Hoje a noite não tem luar::



Baseada na música Hoje a noite não tem luar, de Renato Russo, um de meus gurus.

Draco, agora com vinte e três anos, trabalha no Ministério da Magia, no Departamento de Mistérios. Ele nunca quis ser um Comensal da Morte, mas um passado muito próximo, a morte de seu pai, o fez querer ainda mais distância de Lorde Voldemort. Ele foi morto por um auror.

Naquele momento, Draco estava sentado em sua cadeira de couro do escritório onde trabalha. Sua secretária é Luna Lovegood, cujo pai continua a editar O Pasquim. E Luna continua a lê-lo de cabeça para baixo.

Di-lua, como era chamada nos tempos de escola, já possuía formas atraentes. Não era mais a menininha inocente de antes. E vivia dando em cima de seu chefe. Mas...

Ela passou do meu lado...

Oi amor, eu lhe falei...

Você está tão sozinha...

Ela então sorriu pra mim...

Draco estava submerso em seus pensamentos. Lembrava de cada pedacinho de Gina como se ela estivesse ali, na sua frente, linda como no Baile de Inverno do sexto ano em Hogwarts, mesmo ano em que se conheceram, nas férias de verão.

Foi assim que a conheci...

Naquele dia junto ao mar...

As ondas vinham beijar a praia...

O sol brilhava de tanta emoção...

O garoto agora lembrava de cada sarda do rosto de Gina, tão próximo ao seu, naquele dia quente de verão, no Hawaii... lembrou-se com saudade também quando ela lhe contou que havia ganhado aquela viagem de uma amiga rica, que ficou doente e não pôde ir, e Gina foi em seu lugar.

Em meio à tristeza que a saudade lhe causava, o garoto riu; riu sozinho, ali, naquela sala em que trabalhava, no emprego que a própria Gina conseguiu para ele.

Pôs a mão com dedos finos sobre a boca, e lembrou do gosto do beijo da garota que amava.

Um rosto lindo como o verão...

E um beijo aconteceu...

Lembrou-se de que iria encontrar sua amada logo, como a encontrou na noite do mesmo dia em que trocaram o primeiro beijo; estava morrendo de saudades dela, ela havia saído para cumprir uma missão, era auror. Mas ela sempre voltava, e Draco nem se preocupava... sabia que dali a algumas horas ela apareceria no seu escritório, feliz, pronta para dar um beijo nele.

Nos encontramos à noite...

Passeamos por aí...

E num lugar escondido...

Outro beijo lhe pedi...

Agora ele estava às vésperas de seu casamento, casar-se-ia com ela dentro de dois dias e estava feliz da vida. As juras de amor que trocaram naquela mesma noite no Hawaii não foram da boca pra fora, foram verdadeiras, e seriam provadas com a união de um Malfoy e uma Weasley. Eles lutaram muito pelo amor que possuíam, e em breve provariam que para o amor não há barreiras.

Lua de prata no céu...

O brilho das estrelas no chão...

Tenho certeza que não sonhava...

A noite linda continuava...

E a voz tão doce que me falava...

O mundo pertence a nós...

Mas a entrada espalhafatosa de sua secretária, que sempre fora sonhadora, o deixou espantado, e o tirou de seu transe.

- O que foi, Lovegood? Está acontecendo alguma coisa? - Draco olhava para a garota que mal conseguia respirar, atabalhoado.

- Já aconteceu, sr Malfoy! É horrível! Um novo ataque de Comensais na área em que os melhores aurores do Ministério da Magia foram procurar o Cálice de Fogo! Estima-se que muitos aurores tenham morrido!

O estômago de Draco deu um salto na hora em que ouviu Luna citar Comensais da Morte. Há tempos eles queriam vingar a morte de seu pai, morto por Harry Potter, também auror. E quando ouviu de Luna que vários aurores poderiam estar mortos, lembrou-se de sua noiva, mas ela sempre voltava, não havia acontecido nada a ela. Mas não custava nada ir verificar, e era o que iria fazer.

- Vamos Luna, não podemos perder mais tempo, onde está o Ministro da Magia? - Draco corria pelos corredores e agora pegava o elevador para o nono andar, junto com Luna.

- Já entrei em contato com Percy Weasley, senhor Malfoy, ele já deve estar a caminho.

Os dois loiros saíram em disparada do elevador que dava na cabine telefônica de Londres.

- Luna, não acha que devemos pedir reforços? - Draco estava preocupadíssimo.

- Não há reforços, senhor Malfoy. Os melhores aurores estão em combate neste momento.

- Como?????????

- Isso mesmo que o senhor ouviu. O único auror que não foi para lá é Harry Potter. Está de férias e não quer ser incomodado.

- Como é que é? Nem mencione o nome do Cicatriz, eu consigo me virar sozinho! Agora pegue sua vassoura e vamos! - Draco irritou-se só de ouvir que dependeria de Potter.

- Vamos a um lugar desabitado. - Luna aconselhou o chefe.

Eles seguiram de táxi em direção a um morro desabitado. O taxista parou com o término do asfalto e voltou. Os dois saltaram do carro e subiram o resto que faltava do morro a pé. Chegando no topo, Draco montou em sua Nimbus 2001, que há tempos não montava, e Luna montou em sua Cleansweep muito velha.

Partiram em direção à Irlanda, na maior velocidade que conseguiam. Draco pensava na Firebolt de Harry, lembrando de como era veloz, muito mais rápida do que sua Nimbus. Mas não pediria ajuda a Potter, de jeito nenhum. Iria assim mesmo.

Duas horas passadas, e então chegaram ao destino. A cena que os dois loiros presenciaram foi horrível. Muitos aurores sendo recolhidos por macas de ambulâncias bruxas, seguindo para o St. Mungus, em Londres, alguns enlouquecidos pelas maldições Cruciatus, outros petrificados, outros ainda muito feridos. E vários, vários aurores mortos.

Em seguida, Percy Weasley chegou, aparatando ali, um baque ensurdecedor invadindo o local. Ao ver a cena, parecia chocado. Seus melhores aurores ali, naquelas condições? Impossível de acreditar.

Draco procurava entre as pessoas ver a sua noiva, mas não a via de jeito nenhum. Foi quando viu uma maca carregando uma pessoa de cabelos ruivos, a mão caída, molemente pendurada, do lado de fora da maca. O garoto não pensou duas vezes e correu em direção ao enfermeiro que carregava a maca.

- Quem é? - Perguntou sem hesitar.

- Ronald Weasley, enlouquecido. Olha para o nada, é como se ele não estivesse nesse mundo.

- Obrigado... - Draco saiu dali, um pouco aliviado, um pouco preocupado. Mas pensou ele que o Weasley nunca fora um auror como a Gina, então era normal que isso tivesse acontecido.

Ao longe, localizou Molly Weasley e Arthur Weasley abraçados, chorando, e um círculo de gente, incluindo Gui e Carlinhos em volta de algo que puxava a atenção de todos. A princípio, Draco pensou que estivessem chorando pela loucura de Rony, então se dirigiu a eles.

- Meus pêsa... - Draco foi cumprimentar senhora Weasley, e viu o que menos queria ver na sua vida.

Gina estava ali, no chão, na frente de todos, as roupas rasgadas, os olhos entreabertos. Ele se abaixou sem hesitar e segurou a cabeça da ruiva, que possuía uma tira de sangue escorrendo na testa. Começou a gritar pelo nome dela, estava desesperado, ela não estava morta, ele sabia disso, não podia estar...

- Queira nos dar licença, senhor Malfoy, temos de retirar o corpo de sua noiva daqui... - O enfermeiro pegou no braço de Draco, que não queria largar sua noiva de jeito nenhum.

- Corpo??????????? Ela não está morta! Ela está viva! Ela sempre volta pra mim! Sempre!

- Lamento, senhor Malfoy, lhe devo as condolências. Sua noiva morreu, não há nada o que se possa fazer.

Draco, de joelhos no chão, chorava sem parar. Não podia acreditar que sua ruiva tivesse morrido... quando finalmente seria feliz, apenas dois dias para ser feliz por completo... foi quando tudo se apagou. A luz da sua vida se esvaiu.

***

O tempo passou, Draco não era mais o mesmo homem que sempre fora antes da morte de sua amada. Ele nunca se recuperaria do fim de sua felicidade... continuaria a mirar o nada... todo mês ele iria levar flores ao túmulo de sua Ginny, ele acreditava que um dia a reencontraria...

No dia da morte de sua Ginny, ele foi para sua casa, simplesmente estava acabado... ele foi para o apartamento que compraram para eles, olhou para a mesa de jantar posta pelo seu elfo doméstico, tudo veio assim, num repente que o fez recomeçar a chorar... chegou na sua janela, e mirou o céu, tão belo e formoso, no céu estrelado daquela noite, a noite mais triste da sua vida. E como se o universo soubesse da dor de Draco, este fez com que a lua, naquela noite sombria e sem vida, não aparecesse.

Hoje a noite não tem luar...

E eu estou sem ela...

Já não sei onde procurar...

Não sei onde ela está...

E mirando o céu, Draco imaginou onde estaria Ginny naquele momento... estaria a olhá-lo, a perceber sua dor? Na cabeça de Draco, Ginny seria mais uma estrela para sempre brilhante no céu, que no resto de sua vida o iluminaria, o guiaria para um caminho que sozinho ele nunca teria descoberto sem ela:

A FELICIDADE.

E hoje a noite não tem luar...

E eu estou sem ela...

Já não sei onde procurar...

Onde está meu amor...

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.