Casamentos, Dementadores e Lob



Londres
(1971-1972)



Uma massa de calor úmido e sufocante havia baixado sobre a Ilha. Junho, e tudo que se relacionava ao verão e ao calor, havia chegado, e metade da população estava trancada em casa, as janelas abertas em busca de uma brisa que baixasse minimamente a temperatura e permitisse às pessoas respirarem um pouco. A outra metade se dedicava a atividades refrescantes tais como banhos de mar, piqueniques e passeios ao ar livre. Voldemort não apreciava a idéia de se ver de sunga estendido ao sol com toneladas de cremes brancos esquisitos espalhados pelo seu corpo, então resolveu fazer parte do primeiro grupo, preso em casa e amaldiçoando o Verão.
Naquele dia em particular, porém, haviam coisas mais importantes a fazer do que listar mentalmente os motivos pelo qual a idéia de dar um mergulho no mar era uma péssima idéia.
Por que naquele dia, no final da tarde, se realizaria o casamento de Bellatrix Lestrange, née Black, e Voldemort agora imaginava qual poderia ser seu presente de casamento.

Enquanto vestia suas melhores vestes de gala (ele as achava realmente bonitas; azul meia-noite e com pequenos cristais brilhantes, embora Hunter insistisse em alegar que aquelas vestes eram femininas), seus olhos esquadrinharam o quarto em que se encontrava, em busca de qualquer coisa de relativa preciosidade com que pudesse presentear a mulher que provara, em poucos meses, ser a sua Comensal mais leal e competente.

Ele viu a caixa onde guardava, literalmente a sete chaves, o livro da Cruz de Hórus, a taça de HufflePuff e o pingente de Ravenclaw que um dia pertencera a Ann.
Ainda guardava aqueles dois objetos e pretendia transforma-los em Horcruxes em breve.

Abaixou-se para amarrar o sapato, e então viu, embaixo da cama, outro baú ainda mais protegido, por maldições de sua própria autoria, grande parte delas sem cura ou reversão, seu diário-Horcrux. Quase se esquecera dele. Sim, Bellatrix se provara excepcionalmente boa no seu trabalho, e seria justo confiar-lhe algo como aquilo. Embora não pretendesse lhe contar tudo a respeito, nem lhe explicaria sobre Horcruxes. Era melhor que aquele segredo ficasse apenas com ele.

Olhou para o relógio; estava atrasado. Destrancou o baú e desfez facilmente as maldições e apanhou o diário. E então desaparatou.

[...]

A Mansão Lestrange estava realmente cheia. Estava decorada com velas e véus pretos e verde-Sonserina, iluminada sombriamente de modo que havia realmente mais penumbra do que luz tomando conta do grande salão de festas, cujo piso de madeira escura polida refletia as chamas e dava um efeito hipnotizante ao local.

Uma valsa suave tocava, embora nenhum casal dançasse. A maioria das pessoas estava reunidas em grupinhos de três ou quatro, conversando alegremente sobre qualquer coisa. Voldemort pôde notar que cada uma delas ostentava um sorrisinho falso e hipócrita, como convinha àquelas situações sociais onde a aristocracia bruxa se reunia a fim de tratar de assuntos como futuros casamentos para os filhos ainda nem nascidos.

Mas quando Lord Voldemort aparatou na entrada e passou os olhos escuros pela multidão elegante, todos se calaram respeitosamente. Sem se importar, ele andou até o altar que havia sido montado no lado oposto à entrada e que ainda estava vazio exceto por um juiz de aspecto severo – por coincidência, o mesmo juiz que havia realizado seu próprio casamento.

Voldemort parou no lado dedicado à noiva e lá ficou, como cabia ao padrinho do casamento.

Oh, sim, Bella o havia convidado para ser padrinho do casamento, e ele aceitara, embora pensando bem, aquela era a segunda vez que se perguntava se Hunter andava pondo alguma coisa em seu suco de abóbora noturno para que tivesse aceitado fazer uma coisa como essa.

Fosse como fosse, ele era o responsável pelas alianças. E levava no bolso o par de alianças que havia pertencido ao casal Riddle (ele se pegou rindo da própria ironia); dois anéis formados por cobras que uniam a cabeça ao rabo em um círculo perfeito, símbolo da união eterna.

Várias pessoas se adiantaram para lhe cumprimentarem, mas antes que chegassem perto o suficiente para lhe apertarem a mão, ou beijarem humildemente a bainha de suas vestes, o Noivo surgiu do nada, como se tivesse acabado de aparatar por ali.

Era um rapaz jovem, da idade de Bellatrix. De cabelos claros e olhos escuros, pálido e parecendo muito nervoso. Era Rodolfo Lestrange; não o pai, mas o filho.

“Pensei que fosse você quem iria se casar com Bellatrix!” – Exclamou, Voldemort, voltando um olhar inquisidor para Rodolfo. – “Não sabia que você tinha filhos.”
“Rodolfo, assim como Bellatrix, estava prometido desde antes de nascer, senhor. Bellatriz e Rodolfo não são completos desconhecidos, ambos freqüentaram Hogwarts na mesma época. Rodolfo é três anos mais velho que Bella. Admito que é um costume um tanto antiquado, mas as coisas têm funcionado muito bem assim durante séculos. Casamentos por amor nunca dão certo. Veja a irmã mais nova de Bellatrix, Andrômeda. Vai se casar com Ted Tonks no mês que vem, depois que se formar. Acabou de ter o nome retirado da Árvore da Família.” – Ele riu amargamente, acenando com a cabeça para uma mocinha morena de uns dezessete anos, que converava com um garotinho de cabelos escuros.
“E aquele, quem é? Ele não parece estar se divertindo muito.” – Perguntou Voldemort, indicando o menino com quem Andrômeda conversava, que de vez em quando lançava olhares de completo nojo e desgosto a todos ao seu redor.
“Ah, esse é Sirius Black, o rebeldezinho da família. Onze anos, e já se acha o dono da verdade. Vai entrar em Hogwarts este ano, e todos acham que seu destino provável é acabar na Grifinória, ou até na Lufa-Lufa. Será uma sorte se Sirius cair na Corvinal, que foi a casa de Andrômeda. Não é a mesma coisa que a Sonserina, claro, todos na família são de lá, mas ainda assim...”

Mas o discurso de Rodolfo foi interrompido porque a noiva estava entrando, de braços dados com o pai. Cygnus parecia muito orgulhoso, e de fato, tinha razão para tanto.

Bellatrix estava absolutamente linda, em seu vestido vermelho, cuja cauda arrastava pelo tapete vermelho sendo carregada por três elfas domésticas enfeitadas. Segurava um buquê de rosas negras que exalavam um perfume diferente que fazia Voldemort lembrar de quando, havia muito tempo, tinha matado um Unicórnio, e seu corpo em decomposição exalava um cheiro extremamente agradável.

Seus cabelos negros estavam presos em um coque no alto da cabeça, presos por uma tiara de brilhantes delicados e arrematado com um Hibisco vermelho, dando um acabamento exótico ao conjunto.

Bellatrix seguiu seu caminho em linha reta, e Voldemort percebeu que ela não estava nervosa, ao contrário de seu noivo, que estava quase desmaiando. Parecia muito segura de si, e Voldemort sentiu-se orgulhoso de sua pupila.

“Pode beijar a noiva” – Proferiu calmamente o velho juiz, e Rodolfo se adiantou, atrapalhado, e ergueu a grinalda transparente que cobria o rosto impassível da noiva.

Quando Rodolfo juntou rapidamente seus lábios aos de Bella, Voldemort sentiu uma ardência no estômago, uma pontada dolorosa, um sentimento que não tinha havia muito tempo...

Cerrou os punhos e cravou as unhas na mão e se recusou a desviar o olhar do beijo que se intensificou. De repente passara a desgostar imensamente de Rodolfo, e não sabia explicar o porquê.

A valsa recomeçou, e desta vez os recém-casados tomaram seus lugares no centro da pista de dança, valsando lenta e desajeitadamente. Voldemort sorriu ao notar as caretas de dor que Bella fazia cada vez que Rodolfo pisava em seus pés.

Depois outros pares de dança começaram a surgir; Lúcio Malfoy e Narcisa Black, Andrômeda e Sirius Black; Walburga e Cygnus, Evan e Jaqueline Rosier, e finalmente só haviam sobrado duas pessoas sem pares – o próprio Voldemort, que assistia entediado às danças, e um rapaz alto de cabelos escuros, de costas para ele, servindo-se de bebidas na mesa ali perto.

A valsa lenta acabou, e Rodolfo se retirou, parecendo aliviado, para longe de Bellatrix, indo se servir na mesa. Nesse momento, o rapaz de cabelos escuros se virou, e Voldemort sentiu toda a cor de seu rosto sumir.

Era Richard Benson.

Ricky se aproximou de Bellatrix, que estava parada bobamente no meio do salão e tirou-a para dançar.

Bella fez uma careta; ela devia saber das origens pouco puras do rapaz. Mas ele tinha uma posição realmente prestigiosa como apanhador titular da Seleção Nacional e era um rapaz realmente atraente (Voldemort se pegou pensando orgulhosamente o quanto Ricky se parecia com ele próprio quando jovem, e teve de se dar um discreto beliscão para afastar esses pensamentos idiotas da cabeça), então, Bellatrix o aceitou como par de dança.

Suas entranhas se contorceram de revolta.

Foi então a sua vez de se levantar e tirar Bellatrix para dançar, embora a música ainda não houvesse terminado.

“Concede-me a honra desta dança?” – Falou sarcasticamente, levantando uma sobrancelha e beijando a mão de Bellatrix.

Bella abriu a boca meia dúzia de vezes e tornou a fecha-las sem saber exatamente o que dizer.

“Acho que o Ricky aqui não vai se importar” – Disse Voldemort, sorrindo debochadamente para o rapaz lívido de raiva.

“Não, creio que não, papai.”

Mas amassou com força a taça entre seus dedos e a quebrou em milhares de pedacinhos cortantes.


Bellatrix demorou o olhar nas costas de Ricky, e então voltou-se para seu par de dança.

Papai?” – Ela sussurrou, enquanto Voldemort a fazia girar no mesmo lugar, seguindo o ritmo da valsa.
“É uma longa história.” – ele respondeu, dando um passo para trás e deitando Bellatrix contra sua perna.
“O senhor poderia... Me contar... Por favor?” – Suplicou Bella, sendo arremessada para o outro lado e segura pelos braços de Voldemort.
“Numa ocasião mais conveniente, talvez.” – E tornou a girá-la, desta vez finalizando o passo com o rosto a milímetros do de Bellatrix.
“E quando seria essa ocasião... Senhor?” – Ela perguntou, num tom de voz autoritário, dando um passo entre as pernas do bruxo e jogando o corpo para o lado, tornando a encará-lo, face a face.
“Quando você se provar digna de receber tal informação.” – E puxou Bella para mais perto, colando os corpos um contra o outro.
“E como farei isso?” – Ela puxou a mão de Voldemort que até então estava pousada respeitosamente em suas espáduas, para a cintura. Os olhos dele brilharam ante à provocação explícita.
“Você verá” – Ele desceu mais a mão.
“Vai demorar?” – Bella resgatou a mão e tornou a colocá-la em sua cintura.
“Só depende de você.” – Voldemort respondeu à altura, passando um dedo pelo pescoço alvo de Bella, fazendo os pelos de sua nuca se arrepiarem.
Bellatrix sorriu.

Finalmente a valsa tocava sua nota final e num último gesto da dança, Voldemort a jogou para trás, segurando suas costas e caindo sobre ela quase num ângulo reto. Ele a encarou por poucos segundos, quebrando a barreira de sua Oclumência.

Ele sorriu, e então a soltou.

[...]

“Seu presente de casamento, Bella...” – Ele disse, no dia seguinte, à noite, quando Bellatrix foi lhe ver.
Voldemort estava surpreso que Bella tivesse ido lhe ver na noite seguinte a seu casamento. Presumiu que o casal Lestrange fosse gostar de um pouco de privacidade em sua Lua-de-Mel.

“Estava me perguntando se você pretende mesmo passar seus dias de recém-casada por aqui” – Perguntou, enquanto Bella tomava seu lugar de sempre no assento em frente ao seu.

Ela permanecia de cabeça baixa, evitando seu olhar. Estava assim desde a dança. Voldemort se perguntava se ela teria percebido que ele lera seus pensamentos indecentes.

“Lua-de-Mel é um habito trouxa demais para o meu gosto.” - e deu de ombros

Voldemort tirou do bolso de suas vestes o Diário-Horcrux, agora sem as maldições que o cercavam.

“Seu presente de casamento.” – Repetiu, estendendo-o à mulher.

Bellatrix hesitou e então tomou o diário das mãos de seu Mestre.

“Isso não é só um diário, como você pôde perceber. Guarde-o como você guardaria sua própria alma.” – Ele sorriu ante à própria ironia.

Bellatrix agora o folheava e sua curiosidade aumentava à medida que percebia que não havia nada escrito nele. Em seguida guardou-o no bolso das próprias vestes.

“Agora, você presumo que você queira saber qual é a minha com o Richard Benson, não é?” –
Bella assentiu.

“Ele é meu filho.”

Voldemort parou para gozar os efeitos devastadores dessa frase em Bellatrix. Observou o tom pálido de seu rosto mudar gradualmente para quase transparente, em seguida para vermelho-intenso e depois para um verde delicado.
“M-mas c-como...?”
“Você precisa de aulas de biologia, Bella?” – Debochou. – “A pergunta não é como, mas com quem e por quê.”

Bella estava transtornada. Voldemort começava a se arrepender de ter entrado naquele assunto. Mas ela preciava saber, pois era a sua mais fiel seguidora...

“Coisas assim... Fraquezas... Acontecem. Eu era muito jovem na época, um jovem tolo...” – Virou-se, dando as costas à bruxa. – “Eu não pude mata-lo. O Avada Kedavra não funciona bem quando lançado em pessoas com o seu próprio sangue. Um recurso, presumo, para impedir o suicídio...”
“Senhor!” – Interrompeu Bellatrix, ofegante. – “Deixe-me mata-lo. O senhor se livraria dele e eu provaria meu valor...”
“Não, Bella. Te-lo ao meu lado será extremamente útil. Ontem Benson pediu-me para se alistar aos Comensais da Morte. Não sei o que pretende, mas isso me permitirá manter o olho nele. Ou talvez o sangue fale mais alto e Richard se mostre tão bom quanto o pai. Há outros meios de mata-lo, de qualquer maneira. Mas ele tem o sangue de Slytherin nas veias; não quero ser o responsável por exterminar o último de nossa nobre linhagem. Agora...”

Virou-se para encarar Bellatrix de frente. Ela parecia resignada.

“Voltemos a nosso treinamento. Estive pensando... Como anda a sua resistência à maldição Cruciatus?”

Bellatrix arregalou os olhos e tornou a empalidecer.

“Não sei, senhor. Eu nunca realmente senti-o.”

Voldemort ergueu uma sobrancelha.

“A mordida de uma cobra cura-se com o próprio veneno. Agora, à postos...” – Bellatrix se levantou, ficou ereta e inflou o peito numa tentativa de se mostrar corajosa.

Vejamos até onde vai essa coragem toda...

Crucio!

Os gritos de Bella enxeram a sala, e Voldemort sentiu o estranho prazer que o invadia sempre que ouvia aquelas exclamaçõs agoniadas...

“Dói, não dói, Bella?” – Perguntou, sobrepondo a voz aos gritos. – “Vamos, garota, resista!”

Bellatrix esmurrava o chão com força, urrando de dor. Mas não pediu que seu Mestre parasse, pelo contrário...

“Não pare! Não pare!” - Os gritos entremeados de gemidos doloridos dela eram música para seus ouvidos, e Voldemort sequer pensou em retirar o feitiço.

Bella virou de costas, olhando fixamente para o bruxo em sua frente, que apontava a varinha para ela. Seus olhos
suplicavam que o feitiço fosse suspenso, ele sentiu o desespero que exalava de seus poros...
Mas Bella continuava incitando-o a continuar com a tortura.
Voldemort começava a se sentir incomodado.
Ela parou de gritar, cerrando os lábios com tanta força que eles ficaram roxos.
“Não...” – Ela abriu a boca para falar, mas fechou-a ao perceber que não aguentaria não gritar.
“Chega!” – Gritou Voldemort, suspendendo o feitiço.
Bellatrix arfava no chão, vermelha e descabelada. Ele ajudou-a a se levantar.
“Muito bem.” – Disse seriamente, mas seu olhar não denotava orgulho ou alegria. Bellatrix notou que era um olhar calculista.

Ambos se analisaram por alguns segundos.

“Por hoje já chega, Bella.”


[...]

Os espectros encapuzados que eram os Dementadores deslizavam como se levitassem centímetros do chão, sem toca-lo.
Voldemort sentiu um frio súbito invadir todo o aposento, e seus Comensais, todos reunidos àquela noite, se encolheram, aproximando-se uns dos outros como se procurassem se aquecer. Alguns soltaram gemidinhos amedrontados.
Apenas Bella permanecia impassível a seu lado, embora ele pudesse perceber que ela tremia ligeiramente e fechava os olhos com força.

Voldemort podia sentir o frio, mas estranhou não ter sua mente invadida por lembranças apavorantes. Ainda assim, aquela presença não era nem de longe agradável.

Ele percebeu que os Dementadores mantinham uma distância segura de si. Então, o vulto maior, mais assustador e cujo corpo exalava o característico cheiro de podridão daquelas criaturas se aproximou corajosamente.

Os Dementadores apresentam seus cumprimentos ao Lorde das Trevas” – Disse o Dementador, e sua voz era um som agourento e letal, como o de uma lâmina sendo afiada.

Ele sentiu Bellatrix fraquejar um pouco; seus joelhos se curvaram minimamente e ela ofegou.
Pousou a mão no ombro da Bruxa e a empurrou para trás. Não queria que nenhum de seus Comensais, nem mesmo Bellatrix, estragasse aquele momento importante com demonstrações de medos e fraquezas.

O Lorde das Trevas apresenta seus cumprimentos aos Dementadores. Soube que vocês desertaram de Azkaban. Por que teria tal coisa ocorrido?
Os bruxos nos subjugaram demais, por tempo demais; nos subestimaram e acharam que estávamos sob seu poder...
Mas nem todos os bruxos são assim.” – Voldemort deu um passo à frente, sentindo o frio aumentar, mas reteu o impulso de aproximar mais a capa do corpo.
O Dementador recuou.
Sabemos de um bruxo capaz de deter as forças Ministeriais. Soubemos de um bruxo que contém dentro de si toda a Treva e todo o Poder da Escuridão.
Vocês estão corretos. Esse bruxo sou eu.
Soubemos de um bruxo cuja alma é tão negra e pútrida que seu fedor supera à de nossos irmãos.
Alguns comensais assoviaram baixinho, mas Voldemort não se sentiu nem minimamente ofendido.
Estão certos, irmãos. Vocês devem tomar o que é seu de direito: o reino das Trevas. Sua missão natural é espalhar o caos, a destruição e a maldade. Tomem de assalto as casas e pilhem as vidas indignas de seus inimigos. Lavem o chão com o sangue imundo daqueles que os dominaram e humilharam, alimentando-os com migalhas de almas destroçadas... Os nossos inimigos são seus inimigos, e você os terá em mãos, se aceitarem servir Lord Voldemort.

Os Dementadores cochicharam animados entre si. Naturalmente, cochichos animados de dementadores não eram exatamente coisas agradáveis de se ouvir. Os comensais se aproximaram mais, fechando o círculo dentro do qual Voldemort se encontrava.

Ele pôde sentir o desagrado e o medo dos dementadores ante à sua presença. Se perguntou se eles não estavam gostando de serem alimentados com pedaços da mais pura treva.

Lembrou-se do incidente em Azkaban há tantos e tantos anos.

Será que eles ainda guardavam essa recordação e por isso se mostravam tão respeitosos diante dele?

Os dementadores aceitam se unir ao Lorde das Trevas” – anunciou o vulto encapuzado.
Excelente...
No entanto... Ainda existem outras criaturas das trevas... Dispostas a seguirem as ordens do Lorde das Trevas” – falou o dementador em seu modo áspero e pausado, sem emoção, de proferir as palavras. – “Criaturas das trevas que, como nós, têm sido desprezadas pelos bruxos há muito tempo...

Voldemort fez sinal para que a criatura prosseguisse. Não deu atenção aos muxoxos de Avery.

Os lobisomens... Os gigantes... Talvez o Lorde das Trevas fizesse bem em buscar apoio nessas classes.
Então eu...
Os dementadores terminam por aqui. Saudações das trevas, caro amigo

E de repente, como se um furacão extremamente gelado, composto unicamente de sombras e penumbra e escuridão e coisas escuras e amedrontadoras, invadisse a sala de estar, fazendo tudo voar ao redor, desde as vestes e cabelos dos mais próximos, até livros e papéis na mesa, apagando as tochas e velas nas paredes, os dementadores sumiram. Quando as criaturas desapareceram, tudo estava de volta a seu devido lugar, sem que fosse necessário mexer a varinha.

Seus comensais se entreolharam nervosos. Voldemort pôde perceber tranqüilamente que todos estavam se perguntando a mesma coisa:

O Lorde das Trevas ia realmente se unir a Lobisomens e Gigantes?

Ele riu baixinho mais para si ao bater os olhos num quadro pendurado na parede que esquematizava a transformação de um homem em lobisomem.

Oh, sim, ele ia!

[...]

“Fenrir Greyback, Senhor. Muito honrado em conhece-lo...”
“Poderia dizer o mesmo a seu respeito, Greyback. Notícias de seus feitos nefastos chegaram a meus ouvidos, e se não posso dizer exatamente que aprecio-os, posso alegar que o compreendo.”

Greyback abaixou a cabeça, mas Voldemort percebeu que o lobisomem sorria, provavelmente lembrando de algum de seus ataques particularmente sangrento.

Pegou-se calculando quanto tempo faltava para a Lua Cheia, e quase suspirou aliviado ao lembrar que por enquanto a Lua não passava de uma fina concavidade minguante mal perceptível no céu noturno.

“Soube que os lobisomens são constantemente humilhados e segregados da sociedade. Particularmente, não sou favorável à introdução de mestiços ou meio-humanos no convívio de outros bruxos puros, mas acredito que você também, meu caro Fenrir, não concorde com o estilo de vida de alguns lobismomens que insistem que são ‘pessoas normais’.”
“Sim senhor...”
“Mas você gostaria de saber porque pedi para vê-lo, Fenrir Greyback.”
“Sim, senhor...”
“Creio que a sua filosofia é de ‘licença especial’ para crianças, estou correto?”
“Sim senhor. Morda-as enquanto crianças e as crie longe dos pais; elas aprenderão a odiar os bruxos normais.
“Gostaria de propor um trato, Fenrir Greyback.” – Voldemort parou e analisou o bruxo estranho prostrado à seus pés.
“Um trato, senhor?”
“Sim.”

Levantou-se e caminhou até a janela oposta em seu escritório.
Espiou pelas cortinas a movimentada rua trouxa lá fora.
Perguntou-se por que essa preferência de Greyback por crianças.
Voltou-se novamente para o lobisomem.

“Você freqüentou Hogwarts, Greyback?”
“Não, senhor. O diretor na época era Armando Dippet e ele não deixou.” – Sua voz soou um tanto melancólica.
“Oh, sim, sei, conheço o velho Dippet.” – sorriu – “Nunca foi do tipo obstinado, nunca foi realmente competente. Receio ter de admitir que Dumbledore é um diretor muito melhor que ele.”
“Dumbledore... É um velho babaca...” – murmurou Greyback.
“Sei disso. Um velho babaca, sim, realmente...” – tornou a sorrir, sem saber exatamente o porquê – “Foi Malfoy quem o trouxe à minha presença, não? Sei de uma amizade duradoura entre você e a família Malfoy...”

Greyback interrogava-o com o olhar, mas não tinha coragem de se manifestar em voz alta.

“Me pergunto como anda a situação dos lobisomens atualmente. Afora aqueles que se metem a gente, digo, creio que não há realmente muita caça lá fora.”
“Não realmente, senhor. É por isso que prefiro as crianças. São sempre presas mais fáceis...” – Os olhos escuros do lobismom brilharam momentaneamente – “Uma gracinha, elas. A pele tão delicada, o cheiro tão doce, a carne tão macia...”

Voldemort olhou torto para Greyback. Começava a achar que a preferência de Greyback por crianças ultrapassava os limites de suas transformações licantrópicas...

O lobisomem se recompôs rapidamente e voltou seu olhar para o chão em frente a seus pés; a cabeça respeitosamente abaixada.

“Se vocês se unissem a mim, Fenrir Greyback, poderiam ter carne fresca todo mês.” – Greyback levantou a cabeça e sorriu malévolamente, e Voldemort acrescentou – “Ou toda semana, quem sabe.”

Ambos sorriram.

Lentamente, as mãos se ergueram no ar e se apertaram.

[...]

Gigantes eram criaturas perigosas. Realmente perigosas, e Voldemort sabia muito bem disso. Quem no mundo se meteria, por livre e espontânea vontade, a tentar argumentar com seres de seis metros de altura, dotados de inteligência quase humana e com alarmantes instintos assassinos?

Ninguém em sã consciência, claro.

Ainda mais quando a tribo mais próxima ficava encravada entre as montanhas mais altas e gélidas dos Alpes Suíços, a muitos e muitos quilômetros de Londres.

A menos que você fosse Lord Voldemort, e estivesse decidido a dominar o mundo, e se utilizaria de quaisquer artifícios para isso. Pois o Lorde das Trevas já contava com o apoio de Dementadores desertados de Azkaban – que haviam causado uma confusão dos diabos no Ministério da Magia; e com os lobisomens, liderados pelo sanguinário Fenrir Greyback.

Naquela noite, em fins de mil novecentos e setenta e dois, quando a guerra já havia sido declarada, e Voldemort caçado como uma ovelha rebelde desgarrada do rebanho, os Comensais da Morte tornaram a se reunir no quartel general da Ordem das Trevas sob o signo sinistro da Marca Negra.

Voldemort passava os olhos escuros, brilhantes em um ligeiro fulgor vermelho, de ponta a ponta à fileira de Comensais, que agora já somavam mais de trinta bruxos dispostos a dar a própria vida, e quem sabe a alma, por seu Mestre. Era um grupo composto principalmente d efracos em busca de proteção, gananciosos em busca de um naco de seu poder e alguns poucos realmente dedicados à Missão Purificadora, como Bellatrix.

“Vou sair em uma expedição às montanhas em busca de novos aliados: os gigantes” – Falou sucinta e delicadamente. – “Obviamente que é uma missão perigosa, e gostaria de saber quem de vocês não é totalmente imprestável e poderá me acompanhar.”

Os Comensais de entreolharam assustados. Muito poucos deles manifestaram desejo de se unir a seu mestre numa missão de tal periculosidade. Mas uma voz surgiu, uma voz feminina, de uma das primeiras fileiras do círculo.
“Eu vou, Senhor.” – Falou Bellatrix determinadamente
“Muito bem Bella. Eu já contava mesmo com você. Mais alguém?”

Uma nova voz, dessa vez masculina, se ergueu de uma das últimas fileiras.

“Eu vou.” – Disse Ricky Benson gravemente.
Voldemort não manifestou qualquer emoção.

“Muito bem, então. Somente dois de meus comensais me são realmente úteis?”

Os bruxos encapuzados se olharam constrangidos, mas o constrangimento não superou o medo ante à idéia de escalar montanhas atrás de tribos de gigantes.

“Que bando de covardes eu tenho por servos” – lamentou-se. Depois virou para Bellatrix e Richard e completou – “Vamos partir em breve. Ainda no inverno, porque no verão a neve das montanhas derrete, e os gigantes migram para lugares mais longínquos.”
“Por que o senhor tem de ir pessoalmente? Não pode mandar um de nós?” – Questionou Ricky, ousadamente.
“Eu faço o que tenho de fazer, Benson, não delego as tarefas de maior importância a incompetentes como vocês. Mas se você quiser realmente fazer todo o trabalho sozinho, vá em frente, espero que ache o caminho de volta, ou ainda, que sobre mais de um centímetro quadrado de você para contar história.”

Richard parecia que tinha engolido uma bola de golfe a seco. Resmungou qualquer coisa e voltou para seu lugar.

“Você estão dispensados, exceto Bellatrix e Benson”.

E os Comensais, um a um, desaparataram aliviados para suas respectivas casas.


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Capítulozinho mais cheio, hein?
Eu tinha prometido a mim mesma não escrever capítulos com mais de dez páginas, mas esse acabou saindo com onze hehe... Em pensar que eu já fiz capítulos com quase vinte... Realmente minha imaginação é fértil demais hehe...
Então, temos o casamento de Bella, espero que não tenham achado (muito) estranho Voldemort ser padrinho do casamento dela, não me parece o tipo de coisa que ele faria, mais sei lá, na hora me pareceu adequado...
E depois, Voldemort com pontadinhas de ciúmes da Bella; coisa que eu também duvido que aconteceria, mais por mais que ele seja um incapaz de amar, eu quis romantizar um pouco (ah, esses escritores de fics... ^^)
E a cena super-hiper-mega-ultra-top-golden clichê do casal dançando em poses ousadas e conversando bobagens. Clichê, mas muito sexy! Sempre quis protagonizar uma cena assim, então deixe quieto :P
Ah, aulinhas de Bella. Pegou muito mal aquele “Não pare! Não pare!”, né? Bem, foi de propósito, eu queria que pegasse mal mesmo hehe
*Pervertida >)*
Depois, dementadores... Greyback pedófilo (espero que todos tenham percebido esse paralelo de Greyback/pedofilia, que aliás, acho que foi meio intenção da Tia Jo).
Por último, mais um dos meus surtos: Voldemort, Bellatrix e Ricky atrás de gigantes nos Alpes Suíços. Prometo tentar afzer o próximo capítulo bem legal! Acho que vocês vão gostar! Principalmente porque haverá mais “interação” entre Voldie e Bella (não é nada disso [ainda], seus pervertidos :P)!
Thanx for the comments.
Love you!
Sua,

Lillith R.

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