.

“O que você faz aqui?”, perguntou ela, mal humorada.

“Dançando com você”, disse ele, com um sorriso cínico do tipo ‘não sei porque você está tão chateada’ e, sorrindo, envolveu-lhe a cintura e Gina sentiu como se as mãos dele deixassem em chamas onde tocavam.

Respirou fundo e fitou-o.

“Achei que eu não fizesse o seu tipo...”, resmungou ela, enquanto os dois moviam-se em perfeita harmonia, e começavam a se destacar em meio à todos os demais.

O fim da música chegou, Gina envolveu a cintura de Draco com a perna esquerda, ele segurou-lhe a coxa com uma das mãos, enquanto a outra trouxe-a para cima, pelas costas, e os narizes se tocaram.

Ele sorriu.

“Você está na outra categoria, Gina”, murmurou, em seu ouvido, foi então que começaram a aplaudir e os dois levaram os olhos para os demais alunos, que haviam formado um circulo em torno deles.

“Queridos, o que é isso?”, perguntou o professor, divertido “Parece que alguém vão ter uma noite bem agitada...”

“O quê?”, perguntou Gina, tirando a perna da cintura de Draco e soltando-se.

“Ora, meus amores, é regra! Toda vez que duas pessoas dançam assim, tão harmoniosamente, é porque sentem grande desejo um pelo outro. Essa é a maravilha do tango, ele consegue revelar nossos sentimentos mais enrustidos!”

Draco respirou fundo, mordendo o lábio inferior.

Ele a desejava.

Não só porque Gina era uma garota de corpo espetacular, mas porque havia nela algo que simplesmente o instigava. Uma bondade, um sarcasmos, um ar infantil e ao mesmo tempo sensual e atraente... ela era um tipo novo.

Ela era uma garota espetacular na categoria errada.

Gina não fazia parte da categoria ‘uma noite’, ela fazia parte da categoria ‘as que valem a pena, mesmo que só por uma noite’ e, para a surpresa de Draco, Gina era a única nela.

A única que fazia ele obedecer-lhe, sem usar chantagens sexuais, ou qualquer de outro tipo.

A única que fazia seu corpo clamar por ela, sem fazer nada pensado. Gina era sensual por si só, não precisava armar situações como milhões já fizeram com ele.

Ele respirou fundo e fitou-a, em silêncio.

Ela também o fitava, mas nenhum dos dois sabia o que iria dizer, nem o que queria ouvir.

Draco deu um leve sorriso, aproximando-se de Gina e sussurrando em seu ouvido, bem baixinho, de maneira que nenhum dos que estavam em volta ouvissem:

“Quem sabe eu não descubro meu lado pansexual numa dessas”, comentou, maldosamente.

Gina sentiu a bochecha pinicando e empurrou Draco, de maneira que seus olhos chocassem um contra o outro.

“Garotas, virem para a esquerda”, ordenou a professora e Gina moveu-se, indo parar nos braços de um garoto com óculos, mas que era bonitinho com olhos azuis e cabelos cacheados pretos.

Draco agora dançava com uma menina de cabelos loiros e olhos verdes que lhe sorriu, sensualmente.

“Será que nós teremos a harmonia que você teve com a novata?”

Draco deu de ombros.

“Não acredito”

A menina lançou-lhe um olhar de repreensão, mas logo sorriu novamente.

“Veremos”

Resultado: na cena final, não só os dois foram de cara para o chão, como Draco teve quase certeza de que havia quebrado uma ou duas costelas.

Continua...

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