EM HOGWARTS



CAPÍTULO 3:

Se existe uma coisa pior que a sensação de vertigem das centenas de voltas que se dá ao viajar via Pó de Flu entre lareiras, é logo após de todo o enjôo, dar de cara com Filch, o “pau-prá-toda-obra-e-adoro-perseguir-esses-alunos-eu-ainda-pego-um” de Hogwarts.

E para sorte de Harry e cia. não é que a asquerosa figura estava justamente limpando a lareira da Sala Comunal da Grifinória pela qual todos começaram a chegar.

- Não, não, NÃÃÃO! – rugiu Filch, quando viu Harry surgir no meio as chamas verdes que além de pregarem um tremendo susto no homem, ainda fez subir uma camada enorme de fuligem, sujando não só tudo em volta da lareira, como a cara e as roupas de Filch. – Você! Dessa vez não me escapa... (chegou Rony, sujando tudo ainda mais) vou lhe trancafiar nas masmorras a pão e água (Neville e Luna agora surgiam pela abertura) até o ano letivo começar...

A cada frase que ele proferia, chegava mais alguém da turma. No final de seis estrondos poeirentos, a sala estava totalmente na neblina, com Filch tossindo de se acabar, devido a um ataque de asma e babando de raiva.

-Ah, sai pra lá, seu Gagá chato – empurrou George, - Sempre é bom ver nossa querida Sala Comunal. Mas Filch, como isso por aqui anda sujinho,hein?

- Vou chamar o professor Dumbledore agora. Dessa vez...

- Calma Sr. Filch – disse uma voz branda atrás deles do outro lado da sala comunal da Grifinória. - Já estou aqui. Que tal você ir chamar Dobby e alguns elfos lá na cozinha para ajudá-lo a limpar isso tudo? (Hermione soltou um suspiro de indignação)

- Mas estava tudo limpinho...

- Vamos homem. – piscou Dumbledore. - Aproveite para tomar um copinho de leite com canela que é excelente para esses acessos de tosse. Fui eu quem pediu para esses alunos virem por essa lareira hoje. Só esqueci de lhe avisar...

Enquanto estupefatos Harry e seus amigos se entreolhavam procurando saber como é que o diretor sabia que eles viriam a exatamente aquela hora, Filch saía reclamando e praguejando pela porta.

Dumbledore com um aceno de varinha deixou num piscar de olhos tudo limpo e arrumado . Depois virou-se para os garotos e perguntou:

- Falta chegar mais alguém? – e ao gesto de cabeça negativo de todos disse – Lumus – e a lareira acendeu com gostosas chamas. Ao mesmo tempo que uma chaleira começava a ferver no meio da lareira, com vistas a um chá das 5 adiantado.

- Como o senhor sabia que viríamos ? – começou Hermione.


- Ora, senhorita Granger – encarou-a o idoso diretor – Se eu não tivesse meus meios de saber onde estão os meus alunos mais, digamos assim, aveturosos, não seria um diretor descente, não acha? Ou vocês pensam, meninos Weasley, que só na sala de vocês existe aquele relógio maravilhoso...- riu-se Dumbledore agora encarando os Gêmeos. – Quando é que a loja de vocês inaugura? Não vejo a hora de comprar algumas coisinhas lá...

- Mês que vem, - apressou-se Fred a dizer – e será uma honra recebê-lo lá, professor.

- Mas tenho certeza que vocês não vieram para a escola um mês antes das aulas começarem para fazer propaganda da loja de seus irmãos e amigos, ou por que estavam com saudades de Filch – os cantos da boca do diretor começaram a se retorcer em um riso – Sei que o assunto que temos a tratar é de alta gravidade.

- Como é que o senhor sabe, diretor? – perguntou Harry.

Dessa vez o diretor não respondeu, mas limitou-se a tirar dos bolsos das vestes um grosso livro, que não era outro senão O Senhor dos Anéis. Só que uma edição bem antiga e gasta.

- O senhor já leu? – dessa vez foi Luna que estava sentada no gostoso sofá da Sala Comunal. – E aí, demais, não é?

- Sim, sim, Srta. Lovegood. E esse exemplar me é muito caro, pois além de ser uma primeira edição, ainda contém uma dedicatória...

- O senhor conheceu Tolkien, diretor? – perguntou Hermione empolgada.

Gostaria, Srta. Granger , de ter conhecido esse grande homem, que retratou tão bem um mundo tão mágico como é nossa Hogwarts. Mas como ia lhes dizendo, meu exemplar além de ter uma dedicatória do meu grande amigo Gandalf, ainda possui um enorme mapa mágico, similar àquele que Harry tem, confeccionado por uns outros queridos bagunceiros do passado aqui mesmo de Hogwarts, que se auto-denominavam Marotos. – concluiu com uma risadinha. – ah, os Marotos...

Os queixos de Harry, Rony e Hermione caíram, ao saberem da existência de tal mapa e de saber da intimidade de Dumbledore com Gandalf .

- O senhor conhece Gandalf, diretor? Ele existe mesmo? – perguntou Hermione.

- Claro que conheço. Volta e meia nos falamos pedindo e escutando conselhos um do outro. Pois a batalha contra o mal existe tanto aqui quanto na Terra-Média onde ele tem tido sérias dificuldades em administrar, com toda sua sabedoria e inteligência.

- Pera aí – disse Rony. – Mas e quanto ao tempo? Lá está sempre acontecendo a mesma coisa que está narrada nesse tijolão aí?

- Ora, senhor Weasley – fitou-o o diretor por cima dos óculos – depois daquela experiência com o Vira-tempo ha três anos atrás, acho que o senhor já poderia ter se acostumado que o tempo no mundo mágico é perfeitamente manipulável. Mas agora contem-me em detalhes, o que aconteceu com a Srta. Gina Weasley...

Aos atropelos, todos (com exceção de Luna que agora estava novamente cantarolando a canção de Tinúviel) colocaram Dumbledore a respeito do desaparecimento de Gina, inclusive mostrando o pergaminho com a letra rebuscada de Draco.

Por alguns instantes depois que todos acabaram a narrativa, Dumbledore ficou calado e pensativo fitando o pergaminho, até que subitamente se ergueu e, a um giro de sua varinha, fez surgir sobre a mesa no meio da sala uma bola de vidro, que lembrava as bolas de cristal usadas pela professora Trelawney, em suas aulas de adivinhação, só que essa era escura e parecia que havia uma substância leitosa dentro dela.

- Sei bem o que é isso – disse Luna adiantando-se a boca já aberta de Hermione – É uma Palantíri. Um tipo de comunicador da Terra-Média. Dizem que existem bem poucas por lá...

- Perfeitamente senhorita Lovegood – disse o diretor – e agora se me permitirem vou dar uma palavrinha com meu velho amigo Gandalf .

Hermione sentiu-se emocionada e um tanto incrédula ante a possibilidade de um primeiro contato com a tão importante e querida personagem do livro que ela acabara de ler nas férias. Mas na realidade ela só viu o diretor colocar suas mãos na bola e fechar os olhos.

O silêncio naquele momento era tão grande que ninguém ousava sequer respirar muito fundo para não atrapalhar a concentração do diretor. Estava claro que a comunicação ali não era feita por palavras e sim telepaticamente.

Uns vinte minutos depois Dumbledore tirou as mãos da Palantíri e abriu os olhos.

- Gandalf me avisou que Saruman está realmente com visitantes novos em sua torre, e pela descrição, são mesmo Lucius e Draco Malfoy.

- Eu sabia – sibilou George – aqueles ratos albinos levaram nossa irmã para lá. Ah se eu pego eles...

- Calma Sr. Weasley – tranqüilizou-o Dumbledore. – Tudo ao seu tempo. Gandalf falou para vocês irem agora para a Terra-Média, que um emissário dele os estará esperando.

- Ir como, diretor – perguntou Hermione. – Será que tem alguma coisa a ver com o Salgueiro Lutador de Hogwarts e o Velho Salgueiro Homem da Floresta Velha?

Dumbledore se mostrou surpreendido com a moça:

- Muito bem srta. Hermione. Muito observadora, como sempre...

Mas Neville cortou o diretor, orgulhoso.

- Professor Dumbledore, foi Luna que veio com essa teoria. Ela leu o livro há quatro anos e desde então virou fã da história.

Dessa vez foi o diretor que se mostrou surpreso:

- Parabéns Srta. Lovegood. Sempre acreditei no seu potencial e no seu bom gosto para leituras. Muito inteligente a sua observação...

Rony cochichou ao ouvido de Harry:

- Com exceção de quando ela lê a revista do pai dela.

Mas uma cotovelada nas costelas fez Rony se calar.

- E quem é o emissário que vai estar esperando-nos lá na Terra-Média, professor? – perguntou Harry.

- Quem mais senão Tom Bombadil, o guardião da Floresta Velha, o único que poderia guiá-los para fora de lá sem vocês se perderem.

E continuou:

- Mas aconselho algumas coisas a vocês. Sei que não adiantaria dizer para não irem, pois sei que iriam assim mesmo, então além de pedir para terem cuidado, peço-lhes que façam de tudo para não alterarem os rumos da história já escrita. É como se vocês estivessem usando um Vira-Tempo e nisso o nosso Harry junto com a Srta. Granger aqui sabem das dificuldades que isso implica. Então sempre ouçam tanto a ela quanto a Srta. Lovegood, pois elas sabem os acontecimentos principais do que acontece no livro e vocês tem que se manter totalmente a margem dos atos capitais da demanda do Anel. Além disso ser muito perigoso. Já não basta terem que lidar com Saruman e os Malfoys.

Os garotos eram só ouvidos para o sábio diretor:

- Vocês tem que aproveitar que o momento que vocês irão chegar lá será numa hora em que todos os Orcs de Orthanc (de onde? – perguntou Rony), partiram atrás da Sociedade do Anel.

- Isso já seria ótimo, não ter que ver aquelas horrendas criaturas por lá – disse uma aliviada Hermione.

- Mas não se engane, Srta. Granger. Devem ter alguns daqueles menores por lá. E garanto, que eles não são nada agradáveis.

Virando-se para Harry, falou, enquanto Hermione arregalava os olhos e engolia em seco:

- Harry, gostaria que fizéssemos uma troca. Você deixa o seu mapa comigo e leva esse meu. – Disse entregando o grosso mapa dobrado da Terra-Média para Harry. – Assim vocês terão como verem onde estão as principais personagens do livro ao mesmo tempo que eu ficarei de olho em vocês.

- Como professor? - interrompeu Harry - Se esse esse mapa mostra os terrenos e o castelo de Hogwarts e não a Terra-Média?

Puxando a varinha do bolso, Dumbledore deu um leve toque no Mapa dos Marotos dizendo:

- Prometo que eles não vão fazer nada de bom na Terra-Média.

E no mesmo instante uma cópia do mapa que estava nas mãos de Harry apareceu no verso do Mapa dos Marotos. Do outro lado estavam os oito (incluindo Dumbledore) na sala comunal da Grifinória. Enquanto no verso não havia nenhum pontinho indicando ninguém.

- Prontinho. Agora tenho como vigiar vocês e qualquer coisa temos como nos comunicar. – E mexendo em outro bolso pegou três bolas de gude (pelo menos pareciam ser) e as entregou uma a Harry, outra a Fred e a terceira ia dando a Neville, quando Rony o interrompeu:

- Não professor – disse as pressas – é melhor deixar com Luna, pois o Neville tem uma ligeira queda por perder as coisas – o bochechudo garoto corou na hora, mas Luna fez-lhe um carinho no braço e apanhou a bola com o diretor.

- O que é isso, professor?

- Ah Srta. Lovegood, são mini-Palantíris. – respondeu pacientemente o diretor. – Com ele, teremos não só como nos comunicarmos telepaticamente, como vocês poderão fazê-lo entre si. Seria bom experimentarmos agora.

Dividiram-se em três grupos e se espalharam pelo castelo e pelo gramado testando as bolinhas, o que no mínimo era cômico, pois não habituados as vias telepáticas, eles ficavam usando as bolinhas perto da boca e dos ouvidos, quando bastava somente segurá-las na mão e pensar em Dumbledore, e logo sentiam a voz bondosa e paciente do diretor em suas cabeças.

Depois de testarem, a ponto de não parecerem malucos falando com bolinhas de vidro, e dominarem perfeitamente a comunicação telepática, voltaram para a Sala Comunal para mais recomendações de Dumbledore:

- Levem tudo aquilo que vocês acham que vá ser útil, mas que caiba em suas mochilas. Realmente acredito mais nas aptidões individuais de cada um e nas suas varinhas com aquilo que vocês bem praticaram com Harry nas aulas da AD no ano passado. Lembrem-se: não esqueçam nada lá. Seria desastroso um dos nossos apetrechos caírem em mãos menos hábeis.

- Ouviu , não é Neville – provocou Rony.

No que Luna respondeu:

- A Rony deixa meu fofinho em paz e vá procurar sua fofinha...

A vontade de rir foi geral, mas o acesso de tosse disfarçada de todos foi prontamente abafada por um Filch esbaforido que vinha adentrando na Sala Comunal seguido por Dobby e mais uns três elfos domésticos .

- Eles me pagam, sujaram tudo o que eu passei a manhã limpando...ué, cadê a sujeira? – perguntou atônito, seguido das risadas dos garotos.

- Meu senhor Harry Potter. – disse o elfo doméstico “favorito” de Harry, e fez a já tradicional reverência quase encostando a testa no chão, no que foi seguido pelos outros três elfos. – Já de volta? Mas as aulas só iniciam no mês que vem...

- Ah sim – disse Dumbledore – Já ia me esquecendo. Dobby irá com vocês, pois é o único que poderá reabrir a passagem de volta entre os Salgueiros, uma vez que somente um não humano tem esse poder.

- Mas professor... – ia começando Harry.

- Ou será que vocês preferem levar um explosivim de Hagrid? Nem mesmo eles conseguiriam, pois o não humano tem que saber usar magia, e nesse caso, nosso bom Dobby aqui é a pessoa mais indicada, além da amizade especial que ele parece nutrir por você Harry...

O elfo guinchou alegremente:

- Muito obrigado senhor diretor. O senhor é muito sábio e bom. Pode deixar que Dobby abrirá a porta de volta quando for necessário. Terei muita honra em acompanhar o grande Harry Potter em uma aventura...

- É, e vai prometer obedecer a gente, sem aprontar nada sem nossa ordem – falou Rony ameaçadoramente, fazendo o elfo recuar.

Hermione se interpôs entre ambos defendendo o elfo:

- Deixa ele Rony. O professor Dumbledore não disse que ele tem que ir? Que tal tratá-lo direito pra começar, hein? – disse a moça já se exasperando

Nisso ouviram um baque e a voz de Luna, que estava sobre uma mesinha de canto, com sua varinha em punho derrubando um abajur e gritando.

- Está fundada a Sociedade de Hogwarts. Iremos bravamente atrás dos passos da brava Sociedade do Anel. É a segunda Sociedade com nove guerreiros do bem defendendo a Terra-Média de seus algozes!

- Calma Luna, nós só somos oito – riu-se George da loirinha.

- É Luna, eu e George, Harry, Rony e Hermione, além de você, Neville e Dobby – completou rindo Fred.

- É Luna – falou Neville lançando um olhar apaixonado para sua guerreira élfica de espada em punho.

- Gente a nossa nona integrante está para ser salva por nós lá na Terra-Média. – disse Hermione. –Ela tem razão. Gina é a última integrante dessa nossa Sociedade de Hogwarts...

- Brilhante como sempre Srta. Granger e agora vamos pegar as coisas que faltam e vamos lá para fora, para o Salgueiro Lutador, pois Gandalf me avisou que Tom Bombadil os estaria esperando no final da tarde, e como vocês sabem ele é meio impaciente em deixar sua querida Fruta D’Ouro esperando.

Harry virou-se para Rony:

- Caramba! É muita gente e muito nome...

- O que você esperava de um livro de 1200 páginas em que seu autor criou a geografia, povos, línguas e tudo mais. Ainda bem que teremos a srta. Sabe Tudo conosco – disse Rony.

Por estar de costas para a amiga, Rony não viu Hermione corando com o elogio da pessoa que ela gostava, coisa tão rara de ser ouvida nesses 6 anos em que se conheciam...


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