Celebridade... Por Acaso

Celebridade... Por Acaso



A notícia dos crimes e da condenação de Hermione Granger apareceu na primeira
página do Profeta Diário e no jornal trouxa New Orleans Courier, acompanhada por
uma fotografia sua, tirada pela polícia. Os principais serviços noticiosos
transmitiram a história para jornais de todo o país. Quando foi retirada do
tribunal, a fim de aguardar a transferência para a penitenciária estadual,
Hermione foi confrontada por uma turma de repórteres de televisão. Escondeu o
rosto em humilhação, mas não havia como escapar das câmaras. Joe Romano era uma
notícia importante, e um atentado contra a sua vida por uma linda assaltante era
notícia ainda mais sensacional.


Hermione tinha a sensação de que se encontrava cercada por inimigos. Rony me
tirará daqui, ela insistia em dizer a si mesma. Oh, por favor, Deus, permita que
Rony me tire daqui. Nosso filho não pode nascer na prisão.


Foi somente na tarde seguinte ao julgamento que o sargento de plantão
permitiu que Hermione usasse o telefone. Harriet atendeu:


- Escritório do Sr. Weasley.


- Harriet, aqui é Hermione Granger. Eu gostaria de falar com o Sr. Weasley.


- Um momento, por favor, Senhorita Granger. - Ela percebeu a hesitação na voz
da secretária. - Eu... vou verificar se o Sr. Weasley está.


Depois de uma espera prolongada e angustiante, Hermione ouviu finalmente a
voz de Rony. Quase chorou de alívio.


-Rony...


-Hermione? É você, Hermione?


- Sou eu mesma, querido. Oh, Rony, eu tentei falar com você...


- Eu estava enlouquecendo, Mione. O Profeta Diário está repleto de histórias
terríveis a seu respeito. Não posso acreditar no que eles dizem.


- Nada é verdade, querido. Absolutamente nada. Eu...


- Onde você está agora?


- Estou... estou numa cadeia em Nova Orleans. Eles vão me mandar para a
prisão por algo que não fiz, Rony .


Para horror de Rony, Hermione começou a chorar.


- Fique calma. E preste atenção. Os jornais dizem que você atirou num homem.
Isso não é verdade, não é mesmo?


- Atirei nele, mas...


- Então é verdade!


- Não é como parece, querido. A história foi totalmente diferente. Posso
explicar tudo. Eu... - Hermione, você se declarou culpada de tentativa de
homicídio e de roubar um quadro?


- É verdade, Rony. Mas só fiz isso porque...


- Se precisava de dinheiro tão desesperadamente deveria ter falado comigo ...
E tentar matar alguém... Não posso acreditar nisso. Nem os Patil... Você é
manchete também nos jornais trouxas, como o Daily News de Filadélfia desta
manhã. É a primeira vez desde que começei a galgar no ministério que um sopro de
escândalo atinge minha reputação! .


Foi o amargo autocontrole na voz de Rony que fez Hermione compreender os
sentimentos profundos dele. Ela contara desesperadamente com Rony e agora
descobria que seu noivo estava do lado deles. Fez um esforço para não gritar.


- Preciso de você, querido. Por favor, venha até aqui. Pode endireitar tudo.


Houve um silêncio prolongado.


- Parece que não há muita coisa para endireitar. Não se você confessou ter
feito todas essas coisas. Não quero me envolver com isso, nem mesmo o Ministro.
E tenho certeza de que pode compreender isso. Foi um choque terrível para nós.
Obviamente, eu nunca a conheci de verdade.


Cada palavra era um tremendo golpe. O mundo desmoronava sobre Hermione. Ela
sentia-se mais sozinha do que em qualquer outra ocasião anterior de sua vida.
Não havia agora ninguém a quem pudesse recorrer, absolutamente ninguém.


- E... e o bebê?


- Terá de fazer o que julgar melhor com seu filho - disse Rony. - Um
funconário do Ministério da Magia a procurará para quebrar sua varinha. O
Ministério pretende tomar medidas para que você não fuja da penintenciária
usando meios mágicos. Foi acordado na última reunião que você deverá cumprir
essa pena no modo trouxa. - a voz de Rony era mais fria e impessoal possível. -
Lamento muito, Srta. Granger.


E a ligação foi cortada. Hermione ficou imóvel, segurando o telfone mudo.
Outro preso, por trás dela, disse:


- Se já acabou com o telefone, meu bem, eu gostaria de chamar meu advogado.


Quando Hermione voltou à cela, a guarda tinha instruções a lhe transmitir:


- Esteja pronta para partir amanhã de manhã. Virão buscá-la às seis horas .


Ela recebeu um visitante. Otto Schmidt parecia ter envelhecido muitos anos
durante as poucas horas transcorridas desde que Hermione o vira pela última vez.
Ele dava a impressão de estar doente.


- Só vim lhe dizer o quanto minha mulher e eu lamentamos tudo isso. Sabemos
que não foi culpa sua o que aconteceu.


Se ao menos Rony tivesse dito isso...


- Minha mulher e eu estaremos no enterro da Sra. Doris amanhã,


- Obrigada, Otto,


Eles enterrarão nós duas amanhã, pensou Hermione. Ela passou a noite
acordada, deitada em seu estreito catre na prisão, olhando fixamente para o
teto.


Reconstituiu mentalmente, por muitas vezes, a conversa com Rony. Ele nunca
lhe dera a oportunidade de explicar.


Ela tinha de pensar no filho. Lera sobre mulheres que tinham filhos na
prisão, mas as histórias eram tão distantes de sua própria vida que era como se
estivesse tomando conhecimento de relatos sobre pessoas de outro planeta. Agora,
porém, estava acontecendo com ela. Terá de fazer o que julgar melhor para seu
filho, dissera Rony. Ela queria ter o filho. Mas eles não me deixarão mantê-lo,
pensou Hermione. Vão tirá-lo de mim porque passarei os próximos 15 anos na
prisão. É melhor que ele nunca saiba quem é a mãe.


E Hemione chorou.


Às quinze para seis da manhã, um guarda entrou na cela de Hermione,
acompanhado por um homem de aspecto doentio, que usava uma capa preta, com o
emblema da corte bruxa bordado de roxo.


- Hermione Granger?


- Sou eu.


Ela ficou surpresa ao perceber como sua voz soava estranha.


- Por ordem da Corte Bruxa, do Estados Unidos da América, eu Thomas Hart, a
condeno a cumprir a senteça trouxa, à qual foi condenada, despojando a Srta.
Hermione Granger de sua varinha mágica, quebrando-a.


O sr. Hart olhou para o trouxa e pediu a varinha de Hermione.


- Pelos poderes conferidos à mim, pelo Ministério da Magia, eu quebro sua
varinha. - a pompa do homem era tanta, que se não fosse trágico, Hermione daria
boas gargalhadas.


Quebrada a varinha, o sr. Hart fez Hermione assinar um recibo e deu uma
ultima instrução.


- Quando cumprir sua pena srta. Granger, terá direito a reingressar no mundo
mágico. Podendo se quiser comprar outra. Entenda que a srta, não é uma
procrista, mas sim uma bruxa cumprindo detenção na cadeia trouxa.


O homem foi embora deixando Hermione com uma sensação ainda maior de vazio.
Adorava aquela varinha, era sua desde os onze anos.


Às seis horas veio a chefe do transporte e leu uma senteça parecida para
Hermione, mas desta vez avisando-a que partiria imediatamente para a
Penitenciária Meridional da Louisiana Para Mulheres. Hermione foi conduzida por
um corredor comprido, passando por celas cheias de reclusos. Houve uma porção de
assobios.


- Tenha uma boa viagem, querida...


- Diga-me onde aquele quadro está escondido, Hermione querida, e repartirei o
dinheiro com você...


- Se está indo para a casa grande, procure a Ernestine Littlechap. Ela
cuidará direitinho de você...


Hermione passou pelo telefone do qual ligara para Rony. Adeus, Rony.


Ela estava do lado de fora, num pátio. Um ônibus da prisão, amarelo, as
janelas gradeadas, esperava ali, o motor ligado. Meia dúzia de mulheres já se
encontravam sentadas no ônibus, vigiadas por dois guardas armados. Hermione
olhou para os rostos de suas companheiras de viagem. Uma delas mantinha uma
atitude de desafio, outra se mostrava entediada, as demais exibiam expressões de
desespero. As vidas que levaram até então estavam prestes a terminar. Eram
párias, sendo conduzidos a jaulas em que seriam trancafiadas como animais.
Hermione se perguntou que crimes teriam cometido e se alguma era tão inocente
quanto ela... e também se perguntou o que as outras viam em seu rosto.


A viagem no ônibus da prisão foi interminável, o ônibus era quente e
malcheiroso. Mas Hermione nem percebeu. Retraíra-se para dentro de si mesma, não
estava mais consciente dos campos verdes viçosos pelos quais o ônibus passava.
Encontrava-se em outro tempo, em outro lugar.


Era uma garotinha na praia, com a mãe e o pai. O pai levava-a para o mar nos
ombros e disse quando ela gritou: Não seja como um bebê, Mione. E ele largou-a
na água fria. Quando a água se fechou por cima de sua cabeça, ela entrou em
pânico e começou a sufocar. O pai levantou-a e depois tornou a mergulhá-la.
Desse momento em diante ela tivera pavor da água...


O salão principal se encontrava repleto de estudantes, todos olhando para
aqueles meninos e meninas ali, prontos para experimentarem o chapéu seletor. O
medo que antecedia a escolha de cada um, os aplausos da casa quando um aluno era
escolhido para lá, o alivio de ser escolhida pra a Grifinória, Dumbledore dando
as boas vindas a todos...


- Vou para Filadélfia, mamãe. Tenho um emprego num banco lá.


Annie Mahier, sua melhor amiga, estava telefonando.


- Você vai adorar Filadélfia, Hermione. Tem todas as coisas culturais. Além
disso, é também uma linda cidade e tem escassez de mulheres. Ou seja, os homens
daqui são realmente famintos! E posso lhe arrumar um emprego no banco em que
trabalho...


Rony estava lhe fazendo amor. Ela observou as sombras em movimento no teto e
pensou: Quantas mulheres gostariam de estar no meu lugar? Rony era um grande
prêmio. E no mesmo instante ela sentiu-se envergonhada do pensamento. Amava
Rony. Podia senti-lo dentro de si, arremetendo com mais força, cada vez mais
depressa, preste a explodir. E ele balbuciou: Você está pronta? E ela mentiu,
dizendo que sim. Foi maravilhoso para você? Foi, sim, Rony. E ela pensou: Isso é
tudo o que existe? E novamente o sentimento de culpa...


- Você! estou falando com você. Por acaso é surda? Vamos logo.


Hermione levantou os olhos e se descobriu no ônibus amarelo da prisão. Parara
num pátio cercado por uma pilha sombria de alvenaria. Uma sucessão de nove
cercas, encimadas com arame farpado, cercava os 500 acres de pastagens e bosques
que constituiam a Penitenciária Meridional da Louisiana Para Mulheres.


- Saia - ordenou o guarda. - Estamos aqui.


Aqui era o inferno.




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