Professor Dumbledore



Como chegaram à praia, nem Amanda nem Denis se lembravam muito bem. Só queriam voltar o mais rápido possível e visto que estavam encharcados a Sra.Cole teve de antecipar a volta dos órfãos. Como já dito, estava um dia nublado e frio e nenhuma das crianças se importou de voltar mais cedo. Pegaram, então, o trem das quatro horas no vilarejo de Hogmuggle.
A Sra.Cole pensava em silêncio sobre como proceder com Tom. Nem Amanda nem Denis forneceram muitos detalhes a respeito do que aconteceu para deixa-los tão chocados, soube apenas que foram explorar uma caverna e que acabaram caindo no mar, mas ninguém se machucou. Bom, isso decerto explicava porque estavam tão molhados. Seria possível que apenas um banho de mar os deixasse em tal estado de choque? Mas a Sra.Cole conhecia Tom. Sabia que coisas muito esquisitas aconteciam com ele por perto. Ela ainda não esquecera o episódio do coelho, embora nada tenha sido provado contra Tom. Sim, ele tinha discutido com Carlinhos e sim, era o único naquele quarto. Mas como, em Nome de Deus, Tom poderia ter feito o coelho se enforcar nas grades do telhado?
Oh, sim, Tom era um garoto muito bom. Estudioso, bem-comportado. Primeiro da turma, lia muito, sempre sozinho, mas não parecia se importar. Muito bonito também, as garotas gostavam de olhar para ele, mas ele nunca se aproximava de nenhuma. Era uma pena que Tom não tivesse amigos. Mas era compreensível. Pensando bem, não tinha muita certeza se gostaria de ter um amigo como esse, que provocava dores de barriga fortíssima em alguém que o encarasse durante muito tempo. Mas certamente não fora Tom que provocara o incidente com o menino Arthur. Deus do céu, um garoto de quase quinze anos, sujando as calças na frente de todo mundo...
Mas ontem à tarde a Diretora do orfanato recebera uma carta de um tal Professor Dumbledore, explicando que Tom tinha uma vaga numa tal escola de Hogwarts, para pessoas com talentos especiais. Bom, a Sra.Cole não conhecia ninguém melhor que Tom que se encaixasse no perfil de “pessoa com talento especial.”
Quando o trem parou na estação os órfãos correram rapidamente para o prédio imediatamente em frente, o Orfanato Santa Edwiges. A Sra.Cole percebeu que Tom demorava-se um pouco mais, ficando para trás, de propósito. Gritou que o menino se apressasse, pois já ia escurecer e era por demais perigoso ficar na rua nesses tempos de guerra.
Após o jantar e as orações, os órfãos se recolheram a seus quartos. Tom deitou no seu beliche de ferro tentando chamar o mínimo de atenção possível. Não queria discutir sobre os acontecimentos daquela tarde. Mas o garoto que dormia abaixo dele, Billy Stubbs, pareceu perceber um movimento e viu que era Tom Riddle quem subia a escadinha da cama.
- É verdade, Tom? Você pode falar com as cobras?
A voz de Billy parecia mais divertida que assustada, o que irritou Tom profundamente. Não pôde deixar de responder:
- Não sei de onde vocês tiram essas idéias absurdas.
A voz de Tom, embora fosse quase um sussurro, pareceu acordar todo o dormitório.
- Foi Amada Bishop que me contou. Ela disse que você tem uma cobra de estimação e que pode conversar com ela.
- É verdade, eu vi várias cobras o seguindo no último passeio ao campo.
- Cara, você é muito estranho...
Tom estava ficando furioso. Sentia a cólera tomando seu corpo e aquela estranha sensação de formigamento subindo até sua boca... Mas não falou nada. Continuou calado, fingindo que estava dormindo.
- Você matou o coelho de Carlinhos!
- E fez o Arthur se borrar todo...
- Você é anormal... Você é uma anormalidade...
Os garotos pareciam rir muito. Então não sentiam medo? Não, achavam graça de tudo. Um estranho zumbido começou a tomar sua mente. Captava no ar palavras como “estranho”, “anormal”, “aborto”, “maluco”...
- É, cara, bem que disseram que a tua mãe parecia um fantasma quando te teve, vai ver você é uma cruza de vampiro com fantasma, hahaha...
Tom chegou no seu limite. Não costumava se alterar, e quando isso acontecia, agia com cautela, para que nunca houvesse provas contra ele. Mas falar de sua mãe morta já era um pouco demais. O formigamento e o zumbido atingiram finalmente o topo de sua cabeça, e nesse momento Billy caiu da cama e gemeu. Tom viu o corpo de Billy enchendo de feridas de catapora. E Tom gostou de vê-lo assim, estrebuchando, sem emitir nada além de gemidos. Sentia-se vingado; ninguém mais riria dele. Ninguém. Nem falariam de sua mãe.
Na manhã seguinte a Sra.Cole constatou que metade dos órfãos estava com catapora repentina. Não houveram aulas naquele dia e todos no dormitório de Tom foram parar na enfermaria.
O garoto aproveitou o medo que todos sentiam dele e afanou algumas das coisas de Billy como, por exemplo, uma gaita-de-boca meio enferrujada. Gostava de colecionar troféus, como se eles provassem o domínio de Tom sobre os outros. Tom tinha coisas que os pertencia, mas eles não tinham coisas que lhe pertenciam...
À tarde, a Sra.Cole o chamou em seu escritório. Tentou tocar o mínimo possível em Tom e permanecia a uma certa distância do garoto.
Mas como aquilo acontecera? Um surto repentino de catapora, quando todos pareciam tão saudáveis. E ainda por cima, atingindo apenas os colegas de dormitório de Tom. É claro, eles agora evitavam o menino a todo custo, e sequer o olhavam durante mais que dois segundos. O relato de Billy fora chocante, mas nada parecia fazer muito sentido. Nada fora realmente provado contra Tom, e pensando bem, era absurdo acusa-lo de causar um surto de catapora. A Sra.Cole explicou rapidamente que ele agora dormiria num quarto separado dos demais, que se recusavam terminantemente de se aproximarem de Tom, e além do mais seria bom para que ele não pegasse catapora, embora, no fundo, a Sra.Cole soubesse que isso não ia acontecer.
Tom foi para o seu novo quarto, sentindo-se triunfante. Enquanto isso, a diretora do orfanato foi receber a visita do tal professor Dumbledore.
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“Boa Noite,” disse Dumbledore oferecendo-lhe a mão. A sra. Cole ficou de queixo caído.
“Meu nome é Alvo Dumbledore. Eu lhe mandei uma carta pedindo um encontro e você amavelmente
me convidou aqui hoje”.
A sra. Cole piscou. Aparentemente decidindo que Dumbledore não era uma alucinação, ela disse
fracamente, “Ah sim, bem – bem então – seria melhor você vir ao meu quarto. Sim.”
Ela conduziu Dumbledore a um pequeno quarto que parte parecia uma Sala de Estar, a outra
parte um escritório. Era tão miseráveis quanto o corredor e a mobília era velha e acabada.
Ela convidou Dumbledore a se sentar em uma cadeira raquítica, sentando ela mesma atrás de
uma escrivaninha atravancada, olhando para ele nervosamente.
“Estou aqui, como eu lhe falei em minha carta, para discutir sobre Tom Riddle e os planos
para o seu futuro,” disse Dumbledore”
“Você é da família?” perguntou Sra Cole.
“Não, sou um professor,” disse Dumbledore. “ Vim aqui para oferecer a Tom um lugar em minha
escola.
“Que escola é, então?”
“Ela se chama Hogwarts,” disse Dumbledore.
“Então por que o senhor está tão interessado em Tom?”
“Nós acreditamos que ele tem qualidades que estamos procurando.”
“Você quer dizer que ele ganhou uma bolsa escolar? O que ele fez pra isso? Ele nunca
conseguiu uma.”
“Bem, o nome dele foi gravado em nossa escola no momento em que ele nasceu-“
“Quem o registrou? Os pais dele?”

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A conversa se prolongou por quase uma hora. Quando, por fim, Dumbledore foi ver Tom, ele estava em seu quarto. A Sra.Cole bateu na porta que era a ultima do corredor que tinha mais outras cinco portas, cada uma delas abria para um dormitório.
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"Tom? Você tem uma visita. Este é Sr. Dumberton – ou melhor, Dunderbore. Ele veio lhe falar - bem, eu o deixarei fazer isto ".
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Tom estava ansioso para tal visita. Tinha absoluta certeza de que era alguém do hospício que viera busca-lo. O surto de catapora era para a Sra.Cole a prova definitiva que ele era louco.
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"Como você está, Tom ?” disse Dumbledore, caminhando para frente e oferecendo a mão a ele.
O garoto hesitou, então levado isto, eles apertaram as mãos. Dumbledore preparou a cadeira
de madeira dura ao lado de Riddle, então de forma que o olhou bastante como um paciente
de hospital e visita.
“Eu sou o Professor Dumbledore.”
“Professor?,” repetiu Riddle. Ele parecia cauteloso. “ É como Médico? O que está fazendo
o que aqui? Ela o deixou entrar para poder me examinar.”
Ele estava apontando à porta pela qual Sra. Cole a pouco tinha partido.
“Não, não,” disse Dumbledore, sorrindo.
“Eu não acredito em você,” disse Riddle. “Ela quer que eu seja examinado, não quer?
Fale a verdade!”
“Quem é você?”
“Eu já lhe disse. Meu nome é Professor Dumbledore e eu trabalho em uma escola chamada
Hogwarts. Eu venho para oferecer-lhe uma vaga na minha escola – sua nova escola, se você
quiser vir”.
A reação de Riddle foi surpreendente. Saltou da cama, para ficar longe de Dumbledore,
parecia furioso.
“Você não conseguirá me enganar. Do Asilo, é de onde você é. ‘Professor,’ sim, claro – bem,
eu não vou, viu? Aquele gato velho, ele sim deveria estar no Asilo. Eu nunca fiz qualquer
coisa a pequena Amanda Benson ou Dennis Bishop, e você pode lhes perguntar, eles lhe falarão!”
“Eu não sou do Asilo,” disse Dumbledore pacientemente. “ Eu sou professor e se você se sentar
calmamente, eu lhe falarei mais sobre Hogwarts. Claro, se você não decidir ir para a escola,
ninguém lhe forçará-“
" Eu gostaria de vê-los tentar, " zombou Riddle.
" Hogwarts, " Dumbledore disse como se não tivesse ouvido as últimas palavras de Riddle,
" é uma escola para pessoas com habilidades especiais -"
" Eu não sou louco "!
" Eu sei que você não está louco. Hogwarts não é uma escola para pessoas loucas. É uma
escola de magia ".
Houve silêncio. Riddle ficou gelado, a face inexpressiva, mas os olhos dele estavam indo
de um olho para outro de Dumbledore, como se tentasse pegar um deles mentindo.
"Magia "? ele repetiu em um sussurro.
"É" disse Dumbledore.
" É. . é magia, o que eu posso fazer "?
" O que é que você pode fazer "?
" Todo tipo de coisas, "Riddle respirou. Um rubor de excitação estava se subindo pelo
pescoço e nas bochechas dele; ele olhou febrilmente. " Eu posso mover arquivos sem os tocar.
Eu posso fazer animais fazerem o que eu quero que eles façam, sem os treinar. Eu posso
fazer coisas ruins acontecer às pessoas que me aborrecem. Eu posso lhes causar dor se eu
quiser ".
As pernas dele estavam tremendo. Ele tropeçou e se sentou novamente na cama e encarando
as mãos dele, a cabeça curvada como se em oração.
" Eu soube que eu era diferente, " ele sussurrou aos próprios dedos que tremiam. " Eu soube
que eu era especial. Sempre, eu soube que havia algo ".
" Bem, você estava bastante certo", Dumbledore disse,já não estava sorrindo mas olhando
Riddle atentamente. " Você é um mago ".
Riddle ergueu a cabeça. A face dele estava transfigurada: Havia uma felicidade selvagem
nisto, contudo por alguma razão não melhorou a expressão dele; pelo contrário, as
características finamente esculpidas dele pareciam mais ásperas, de alguma maneira, a
expressão dele quase bestial.
"Você também é um mago? "
" Sim, eu sou ".
" Prove, " Riddle disse imediatamente, no mesmo tom dominante que tinha usado ele quando
ele tinha dito, " Conte a verdade ".
Dumbledore ergueu as sobrancelhas. " Se, eu fizer isto, você estará aceitando seu lugar
em Hogwarts -"
" Claro que eu vou "!
" Então você me tratará como ' Professor' ou ' o senhor. '"
A expressão de Riddle endureceu por um momento passageiro antes que ele dissesse, em uma
irreconhecível voz cortes, " Eu sinto muito, senhor. Eu quis dizer - por favor, Professor,
você poderia mostrar para mim -?"
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Dumbledore acenou o que parecia ser um longo graveto finamente trabalhado e pôs seu guarda-roupas em chama.
Tom gritou; suas coisas estavam ali dentro!
Mas com um novo aceno de seu graveto, o guarda-roupa voltou ao normal. Dumbledore ainda o obrigou a devolver seus “troféus”. Depois ensinou-lhe como fazer para chegar no tal “Beco Diagonal” e por fim, entregou-lhe uma estranha lista de material escolar e instruções sobre como acessar o fundo de Hogwarts para alunos necessitados.
Quando o bruxo foi embora, Tom percebeu que sua mente estava vazia. É claro que deveria estar formigando de curiosidade, mas não estava. Também não estava catatônico de surpresa. Não. A idéia lhe parecia simples, nada de que ele já não suspeitasse. Ele era um bruxo. E ia para uma escola de bruxaria. Mesmo não estando tão surpreso quanto deveria estar, Tom deitou em sua nova cama e sentiu uma onda de euforia percorrer seu corpo. Ia juntar-se a seus iguais finalmente...



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