Imperius



Londres

(1976 - 1977)

Ele olhou para a grande ponte que se erguia imponente à sua frente e calculou quanto tempo os trouxas tinham levado para ergue-la. Seis meses, talvez um ano. Talvez dois. Era quase irônico a maneira como as coisas levavam tanto tempo para serem construídas, e tão pouco para serem destruídas. Bem, não havia jeito. Era quase uma constante física.

Era na verdade tão fácil, tão fácil, que poderia fazer sozinho, se quisesse. E nem precisaria de uma varinha para isso. Qualquer trouxa com meio quilo de explosivos poderia derruba-la. E no entanto, lá estava ele, cercado de servos, cada um mais incompetente do que o outro, apontando a varinha para os pilares que sustentavam a ponte.

Haviam aurores. Muitos deles, dezenas. Mas não se importava. Francamente, o que eles poderiam fazer? Se quisesse, poderia explodi-los todos junto com a ponte, mas que graça teria se tornasse tudo tão fácil?

Viu Bella se aproximando; as vestes cor de vinho ondulando com a forte brisa marinha, marcando o corpo. Ela se aproximou e falou baixinho em seu ouvido:
“Faça logo isso, Mestre.”

Apontou a varinha e...

A ponte toda implodiu sem que um único tijolo saltasse além do oceano, sem que sequer uma molécula de poeira os atingisse.

Centenas de carros foram parar dentro do rio, pessoas gritaram e os feitiços dos aurores começaram a cruzar os de seus Comensais, que lutavam bravamente, sem sequer se importarem com os milhares de trouxas que assistiam a tudo abismados.

Ia dar um trabalho dos diabos para o Ministério apagar a memória de todos aqueles trouxas curiosos que se reuniam na margem do cais, atraídos pelo cheiro de sangue fresco, carniça e desgraça alheia; uma combinação tão sordidamente atraente que as pessoas eram incapazes de se moverem dali nem mesmo para salvarem as próprias vidas.

“Vamos embora, pessoal!” – ele gritou, enquanto desviava meia dúzia de flashes verdes que voavam em sua direção. – “Já deixamos nosso aviso!”
A marca negra pairava no céu; o crânio grotesco com uma cobra que se remexia como viva saindo pela boca.

Mas os comensais ainda lutavam, ainda que tivessem abatido pelo menos três dos aurores mais inexperientes.

Lúcio duelava com um auror alto e negro, enquanto tentava ao mesmo tempo atingir um dos funcionários do Ministério de aparência importante, cuja aparência se assemelhava à de um leão desgrenhado.
No instante em que finalmente atingiu o auror, recebeu um jato vermelho direto no peito, caindo no rio desacordado.

Rookwood duelava contra Bellatrix – ele agora fazia às vezes de espião – mas a atingia apenas com inocentes azarações da perna bamba, que ela repelia com grande facilidade enquanto ria alto e atirava maldições ao léu.
Quando uma de suas maldições atingiu o homem com aparência de leão desgrenhado – cuja Tom lembrava vagamente de ter visto no jornal, ela gritou em vitória e correu para o outro lado, indo enfrentar uma bruxa morena bastante parecida com ela própria.

Mas mesmo debaixo de todo o som ensurdecedor de gritos e lamentos, azarações berradas e o próprio som da ponte ruindo e carros derrapando, ele pôde ouvir a discussão entre Bellatrix e a auror:

Andrômeda?!” – Bella ofegava – “Sua vadia traidora do sangue, como ousa?
“Saia daqui, Bella, eu não quero machuca-la!”
Você? Me machucar?” – Ela gargalhou maniacamente e lançou um jato de luz vermelha contra a irmã, que caiu desmaiada entre Shacklebolt e Scrimgeour, que se contorcia de dor sob o efeito da Cruciatus.
Ela abaixou-se, aproximando-se de Scrimgeour e falou baixinho:
“Isso foi um recado do Lorde das Trevas para o Ministério da Magia. Não tentem interferir em nossos planos novamente, ou o Primeiro Ministro trouxa não será o único a sofrer as conseqüências.”

“Vamos embora daqui!” – Tom tornou a gritar, enquanto alçava Lúcio Malfoy para fora do rio.
E dessa vez foi ouvido; não haviam mais do que três ou quatro aurores lutando contra mais de vinte Comensais da Morte e o incêndio se alastrava pelo cais, atingindo um depósito cheio de galões de óleo que ameaçavam explodir a qualquer momento.


[...]


Um garoto mal saído da adolescência, de aparência mirrada e esquivo, andava com as mãos dentro dos bolsos, olhando desconfiado para os lados, estreitando os olhos negros cada vez que cruzava com um ser vivo, fosse ele uma pessoa ou apenas um gato vadio fuçando numa lixeira.
Era claro para qualquer um que pela atitude dele, estava fazendo alguma coisa tremendamente errada, talvez até ilegal. No entanto, ele não tomou o caminho da ruela que levava ao antro de punks que curtiam seu som pesado que se alastrava por toda a vizinhança.

Aliás, por mais atividades ilícitas que esse garoto estivesse comentendo, ninguém jamais acharia que ele fosse um dos punks que gritavam palavrões musicados no outro lado da rua, porque seu cabelo não era cortado no meio estilo moicano, mas pretos, lisos e meio oleosos, e ele também não usava jeans rasgados nem camisetas com protestos ao sistema, mas vestes cumpridas e negras de bruxo.

Por duas vezes o garoto pareceu indeciso quanto a que caminho tomar, mas finalmente saiu numa movimentada rua no centro de Londres, parando em frente a algo que lembrava uma banca de frutas destruída.
Ele tirou um pedaço de pergaminho amassado do bolso, leu-o várias vezes como se estivesse decidido a decorar o que estivesse escrito nele, e então tocou fogo no pergaminho com a varinha.

E de repente, a banquinha de frutas transformou-se numa típica construção inglesa, parecida com todas as outras ao redor, embora fosse um tantinho sinistra.

Ele mordeu os lábios finos, nervoso, limpou os pés no capacho mais do que era realmente necessário, e finalmente tocou a campainha.

Um elfo-doméstico muito velho e com muitos hematomas espalhados pelo corpo atendeu a porta, prestando uma profunda reverência ao garoto, que hesitou por um instante, e então entrou.

“Meu senhor deve esperar um instante aqui. O jovem senhor Malfoy está lá em cima conversando com o Lorde das Trevas sobre o senhor.”
“Tudo bem...” - Ele sussurrou baixinho, olhando apreensivo para os lados e tomando o cuidado de não encostar em nada.
O garoto esperou por um breve instante, até que outro garoto um pouco mais velho que o primeiro; os cabelos louro-platinado, o rosto pontudo e olhos azuis, apareceu no alto da escada, torcendo as mãos nervosamente, e então fez um gesto convocando o amigo para cima.
“Ele quer falar com você, Severo.” – Sussurrou Lúcio.
Severo fez um gesto mudo como se perguntasse sobre o que Voldemort queria com ele, mas Lúcio deu de ombros e tornou a chama-lo.

Severo subiu as escadas e encontrou com o amigo louro, que tornou a dar de ombros e mandou que ele entrasse sozinho no escritório.

“Então você quer se tornar um Comensal da Morte, Severo Snape?” – Falou Voldemort, abrindo um sorriso malicioso.

Tom tinha de lidar com jovens tolos e bobos como aquele quase todo dia, buscando sua proteção ou qualquer outra coisa, querendo se tornar Comensais da Morte. Normalmente os enviava para missões quase suicidas de propósito, e a maioria esmagadora acabava morta. Os que sobrevivessem podiam se tornar Comensais da Morte, mas enquanto não provassem sua lealdade e capacidade, não recebiam a Marca Negra, e eram tratados quase como elfos domésticos pelos veteranos.

“Lúcio me falou muito bem de você. Disse que foram colegas em Hogwarts e que Abraxas conheceu sua mãe.”
“Sim, senhor...”
“Lúcio também me disse que você atingiu vinte N.O.M.´s, um recorde na história da Sonserina, com destaque para a nota de Defesa Contra as Artes das Trevas.”
“Sim senhor...”
“E por que você quer tanto se tornar um Comensal?”
“Eu... Bem... Sangues-ruins...” – Ele respondeu vagamente, mantendo a cabeça baixa
“Levante a cabeça e olhe para mim, Snape.”
Severo hesitou um pouco, mas levantou a cabeça encarando seu futuro Mestre. Seus punhos estavam cerrados e os olhos buscavam desesperadamente um outro local para se fixarem.

Tom fixou o olhar nos olhos negros de Severo, embora o garoto relutasse em manter contato visual.
Era impossível decifrar sua mente.

“Você é apto em oclumência, Snape?”
“Eu a estudo, senhor. É... Um assunto interessante”
“Muito” – Concordou Tom com um aceno displiscente – “No entanto você não deverá manter segredos de seu mestre, está entendido?”
“Sim senhor...” – Ele tornou a baixar a cabeça, encarando com muito interesse o cadarço de seus sapatos.
“Você fala de Sangus-ruins, no entanto você não é puro-sangue, Snape.” – E sob a meia-luz das velas, Tom pôde ver que ele havia corado profundamente.
“Não, senhor. Eu sou mestiço. Mas não é algo do que eu me orgulhe...”
“Sabe o que eu acho, Snape?” – Perguntou, abrindo um ligeiro sorriso – “Acho que você veio em busca de glória, poder e proteção.”
“Eu...”
“Você não será o primeiro nem o último a agir assim. No entanto, você deve entender que uma vez Comensal, sempre Comensal. Sua alma pertencerá a mim, Snape, e não haverá retorno. Você terá de obedecer às minhas ordens, e zelar pelo cumprimento delas, ou sua vida será tirada. Você é capaz de entender isso?”
Ele hesitou por alguns segundos, e então levantou a cabeça; um ar de obstinação e valentia tomando suas faces pálidas.
“Sim, senhor. Eu lhe serei eternamente fiel. Juro.”
Tom sorriu. Já ouvira aquela frase tantas vezes, por que ainda continuavam a proclama-la? Será que esses adolescentes bobos não sabiam o valor de um juramento?
Bem, se não soubessem, Lord Voldemort ensinaria.

“Eu tenho uma missão para você. Para provar seu valor como Comensal.”
Snape subitamente se endireitou na cadeira, ficando ereto e atento.
“Você deverá me trazer algum membro da Ordem da Fênix. Qualquer um. Então você receberá a Marca Negra.”
“Sim, senhor.” – Ele respondeu, ainda tímido. Então saltou da cadeira e fez uma profunda reverência – “Estou honrado em poder servi-lo, senhor.”
Tom sorriu, e com um gesto da cabeça, dispensou Severo.

Esse aí vai valer a pena - Pensou, enquanto assistia Snape bater a porta e falar alguma coisa animada para Lúcio que o esperava do lado de fora.

[...]

“O Ministério ainda recusa-se a lhe dar o cargo, Mestre? Mesmo depois do que aconteceu com a ponte?” – Perguntou Bellatrix, incrédula.
“Pensei que aquele Bagnold amante dos trouxas desse mais valor àquelas vidas inúteis. ‘Ministro resiste à chantagem d´Aquele-que-não-deve-ser-nomeado; centenas de trouxas mortos em represália’, francamente, sem os dementadores, ainda acham que têm alguma chance? Não; temos que dar um ultimato nesse pessoal do Ministério.
“Mestre...” – Começou Bellatrix, hesitante – “É verdade que o senhor mandou Severo Snape capturar um membro da Ordem?”
“Sim, mandei. Presumo que você saiba como funcionam as coisas com os novatos, não?”
“Bem, é.” – Ela concordou timidamente – “Mas ele só tem dezessete anos, e se cair nas mãos da Ordem, só Merlin sabe que tipo de informação poderia ser arrancada do garoto.”
“Acho bastante justo darmos uma chance ao garoto. Se ele falhar, será morto, mas se tiver sucesso, poderá me ser útil no futuro. De qualquer maneira, ele não é o fiel do segredo; não poderia dar a localização da casa.”
Bellatrix abaixou a cabeça humildemente, focalizando a manchete no jornal sobre a mesa.
“Em breve... Em breve atacaremos Hogwarts” – Disse Tom, tendo a idéia de repente.
Hogwarts?
“Não Hogwarts diretamente; isso seria praticamente impossível, com toda aquela segurança… Não, estive pensando em Hogsmeade. Se Bagnold não se importa com uma ponte implodida e mil e duzentos trouxas mortos, veremos o que vai achar do Madame Puddifoot indo aos ares.” - sorriu malignamente, imaginando o maldito café e todos aqueles casais idiotas explodindo antes que pudessem dizer “três torrões de açucar”.
“Espere, Bella, não vá ainda.” – Ele disse para a Comensal que acabara de murmurar um “com licença” tímido – “Estive pensando... Como anda sua resistência à Maldição Imperius?”

Ela estancou a meio caminho da saída e voltou-se para encara-lo.

“Não sei. Acho que nunca fui dominada assim.”

Tom virou-se para olha-la mais de perto e sorriu.

Oh, sim, aquilo seria muito divertido!

Imperius

Bellatrix piscou confusa por alguns momentos, e então seu rosto assumiu uma expressão vaga e boba. Piscava estranhamente lento e seus braços pendiam moles ao lado do corpo, como se fosse uma marionete segura por cordas frouxas.

“Hmm...” – Tom parou por um momento, pensando em que ordem deveria dar. – “Pegue Nagini. Nas mãos.” – Ele bem sabia que Bellatrix morria de medo da cobra.

E assim ela o fez, e Nagini trepou por seu braço, enrolando-se em seu ombro, ao redor do peito, da cintura, e finalmente, do pescoço, como um bizarro xale escamoso e vivo.

“Bellatrix...” – Ele falou, sorrindo maliciosamente – “Tire a roupa.”

Nagini desenrolou-se do corpo e voltou a se encolher na poltrona, mantendo a cabeça erguida como se realmente assistisse à cena.

Bella piscou mais uma vez – um pouco mais rapidamente – e Tom percebeu que ela hesitou por alguns momentos.

Então seus dedos buscaram o fecho do decote das vestes e deabotoou.
O tecido deslisou suave pela pele macia, indo cair num montinho aos seus pés.

Bella piscou mais uma vez, fora de compasso.

“Você não está sob Imperius, Bellatrix Lestrange” – Tom observou, erguendo uma sobrancelha.

Mas ela não respondeu, nem tampouco fez qualquer menção de tomar alguma outra atitude, como se realmente ainda estivesse sob o domínio da maldição.

“Eu já lhe disse uma vez, Bellatrix.” – Ele sussurrou, se aproximando dela e tomando os lábios em seus próprios, enquanto brincava com um cacho de seus cabelos – “Não brinque com fogo. E dessa vez não há gelo ou neve para esfriar.”

Ela riu baixinho e mordeu de leve seus lábios, como se o incentivasse a ir em frente. Ele tornou a sorrir, passando um braço ao redor da cintura dela, enquanto a outra mão brincava distraidamente com o mesmo cacho. Lentamente, a mão que segurava sua cintura subiu pelas costas até achar o pescoço e apertou-o de leve.

“Você realmente sabe onde está se metendo? Eu poderia matar você por desacato e desrespeito, você sabe disso?” – Intensificou o aperto – “No entanto, você se oferece de tão boa vontade que eu não poderia deixar de admirar sua coragem para tanto.”
Ela gemeu baixinho, fosse de ansiedade, prazer, ou mera falta de oxigênio; e ele soltou o pescoço, recolocando a mão mais abaixo dos quadris.

“Eu poderia tê-la agora, Bellatrix, como um animal incapaz de controlar seus instintos mais... baixos.” – e a cada palavra, sua voz descia um tom, até tornar-se pouco mais que um sussurro – “Ou poderia sentar aqui e observa-la acatar cada ordem minha.”

Ele aproximou mais o abraço, até que sua boca estava a milímetros do ouvido dela.
“Conforme-se, Bella, você é... minha escrava. Eu poderia ter um harém à minha disposição, se eu assim desejasse.”
“Mas eu ainda seria sua preferida”
Ele riu baixinho.
“É, seria.”

Ele tornou a beijá-la, mais profunda e demoradamente.

Quando, de repente, um barulho alto soou do outro lado da sala, quando a porta foi escancarada, e sob o portal encontrava-se um jovem louro. Ele ofegava rapidamente, apoiando as mãos nos joelhos.

“Mestre... Um espião... A Ordem da-... Ah, me desculpe” – Ele falou, ruborizando intensamente ao ver o casal enroscado encostado na parede. – “Eu vou... Digo, eu volto... Mais tarde...”
“Não, Malfoy.” – Tom falou irritado, separando os corpos – “O que houve?”
“Bem...” – Ele começou, evitando deliberadamente olhar para a cunhada – “Um garoto esquisito apareceu. Ele diz que quer se alistar nas fileiras, mas eu o conheço. Ele fazia parte de uma turminha da Grifinória que hoje em dia estão pleitando vaga na Ordem da Fênix.”
“Ele pode ser um espião, Mestre” – ponderou Bellatrix, já com as vestes devidamente recompostas.

Sem dizer nada, e ainda um pouco irritado, desceu para a sala de estar, onde um grupo de Comensais mascarados apontavam as varinhas para um bruxo jovem trêmulo encolhido no chão.

“Eu não sou espião, juro.” – Ele gemia – “Eu quero ser um Comensal da Morte.”
“Você, Pettigrew? O Rabicho?” – zombava Snape – “O que Pontas, Aluado e Almofadinhas não diriam, hein?”
“Eu… Cuide da sua própria vida, Ranhoso!”
“Olha como fala comigo, sua ratazana de esgoto” – Snape cuspia nas palavras, apertando a varinha contra o coração do ex-colega – “Eu poderia te matar agora... Aposto como aqueles seus amiguinhos adorariam receber a sua cabeça pelo correio... O Potter até poderia encolhê-la e transformar num pomo, assim você realizaria o grande sonho da sua vida.”
“Já chega, Snape” – Soou a voz do Lorde das Trevas, que acabara de entrar na sala – “Se o garoto diz que quer ser um Comensal, não vejo porque não deixa-lo se explicar.”
“Milorde...” – ofegou Rabicho, beijando-lhe a bainha das vestes – “Muito obrigado, senhor.”
“Espere aí, Pettigrew. Eu não disse que vou aceita-lo. Preciso primeiro de uma mostra de sua lealdade. Como me disseram, você é amigo de certos membros da Ordem da Fênix, não?”
“Sim” – Ele corou um pouco – “Talvez... Talvez eu pudesse trazer informações direto de dentro da Ordem. Quero dizer, não sou um membro efetivo, mas serei assim que me formar.”

Snape olhava-o com o mais profundo asco e ódio estampado no rosto.

“Por favor” – tornou a implorar – “Apenas uma chance...”

Tom fixou o olhar nos olhos pequenos e aguados do rosto que lembrava vagamente o de um rato.
Sua mente foi invadida por memórias de um garotinho baixinho e gordinho que aplaudia um outro, moreno de cabelos bagunçados que capturava um pomo de ouro em manobras sensacionais.
Viu ainda o olhar severo de uma professora que sacudia a cabeça negativamente e murmurava algo como “menos talentoso do grupo”; um casal que suspirava aliviado ao ler a carta do filho convocando-o a Hogwarts, e ainda um menino de onze ou doze anos que chorava diante de um “T” no trabalho de poções.

“Tudo bem. Suponho que até o bruxos mais medíocres tenham necessidade de serem reconhecidos de vez em quando. Mas o Snape aqui ficará de olho em você...”

Rabicho voltou o olhar aliviado para cima, quase suspirando. Então deparou-se com os olhares frios de Voldemort e Snape – que diziam claramente você é um verme - E apagou o sorriso da face.

Mas eu serei útil. Ao menos aqui; eu servirei para algo. Ninguém vai pisar em mim, nunca mais... Nunca mais... - Ele pensou, enquanto rezava para que ninguém mudasse de idéia e acatasse a sugestão de Snape.

[...]


Severo corria pelo corredor escuro que dava acesso às masmorras da Sonserina, segurando o chapéu que teimava em escorregar de seus cabelos. Seus passos ecoavam pelas paredes de pedra, ele arfava intensamente – mais pelo nervosismo do que pela corrida propriamente dita.

Estava atrasado, atrasado demais, e se chegasse um minuto mais tarde, perderia sua tão sonhada formatura.
Havia sonhado com aquele momento por sete anos, e ninguém - ninguém mesmo, nem o veadinho e seus fiéis escudeiros haveriam de estraga-lo.

Chegou derrapando na entrada do Salão Principal, onde uma fila de quarenta alunos se organizava, todos vestindo suas melhores vestes de gala e os chapéus de bruxo especialmente comprados para o momento.

Colidiu contra uma Lufa-Lufa morena e corpulenta e xingou baixinho. Precisava encontrar o grupo da Sonserina antes que o chamassem.

Mas quando encontrou seu grupo, Slughorn ainda chamava “Tina Adams”, e finalmente Severo pôde respirar tranqüilo.
Mas apenas por alguns momentos, porque exatamente ao lado de sua fileira estendia-se uma fila de grifinórios barulhentos e agitados.

“Vocês não podem ficar quietos e agir feito gente uma vez na vida?” – Rosnou para Sirius que brincava de levitar uma colega pelas tranças.
“Você não pode agir feito gente uma vez na vida, Ranhoso? Ahhhh, desculpe, eu sempre me esqueço. Você não é gente; é um vampiro”
Sirius e James riram alto, e bateram as mãos em cumprimento, num gesto muito trouxa.
“Black, Sirius” – Anunciou a voz da Prof.McGonnagal
“Falou, Almofadinhas!” – Disse James, dando tapinhas na cabeça do amigo.
Sirius riu e saiu andando, demorando muito mais do que o necessário para apanhar o diploma, fazendo uma mesura em resposta às calorosas palmas e assobios que recebia, sob o olhar severo de Minerva.

Severo revirou os olhos. Seu único consolo é que não teria de agüentar James por muito mais tempo. Com alguma sorte, seu plano daria certo, e James estaria nas mãos do Lorde das Trevas antes do fim do ano.

Sorriu para si e observou Lily Evans receber seu diploma. A garota tinha um ar gracioso e leve, como uma veela, embora seus cabelos fossem ruivos e espessos, e tinha um sensacional par de olhos verdes, dentro dos quais alguém poeria morrer afogado, ou quem sabe se perder, ou ainda ficar permanentemente hipnotizado, num estado de letargia causado pelos reflexos de cores variadas que brincavam nos fios ruivos quando a luz bruxuleante do Salão Principal batia neles.

Lily Evans era para Severo como uma droga, e ele estava morrendo de medo da crise de abstinência permanente que sofreria a partir do momento em que cada um seguisse seu caminho, longe das paredes de Hogwarts, que eram realmente a única coisa que os unia.

Ele suspirou, e tornou a olhar para a próxima pessoa a receber o diploma:

Potter, James

Se é que isso era possível, James fez ainda mais estardalhaço no simples ato de caminhar até a mesa, receber o diploma e voltar ao seu lugar. No fim, pouco antes de retomar sua posição, piscou para Lily.
A garota não respondeu com nenhum fora ou comentário raivoso, apenas revirou os olhos, suspirou e sorriu de volta.

Foi nesse momento que Severo percebeu que acabara de perder o que nunca tivera, e que seria capaz de tudo para reavê-la.


[...]


“Vamos mesmo usar os gigantes?” – Perguntou Bellatrix, erguendo a voz em meio ao grupo de Comensais que se reuniam.
“Vamos” – respondeu Tom simplesmente
“Mas e os trouxas?” – Perguntou um outro Comensal
“Creia-me: não haverão trouxas vivos para contarem história.”

Um ataque de gigantes em Londres! O que poderia ser mais chocante que isso?

“E Hogsmeade?” – Perguntou Bellatrix novamente.
“Será nosso presente de natal” – respondeu. Alguns comensais riram, mas pararam imediatamente ao darem de cara com o olhar severo de seu Mestre.
“Eu quero tudo de vocês, estão entendendo? Essa guerra já é nossa. Agora...” – Tom parou diante do grupo. Apesar de não ser muito alto, era realmente o maior de todos ali, e sua prsença impunha respeito e medo nos que estavam ao seu redor.
Ele conjurou um grande pedaço de pergaminho onde constava uma lista de nomes.
“Esses são os membros da Ordem da Fênix que graças ao Pettigrew aqui” – E apontou com a cabeça para Rabicho, que abriu um grande sorriso – “Conseguimos achar. Bem, morram, Comensais da Morte. Morram, mas levem quantos malditos aurores estúpidos puderem.”
E quando ninguém podia ouvi-lo, ocupados que estavam em darem gritos de “Viva” e “Longa vida ao Lorde das Trevas”, Tom completou baixinho:

Morram, estúpidos, porque eu permanecerei imortal.



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Oie!
Tudo bão?
Gostaram desse capítulo? Finalmene um pouco de Marotos e Snape. Espero que não tenham se importado com um trechinho sob a ótica do Sevvie, mas eu não resisti; meu personagem preferido hehe...
Bem, a cena quase-NC-17 (por que será que eu sempre fico no quase? Eu nunca consigo fazer essas cenas direito =P) entre Voldie e Bella...
E no próximo capítulo... Gigantes em Londres, ataque a Hogsmeade, mais marotos...
É isso aí! Eu até escreveria mais, mas são duas da manhã e eu estou morrendo de sono... *bocejo*
E sempre que eu estou com sono, começo a falar/escrever coisas sem sentido, então...
Bom, especia agradecimentos às minha leitoras de sempre: Morgana (eu acabei de ler o último capítulo da sai fic, mas como eudisse, tenho uma leve tendência a escrever coisa sem nexo quando estou com sono hehe), à Miss Robsons, o kurt black, à Samoa, e todos aqueles que comentam aqui ^^
E eu gostaria de fazer um último apelo: Leiam “Why Do You Love Me?” por favoooor! A coitadinha está precisando de views/reviwes. Se não tiver comments, não contarei o que tem naquele bolo de chocolate que a Bella comeu no último capítulo =PPPP

Beijos,

Lillith R.


p.s.: Esse capítulo foi curtinho... No próximo eu capricho hehe ^^

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