A estranha colega de classe



A tarde segue quente, sem vento, abafada. Olho para o relógio e este parece não se mover, todas as vezes que vejo é sempre a mesma hora é como se o tempo quisesse me prender assim, sozinha, triste, abandonada... todos esses sentimentos e mais uns outros que parecem dobrar de pesar diante dessa tarde que passa se arrastando.



Meu corpo, agora mudado, mais bonito, mais atraente, pra não dizer perfeito, parece pesar uma tonelada e mesmo eu não estando cansada eu não consigo, não quero me mover. Não sinto sono, nem cansaço, só sinto um pesar dilacerante... uma solidão doentia.



O tempo continua passando cada vez mais devagar e está ficando cada vez mais quente, um calor que não é tão grande mas incomoda, perturba, um calor que me faz querer desistir... mas... desistir de que? Não sei do que sinto falta, não sei de quem sinto saudade... só sei que esta faltando alguma coisa e deve ser algo muito importante pois eu não preciso de nada e algo me falta.



Quero sair de onde estou, embora eu sempre me sinta bem aqui. Quero sentir uma brisa leve e fria em meu rosto e dentro de mim... queria que essa brisa penetrasse bem fundo dentro de mim e preenchesse todos os espaços em branco ou melhor todo esse vazio.



E se eu saísse? Mas ir pra onde. Eu tenho pra onde ir mas não quero, não agora.
Eu não estou sabendo o que eu quero nesse momento, mas sei que eu quero alguma coisa e quero agora!


Pensei em coisas normais que em dias comuns eu fazia com as mesmas pessoas sempre. Pensei no que eu sempre fiz, mas o fato é que agora eu não quero algo que sempre tive. Harry e Ron que me perdoem, mas no momento não quero as mesmas companhias. Não, não são as coisas que sempre fiz que busco agora. Não estou sentindo a falta das coisas “normais” nem dos dias “comuns” que sempre tive.



Desejo algo novo, completamente inédito. Algo que jamais imaginei que fosse querer, que as pessoas jamais imaginaram que eu fosse querer – embora eu não me preocupem com a opinião das pessoas.



Sim! É de algo assim que preciso agora algo que nunca quis, fiz ou sequer imaginei.




Hermione Granger folheava um livro enquanto pensava. Ela não estava conseguindo se concentrar em nenhuma leituras desde que chegara a biblioteca e por isso pegou um livro qualquer e seguiu para o salão comunal da Grifinória, que, era uma tarde de sábado, estava praticamente vazio exceto por uma garota do mesmo ano que ela. Soffie Jeeves.



Soffie era uma garota que Mione não tinha nenhum contato pois a achava um tanto quanto misteriosa demais. Era alta, da mesma altura de Rony, tinha cabelos ondulados que não Hermione não sabia se a cor era castanho muito claro ou loiro escuro que por pouco não chegava a cintura em um corte em V que quem olhasse de frente pensaria que seu cabelo era na altura dos ombros.



Seus olhos também não se distinguia a cor, hora castanhos, hora esverdeados e ainda por vezes parecia mel. Quanto ao corpo ela, Hermione não sabia, pois nunca a vira usando outras roupas senão as vestes da escola e elas não mostravam muito mas mesmo assim ela parecia bem feita.



Mas o rosto de Jeeves, esse sim chamava muita atenção. Ninguém podia negar, nem mesmo Mione, era lindo, tudo se encaixava perfeitamente, os olhos multicor meio puxados, o nariz afilado mas não muito arrebitado e os lábios levemente carnudos, sem falar na pele dessa garota que mais parecia ser porcelana tamanha alvura. Fisicamente ela não tinha nenhum defeito, muito pelo contrário Soffie era dona de uma beleza clássica de causar inveja em qualquer veela.



Mas algo não se encaixava. Como uma garota dessas não vivia cercada de amigos ou pretendentes? Definitivamente algo estava errado.



“Será que é porque ela tem um aspecto tão raro que amedronta as pessoas?”


“Ou será porque ela é muito calada?”



–É melhor você parar de fazer suposições em sua cabeça Hermione – disse consigo baixinho – não se meta pois não é da sua conta se ela tem amigos ou não.



“Mas e se for pela frieza que ela emana. Por que sinceramente aqueles olhos parecem duas janelas para o vazio”



“E quando ela passa... ela é tão sombria parece que está em tão constante tristeza. Como se dementadores tivessem sugado, arrancado, banido completamente qualquer vestígio de felicidade nela...”



–Posso ajudar em alguma coisa? – perguntou Jeeves a Hermione tirando esta de seu transe que já durava um tempo considerável.



–Como disse? – finalmente falou Mione saindo de seu transe e se dando conta que estava a analisar descaradamente a colega de classe desde que chegara e a percebera ali.



–Perguntei se posso servir em alguma coisa já que há um bom tempo me olhas.



“Nossa como a voz dela é bonita! É fria mas é suave”



– Não obrigada. Sinto muito – mione proferiu essas duas ultimas palavras num tom mais baixo, porém audível. Odiava se desculpar pos isso significava que ela estava errada e ela odiava estar errada. Mas nesse caso estava.



–Tudo bem, eu já estou acostumada – respondeu Jeeves e baixou sua cabeça para seu caderno de capa preta onde voltou a escrever.



–Desculpe mas, acostumada com o que?



Soffie Jeeves continuou a fitar seu caderno preto por um momento, mas parara de escrever. Levantou a cabeça devagar como se esta pesasse e encarou Hermione. Esta estremeceu ao fitar aqueles olhos que agora contra a luz do sol que entrava por uma janela, estavam intensamente verdes. Mione começou a se perguntar se tinha feito a coisa certa em prolongar aquela conversa, se é que aquilo era uma conversa.



–Bem – começou Jeeves cautelosa – Estou acostumada com esse tipo de olhar, com essas situações.



–Como assim? – mais uma vez Hermione não se conteve.


–As pessoas me olha meio que curiosas...


“Muito curiosas” pensou Mione.


–E com um certo receio ou desconforto, como se quisessem me perguntar algo ou toda minha vida.


–E perguntam – isso Mione cutuque a fera com vara curta.


–Não.


E por que não? – eu devo ter acordado com um Q suicida hoje.


–De certa forma elas desistem. Como se eu as assustasse.


–Mas você assusta – isso foi completamente insano Hermione, completamente.


–Eu não as assusto. Elas se assustam com a imagem que elas mesmas fazem de mim.


–Que imagem?


–A mesma que você estava fazendo enquanto me olhava.


–Desculpe – Mione disse e baixou a cabeça derrotada.


–OK. – disse Jeeves e retirou-se em direção ao dormitório.


“Definitivamente hoje não é o meu dia” pensava Granger enquanto saia pelo buraco da mulher gorda em direção a... nem ela mesma sabia.

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