A Antiga Biblioteca



Mesmo tendo decidido na tarde anterior que não contaria a Rony, pelo menos não por enquanto, a conversa que tivera com Lupin, ainda que ele perguntasse, Hermione sentia-se um pouco culpada por isso. Tantas vezes um problema fora divido entre os três, Harry, Rony e ela, que Hermione refletia se não estava traindo de certa forma a confiança de Rony. Passou praticamente o dia todo na biblioteca, só encontrando Gina para dispersar um pouco.

- Será que você não descansa nem agora? - a ruiva perguntou sorrindo e sentando-se no outro extremo de uma das mesinhas redondas que compunha a enorme biblioteca.

- Só me distraindo e... - Hermione deu uma boa olhada em todo o ambiente. - ... acho que me despedindo de certa forma.

- Ah, mas ainda vai ter tempo pra fazer isso. - animou-a com vigor. - E depois, mesmo que esteja se formando, poderá voltar sempre que quiser. Hogwarts é um pouco lar de todo mundo, não é o que o professor Dumbledore sempre nos diz?

- É, tem razão. - Hermione conseguiu sorrir.

- Ótimo, vamos sair daqui então... - as duas se levantaram... - preciso de umas dicas para sexta a noite.

- Sexta a noite?

- Sim, apesar de ser a noite do jantar em homenagem aos aprovados, todos os outros alunos foram convidados.

- Que bom, assim vocês se divertem um pouco.

- Não sei se é exatamente divertido ver o seu namorado "confraternizar" com um monte de garotas antipáticas e bem bonitas, enquanto você fica sozinha, apenas observando tudo acontecer sem poder fazer nada. - lamentou Gina.

- Ah Gina, pare com isso, você é linda! - disse Hermione com firmeza tentando animá-la, mesmo sabendo que seria quase impossível Gina se aproximar do namorado neste jantar, pois antes disso Rony teria um colapso nervoso. - Além disso, não são elas que estão saindo com ele não é mesmo? - finalizou com um tapinha nas mãos da amiga.

- Obrigada Hermione, mesmo assim não posso ficar de braços cruzados.

- E o que pensa em fazer, contar ao Ronald? Não sei se...

- Não, é claro que não! Pelo menos não ainda.

- Então...?

- Mas talvez se eu contar ao Harry, ele...

- Ah Gina, não sei se é uma boa idéia. O Harry é discreto e bom para guardar segredos, mas não seria justo com ele. Rony é seu melhor amigo, imagine a situação em que irá colocar o Harry se seu irmão descobrir que ele já sabia de tudo.

- Eu sei, conheço meu irmão mais do que todos aqui, porém não vejo outra forma de ter mais cobertura.

- Cobertura?

- Sim. Se você e Harry souberem, talvez eu tenha mais coragem para contar ao Rony e poderei aproveitar um jantar... éhhh.. particular na sexta a noite. - explicou corando um pouco.

- Jantar particular? Gina Weasley, o que está pretendendo? - censurou-a colocando as mãos na cintura de um jeito que lembrava muito a senhora Weasley.

- Ai Hermione, deixa de neura só vou passar algumas horas com ele no jardim, só isso! - Hermione moveu as sombracelhas meio desconfiada ainda, mas não rendeu mais assunto. - Você... me ajuda a falar com o Harry?

- Se você me ajudar a encontrar o Harry para te ajudar a falar com ele.

- Hãnn... ainda não conseguiu conversar com ele? - Hermione respondeu com um movimento de cabeça e Gina fez um ar desanimado. - Que ótimo! Quem sabe ele resolve aparecer para o jantar de sexta. - comentou Gina ironicamente.

- É... quem sabe.

Com tantos preparativos para o jantar cercando o castelo era impossível falar ou pensar em outro assunto. Até mesmo os professores estavam mais descontraídos durante as aulas. O Salão Principal fora decorado com as cores das casas em perfeita harmonia e o professor Flitchwick convocara alguns setimanistas mais experientes para ajudá-lo a manusear os enfeites de pendurar que necessitavam de uma boa habilidade em levitação. Hermione estava entre eles, afinal agora sentia-se mais solitária ainda. Muito antes de Harry “desaparecer”, Rony e Luna passavam praticamente o dia inteiro discutindo o futuro dele ansiosamente e Gina, quando não estava assistindo alguma aula, estava ou estudando para os N.I.E.M's ou namorando às escondidas. Sentada no tablado frontal do grande salão e depois de observar bastante uma espécie de corneta dourada que emitia um suave som quando erguida, Hermione agitou sua varinha mais uma vez:

- Vingardio Leviossa! - murmurou e o objeto flutuou graciosamente até o teto.

- Excelente! - uma voz falou forte perto dela.

- Professor Dumbledore? - virou-se profundamente surpresa em ver o diretor, que usava vestes verde-esmeralda e tinha um sorriso brando no rosto.

- Não me admira que você seja uma de nossas melhores alunas, conheci somente uma pessoa que se saía tão bem assim em Feitiços.

- Desculpe, senhor, mas... quem? - quis saber com interesse.

- Lílian Potter. - respondeu ainda sorrindo e Hermione sentiu orgulho em seu âmago por ser comparada a alguém que te despertava tanto interesse. - Ehhh... me daria a honra de um chá senhorita Granger? - convidou-a educadamente. Hermione engoliu em seco e olhou de relance para o grande relógio que marcava cinco horas em ponto. Depois procurou o professor Flitchwick, que parecia já estar observando-os há alguns minutos.

- Pode ir minha querida, você já fez um ótimo trabalho por aqui. - e deu a ela seu costumeiro sorrisinho doce.

Sem ter como negar ela apenas voltou-se para Dumbledore meio corada. Ele ofereceu-lhe o braço direito e ela corou mais ainda quando o pegou. Se dirigiram até uma das muitas saletas que haviam no castelo. Esta em especial, era decorada por flores do campo e pinturas antigas. Já havia uma mesinha preparada com um bule e duas xícaras. Também haviam rosquinhas amanteigadas e cobertas por um açúcar que mais parecia pó de cristal.

- Sente-se! - indicou uma das cadeiras e sentou-se logo em seguida dela. Hermione estava meio embaraçada. Poucas haviam sido as vezes em que falara a sós com o diretor, e em nenhuma delas tomara chá com ele. Parecia que toda sua habilidade para conversar fora sugada e não conseguia pensar em nenhum assunto interessante e à altura para compartilhar com ele. Sem usar sua varinha, Dumbledore serviu o chá fumegante nas duas chícaras.

- É de maçã? - perguntou instintivamente aspirando o delicioso aroma.

- Sim, é do seu agrado?

- Oh, eu adoro maçãs, são as minhas favoritas.

- Para dizer a verdade, são as minhas também. - ele estava tentando deixá-la a vontade e parecia estar conseguindo, pois agora ela também sorria. Após bebericar com gosto seu chá, Hermione apoiou-o no pires com um olhar disperso. - Alguma notícia sobre Beth? - ele perguntou com naturalidade e ela levou alguns segundos para atinar que estava se referindo à sua avó. Então era mesmo verdade, ele a conhecera e pela forma que se referia a ela, deviam ter sido íntimos, quem sabe até namorados.

- Não, senhor. - respondeu se desvencilhando de seus pensamentos. - Ehhhh... acho que ela está aguardando o resultado dos meus testes.

- Possivelmente, afinal ela os espera há um bom tempo.

- Sim, é verdade. - outra vez o silêncio pairou entre ambos. Dumbledore colocou seu chá sobre a mesa apoiando as mãos nos braços rústicos da cadeira.

- Senhorita Granger, o professor Lupin me falou da sua preocupação com Harry. - comentou observando Hermione. - Ele também me contou que você já está ciente do que houve na Sala dos Espelhos.

- É, eu estou sim, professor. - respondeu honestamente.

- Lamentável incidente. Não entendo como algo assim pode escapar aos nossos olhos, sinto-me profundamente responsável. - lamentou com tanto pesar quanto Lupin.

- Com todo respeito senhor, acho que ninguém tinha e nem tem o direito de julgar a capacidade dos alunos de um jeito tão cruel assim, mas tenho certeza de que nem o senhor e nem o professor Lupin permitiriam que isso acontecesse se soubessem. - desabafou perdendo sua timidez quanto ao professor e demonstrando que ainda confiava nele.

- Obrigado pelo seu fiel apoio Hermione. - ele a chamara pelo primeiro nome, era uma sensação bastante estranha, mas que lhe dava mais segurança ainda. - Gostaria muito de conversar com Harry, mas acho que ele ainda não quer ser ouvido ou talvez queira, por alguém em quem ele realmente confie.

- Na verdade, ele parece estar... se isolando, senhor. Procurei em alguns lugares, mas não consegui encontrá-lo. Honestamente, se fosse possível aparatar nos terrenos de Hogwarts, eu seria capaz de apostar que ele nem estava aqui.

- Oh sim, também não duvidaria disso, sendo ele tão parecido com a mãe. - ele falou quase sorrindo no que Hermione admirou-se. Pensava que somente Thiago Potter fora idiferente quanto às regras da escola, como Harry era às vezes, e de repente lhe pareceu que Lílian também tinha esta caracterísitca. - Lílian costumava se esconder quando algo a aborrecia e era complicado tentar ajudá-la. Uma jovem adorável, com toda certeza, mas também muito geniosa.

- Dá para entender a quem ele puxou então não é? - Hermione comentou tentando forçar um sorriso que foi correspondido roucamente por Dumbledore.

- Justo. - ele se levantou indo até a janela. - E talvez por serem tão parecidos, Harry recorra aos mesmos lugares para espadecer que os da mãe. - a garota franziu a testa certa de que aquilo era uma dica que ele estava lhe dando. Levantou-se também indo para perto dele.

- O senhor... o senhor sabe de algum lugar em que a senhora Lílian gostava de estar?

- Que eu me lembre pelo menos três lugares distintos, talvez um para cada tipo de reflexão dela. - para Hermione tornava-se cada vez mais interessante conhecer os hábitos daquela mulher e se identificar com eles. - Porém me arrisco a dizer que Harry escolheu a antiga biblioteca. - Hermione espantou-se com a informação. Nem mesmo ela sabia que havia uma biblioteca antiga em Hogwarts. - Não é difícil de se achar, está praticamente nas mesmas mediações da sala que vocês usaram no quinto ano para sediar a A.D. - concluiu pomposo olhando para ela. - E se me permite observar, este é o horário em que mais temos gosto de estar lá porque é quando o sol invade um pouco todo o espaço. Nem sei porque eu permiti que a isolassem, acho que vou reativá-la no ano que vem. - Hermione queria dar um beijo nas bochechas rosadas que se destacavam por debaixo daquela barba tão branca, mas achou que seria atrevimento demais, então apenas deu um largo sorriso demonstrando toda sua gratidão pela ajuda que ele lhe dera.

- Ehhh, senhor, será que... ???

- Vá depressa menina, antes que ele desista de ser procurado. - falou bondosamente enquanto se balançava para frente e para trás com suas mão às costas e Hermione aproveitou a deixa para sair correndo rumo à Sala Precisa. Seu coração aumentando o ritmo corredores a fora até parar perto da Tapeçaria dos Trasgos Dançarinos e ofegar alguns segundos antes de investigar minuciosamente cada lugar e estar certa de que ali não havia nenhuma porta. Sua empolgação diminuiu um pouco, enquanto andava de um lado para o outro. Pensou se, talvez, a tal biblioteca não funcionava da mesma forma que a Sala Precisa, mas agarrou-se a idéia de que o professor Dumbledore teria lhe dito isso.

- Droga! - impacientou-se pisando duro no chão e sentindo o assoalho fazer um barulho oco. Bateu novamente os sapatos olhando atenta cada fissura do piso e então avistou uma espécie de maçaneta enferrujada e quase não notável por causa da poeira acumulada nela. Abaixou-se junto dela sentindo sua emoção ganhar vida novamente. Puxou-a e ela rangiu irritante suas velhas dobradiças. Hermione avistou a escada, que provavelmente dava para o piso inferior. Olhou para os lados, respirou fundo e começou a descer pé a pé, bem devagar. Estava bastante escuro. - Lumus Máxima! - murmurou com sua varinha em punho quase inaudivelmente e tudo ficou mais claro e com um aspecto menos assustador. Quando pisou o último degrau ergueu sua varinha um pouco acima da cabeça enquanto caminhava pela sala não acreditando no que via. Estantes abarrotadas de livros velhos e teias de aranha. Algumas mesas e cadeiras já ameaçados pelos cupins, tapetes corroídos por traças e algumas caixas entupidas de objetos antigos. - Então existe mesmo. - comentou maravilhada para si mesma. Queria apanhar cada livro e começar a devorá-los o máximo que conseguisse, desvendando o que os seus colegas teriam estudado há anos, quem sabe há séculos. Mas sua prioridade ali era outra naquele momento e bem mais importante. - Harry...? - chamou baixo. - Harry, você está aí? - perguntou de novo passando entre uma estante e outra. Por mais curiosidade que o local lhe despertasse, Hermione estava começando a sentir calafrios tendo a impressão de que estava sozinha ali. - Por favor, diga que está aí...- pediu uma vez mais a esmo e desta vez pensou ter ouvido alguma coisa. Parou de caminhar para escutar atentamente. Seu fôlego irregular quase denunciando sua presença. Então alguma coisa bateu nela num forte baque.

- AHHHHHHH!! - gritaram em coro, Hermione se afastando e batendo numa das estantes, derrubando alguns livros e apontando sua varinha trêmula. A sua frente o que estava invisível tornou-se visível saindo debaixo de uma espécie de capa também com a varinha em punhos. - Harry?? - encarou-o perplexa.

- Hermione? - respondeu-lhe no mesmo tom surpreso.

- Droga Harry, quer me matar de susto? - perguntou enfurecida levando sua mão ao peito e sentando-se na cadeira mais próxima para recuperar a rigidez das pernas que estavam trêmulas ainda.

- Não... não foi minha intenção assustar você, é que... como conseguiu entrar aqui? - perguntou curioso e parecendo brevemente irritado com a “invasão”. Ela no entanto o encarou um pouco antes de responder.

- Entrei por acaso. - respondeu com firmeza. Não queria contar ainda quem a tinha ajudado, não antes de ter uma boa conversa com Harry. Ele desconfiado apenas acenou a cabeça a olhando fixo. - E... agradeceria se abaixasse sua varinha! - Hermione pediu em tom ofendido. Harry olhou dela para a própria mão erguida e percebeu que ainda estava em posição de defesa.

- Me desculpe, não estava esperando ninguém. - abaixou-a lentamente. Hermione desviou o olhar. Há quase uma semana ansiava em vê-lo e agora que o via, tinha a certeza de que ele estava bem, parecia bem, e a salvo. Mas naquele instante uma enorme raiva cresceu dentro dela sem que ela pudesse impedir ou ao menos controlá-la. E sem se importar com mais nada e menos ainda com a presença de Harry, Hermione começou a chorar tudo o que tinha guardado desde Hogsmed e do dia dos testes. Harry arregalou os olhos preocupado. - Hermione... por favor, não chora, eu posso... - fez menção de se aproximar dela.

- SE EXPLICAR? - ela levantou-se tão bruscamente que sua cadeira caiu para o lado assustando ele. - POR ACASO NÃO PENSOU EM COMO EU FICARIA COM ESTE SEU SUMIÇO? - ele tentava falar, mas ela o cortava. - NÃO PERCEBE QUE HÁ PESSOAS A SUA VOLTA QUE SE PREOCUPAM COM VOCÊ, HEIN? - Hermione limpava os olhos com o dorso da mão, mas as lágrimas teimavam em continuar caindo. - MUITO LEAL DA SUA PARTE... SE AFASTAR DESTE JEITO! - ela parou alguns segundos soluçando e fungando. Harry não sabia o que fazer, só sabia que de repente uma sensação de culpa seguida por um terrível mal estar invadira o seu corpo. Hermione olhava para o outro lado ainda de cabeça baixa.

- Eu... - ele se aproximou de novo e desta vez ela não se desvencilhou abrupta. - ... eu sinto muito ter... ter te preocupado desta forma, eu juro que não tive a intenção, não mesmo. - ele fez uma pausa, ela ainda permaneceu calada e choramingando. Ele sentiu-se seguro para se aproximar um pouco mais. - É que.... eu precisava... de um tempo sozinho... sem incomodar as pessoas por coisas que só diziam respeito a mim e ao que... eu estava sentindo. - parou a poucos centímetros dela. - Hermione, eu... - mas Harry não chegou a concluir esta frase porque no instante seguinte Hermione deu-lhe um abraço tão forte que ele recuou alguns passos desequilibrado e quase caindo. Seu coração bateu muito forte e quando conseguiu voltar a tona ele retribuiu o abraço com uma alegria que não sentia há dias. Aquilo era tão bom, sentir o perfume que tanto gostava e o corpo de Hermione rente ao seu, sem entender ao certo porque aquilo era tão fundamental quanto o ar em seus pulmões.

- Nunca mais faça isso, nunca mais! - ela pediu num sussurro ainda chorosa e sem se soltar dele.

- Eu prometo... que não vou fazer. - Harry respondeu tentando confortá-la ao máximo, enquanto afagava o cabelo dela que roçava em seu rosto fazendo-o desejar que o tempo parasse. Mas o tempo não parou e então Hermione se soltou dele lentamente parando à sua frente. Ela estava se vendo nos olhos verdes de Harry e ele se via nos dela. Hermione ainda tinha o rosto manchado pelas lágrimas e ele exibia agora um sorriso fino, seu coração voltando ao ritmo normal. Percebendo a proximidade em que se encontrava dele e corando levemente por tê-lo abraçado daquele jeito ela afastou-se um passo, abaixou-se consertando a cadeira que derrubara e sentou-se nela novamente esfregando as mãos.

- O resultado dos testes sai amanhã ao meio dia. - achou prudente comentar com ele.

- É, eu sei. - ele sentou-se numa outra cadeira. - Não estou ficando aqui o dia todo, tenho andado pelo castelo e vi o movimento dos alunos perto do quadro de avisos ontem.

-Então era mesmo você. - ela falou num tom tão baixo que ele não compreendeu.

- Como... como disse?

- Eu pensei ter sentido você por perto, mas julguei ser só impressão minha.

- Bom, sua intuição estava certa. - ele lhe sorriu. Ela porém desviou o olhar. - E... vi também você ir atrás do professor Lupin... pra conversar com ele... sobre mim não foi? - ele perguntou calmamente no que Hermione o encarou entreabrindo a boca.

- É que... queria tirar algumas dúvidas sobre... sobre lobisomens. - Harry sorriu largamente. - Eu... disse alguma coisa de errado? - perguntou num tom inocentemente teatral.

- Não, é só que você é tão boa em contar mentiras quanto eu sou em Transfiguração. - a garota ficou sem ação e vermelha. - E se estou certo, ele deve ter contado o que houve lá.

- Ele se sente culpado por não ter evitado o que houve com você. - confessou sentindo-se confiante de que Harry já não se zangaria mais a esta altura.

- Acho que mesmo que ele quisesse, não teria conseguido evitar Hermione.

- Bom Harry, o professor Lupin está acostumado a lidar contra as mais avançadas artes das trevas. Talvez alguma coisa muito forte o tenha barrado.

- Eu não sei, aquela sala é... - ele crispou os lábios. - Desde que entramos lá a áurea do lugar pareceu criar vida própria, entende, como se conspirasse contra mim e contra qualquer um. - ele parou uns instantes. Ela umideceu os lábios tomando coragem para perguntar:

- Mas... o que realmente aconteceu no seu teste Harry, quero dizer, como era a sala dos espelhos?

- Ampla. Me fez lembrar um pouco daquela sala oval no Ministério, porém a sensação é similar a de Dementadores por perto, usando de suas lembranças mais íntimas para... para te enfraquecer. - ele se levantou um pouco caminhando enquanto falava. - Os espelhos refletem antigas lembranças, eu acho.

- Boas lembranças também?

- É, também.

- Hum, como o quê por exemplo? - Hermione perguntou com interesse. Harry parou de andar virando-se para ela.

- Como o nosso... - começou instintivamente, mas parou assim que percebeu o que ia dizer. Um dos espelhos refletira o beijo que os dois trocaram, mas Harry não tinha coragem suficiente para contar a ela, o que julgava ser, uma das melhores lembranças. Hermione permanecia ouvinte e atenta. - ... nosso... primeiro jogo de Quadribol. - mentiu descaradamente virando-se de costas. Ela mordeu os lábios enquanto assentiu com a cabeça.

- Harry... eu imagino que... que tenha sido muito ruim ver... - ela tinha dificuldade em prosseguir. - ... ver o que aconteceu realmente com os seus pais, mas se você quiser...

- Eu não quero falar sobre isso. - cortou-a num tom de voz gélido. Ela, no entanto, se aproximou ficando ao lado dele. Ele a entreolhou. Ainda estava ardendo em seu peito pensar naquele assunto. – Olha me desculpe, não tem nada a ver com você, nem com o Rony. - explicou-se sem jeito.

- Tudo bem, é um direito seu Harry. - ela mostrou-se compreensiva. Harry retomou seu olhar para o horizonte, através de uma das pequenas janelas que compunham a biblioteca.

- Eu sabia que... poderia ser ruim ver isso acontecer como realmente foi, mas não imaginei que fosse tanto. - ela o observava. - Aquela noite parecia ser... um bom momento entre nós três, um momento especial e que me deu a certeza absoluta do amor que papai e mamãe sentiam um pelo outro e por mim. - Hermione sorriu fino. - Então Voldemort entrou lá e tudo... - as palavras morreram em sua boca. Harry baixou a cabeça alisando os cabelos. Hermione sentiu vontade de chorar novamente ao vê-lo daquele jeito, mas não queria se mostrar fraca, afinal era ele quem precisava de conforto naquele momento. Sem pensar duas vezes segurou forte a mão dele.

- Seus pais foram pessoas corajosas como você está sendo Harry e tenho certeza de que há muito mais deles em você do que possa imaginar. - ele a olhou nos olhos. Seus olhos verdes estavam brilhando mais que o normal. - Você... você sabia que... que este era um dos lugares preferidos da sua mãe? - perguntou tentado desviar a atenção de Harry para coisas boas e a expressão de surpresa no rosto dele assegurou-a de que estava dando certo. - Dumbledore me contou hoje. - ela sorriu. - Ele disse que sua mãe parecia ter lugares preferidos para cada tipo de reflexão dela e fez questão de apostar que você estaria aqui agora.

- Acho que ele acertou mais uma vez. - comentou menos desanimado e Hermione abriu mais ainda o sorriso. - O mais incrível é que... eu senti algo de especial neste lugar, algo que pareceu me remeter à mamãe, sei lá, inconscientemente. - Harry deu alguns passos mais para o centro do lugar e aspirou suavemente. - Consegue sentir também? - perguntou à Hermione.

- Sentir... o quê? - indagou sem entender.

- Este perfume de flores, está aqui o tempo todo. - a garota se aproximou dele e aspirou. profundamente, mas não conseguiu sentir nada além do cheiro de livros velhos.

- Desculpe Harry, mas eu não sinto nada. - admitiu com um pesar sincero. - Talvez, pela forte ligação entre vocês dois, só você consiga sentir.

- É... talvez. - fitou-a por alguns instantes sorrindo, enquanto Hermione parou pensativa. - Em quê está pensando? - Hermione caminhou até a escada parando no primeiro degrau. Harry a seguindo com os olhos.

- Você vai ao jantar de amanhã não vai? - perguntou olhando para ele. Harry sustentou seu olhar alguns instantes e perguntou decidido:

- Vestes à rigor, certo? - e começou a sorrir fazendo Hermione sorrir também. Sacudindo a cabeça ela subiu as escadas até a portinha quadrada.

- E Hermione... - ele a chamou lá de baixo, no pé da escada.

- Sim...? - Hermione olhou para baixo.

- Obrigado... por estar aqui. - ela o olhou alguns segundos mais com ternura.

- Eu sempre vou estar Harry, é só você não se esquecer disso. - e saiu corredor a fora rumo à torre da Grifinória, onde naquela noite dormiria mais feliz por saber que aquele a quem tanto queria bem, estava seguro.




É POR ISSO QUE ESTÁ CAINDO ESTA CHUVA TODA AQUI, EU CONSEGUI POSTAR DOIS CAPÍTULOS SEGUIDOS EM MENOS DE 2 SEMANAS??? VAI CAIR UMA TEMPESTADE PELO VISTO...RSRSR
BEM GENTE, SEI QUE OS CAPÍTULOS ESTÃO MEIO PARADOS, MAS PREFIRO ESCREVER CAPÍTULOS MENORES E POSTAR MAIS RAPIDAMENTE DO QUE DEMORAR PRA POSTAR E FAZER UM ÚNICO CAPÍTULO GRANDE. ESPERO QUE PERMANEÇAM FIÉIS À FIC E DEIXEM MAIS COMENTÁRIOS AINDA!!! OBRIGADAAAAAAA!!! ATÉ O CAPÍTULO 20, QUE ACREDITEM SE QUISER, TAMBÉM NÃO ESTÁ COM CARA DE QUE VAI DEMORAR PRA SAIR...RSRSR


















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