Apresentações



Parte I – Junho de 1992

Capítulo dois: Apresentações

Percy chegara cedo na biblioteca na manhã de sábado. Precisava estudar muito, pois prestaria seus exames de N.O.M.s naquele ano e estava determinado a tirar a melhor nota da turma, a exemplo de seu irmão mais velho, Gui.
Ele parou na seção de feitiços e apanhou todos os livros que agüentou, formando uma pilha enorme. Com certa dificuldade, foi carregando os livros e tentando enxergar uma mesa onde pudesse colocá-los. De repente ele sentiu bater com força em alguma coisa, que o fez derrubar todos os livros no chão da biblioteca.
Recuperado do susto, Percy pôde ver em que, ou melhor, em quem havia batido: era aquela garota loira que apanhara o livro de poções com ele na véspera. Ela estava sentada no chão e massageava a cabeça, que batera em uma estante na queda.
- Me desculpe, eu não te vi – murmurou ele curvando-se para frente e apanhando seus livros.
- Sem problemas.
A garota começou a juntar os livros também, para ajudar Percy. Apesar de serem muitos, eles acabaram a tarefa depressa. Restavam apenas dois livros no chão. Percy esticou a mão para pegar um deles e a menina fez o mesmo, fazendo com que suas mãos se tocassem.
Sentindo o rosto corar, Percy tentou tirar sua mão de perto da dela, mas a garota segurou-a, em um aperto de mãos.
- Sou Penelope Clearwater – apresentou-se ela. – Prazer.
- O p-p-prazer é meu. Percy Weasley.
Percy notou que a menina também estava com o rosto ruborizado, embora sorrisse. Após alguns segundos, em que os dois pareceram estar congelados, Penelope apanhou os dois livros que ainda estavam no chão e empilhou-os junto aos outros.
- Eu trouxe o livro que você me emprestou ontem – informou ela, fazendo com que Percy desviasse o olhar do rosto de Penelope para o livro no topo da pilha. – Obrigada.
Percy simplesmente acenou com a cabeça.
Penelope separou a pilha de livros em duas e ajudou Percy a carregá-los até uma mesa. Em seguida, separou-se dele e foi pegar uns livros para estudar também.
Após apanhar cinco livros de Transfiguração na estante de número dezessete, Penelope sentou-se sozinha em uma mesa encostada na parede. Então parou por um momento e pensou. Não precisava ficar sozinha.
Um pouco relutante, ela carregou os livros até o lugar onde Percy estava estudando. Este, ergueu a cabeça ao vê-la colocar os livros sobre a mesa.
- Posso me sentar?
- Claro – respondeu ele se levantando e puxando uma cadeira para ela, educadamente.
Penelope ficou encabulada. Quais seriam as intenções de um garoto com tamanha gentileza? Mal ela sabia que aqueles bons modos eram da natureza de Percy. De qualquer maneira, ela sentou-se e começou a estudar.
Percy fez o mesmo, com a diferença de que, entre uma página e outra, lançava um olhar de esguelha para Penelope. “Ela é muito bonita. E estudiosa também” pensou ele. Após alguns segundos contemplando a garota enrolar um cachinho do cabelo com o dedo indicador, ele sacudiu a cabeça de leve e forçou-se a voltar a atenção para os livros. Nada podia distrai-lo de tal maneira.
Passaram-se cerca de três horas sem que nenhum dos dois dissesse nada. Foi então que Penelope fechou o livro que estava lendo e se levantou.
- Você já vai? – perguntou Percy erguendo os olhos para ela.
Penelope fez que sim com a cabeça.
- Daqui a pouco será hora do almoço, e eu tenho que deixar esses livros no meu dormitório para estudar mais tarde.
- Então me espere, eu também vou – pediu ele juntando alguns dos livros que estava usando.
- Como é ser monitor? – perguntou Penelope assim que eles saíram da biblioteca.
Percy não titubeou antes de encher a boca para responder:
- Ótimo. É satisfatório saber que você está contribuindo para a ordem na escola.
- Eu gostaria de ser monitora – comentou ela.
- Em que ano a senhorita está?
- Senhorita? – Penelope parou de andar e sorriu para Percy. – Que formalidade!
Percy corou um pouco, mas continuou:
- Está bem, me desculpe. Em que ano você está?
- No quarto, e você?
- Estou no quinto. É bem provável que você seja nomeada monitora no próximo ano.
- Não tenho tanta certeza – disse ela descontraída, enquanto eles subiam uma escada para o terceiro andar.
- E por que não? – perguntou ele surpreso – Não pude deixar de notar que a senhorita, desculpe, você é muito estudiosa. Pessoas assim têm futuro, sabe.
Penelope ergueu a cabeça e olhou nos olhos de Percy, que sorria. Ela não pôde deixar de sorrir também. Ninguém nunca a elogiara pela maneira como ela estudava.
Nesse momento, ela precisou se despedir dele e seguir por um corredor estreito, que levava à sala comunal da Corvinal.
“Um garoto legal esse” pensou, enquanto entrava em uma porta disfarçada na parede. Aquela porta dava em uma sala de aula inutilizada. Penelope aproximou-se do quadro negro, parou um pouco e pensou. Ela e seus problemas com senhas... Colocou os livros debaixo do braço e, com o braço livre, apanhou um pedaço de pergaminho no bolso da capa.
- Muco de verme cego.
A lousa girou para a frente e ela pôde entrar em um aposento amplo, com muitas janelas e toda a decoração na cor azul. Em um sofá perto da entrada, avistou sua amiga Rebecca.
- Penny! – gritou a menina, correndo em sua direção. – Eu estava te esperando. Você não sabe: Mariana e eu estávamos passeando pelos jardins e o Patrick veio falar com a gente. Perguntou se podia almoçar conosco, e é lógico que não negamos. Ele, a Mari e a Stephanie virão para a mesa da Corvinal. A Mari subiu para tomar banho, ela está tão feliz!
Rebecca falou isso em menos de um minuto, o que fez com que ficasse vermelha, logo em seguida parando para recuperar o fôlego. Era uma menina muito bonita, com o rosto delicado, brilhantes olhos azuis e cabelos negros e compridos. Penelope, que a conhecia há muitos anos, estava acostumada com o jeito eufórico da amiga e sorriu com a notícia.
- Eu vou deixar esses livros no dormitório, espere um pouco que nós já vamos descer.
Penelope entrou com os livros no dormitório das meninas do quarto ano e despejou-os sobre a cama com edredom azul. Eles a faziam lembrar de Percy. Mas ela não tinha motivos para ficar pensando nele, portanto, voltou para a sala comunal e foi com Rebecca almoçar.

Nota da Autora: Como vocês devem ter notado, esse capítulo foi curto e simples, apenas para mostrar a primeira conversa de Percy e Penelope, que também não foi tão interessante. Mas a partir do próximo capítulo as coisas passam a ser mais interessantes. Esperem para ver!

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