Um caso curioso



Todas aquelas lembranças escaparam da cabeça de Harry quando finalmente ouviu os gritos e pancadas de Duda na porta.
Ele devia ter passado muito tempo ali deitado, refletindo, pois já era hora de tomar café da manhã.Harry desceu pela velha escada de madeira e entrou pela cozinha.
Duda como já sabia que Harry iria embora quando tivesse 17 anos, ou seja dali a 3 dias,ultimamente andava muito irritado pois não teria mais em quem bater dentro de casa, mas também satisfeito por não ter mais que temer ser transformado em um porco quando menos esperasse, mesmo já se parecendo muito com um.Tio Valter, um homem muito corpulento com uma cara muito redonda, cabelos e bigodes louros e sem pescoço não tinha nada de irritado, estava simplesmente animado com a idéia de se livrar daquele “moleque irritante”, como costumava tratar Harry.Mas por mais inacreditável que fosse, tia Petúnia , uma mulher com cara de cavalo e mais alta que seu marido não demonstrava tamanha satisfação de nunca mais ver o garoto, e Harry chegou a pensar que ela sentiria saudades dele, mas era uma hipótese muito pouco aceitável, devia ser apenas o calor de julho que a incomodava.Mas naquela manhã não eram só os três parentes que estavam a mesa.Havia também a insuportável Tia Guida.Uma mulher muito gorda e corpulenta, bastante parecida com seu irmão, Valter Dursley.
No passado Harry não teve experiências muito boas com essa desagradável mulher, ela o insultava e ofendia todas as vezes que ia até a Rua dos Alfeneiros visitá-los.E apesar de Guida não lembrar-se, pois obteve sua memória modificada pelo ministério da magia, Harry se lembrava muito bem quando, em seus 13 anos transformou a tia em uma mulher balão, ao sentir muita raiva dela.Mas isso eram águas passadas.
Dessa vez Guida não estava com o mesmo ar superior de sempre.Estava branca como cera e parecia demasiada descabelada e assustada, e não estava com seu fiel companheiro Estripador, seu cachorro.
Harry logo sentiu a curiosidade subir-lhe a cabeça ao pensar no que poderia deixar uma mulher daquelas assustada, então começou a prestar atenção na conversa da forma mais discreta possível, até conseguir ouvir:

-Ora Valter, estou lhe falando!Aconteceu sim.Eu fui ao hospital visitar nosso tio-avô que está internado, eu já estava bastante ruim sem ouvir a tal história.Contaram-me que um garoto morreu, e os médicos na hora de fazer a autopsia disseram que não havia vestígios de ferimentos, nem envenenamentos, nem cortes, NADA!Nenhum vestígio do que provocou sua morte!Uma senhora que era parente do menino disse que foi bruxaria.... Pense bem Valter!BRUXARIA!Mas nem dei confiança, parecia uma descontrolada.Não é mesmo?Mas fiquei muito assustada com a história...

Tio Valter ficou muito vermelho, meio encabulado, mas não perdeu o fio da conversa.
-Er..bem..claro, essa idéia de bru-bruxaria é u-um absurdo Guida... Ma-mas onde foi encontrado esse su-uposto menino?-disse Valter que não controlou seu gaguejo.
-Ele estava no seu quarto, lendo um livro...Aliás!Você não vai acreditar no que disseram haver no livro...Era sobre...EI GAROTO!NAO VI QUE ESTAVA AÍ, DESDE QUANDO FICA OUVINDO CONVERSA DOS OUTROS???-disse Guida gritando a Harry.
-Não estou prestando atenção, por favor, voltem a conversar... desculpem-me.- disse Harry que fingia que não estava interessado na conversa entre os dois, mas sua curiosidade agora era tão grande que não conseguia se concentrar nos ovos com bacon.
-Ora vejam só, nem tinha reparado na sua presença moleque- tio Valter disse em tom insolente.
-Vai continuar sem perceber-disse Harry com indisposição, percebia que não iam continuar a conversa que queria tanto ouvir- Vou subir para o meu quarto.

Harry ouviu continuarem conversando da porta da cozinha, mas haviam mudado de assunto, agora falavam sobre o chefe de Guida, que era um “audacioso, arrogante, indigno de respeito...”.Harry pensou no quanto se assemelhavam, patrão e funcionário.
Os dias passaram lentamente e a irmã de Valter não voltou a mencionar o misterioso caso.Só continuava a reclamar, reclamar, reclamar...
Harry pensava a todo tempo; quem seria o tal garoto?Será que teria alguma relação com Voldemort?Afinal, estava bem claro que um bruxo havia matado o garoto...Mas por que teriam o matado?E sobre o que era o tal livro?
As perguntas borbulhavam na cabeça de Harry, estava ancioso para discutí-las com seus amigos, que logo viriam buscá-lo.Esse pensamento animou-o e Harry Potter logo caiu no sono.

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