+ Epílogo



Meses se passaram depois dos terríveis acontecimentos no refúgio dos Comensais da Morte, e Harry ainda se sentia da mesma maneira que sentiu-se quando acordou, horas depois de ser estuporado naquele dia; confuso, aborrecido e, principalmente, absolutamente infeliz.



Mesmo tendo voltado para o Centro de Treinamento alguns dias depois das confissões de Marienne à Gywneth, a vida de Harry não melhorara nem um pouco. Esforçava-se ao máximo nas aulas, dedicava-se inteiramente ao ensino, para comer pouco no almoço e no jantar e dormir, sempre com a mesma base de sonho: Marienne sendo levada, arrastada, até Azkaban, e dementadores ao seu redor. Depois de sonhar, não conseguia dormir, e suas olheiras negras e marcadas eram a prova viva de sua situação, embora Harry não estivesse nem etéreamente disposto a melhorar sua aparência, uma vez que a razão de manter uma boa aparência já não estava entre ele. Parecia que era o garoto quem estava encarcerado em uma cela de Azkaban, apesar de Marienne estar em situação extremamente difícil, também, pensava ele...



Sabia quase claramente como a namorada se passava porque, certa vez, no dia em que deixou a casa dos Black e voltou para o CT, levou consigo a caixinha de música que Lupin lhe mostrara, e usou-a, durante a noite, para ver como Marienne estava, em seus próprios sonhos, e o futuro que lhe aguardava. Arrependeu-se amargamente do efeito; só via imagens muito escuras e desfocadas, mas, quando via alguma coisa, era o rosto pálido e macérrimo de Marienne, seus olhos conservando uma luz frágil e amarga. Conseguia distinguir a cela em que a moça se encontrava, mas não via nada além disso, o que o deixou extremamente preocupado. E foi mais um grande motivo para seu estado de espírito ficar ainda pior.



Harry quase não falava e, se o fazia, era com Rony e Hermione (que ainda mantinham algumas seqüelas, psicológicas e físicas, daquela noite, o que fazia Harry sentir-se ainda pior), nos finais de semana, ou então com Neville, quando tinha que explicar-lhe algum feitiço que ficara com dúvidas ou quando o colega pedia-lhe para passar o pão no café da manhã. Fora isso, preferia manter-se fechado em um casulo de tristeza e miséria, que (pensava ele) levaria para o resto de sua vida. A única coisa que o impedia de ficar completamente isolado do mundo era o Profeta Diário, que recebia diariamente, e descobriu que tanto Fudge como Percy tinham sido encontrados, ambos em uma casa em Little Hangleton... Ambos estavam estuporados e muito fracos, mas agora estavam passando por um tratamento de choque no recém-restaurado St. Mungus.



Gywneth também não aparecia mais no CT; voltou às suas funções normais no Ministério da Magia, coisa que Neville notou, mas não comentou com Harry por achá-lo extremamente infeliz para importuná-lo com mais um comentário sobre o que ocorreu no dia do ataque ao casarão dos Comensais. Harry, em compensação, também não queria trazer o assunto à tona com Neville, mesmo que fosse impossível tirá-lo de sua cabeça. Todos tinham cautela quando falavam com ele, e preferiam manter o tom sério na conversa, para não angustiá-lo mais.



Porém, em um final de semana qualquer, igual à todos os outros, Harry foi visitar Hermione e Rony no Ministério, e se deparou com uma sorridente Hermione. A garota estava auxiliando Rony em organizar a maciça pilha de documentos que chegavam, e, ao ver Harry, seu rosto iluminou-se em um sorriso enorme, mostrando todos os dentes brancos. Harry, que não via ninguém sorrir-lhe há dias, estranhou aquele gesto; tentou imitá-lo, mas não conseguiu, seus músculos não estavam mais acostumados a sorrir. Limitou-se a perguntar:



– Que felicidade é essa, Mione? – Mesmo querendo saber a resposta, sua voz mantinha um tom entendiado e triste, que não conseguia controlar mais.



– Tenho uma ótima... notícia para você. – A garota continuava a sorrir, o que provocou em Harry um sentimento estranho... ah, sim, poderia ser felicidade, mas ele não conseguiria se lembrar se realmente era.



– E qual é? – Perguntou Harry.



– Vai ver se for no meu escritório – Disse a garota, piscando. Rony, que estava concentrado, lendo um documento na pilha densa e larga, desabafou:



– Vou com vocês. Quem se importa se há uma.. como chama, mesmo?... ah, sim, tomada disparando raios em cada pessoa que passa em sua frente? Isso pode esperar – E também sorriu. Hermione encarou-o com os olhos apertados, mas não fez nenhum comentário, o que deixou Harry ainda mais curioso: o que poderia ser tão importante a ponto de Hermione não fazer objeção que Rony largasse suas obrigações? Seguiu-a, com avidez.



Já estavam na porta de fumaça do escritório de Hermione, quando viu um vulto mexer-se, do lado oposto da neblina. A silhueta da pessoa lhe era estranhamente familiar...



– Um passo atrás, gente... – Hermione agarrou o frasco de poção em sua veste e jogou-a na porta enfumaçada, e em seguida empurrou Harry para dentro do gabinete, e chegando depois, com Rony segurando sua mão. O garoto quase caiu ao passar pelo portal em neblinas, mas o vulto dentro da sala o segurou antes que chegasse ao chão. Reconheceu aquelas mãos... e levantou o rosto.



Marienne abandonara uma considerável parte da sua beleza em Azkaban; não havia mais brilho nem cuidado em seus longos cabelos negros, além de haver marcas profundas em seu rosto, que pareciam arranhados. Mas conservava o sorriso bonito e os mesmos olhos reluzentes; estes pareceram encharcados ao encontrarem os de Harry.



– Eu não acredito que eu estou lhe vendo novamente, Harry – Disse, a voz embargada de choro, quando o garoto abraçou-a com toda a força que tinha em seus braços moles de contentamento.



– Mari... eu não.. acredito – Harry também sentiu seu nariz fechar-se, e as lágrimas virem aos olhos, mas segurou-as; queria parecer forte ao rever Marienne. Não acreditava; toda a amargura e fúria venenosa que correra em suas veias naqueles longos meses de distanciamento pareceu esvair-se em um passe de mágica; tudo o que queria agora era recuperar o tempo e a alegria perdidos, antes que mais alguma coisa terrível lhe acontecesse...



– Ontem foi o julgamento dela, Harry – Disse Hermione, a voz feliz. Rony parecia atordoado – E eu testemunhei a favor da Mari. Agora ela está trabalhando de graça comigo, aqui no Ministério, durante algum tempo, até a pena acabar. Sabe... acho que não teríamos ganhado se Gywneth não tivesse... hum... perdido a sua máquina gravadora – Hermione deu uma risada alta e culpada.



– Você... roubou o gravador, Mione? – Perguntou Harry, estupefato.



– Não, não!... roubar é uma palavra forte demais... digamos que... os irmãozinhos gêmeos do Rony aqui – ela sorriu para o noivo, que pareceu um pouco constrangido – apenas o tomaram emprestado... até já devolvemos por eles, não é, Rony? Acho que a Gywneth ficou um pouquinho... hum... aborrecida ao ver que o gravador estava em cima da mesa o tempo todo, mas com a fita toda estragada, não é? Mas acho que daqui há algum tempo passa... – ela sorriu mais uma vez. Harry teria estranhado completamente a reação de Hermione, se não soubesse que a amiga estava tentando compensá-lo; afinal, ele sabia que fora ela quem chamou os Aurores, o que acabou resultando em toda a confusão. Harry sorriu, pela primeira vez em tempos, e sentiu-se desconfortável em fazer aquele gesto, pois seus músculos estavam rígidos; mas agora sabia que conseguiria rir quando quisesse, e haveriam muitas oportunidades de sorrir.



*




O tempo passou. Ah, e se passou! Não naquela velocidade temporal, assim chamada, em que os anos podem caminhar como lesmas contra o vento, contanto que respeitem rigorosamente seus dias, horas, minutos e segundos; passou em alta velocidade, em altos lapsos, em poucos períodos e muitas imagens... o casamento de Hermione e Rony, as aulas bem-sucedidas no Centro de Treinamento, as escoltas, as missões, a aula sobre a Árvore do Patrono, em que Harry descobriu uma maneira de abrí-las e verificar que seu conteúdo mágico e poderoso, na realidade, era felicidade, não temporal, mas real, presente em todos os momentos... os dias de folga com Marienne, sempre felizes em casa... e a conversa que teve com Gywneth, muito tempo depois da soltura de Marienne, quando ambos estavam racionais e desprovidos de nervosismo, e que ela confessou ter levado Marienne muito mais por glória pessoal e ciúme do que por respeito às normas e às leis.... O tempo passou, para Harry Potter, como uma brisa suave; deixou leves sequelas em seu rosto, agora de expressão adequada para seus respeitáveis vinte e seis anos, quando concluía seu curso de Auror.



O dia da formatura foi memorável; a cerimônia, uma festa de gala feita no próprio CT, contava com todos os alunos do ano de Harry, Neville entre eles; também abrigava os amigos e família dos formandos, o que foi para Harry uma alegria; pôde ver, pela primeira vez com calma, os gêmeos de Hermione e Rony, uma menina e um garotinho extremamente simpáticos. John e Melissa tinham três anos de idade, e se pareciam demais com os pais; enquanto Melissa, séria e comportada, sentava-se quietinha na cadeira e, só se mexia quando ajeitava seus cabelos ruivinhos, John tentava brincar com seu ursinho de pelúcia, que estava imóvel no colo de Hermione. Melissa deu um puxão na veste de John, para repreendê-lo, e o garoto, sardento como ele só, começou a chorar. Hermione passou a mão sobre os cabelos castanhos do filho e pediu que ficasse quieto, enquanto Rony ria. Ao lado dos amigos de Harry, Marienne acenou para o formando com um sorriso no rosto, a beleza resgatada; assim que saísse da formatura, Harry iria pedí-la em casamento...



– Quando eu chamar o seu nome, venha à bancada e receba o seu diploma de conclusão do curso! No mesmo momento, será anunciada a sua primeira missão como Auror, qualificada e asessorada pelo grupo de Aurores do Ministério da Magia da Grã-Bretanha, correto? Muito bem.... vamos começar! – Disse Lebatofsky animadamente.



A lista de nomes foi passando, passando... e nada do nome de Harry chegar. Os amigos e Marienne estranharam – o que estaria acontecendo? Porque ele não ia? A letra “P” já havia passado há tempos... mas nada de Harry ser chamado...



Mas então...



– E agora, que a nossa lista de formandos já está encerrada, eu gostaria de anunciar que o sr. Potter, um dos nobres alunos que está se formando hoje, irá receber um prêmio de Honra ao Mérito por acontecimentos passados, e irá falar aqui no palco para nós... estou certo de que ele não esperava por isso – ele olhou para Harry e sorriu ao ver sua cara de franco espanto –, mas acho que não temos alternativa. O sr. Potter passou, ao fim do seu primeiro ano, por uma provação terrível e ousada, e agora gostaria de dividí-la com todos os convidados dessa nossa ilustre reunião de hoje. – Lebatofsky saiu do palco, sorrindo de orelha à orelha, quando Harry passou por ele, torcendo cada dedo das mãos.



Harry foi à frente; tremia visivelmente, mas, quando falou, sentiu seu nervosismo esvair-se quase por completo.



– Olá, parentes, professores e amigos dos formandos de hoje, e um olá ainda mais enfático aos meus amigos que hoje compareceram nessa cerimônia. Não vou negar que hoje será um dia marcado em minha história, e também não vou negar que essa é uma das situações mais difíceis por quais passei. E estou falando sério – As pessoas ao seu redor riram. Harry sorriu.



“Há sete anos, quando eu entrei no curso de Aurores, eu pensava, bem como a maioria de nós, hoje, que eu não iria me adaptar. As aulas eram cansativas, os professores... será que eu falo dos professores?”– Harry olhou sorridente para a primeira fileira de cadeiras, e deu uma piscadela . – “Sim, as aulas eram difíceis, e também era difícil me separar de pessoas que eu amo desde que as conheço – e faz um bom tempo que as conheço”



“Mas talvez a tarefa mais árdua de um Auror seja começar uma nova vida – conhecer novas pessoas, e se relacionar com elas. Jamais vou me esquecer dos meus amigos antigos, mas esses já são a minha família, e nunca vou me desfazer deles. Mas, quando se é Auror, é preciso se envolver em situações delicadas, até difíceis de se resolver. Não como procurar malfeitores internacionais, e qualquer tipo de magia das trevas em geral. Ás vezes, a tarefa mais dura é se reconhecer como uma pessoa que não pode cometer erros, e nem ao menos pode aceitar erros de outros. Aí é que está a mais terrível missão do Auror – não conseguir confiar inteiramente no outro. Eu, posso lhes dizer, faltei à esta aula de desconfiança. Gosto – e não quero me gabar disso – de pessoas que muitas vezes são discriminadas, por não atenderem à exatamente tudo o que o outro espera. Ora essa, ninguém é perfeito e, se houver alguém que ache que o é, desde já lhe ofereço minha ajuda a encarar o mundo melhor e mais abertamente. Não tem essa. Os aurores não devem punir alguém que roubou um pedaço de pão e alguém que matou trezentos trouxas com a mesma intensidade! É possível haver readmissão e revoga no primeiro caso.”



Harry ouviu alguns rosnados zangados da platéia; sabia que muitos ali imaginavam que Marienne não deveria ter tido uma segunda chance nem nos seus sonhos mais remotos, e muito menos que tudo o que ela fizera se equivalera a roubar um pão. Mas, mesmo assim, continuou.



“Enfim,, o que eu pretendo dizer é, sem arrogância: entendam melhor as pessoas, e os erros que cometem. Sempre há uma justificativa, por menor que ela seja. E desagregar alguém da sociedade por causa de um simples erro é, em si, o pior erro que uma pessoa pode cometer”.



Até cinco minutos depois que Harry desceu do palco, as pessoas aplaudiam, todas olhando para Marienne, que chorava e sorria com intensidades iguais. Quando Harry sentou-se ao seu lado, depois do discurso, a bruxa segurou o seu braço, o rosto lavado completamente pelas lágrimas:



– Harry, não se engane, os Comensais virão atrás de mim, irão vingar-me pela morte de Bellatrix e de tantos outros... nem sei como ainda não fizeram isso... você tem certeza de que quer se arriscar assim? – Perguntou, entre soluços. O efeito das palavras de Harry em Marienne tinham trazido à tona tudo o que a moça mais receava. Houve uma pausa, em que Harry encarou Marienne com um sorriso bondoso.



– Se eu não quisesse me arriscar, não teria nem nascido, Marienne Langerwoof – Disse Harry com simplicidade.



– Talvez você tenha razão... – e, com um sorriso maroto e intenso, agarrou Harry pela gola, beijou-o e levou-o, lentamente, até o Auromóvel que os levaria de volta para a civilização...



*~*~*~*~*~*~*~*




O fim... da fic ^___^b nossa, que emoção ;__; Se não me engano, convivo com ela há 5 meses! ^__^ Espero que todos tenham gostado, opinem, critiquem, questionem, saibam que essa bendita árvore VAI voltar \o/ Continuação? Mais ou menos... hehehe... para as pessoas que querem me matar pelo fim da Marienne... bem, meu antívirus até é poderoso, hohoh ^^'' E... bem, eu nunca imaginei que ele acabasse realmente com a Gina ou outra pessoa (lê-se Cho ^^'')



Bom, estou com mais uma fic em produção \o/ mas ela ainda vai demorar à aparecer ^^''' Ainda mais que eu estou com um certo problema no comp ¬¬ Mas tudo bem \o/ Comentem, please ^^



Beijos e thanks pelo apoio \o/

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