Primeiro Dia [parte I]



N/Nate: Então tá aí o tão esperado primeiro capítulo. Muito obrigada pelos comentários!

Obs.: O texto em negrito é do James. O normal é da Lily




O relógio marcava 7:45. Foi uma das poucas coisas que consegui absorver quando acordei. Aquele sonho pra lá de estranho ainda rodopiando na minha cabeça, quando reparei que o tal relógio da mesa de cabeceira era rosa-berrante.

Até onde eu me lembre, não tenho um relógio rosa-berrante, nem nenhum dos marotos. Humpft, aquele cachorro de uma figa… Três anos se passaram e ele ainda não pára de fazer piadas com o meu cervo.

Mas Padfoot ia ver uma coisa, ah se ia… Abri o cortinado, ainda meio sonolento. Mas o que encontrei não era, nem de longe, um Sirius Black.

--- Ah, você acordou! Bonjour.

Paralisei, a fitando de cima á baixo. Tá legal, Samantha é quase minha irmã, somos super amigos e tal, mas ela não precisava ficar desfilando usando roupa de baixo bem na minha frente… Quero dizer, Sam não passa nem um pouco despercebida quando está vestida, então você imagine…

--- Samantha! --- exclamei, virando o rosto quando reparei o que estava fazendo.

--- Eu mesma. Que foi, nunca me viu?

Não com essas roupas… Ou eu deveria dizer sem elas? Mas afinal, que diabos Samantha Neveu estava fazendo no dormitório dos marotos, meu Merlin?

--- Quer… se vestir?! --- falei, exasperado.

--- Nossa, eu estou tão gorda assim? --- e pelo canto do olho observei Sammy ir se olhar no espelho.

--- Não. --- murmurei para mim mesmo, fechando os olhos. --- Está ótima. Ótima.

O Sirius vai simplesmente me esfolar vivo, depois vai me esquartejar e espalhar meus pedacinhos por todo o castelo. Isso depois de me capar, claro.

Deus me proteja da fúria de um cão assassino ao saber que eu vi sua presa favorita nesses trajes.

--- O que está acontecendo aí? --- perguntou uma outra voz. Uma garota loira saiu de trás da cama que deveria ser do Moony, vestindo uma blusa.

--- Susan?!

--- Não, o Potter… --- disse ela, rindo.

Então Susan começou á falar que Samantha não estava gorda, que estava linda, e assim foi o diálogo extremamente feminino.

Mas espera aí… Eu era o Potter. Minha mente super aguçada devido ao sono começou a supor que talvez alguma coisa estivesse errada.

Com a francesa devidamente coberta por um cortinado, pude avaliar o local. Cheguei a brilhante conclusão de que aquele não era o meu dormitório.

Cadê a tabela lunar no mural? Cadê os pacotes de comida do Peter? Melhor: cadê o Peter? E o Sirius, e o Remus? E a bagunça?

Levei inconscientemente a mão aos cabelos, a fim de bagunça-los. Mas eles não se mecheram, pareciam… presos. Presos atrás da cabeça.

Só então fui reparar que algo batia levemente nas minhas costas, cobrindo a nuca. Cabelo comprido? Em um rabo-de-cavalo? E era… ruivo.

Oh meu Deus.

E tudo veio á baixo. Aquelas mãos fininhas e delicadas não eram minhas. Nem o pijama curto e rosa bebê. Nem o que estava dentro do pijama rosa bebê.

Oh… meu… Deus.








--- AAAHHH!

Foi tudo o que eu pude fazer, ao abrir o cortinado da minha cama e dar de cara com um Sirius Black vestindo só uma samba-canção á minha frente. O moreno franziu as sobrancelhas, abrindo um malão sobre a cama de Sam.

--- Bom dia pra você também…

--- Que diabos você está fazendo aqui?! --- exclamei, cobrindo os olhos com as mãos.

--- Eu moro aqui, sabe… E anda que estamos atrasados.

Como aquele garoto entrou aqui? Ah, esses marotos… Abri os olhos, esperando que a criatura já tivesse se vestido, e percebi uma coisa que não havia visto antes. Minha vista estava embaralhada… E minha voz mais grossa. O que seria aquilo?

Oh não! Mas é óbvio! Tudo ficou claro para mim. Eu precisava achar as garotas e sair correndo dali… Esses marotos loucos, olha o que fizeram!

--- Vocês me drogaram! --- exclamei minha grande e brilhante conclusão, no que ele virou para mim completamente perplexo. Cínico!

--- Cara, você está bem?

--- Cara é a senhora sua mãe, Black! E é claro que não estou bem! A professora McGonagall vai saber disso, ah se vai!

O moreno se aproximou de mim e me estendeu alguma coisa.

--- Sou eu, o Padfoot! Coloca seus óculos que você tá mais cego que o normal.

--- Meus o quê?

--- Seus óculos, sua mula. --- e enfiou alguma coisa no meu rosto. Instantaneamente, os olhos azuis-escuro entraram em foco, piscando. --- E aí, luz?

O fitei seriamente, meus olhos (que por alguma razão inexplicável Sirius colocou um óculos de grau que, por uma razão ainda mais estranha, funcionou) faiscando de raiva.

--- Você arranjou uma ótima detenção, Sirius Black. Agora me diga: cadê a Samantha e a Susan?

--- Que gritaria é essa aí, gente? --- a porta atrás de Sirius se abriu, e Remus Lupin saiu de dentro do banheiro com uma toalha enrolada na cintura.

É a deixa para Lilly Evans adquirir seu conhecido tom vermelho-cereja no rosto.

--- Que é isso, hein?! Algum tipo de orgia em plena segunda-feira?!

--- Quê? --- pela abertura dos dedos que cobriam meu rosto, pude ver o castanho lançar um olhar inquisidor á Sirius, que adquiriu uma cara de injustiçado que não engana ninguém.

--- Eu?! Que você está olhando pra mim, Moony? Está vendo alguma mulher por aqui, por acaso?

--- Eu ouvi isso! --- exclamei, apontando um dedo para ele. Pela sua cara, Black não sabia se ria ou se chamava Madame Ponfrey.

--- Remus, das duas uma: ou o nosso querido Prongs resolveu assumir seu veado interior ou enlouqueceu de vez.

--- Quem?!

--- Olha aí, estou falando! --- e olhou para mim como se eu estivesse alegando aos quatro ventos ser Napoleão Bonaparte. --- James… aconteceu alguma coisa lá na floresta proibida?

--- Floresta proibida? Mas que floresta proibida? --- perguntou Remus, olhando feio para o amigo. E os dois começaram á discutir sobre que diabos Potter foi fazer na floresta proibida.

Mas eu não estava me importando. Me levantei da cama, ficando de pé. Quase tive vertigem… Eu, esse ser acostumado á minha mísera estatura baixíssima, estava bem alta. Uma cabeça mais do que quando deitei, eu diria.

Mas agora percebia que não foi naquele dormitório que me deitei. Oh meu Deus, era o dormitório masculino!

E o boletim de más notícias ainda não havia acabado: não era só o dormitório que era dos marotos.

Aqueles bíceps, aquelas mãos, aquele pijama e tudo que vinha dentro dele, definitivamente eram masculinos. Ai ai ai…

Corri para o banheiro, empurrando um Lupin que dava um sermão em Sirius e entrei me encarei no espelho.

Pude ver todo o sangue do rosto fazer uma fuga em massa, deixando-o completamente pálido. O motivo da palidez é que tal rosto nem de longe era meu.

O rosto por qual algumas garotas de Hogwarts matariam… Os cabelos negros apontando para todos os lados, os óculos ovais, a boca fina e os olhos castanho-esverdeados brilhantes. Se eu estivesse adepta á sorrir naquela hora, seria o sorriso considerado o mais lindo do castelo. O sorriso do…

--- POTTEEER!






O urro colossal deve ter sido ouvido em todo o castelo, e ainda era audível enquanto eu descia correndo a escada do dormitório feminino.

Ah, aquela escada que eu e o Pads tentamos por anos vencer e nunca conseguimos, agora me recebia como um dos seus. Como uma garota!

Quando pus os pés na Sala Comunal – graças aos céus, vazia –, vi eu mesmo saindo da escada masculina.

O que era imensamente parecido com James Potter parou á minha frente, com uma expressão de fúria que me assustaria. Mas bem, não sou louco de temer eu mesmo…

--- Evans? --- perguntei, receoso.

--- Potter! --- exclamou ela, digo ele. Ah, sei lá. --- Que idéia foi essa?!

--- É você aí dentro?

--- É claro que sou eu! --- é claro que era ela. Eu não coloco as mãos na cintura quando grito. Lilly sim. --- Isso é mais um plano seu?

--- Meu? Eu estou tão pasmo quando você!

Evans abriu minha boca (nossa, que coisa mais estranha) para responder, mas Sirius e Remus aparecerem atrás dela, ainda se vestindo.

--- James! Lilly! --- disse Rem, arregalando os olhos. --- Enlouqueceram?

--- É esse seu amigo, Lupin! --- berrou Lilly. Óbvio que Moony não entendeu nada.

--- Er… Remus… Acontece que eu e a Evans, quero dizer, eu sou a Evans… Mas na verdade não sou… Ela sou eu, mas eu…

--- Que indecência é essa, Evans? --- Sirius. Sempre o Sirius. Apontou para mim, no que Lilly corou. Meu rosto não fica bem corado…

Hum, realmente o shorts que a Lilly dorme não são trajes de se sair para dar um passeio, se é que você me entende. Claro que Pads ia reparar.

Vi eu mesmo dar um tapa no ombro dele, em uma atitude ridiculamente feminina.

--- Black! Não olhe pra mim assim!

--- Não estou olhando pra você, Prongs… Sabe, nem todos nós somos chegados nisso.

--- Vocês não estão entendendo?! --- Lilly berrou, irritada. --- Eu sou a Evans e aquele ali é o Potter!

Os dois marotos se entreolharam por alguns segundos e depois começaram á rir.

--- Ah… Quem diria que vocês dois iam se unir para nos pregar uma peça…

--- O Jay deve estar querendo vingar o Primeiro de Abril do ano passado, Remus… --- disse Sirius, em meio ao riso.

--- É verdade! --- segurei Padfoot pelos ombros. --- Sou eu, cara!

Sirius encarou meus olhos verdes de cílios alongados, depois voltou á rir, mais do que antes.

Bufei de raiva e fechei os pulsos nos braços de Sirius e Remus, os puxando para longe de Lilly.

--- Escuta… Como é que Lilly ia saber que os comando para o Mapa do Maroto são Juro Solenemente Que Não Farei Nada de Bom e Malfeito Feito? --- eles continuaram descrentes. --- E como diabos ela ia saber que você --- apontei para Remus. --- foi mordido por Fenris Greyback aos três anos porque seu pai não pagou uma maldita dívida?! E que você Sirius, tomou um porre uma vez em um natal na sua casa e…

--- Tá tá, pode parar! --- Padfoot arregalou os olhos pra mim. --- James! O que fizeram com você?

Aleluia, alguém que acredita em mim!

--- Olha… Vamos ser racionais, pessoal --- disse Remus, franzindo as sobrancelhas.

--- Eu estou sendo racional! --- protestou Lilly, vindo se juntar á nós. --- Durante a noite fui transportada para o corpo de James Potter. Estou muitíssimo racional!

Nós três erguemos as sobrancelhas ao mesmo tempo para ela, que bufou de raiva.

--- Tá legal… Como é que isso foi acontecer? --- perguntou ela, sentando no braço de uma poltrona. --- Eu tive um sonho meio maluco… Mas não pode ter alguma coisa a ver com…

--- Claro, o sonho! --- exclamei. --- Os elfos da floresta! Vamos, vamos lá falar com eles e…

--- Nem pensar! --- protestou ela. --- É ano de N.I.E.M’s e eu não vou perder aula por nada nesse mundo! Façamos o seguinte… --- Lilly parecia querer matar á si própria (ou melhor: á mim próprio) por estar dizendo aquilo. --- Freqüentamos as aulas de hoje assim, como estamos, e á noite vamos ver os benditos elfos.

Eu ri, cruzando os braços.

--- Ah Evans, e você acha que consegue ser James Potter por um dia?

Os olhos castanhos brilharam de fúria, e ela se levantou do assento.

--- Não parece tão difícil, Potter… É só azarar o coitado do Snape, sair por aí distribuindo sorrisos para as garotas, brincar com uma bolinha de ouro e bagunçar os cabelos! --- e ela bagunçou meus cabelos, mas não do jeito charmoso que eu faço. Parecia meio… alucinada. --- Em suma, ser o maior imbecil da Terra!

--- Ah é?! --- avancei para ela. Sabe, as vezes eu me encho da Evans. --- E vai ser fácil ser você! É só tirar a graça de tudo! Eu sou Lilly Evans, a defensora dos sonserinos fracos e oprimidos!

--- Ora seu…

--- PAREM! --- Moony lançou um olhar severo, que correu de mim até a Evans. --- Pelo amor de Deus, vocês parecem crianças! A Lilly tem razão. Vamos para a aula, e depois eu e o Sirius ajudamos vocês á resolver esse problema. E é melhor que ninguém mais saiba sobre isso além de nós quatro, entendido?

--- Sim --- murmuramos eu e Lilly, como criancinhas que são postas de castigo.

--- Que ótimo. --- Remus sorriu, satisfeito. --- Agora vão se trocar e vamos descer.

--- É, é melhor eu tirar esse pedaço de pano aqui… --- falei, olhando para o protótipo de shorts de Lilly e me adiantando para o dormitório feminino.

--- Potter! O que você pensa que vai fazer?! --- berrou Evans, me puxando pelo ombro.

--- Trocar de roupa…?

--- Isso aí Prongs… --- comentou Sirius, rindo. Nossa, ele estava se divertindo pacas com a nossa desgraça, aquele sádico. --- Tá no inferno, abraço o diabo.

Lilly se firou para Sirius, lívida, apontando um dedo na cara dele.

--- Escuta aqui, Black… Agora que eu tenho esses dois punhos fortes aqui, não vou hesitar em usá-los bem nessa sua cara se você não calar a boca!

E sua cara era de quem não ia hesitar mesmo. Sirius arregalou os olhos e ergueu os braços, murmurando um “foi só pra descontrair…”.

--- Olha Evans, eu não posso sair por aí desfilando as suas pernas… --- argumentei, dando de ombros.

--- Está bem, droga! Vai logo então, Potter!

Concordei com a cabeça e comecei a subir a escada. Estava quase chegando lá em cima quando ela gritou, em tom de ameaça:

--- E não faça nada… nada indecente com meu corpo, James Potter!

Tive que rir. Pisquei um olho para ela, abrindo a porta do corredor.

--- Igualmente, Lilz.






Passei uma mão pelo rosto. Que desgraça.

--- Não se preocupe, Lilly --- disse Rem, sorrindo fracamente. --- No futuro vamos todos nos lembrar disso e rir. --- e seu sorriso aparentemente inocente se tornou uma risada.

Até tu, Remus? Sirius acompanhou o amigo, colocando uma mão no meu ombro.

--- É… E por hoje, Evans… --- sorriu maldosamente para mim. --- Você é nossa.

Deus me proteja.







N/Nate: É isso aí… COMENTEM!










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