Murta-que-geme



Quando o corpo do segundo aluno petrificado foi encontrado, o castelo inteiro alvoroçou-se. Dumbledore, que às vezes parecia ter mais autoridade que o próprio Diretor Dippet, passou a receber dezenas de cartas diárias de pais de alunos e do Ministério questionando a segurança do local.
Enquanto isso a professora Merrythought, de herbologia, trabalhava em conjunto com Slughorn, professor de poções, na busca por um remédio que solucionasse o problema. Os monitores continuavam advertidos de fazerem o possível para descobrir o autor dos crimes, ou pelo menos, o que causara a petrificação.
E mais uma vez um angustiado professor de Defesa Contra as Artes das Trevas observava os jardins do alto da Torre de seu escritório na Grifinória. Por mais que tentasse entender aquilo, algum detalhe escapava de sua mente astuciosa, o que impedia que enxergasse a verdade. Tinha seus suspeitos, claro, mas não havia provas suficientes contra nenhum deles.
“Posso saber o que está lhe trazendo tantos aborrecimentos?”
A voz às suas costas o assustou. Era o chapéu seletor que falava.
Na verdade o chapéu seletor deveria ficar em propriedade do Diretor, mas Dippet, num gesto realmente nobre, delegara a responsabilidade de cuidar do objeto a Dumbledore. Na ocasião em que fizera isso Dippet argumentara que era o próprio chapéu que tinha lhe dirigido o pedido de ficar em posse de Dumbledore. Mas Dumbledore suspeitava que as críticas que o chapéu lançava com freqüência ao modo como Dippet dirigia a escola eram o principal motivo que o fizera abandonar o objeto em suas mãos.
Alvo virou-se para encarar o chapéu esfarrapado que falava com ele.
“Já são dois alunos atacados, petrificados misteriosamente. Os galos foram assassinados brutalmente e alunos nascidos-trouxa ou mestiços vêm diariamente dizer a mim que estão muito temerosos com o que possa vir a ameaçar a sua segurança”.
O chapéu pensou um pouco e então disse:
“Ora, eu já vi isso acontecer antes”.
Dumbledore arregalou os olhos.
Já?
“Sim. Há exatos novecentos anos, quando a Câmara Secreta foi aberta pela primeira vez”.
A taça de suco de abóbora que Dumbledore segurava caiu com estrépito no chão, derramando seu conteúdo no tapete. Como não pensara nisso?
[...]
Voldemort dirigia-se andando tranqüilamente para a primeira aula do dia, que seria com Dumbledore. Sentia-se realmente feliz.
“Belo dia, hoje, não é?” – Comentou satisfeito com Rodolfo Lestrange quando cruzou com o colega na entrada da sala.
“O que deu nele?” – Perguntou Lestrange para Avery e Rookwood. Eles responderam com um gesto significativo com o dedo indicador rodando ao redor das têmporas.
A quatro carteiras de distância uma Francis Finningham muito pálida e ainda com os olhos inchados por ter chorado a noite toda encarava o livro controlando-se para não chorar.
Voldemort pôde ler na mente dela que ela se sentia culpada pela morte de Amundsen. Achava que se não tivesse perdido tempo se encontrando com Tom Riddle poderia ter impedido a morte do rapaz. Mas para seu desagrado captou na mente da moça que ela nutria um intenso afeto pelo outro.
“Escuta, qual é a sua com a Francis Finningham?”
Evan perguntou para ele, despertando Voldemort de seu torpor.
“Eu gosto dela”. – Falou de repente. Na verdade, não sabia exatamente o que sentia. Evan riu e disse:
“Você tá apaixonado?”
Não, não estava apaixonado. Ele só não suportava a idéia de que pudesse ser preterido a outro e que não conseguisse obter sucesso em suas investidas contra ela. Nenhuma garota havia fugido de seus braços antes.
“Não”.
“O que aconteceu exatamente no dia do baile?” – Perguntou Evan, mordaz.
Voldemort sentiu que tinha ido longe demais e preferiu não responder. Nesse momento, Alvo Dumbledore entrou na sala batendo a porta nervosamente como nunca tinha feito antes. Com um tom de voz que não lhe era usual, falou alto com a turma pela primeira vez em muito tempo.
“Alguém poderia me dizer o que vem a ser um basilisco?”
Então Voldemort sentiu como se uma grande pedra de gelo tivesse descido direto para seu estômago. Ele sabia...
“Pois bem. O Basilisco, também chamado de Rei das Serpentes, é uma criatura das Trevas considerada de extremo perigo e classificada como Muito Mortífera pelo ministério. É capaz de matar com um simples olhar direto, embora se olharmos nos seus olhos indiretamente, através de espelhos ou lentes, ficaremos apenas petrificados”.
A classe toda tremeu, mas manteve-se em silêncio.
“Esse ser tem o corpo de uma enorme cobra que pode facilmente atingir quinze metros de comprimento, e uma mecha branca ou verde na testa. Nasce de um ovo de galinha chocado por uma rã ou por uma serpente. A única coisa que teme é o canto dos galos. Não pode ser controlado, a não ser por um bruxo muito poderoso ou...” – E nesse momento dirigiu seu olhar intenso a Voldemort, que estremeceu. Ali estava um bruxo que Tom Riddle temia.
“... ou por um ofidioglota”.


Mais tarde, no mesmo dia, Voldemort desceu à Câmara Secreta e ordenou mais uma vez o ataque a Murta. Não poderia se deixar intimidar pelas indiretas de Dumbledore, ou corria o risco de jamais terminar sua tarefa. Via-se desesperado por alcançar sucesso em sua missão, nem que para isso tivesse de mandar o basilisco sair matando aleatoriamente qualquer nascido-trouxa que visse pela frente. Era nessa hipótese que pensava, quando cruzou com Rúbeo Hagrid subindo apressado as escadas que partiam do andar da cozinha, onde ficava o salão comunal da Lufa-Lufa, correndo em direção ao segundo andar onde ficava o banheiro com a entrada da Câmara. O meio-gigante não entrou no banheiro, mas trancou-se na mesma sala em que Voldemort o havia surpreendido conversando com Aragogue.
O Monitor riu para si, pensando na extrema coincidência que era flagra-lo pela segunda vez conversando com a acromântula.
Você ainda está aí, Aragogue? Pensei por um momento você tivesse...
Aragogue é muito grato a Hagrid. Mas, mais uma vez eu peço...
Você não pode sair de sua caixa, é muito arriscado... Escute, Aragogue. Tom Riddle já sabe de você. Ele pode nos denunciar se não tiver cuidado...
Mas Voldemort saíra da sombra da pilastra, surpreendendo Hagrid.
Expelliarmus. Eu já sei do bicho, Hagrid. Se você concordar em entrega-lo agora, eu já disse que farei o possível para você não ser expulso. Sabe, eu posso ser muito influente quando eu quero...”
“Eu não vou dá-la a você, Tom! Você e essa sua turminha Sonserina, andando por aí e causando todos esses acidentes, azarando as pessoas só porque podem... Aposto como você sabe alguma coisa sobre os ataques, se é que você não é responsável pela coisa, aposto como você adoraria...”
Riddle riu com vontade.
“Tsc, tsc, Rúbeo... Como você pode me acusar de ser responsável por todas essas atrocidades quando como Monitor só o que eu quero é zelar pelo bem-estar dos meus colegas?! Sua aranha gigante andou atacando os galos, não foi, Hagrid? Ou os alunos...” – Comentou, cinicamente. – “Muita gente adoraria se ver livre de você e suas trapalhadas; os ataques seriam só mais um motivo. Francamente, você é um desastre ambulante.”
Hagrid não respondeu, apenas mudou o tom de pele para púrpura e parecia estar se recuperando da pancada na cabeça que sofrera com o forte feitiço lançado por Voldemort, que continuou:
“Mas acho que vou te dar uma última chance. De qualquer maneira, sua aranhazinha pode ser muito útil para... ah, acobertar eventos futuros”. – Girava a varinha de Hagrid entre os dedos, com uma expressão divertida na face. – “Agora, com licença, tenho de voltar ao meu dormitório para tratar de assuntos pessoais. Boa noite, Rúbeo.”
E virou-se para ir embora, atirando a varinha do outro aos pés e chutando longe, antes de dar as costas e voltar ao Salão Comunal.

[...]

Murta chorava mais uma vez devido às perseguições de Olívia Hornby e sua turminha. Dessa vez elas haviam lançado um feitiço sobre Murta que fez todas as suas espinhas estourarem de uma vez, causando um grande estrago na pele e dor, muita dor. Mas, como sempre, o Professor Slughorn parecia ocupado demais pra dar atenção a choramingos de alunas, como ele dizia. Então, quando o sinal tocou, ela correu mais uma vez para o banheiro de sempre e foi chorar suas mágoas trancada no boxe.
Ao mesmo tempo, o basilisco controlado por Tom Riddle, legítimo herdeiro de Slytherin, farejava às cegas a procura da garota, nadando através dos canos mais largos do castelo. Seu Mestre, que agora assumia a identidade de Lord Voldemort, jantava tranqüilamente no Salão Principal.
Quando Voldemort terminou sua farta refeição, jogou discretamente sobre si um feitiço da desilusão, mais um que aprendera durante as aulas do Clube do Slug e andou até o banheiro onde Murta estava chorando desde o fim das aulas. Lá estava ela, sua primeira vítima fatal.
“Porque me perturbam tanto? Por quê?” – Gemia, esganiçada; a voz embargada de choro.
MATAR, RASGAR, ROMPER! MATAR, RASGAR, ROMPER! SINTO CHEIRO DE SANGUE!” – Sibilava silenciosamente o basilisco sob as paredes do castelo.
“Ah, Olívia, você ainda me paga!” – Lamentava Murta, inconsolável.
Ataque-a! Ataque-a AGORA!” – Ordenou Voldemort na língua das cobras, no que foi prontamente atendido.
“Saia daqui, isso é um banheiro de garotas, seu pervertido...”
Foram as últimas palavras de Murta Shwnizer. Os olhos vermelhos do Basilisco encararam os de Murta por milésimos de segundo antes que a garota caísse de borco, morta no chão.
Surpreso, porém extasiado, saiu pé ante pé e voltou para sua Casa. Apenas no dia seguinte o corpo de Murta foi encontrado pela mesma Olívia Hornby, ao lado de seu fantasma que esperava sentado em cima da pia com uma expressão de tédio.
“M-murta?” – Gaguejou uma Olívia horrorizada. A fantasma respondeu com um muxoxo simpático e um sorriso cheio de más intenções. A corvinal tão cedo não teve sossego em sua vida.
[...]

O pânico tomou Hogwarts quando a notícia da morte da garota se espalhou feito rastilho de pólvora. Dippet e Dumbledore recebiam mais cartas do que nunca. Naquele dia, dois depois do ataque fatal, o novo ministro da Magia, Horace Warwick, visitava a escola na companhia dos pais de Murta. Um diálogo fervente era travado entre o diretor e o ministro.
“Isso não pode continuar assim ! Pense no perigo que os alunos estão correndo! Os petrificados ao menos estão recebendo o tratamento adequado, mas e quanto à garota morta? Francamente, Arnaldo, estão ameaçando em fechar a escola!” – Bradava o ministro.
Arnaldo Dippet respondeu com um gemido preocupado e um muxoxo tímido.
“Onde está Dumbledore? Quero falar com ele agora!” – gritou Warwick; os pêlos de seu denso bigode se arrepiando e encharcando-se de gotículas de saliva.
“Creio que não há necessidade de exaltarmos nossos ânimos”. – Disse Dumbledore, entrando silenciosamente no escritório e conjurando uma confortável cadeira de couro para sentar-se.
“O caso já está resolvido” – Prosseguiu Dumbledore – “Se até as férias de Natal o responsável não for capturado, a escola infelizmente será fechada. Sim, isso será necessário” – acrescentou antes o olhar suplicante de Dippet – “Não consigo imaginar lugar mais seguro no mundo do que Hogwarts, porém quando se trata de assuntos internos, Hogwarts é fragilíssima. Pense que somos como uma maçã. Uma bela, vermelha e suculenta maçã, mas que é incapaz de resistir a ataques que vêm de dentro dela mesma, como uma larva que se instala na polpa e lentamente mina todas as nossas defesas.”
Dippet e o ministro abriram a boca várias vezes como se fossem dizer algo, mas não encontraram nada para falar. Por fim, o Ministro jogou as mãos para cima, alisou a careca nervosamente e perguntou, tímido:
“É a Câmara Secreta, não é? Todos estão dizendo; os ataques a mestiços e nascidos-trouxa...”
“Ora vamos, meu caro ministro! Nós todos sabemos que isso não passa de lenda...” – Falou Dippet, sem muita convicção nas palavras.
“Eu creio... Eu temo...” – Começou Dumbledore, enrolando a ponta da barba acaju com o dedo indicador e franzindo o cenho numa clara expressão de preocupação – “Eu temo que não seja só uma lenda”.
Dippet levantou-se e socou a mesa com força, fazendo os quadros de ex-diretores e ex-diretoras assustarem-se e exclamarem horrorizados.
“Ótimo. Mais essa agora. Agora, sim, teremos que fechar a escola, ou num prazo de um mês ou menos, todos os alunos mestiços serão mortos!”
“Afirmo e repito que medidas tão extremas não serão necessárias.” – Disse Dumbledore, convocando a garrafa de hidromel do armário e servindo três taças. – “Quando o responsável vir que o que está em jogo é mais do que vidas inocentes, ele parará. Creio que a maioria dos estudantes preza Hogwarts demais, e esse aluno em particular, preza mais ainda”. – Falou Dumbledore, em tom de quem fecha a conversa e abandonando o escritório, deixando para trás o Diretor e o Ministro da Magia atônitos.
“Agora, se me dão licença, tenho assuntos a tratar com os pais de Murta Shwnizer”. – E retirou-se.

[...]

Voldemort estava em seu dormitório, meditando preocupado.
Seu último ataque, apesar de ter sido um sucesso em termos técnicos, tinha causado a última coisa que ele queria que acontecesse – o fechamento de Hogwarts.
Se a escola fechasse, ele seria obrigado a voltar para o mundo trouxa e a morar no Orfanato. E isso ele não suportaria.
Embora lhe doesse no fundo da alma fazer isso, teria de abandonar sua missão, ou perderia algo muito mais valioso: sua escola.
Avery estava fora consolando Olívia (com quem estava namorando), que se culpava imensamente pela morte de Murta. Lestrange estava lá embaixo estudando para os N.O.M´s de poções. Evan Rosier tomava banho e Rookwood lia alguma coisa interessante na cama ao lado. Amanhã seria o último dia de aula antes das férias. Tinha decidido parar com os ataques pelo menos por enquanto. Morria de medo que a escola fechasse...
No dia seguinte estavam todos os alunos do quinto ano, de todas as casas, reunidos no salão principal realizando os últimos N.O.M´s. da temporada. Um silêncio mortal caía sobre o lugar. Tudo que ouviam era o arranhar das penas nos pergaminhos. Riddle se concentrava na última questão, a única que não conseguira resolver ainda, embora a maioria dos alunos ainda estivesse lá pela quinta ou sexta pergunta.
Cite a terceira lei de Golpalott.
E qual era? Esforçou-se para lembrar. Tinha certeza que havia lido algo a respeito... Francis e seus cabelos dourados com a luz do sol poente... Era algo referente a antídotos, tinha certeza... Aquela pele macia com cheiro de flores... Não, a terceira lei de Golpalott, os antídotos, as poções... Ah, mas ela preferia James Amundsen... Concentre-se, criatura! Não, se ela não fosse sua, não seria de mais ninguém... Lembrei!
E começou a recitar a terceira lei de Golpalott tentando mais uma vez tirar Francis de sua cabeça. Ainda assim, foi o primeiro a terminar. Atirou as coisas para dentro da mochila e saiu rapidamente dali, antes que endoidasse de vez.
Resolveu dar uma volta nos jardins enquanto seus colegas não tivessem terminado seus respectivos N.O.M´s e ele ainda tivesse uns minutos de paz, antes que fosse cercado por colegas querendo comparar respostas.
Deitou-se no gramado congelado e sentiu de bom grado os raios de sol frios de inverno aquecendo um pouco... Pensou em como poderia um dia deixar de olhar para aquele castelo, Hogwarts que fora a única coisa que prezara de seu afeto em algum momento. Seus amigos, ele só os usava como meio de conseguir informações e popularidade. De qualquer maneira, eram apenas abutres lhe cercando, tentando abocanhar um pedaço do poder que ele tinha... O que sentia por Francis era apenas desejo, um capricho que necessitava ser satisfeito. As nuvens flutuavam muito acima dele no céu azul dando a impressão de que a construção tão sólida estava caindo. Observou uma nuvem com o formato de uma serpente enroscar-se na torre mais alta e depois dissolver-se no céu azul-turquesa. Fechou os olhos por um momento e fez o que mais gostava de fazer: imaginar-se grande, enorme, de uma maneira jamais vista, poderoso, acima dos demais...
E então ouviu o som da neve sendo esmagada sob a sola de um sapato e passos se aproximando dele. Levantou-se de um salto: era Avery.
“Olá.” – disse o colega, sorrindo.
“Oi” – Respondeu Voldemort, seco.
“Como foi a prova?”
“Ótima”.
E começaram uma tediosa discussão a respeito da Terceira Lei de Golpalott e o quão inútil ela era.

Do ano de Tom todos iriam para casa festejar o natal e o ano novo, exceto os dois alunos petrificados, claro, uns dois grifinórios, um lufa-lufa e um corvinal. Ah, e Francis Finningham, que alegava que seus pais estariam na Romênia viajando a trabalho. Era mentira; Voldemort vira em sua mente que ela esperava alguém. Só não conseguia descobrir quem. Talvez fosse ele mesmo, pensou, sorrindo. Talvez antes da virada do ano conseguisse satisfazer seu capricho, alimentar o monstrinho que surgira dentro dele e que clamava por Francis.
No próximo final de semana haveria um passeio a Hogsmeade, ao qual apenas os alunos que ficaram iriam. Dentre eles, Francis.
Apesar de tudo, aquele não havia sido um inverno muito rigoroso, mas assim mesmo os alunos dirigiram-se, como sempre, ao Bar Três Vassouras, onde podiam se aquecer com boas doses de cerveja amanteigada e, para os mais corajosos, grandes doses de uísque de fogo.
Voldemort seguiu a pequena massa de alunos para o bar, na esperança de encontrar a garota, mas ela não estava lá. Tampouco se encontrava no Hog´s head ou na repugnante Casa de Chá de Madame Puddifoot. Mas, enfim, encontrou-a sozinha observando uma grande casa abandonada, por cima de antigas grades de ferro. Parecia estar esperando algo ou alguém. Voldemort aproximou-se e tocou seu ombro. Ela assustou-se e virou, para encara-lo.
“Que está fazendo aqui, Tom? Eu não esperava que você me achasse” – Disse ela, com uma voz triste.
Atrás, em sua mão, Voldemort fez um rápido feitiço silencioso e conjurou uma grande e bela rosa negra. Puxou-a das costas e ofereceu-a.
“Uma rosa negra? De onde você tirou essa idéia?” – Ela perguntou, sorrindo e aceitando o presente.
“Essa rosa mostra o que eu sinto por você.” – Falou, sério.
Francis parou por um instante e pareceu pensar no que responder. Mas sua resposta não foi verbal; ela simplesmente deitou um singelo beijo nos lábios do rapaz. Riddle fez menção de abraça-la e aumentar a intensidade do beijo, mas ela o afastou delicadamente e disse:
“Desculpe. Não posso. Eu ainda não superei...” – E seus olhos encheram-se de lágrimas.
O maldito James Amundsen....
Mas antes que pudesse pensar em outra coisa, alguém apareceu no horizonte branco de neve. O outro rapaz veio se aproximando, sorrindo e arfando por causa da subida. Então, para surpresa de Voldemort, agarrou o braço de Francis e disse:
“O que vocês estavam fazendo aqui? Nada suspeito, hein?” – O garoto com mais cara de estúpido que Riddle já vira. Era grande e largo, louro com um nariz em formato de porco. Pertencia ao time de quadribol da Lufa-Lufa. Voldemort pôde ler em sua mente que ele era algum suposto namorado de Francis. Mais um, pensou com raiva; o sangue subindo-lhe a cabeça. Não suportaria, mais uma vez, ser passado para trás por aquela vadia desgraçada...
Então rapidamente puxou a varinha das vestes e apontou-a para Francis.
“Você está brincando com fogo, queridinha”.
O garoto com cara de porco avançou, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Riddle murmurou:
Crucio!”
E o lugar encheu-se dos gritos de dor de Francis. O Lufa-Lufa estava caído ao lado do corpo de Francis que estrebuchava e gritava. O garoto não pareceu tomar atitude alguma, mas pôs se a chorar e implorar.
“Sabe, Francis” – Disse Voldemort com um brilho maníaco no olhar, sentado numa pedra coberta de gelo – “Eu podia sentar aqui e ver você enlouquecer de tanta dor. Eu não vou fazer isso, pois implicaria numa burocracia chata em que eu não gostaria de me ver envolvido. Mas isso é só para que você saiba que eu não te amo. Nunca te amei, nunca fui apaixonado por você, nem nada do tipo. Você se acha muito esperta... Você não é nada... Entenda de uma vez por todas que eu só queria dormir com você, te usar, você é só mais um brinquedinho na mão de tantos... Finite Incantaten. E não se atreva a contar nada disso para ninguém, nenhum de vocês. Isso foi só uma amostra do que eu sou capaz. Acredite, você não ia gostar de ver todo o meu potencial...”
E então Francis se levantou, apoiada pelo outro garoto, e foi-se embora correndo de volta para o Bar.

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