Meu Deus! Não sei Nadar

Meu Deus! Não sei Nadar



- George, não tenho certeza se devemos manter Hermione.


O diretor Brannigan levantou os olhos de seu jornal.


- Por quê? Qual é o problema?


- Não sei direito. Mas tenho a impressão de que Hermione não gosta de Amy.
Talvez ela simplesmente não goste de crianças.


- Ela não tem sido má com Amy, não é mesmo? Não tem lhe batido nem gritado?


- Não.


- Então o que é?


- Ontem Amy correu para ela e abraçou-a, mas Hermione afastou-a. Isso me
incomodou, porque Amy é louca por ela. Para dizer a verdade, acho que estou com
um pouco de ciúme. Isso é possível?


Brannigan riu.


- Pode explicar muita coisa, Sue Ellen. Creio que Hermione Granger é a pessoa
certa para o trabalho. Mas se ela lhe causar algum problema de verdade, trate de
me comunicar imediatamente e tomarei uma providência.


- Está bem, querido.


Mas Sue Ellen ainda não se sentia satisfeita. Ela pegou a agulha de tricô e
pôs-se a trabalhar. O assunto ainda não estava encerrado.


- Por que não pode dar certo?


- Já lhe disse, garota. Os guardas revistam todos os camiões que passam pelo
portão.


- Mas um camião levando roupa suja... eles não vão tirar todas as roupas para
verificar.


- Nem precisam. O cesto de roupa suja é levado para uma sala, onde um guarda
observa enquanto é enchido.


Hermione pensou por um momento.


- Ernie... alguém poderia distrair esse guarda por cinco minutos?


- Mas de que diabo serviria... - Ela parou de falar subitamente, um sorriso
iluminando seu rosto. - Enquanto alguém distrai o guarda, você se mete no fundo
do cesto e se cobre de roupa suja! Ernestine balançou a cabeça, acrescentando:


- Quer saber de uma coisa? Acho que o negócio pode perfeitamente dar certo!


- E vai me ajudar?


Ernestine pensou por um momento. E depois falou suavemente:


- Claro que a ajudarei. É a minha última oportunidade de sacanear Big Bertha.


O serviço de informações da prisão fervilhou com a notícia da fuga iminente
de Hermione Granger. Uma fuga era um evento que afetava todas as prisioneiras.


Elas viviam indiretamente cada tentativa, desejando ter a coragem de
executá-la pessoalmente. Mas havia os guardas, os cães e os helicópteros e, ao
final, os corpos das prisioneiras que eram trazidos de volta.


Com a ajuda de Ernestine, o plano de fuga entrou rapidamente em execução.
Ernestine tirou as medidas de Hermione, Lola desviou o material necessário para
um vestido da oficina de costura, Paulita providenciou uma costureira em outro
bloco para fazê-lo. Um par de sapatos da prisão foi roubado do almoxarifado e
pintado para combinar com o vestido. Apareceram chapéu, luvas e uma bolsa, como
num passe de mágica.


- Agora temos de arrumar alguns documentos de identidade para você - informou
Ernestine a Hermione


- Precisará de uns dois cartões de crédito e carteira de motorista.


- Mas como eu poderia...


Ernestine sorriu.


- Basta deixar tudo isso aos cuidados da velha Ernie Littlechap.


Na noite seguinte, Ernestine entregou a Hermione três cartões de crédito, em
nome de Tracy Whitney .


- Você precisa agora de uma carteira de motorista.


Em algum momento, depois da meia-noite, Hermione ouviu a porta da cela sendo
aberta. Alguém entrara sorrateiramente. Hermione sentou-se em sua cama,
instantaneamente de guarda. Uma voz sussurrou:


- Granger? Vamos embora.


Hermione reconheceu a voz de Lillian, uma presa de confiança.


- O que você quer?


A voz de Ernestine soou na escuridão:


- Que tipo de criança idiota sua mãe criou? Cale a boca e não faça perguntas.


Lillian acrescentou, baixinho:


- Temos de agir depressa. Se formos pegas tirarão o nosso couro. Vamos logo.


- Para onde estamos indo? - perguntou Hermione , enquanto seguia Lillian pelo
corredor escuro, na direção de uma escada.


Elas subiram para o patamar superior. Depois de se certificarem de que não
havia guardas por perto, seguiram apressadamente por um corredor, até a sala em
que Hermione fora fotografada e tirara as impressões digitais. Lillian empurrou
a porta, sussurrando:


- É aqui.


Hermione seguiu-a pelo interior da sala. Outra prisioneira já estava ali,
esperando.


- Encoste na parede.


A reclusa parecia bastante nervosa. Hermione foi se postar junto à parede, o
estômago todo contraído.


- Olhe para a câmara. Tente parecer relaxada. Muito engraçado, pensou
Hermione. Ela nunca se sentira tão nervosa, em toda a sua vida. A câmara
disparou.


- A fotografia será entregue pela manhã - disse a presa. - É para sua
carteira de motorista. E agora saiam daqui... depressa!


Hermione e Lillian voltaram pelo mesmo caminho. No caminho, Lillian comentou.


- Ouvi dizer que você vai mudar de cela.


Hermione sentiu um calafrio.


- Como?


- Não sabia? Vai para a cela de Big Bertha.


Ernestine, Lola e Paulita estavam à espera quando Hermione voltou à cela.


- Como foi?


- Tudo bem.


"Não sabia? Vai para a cela de Big Bertha."


- Seu vestido ficará pronto no sábado - informou Paulita.


O dia da soltura de Ernestine. Esse é o meu prazo final, pensou Hermione.
Ernestine sussurrou:


- Temos tudo sob controle. O recolhimento da lavanderia no sábado é às duas
horas da tarde. Você tem de estar na sala de serviço à uma e meia. Não precisa
se preocupar com o guarda. Lola o manterá ocupado na sala ao lado. Lola e
Paulita estarão lá à sua espera. Paulita levará suas roupas. O documento de
identidade estará na bolsa. Você atravessará os portões da prisão às duas e
quinze.


Hermione sentiu alguma dificuldade em respirar. Só falar sobre a fuga já a
fazia tremer. "Ninguém se importa se a trazem de volta viva ou morta... Acham
até que morta é melhor."


Dentro de poucos dias ela estaria tentando a sua fuga para a liberdade. Não
tinha ilusões. Todas as chances eram contra ela. Acabariam por encontrá-la e
trazê-la de volta. Mas tinha uma coisa que ela jurara resolver primeiro.


O serviço de informações da prisão sabia de tudo sobre a competição entre
Ernestine Littlechap e Big Bertha por causa de Hermione. Agora que circulara a
notícia de que ela seria transferida para a cela de Big Bertha, não era por
acaso que ninguém lhe mencionara o plano de fuga. Afinal, Big Bertha não gostava
de ouvir más notícias. Era propensa com frequência a confundir a notícia com a
portadora e tratar a pessoa de acordo. Big Bertha só teve conhecimento do plano
na própria manhã em que deveria ocorrer a fuga de Hermione. Foi-lhe revelado
pela presa de confiança que tirara a fotografia de Hermione .


Big Bertha recebeu a notícia num silêncio ominoso. Seu corpo pareceu se
tornar ainda maior, enquanto escutava.


- A que horas? - foi tudo o que ela perguntou.


- Esta tarde, às duas horas, Bert. Vão escondê-la no fundo de um cesto de
roupa suja.


Big Bertha pensou a esse respeito por um longo tempo. Depois, procurou uma
inspetora e disse:


- Preciso falar imediatamente com o diretor Brannigan.


Hermione não dormira durante a noite inteira. Sentia-se nauseada de tanta
tensão. Os meses que passara na prisão pareciam uma dúzia de eternidades.
Imagens do passado afloraram em sua mente enquanto estava deitada, os olhos
perdidos na escuridão.


Eu me sinto como uma princesa num conto de fadas, mamãe. Não sabia que alguém
podia ser tão feliz.


Não entendo como Rony pode ...


Você me baleou, sua puta estúpida!


Sua mãe cometeu suicídio...


Eu nunca a conheci de verdade...


A fotografia do casamento de Rony sorrindo para a noiva.


Há quantos séculos atrás? A quantos planetas de distância?


A campainha da manhã ressoou pelo corredor como uma onda de choque. Hermione
sentou no catre, inteiramente alerta. Ernestine observava-a.


- Como está se sentindo, garota?


- Muito bem - mentiu Hermione


Ela sentia a boca ressequida, o coração batia descompassadamente.


- Nós duas estaremos saindo daqui hoje.


Hermione encontrou dificuldade para engolir em seco.


- Hum-hum...


Tem certeza de que pode sair da casa do diretor por volta da uma e meia?


- Não há problema. Amy sempre tira um cochilo depois do almoço.


Paulita disse.


- Não pode se atrasar ou não dará certo.


- Estarei lá.


Ernestine meteu a mão por baixo de seu colchão e tirou um rolo de notas.


- Precisará de algum dinheiro para circular. São apenas duzentos dólares, mas
darão para você se afastar.


- Ernie, eu não sei o que...


- Ora, garota, basta calar a boca e pegar logo o dinheiro.


Hermione forçou-se a comer alguma coisa ao café da manhã. A cabeça latejava,
cada músculo do corpo doía. Nunca conseguirei sobreviver até o final do dia,
pensou ela. Tenho de conseguir aguentar firme durante todo o dia.


Havia um silêncio tenso e anormal na cozinha. Hermione compreendeu
subitamente que era a causaa disso. Era o alvo de olhares furtivos e sussurros
nervosos. Uma fuga estava prestes a acontecer e ela era a heroina do drama.
Dentro de poucas horas estaria livre. Ou morta.


Ela levantou-se do café da manhã inacabado e foi para a casa do diretor
Branningan. Enquanto esperava que um guarda abrisse a porta do corredor,
Hermione deparou com Big Bertha. A enorme sueca estava lhe sorrindo.


Ela terá uma grande surpresa, pensou Hermione


Ela será toda minha agora, pensou Big Bertha.


A manhã passou tão devagar que Hermione teve a impressão de que acabaria
perdendo o juízo. Os minutos pareciam se arrastar interminavelmente. Ela leu
para Amy, mas não tinha a menor idéia do que estava lendo. Percebeu que a Sra.
Brannigan observava da janela.


- Hermione, vamos brincar de esconde-esconde?


Hermione se achava nervosa demais para brincadeiras, mas não se atrevia a
fazer qualquer coisa que pudesse despertar as suspeitas da Sra. Brannigan.


- Claro. Por que você não se esconde primeiro, Amy?


Estavam no jardim na frente do chalé. à distância, Hermione podia divisar o
prédio em que ficava a sala de serviço. Tinha de estar ali exatamente à uma e
meia. Vestiria as roupas que lhe haviam sido feitas e 15 minutos depois estaria
deitada no fundo do enorme cesto de roupa suja, coberta por uniformes. às duas
horas o cesto seria posto no caminhão e levado para fora da prisão, seguindo
para a cidadezinha próxima, onde se localizava a lavanderia.


"- O motorista não pode ver o que acontece na traseira lá do banco da frente.
Quando o camião chegar à cidade e parar num sinal vermelho, basta abrir a porta
e saltar, parecendo absolutamente calma, pegar um ónibus para qualquer lugar que
queira ir."


- Pode me ver? - gritou Amy.


Ela se escondera parcialmente por trás do tronco de uma magnólia. Levou a mão
à boca para reprimir uma risadinha.


Sentirei saudade dela, pensou Hermione. Quando for embora, as duas pessoas de
que eu terei saudade serão, uma sapatão negra e careca e uma garotinha.


Ela se perguntou o que Ronald Weasley pensaria disso.


- Já vou procurá-la - disse Hermione.


Sue Ellen observava a brincadeira do interior da casa. Parecia-lhe que
Hermione se comportava de maneira estranha. Ela passara a manhã inteira olhando
a todo instante para o relógio, como se esperasse alguém; seus pensamentos não
estavam obviamente concentrados em Amy.


Devo falar com George sobre isso quando ele chegar para o almoço, decidiu Sue
Ellen. Insistirei para que ele a substitua.


No jardim, Hermione e Amy brincaram de amarelinha por algum tempo, depois
Hermione leu para Amy - E finalmente, graças a Deus, era meio-dia e meia, hora
do almoço de Amy. E hora de Hermione entrar em ação.


Ela levou Amy para a casa.


- Vou embora agora, Sra. Brannigan.


- Como? hen... Ninguém lhe disse, Hermione? Temos hoje uma delegação de
visitantes importantes. Almoçarão aqui e por isso Amy não tirará seu cochilo.
Pode levá-la com você.


Hermione ficou imóvel, fazendo um tremendo esforço para não gritar.


- Eu... eu não posso fazer isso, Sra. Brannigan.


Sue Ellen Brannigan empertigou-se.


- Que história é essa de que não pode fazer isso?


Hermione percebeu a ira no rosto da mulher e pensou: Não posso irritá-la. Ela
chamará o diretor e serei levada de volta à minha cela. Hermione forçou um
sorriso.


- Eu estava querendo dizer... Amy não almoçou. Ela sentirá fome.


- Mandei a cozinheira preparar uma cesta de piquenique para vocês duas. Podem
sair para um passeio pela campina e comer lá. Amy adora piqueniques... não é
mesmo, querida?


- Adoro piqueniques. - Ela olhou para Hermione com uma expressão suplicante.
- Podemos ir, Hermione? Podemos? Não! Sim. Cuidado. Ainda pode dar certo.


Esteja na sala de serviço à uma e meia. Não se atrase. Hermione virou-se para
a Sra. Brannigan.


- A que horas... quer que eu traga Amy de volta?


- Por volta das três horas. A esta altura, eles já deverão ter ido embora.


E o camião da lavanderia também! O mundo desmoronava sobre Hermione .


- Eu...


- Sente-se bem? Parece muito pálida.


Era isso! Ela diria que estava doente. Iria para o hospital. Mas, nesse caso,
haveriam de querer examiná-la e a manteriam lá. Nunca conseguiria se esquivar a
tempo. Tinha de haver algum outro meio. A Sra. Brannigan fitava-a fixamente.


- Estou bem.


Há alguma coisa errada com ela, concluiu Sue Ellen Brannigan. Não dá mais
para adiar. Pedirei a George que arrume outra pessoa. Os olhos de Amy brilhavam
de alegria.


- Eu darei a você os sanduíches maiores, Hermione. E vamos nos divertir
muito, não é mesmo?


Hermione não tinha resposta a dar.


Era uma visita de surpresa. O próprio Governador William Haber acompanhava o
comitê de reforma penitenciária. Era uma coisa que Brannigan tinha de suportar
uma vez por ano.


- É algo inevitável ao cargo, George - explicara o governador. - Basta limpar
o lugar, mandar as suas mulheres sorrirem bonito e teremos outro aumento no
orçamento.


O chefe da guarda dera o aviso naquela manhã:


- Livrem-se de todos os tóxicos, facas e consolos.


O Governador Haber e sua comitiva deveriam chegar às 10 horas, inspecionariam
primeiro o interior da penitenciária, visitariam a fazenda e depois almoçariam
no chalé do diretor.


Big Bertha estava impaciente. Fora informada ao apresentar o pedido para
falar com o diretor:


- O diretor estará muito ocupado hoje. Amanhã seria mais fácil. Ele...


- Foda-se amanhã! - explodira Big Bertha. - Quero falar com ele agora. É
importante.


Havia poucas reclusas que poderiam escapar impunes a uma reação assim, mas
Big Bertha era uma delas.


As autoridades da prisão estavam perfeitamente a par de seu poder. Haviam
testemunhado Big Bertha desencadear motins e também suspendê-los. Nenhuma prisão
do mundo podia ser controlada sem a cooperação dos líderes dos reclusos... e Big
Bertha era uma líder.


Ela se encontrava sentada na sala de espera do gabinete do diretor há quase
uma hora, o corpo imenso transbordando da cadeira. Ela é uma criatura de aspecto
repulsivo, pensou a secretária do diretor. E me deixa arrepiada.


- Quanto tempo mais? - indagou Big Bertha.


- Não deve demorar muito mais. Ele está com um grupo importante esta manhã,
muito ocupado.


Big Bertha disse:


- Pois ele vai ficar ainda mais ocupado.


Ela olhou para o relógio. Faltavam 15 minutos para uma hora. Tempo
suficiente.


Era um dia perfeito, sem nuvens e quente, uma brisa amena espalhava uma
mistura de fragrâncias pela campina verdejante. Hermione estendera uma toalha
sobre a relva, perto do lago, Amy mastigava feliz um sanduíche de salada de ovo.
Hermione olhou para seu relógio. Já era uma hora da tarde. Ela não pôde
acreditar. A manhã se arrastara lentamente, mas a tarde parecia voar. Tinha de
pensar em alguma coisa depressa ou o tempo a privaria de sua última chance de
alcançar a liberdade.


Uma e dez. No gabinete de Brannigan, sua secretária desligou o telefone e
disse a Big Bertha:


- Sinto muito. O diretor diz que é impossível falar com você hoje. Marcaremos
outra reunião para...


Big Bertha levantou-se abruptamente.


- Mas ele tem de me receber! É...


- Passaremos a reunião para amanhã.


Big Bertha já ia dizer "Amanhã será tarde demais", mas conteve-se a tempo.
Somente o próprio diretor podia saber o que ela estava fazendo. As delatoras
costumavam sofrer acidentes fatais. Mas ela não tinha a menor intenção de
desistir. Não havia possibilidade de permitir que Hermione Granger lhe
escapasse. Ela foi para a biblioteca da prisão, sentou-se numa das mesas
compridas no fundo da sala. Escreveu um bilhete. Assim que a inspetora se
afastou por um corredor, a fim de ajudar uma reclusa, Big Bertha largou o
bilhete em sua mesa e se retirou.


Quando a inspetora voltou, encontrou o bilhete e abriu-o. Leu duas vezes:


É MELHOR VERIFICAR O CAMINHÃO DA LAVANDERIA HOJE


Não havia assinatura. Uma brincadeira? A inspetora não tinha meio de saber
com certeza. Ela pegou o telefone.


- Ligue-me com o superintendente dos guardas...


Uma e doze.


- Você não está comendo - disse Amy. - Quer um pedaço do meu sanduíche?


- Não! Deixe-me em paz!


Hermione não tivera intenção de falar tão asperamente. Amy parou de comer.


- Está zangada comigo, Hermione? Por favor, não fique zangada comigo. Eu a
amo muito. E nunca fiquei zangada com você.


Os olhos ternos da menina estavam cheios de mágoa.


- Não estou zangada.


Ela estava no inferno.


- Também não sinto fome, se você não sente. Vamos jogar bola, Hermione.


Amy tirou a sua bola de borracha do bolso.


Uma e dezesseis. Ela deveria estar a caminho. Levaria pelo menos 15 minutos
para chegar à sala de serviço. Poderia chegar a tempo, se se apressasse. Mas não
podia deixar Amy sozinha. Hermione olhou ao redor.


Avistou à distância um grupo de presas de confiança, colhendo os produtos da
plantação. E no mesmo instante Hermione compreendeu o que ia fazer.


- Não quer jogar bola, Hermione?


Hermione levantou-se.


- Quero, sim. Vamos fazer um jogo novo. Quem consegue jogar a bola mais
longe. Eu jogarei primeiro e depois será a sua vez.


Hermione pegou a bola de borracha dura e jogou o mais longe que podia, na
direção das trabalhadoras.


- Puxa, foi sensacional! - comentou Amy, com genuína admiração. - É um bocado
longe.


- Vou buscar a bola - disse - Fique esperando aqui.


E no instante seguinte ela estava correndo, correndo por sua vida, os pés
voando pelos campos. Uma e dezoito. Se atrasasse um pouco, esperariam por ela.
Ou não? Hermione correu ainda mais depressa. Por trás dela, ouviu Amy gritando,
mas não deu atenção.


As mulheres que trabalhavam na plantação se deslocavam agora na outra
direção. Hermione gritou-lhes e elas pararam. Estava ofegante quando
alcançou-as.


- Algum problema? - perguntou uma delas.


- Não... nada. - Hermione ofegava, lutando para respirar. - A garotinha lá
atrás. Uma de vocês cuide dela. Tenho algo importante para fazer e...


Ela ouviu seu nome ser chamado à distância e virou-se. Amy estava em cima do
muro de concreto que cercava o lago. E acenava.


- Olhe para mim, Hermione .


- Não! - gritou Hermione . - Desça daí!


E enquanto Hermione observava, horrorizada, Amy perdeu o equilíbrio e
mergulhou no lago.


- Oh, Deus!


O sangue esvaiu-se do rosto de Hermione. Ela tinha uma opção a fazer... só
que não havia qualquer opção. Não posso ajudá-la. Não agora. Alguém mais a
salvará. Eu tenho de salvar a mim mesma. Tenho de sair deste lugar ou morrerei.
Era uma e vinte.


Hermione virou-se e recomeçou a correr, mais depressa do que jamais o fizera
em toda a sua vida.


As outras chamaram-na, mas ela não lhes deu atenção. Voava pelo ar, sem
perceber que perdera os sapatos, sem se importar que o chão estivesse lhe
cortando os pés. O coração batia forte, os pulmões pareciam prestes a estourar,
mas ela se obrigava a correr cada vez mais depressa. Alcançou o muro em torno do
lago e pulou em cima. Lá embaixo, podia avistar Amy na água profunda e
aterradora, debatendo-se para permanecer à tona.


Sem um segundo de hesitação, Hermione pulou atrás dela. E, no instante em que
bateu na água, Hermione pensou: Oh, meu Deus! Não sei nadar...



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