1a. Parte: Lembranças





Nós formávamos uma dupla diferente. Eu, apesar de já ter 20 anos, ainda era um adolescente. Ela tinha a mesma idade, mas com a maturidade de uma mulher de 40 anos, pensava antes de agir. Eu agia sem pensar. Pensar nunca foi o meu forte. Ela dava tudo de si nas coisas em que se propunha fazer. Eu sempre dava um jeitinho de não cumprir minhas obrigações. Ela era séria, compenetrada, organizada, certinha. Eu era relaxado, desastrado, todo errado e até meio vagabundo. O incrível é que por uma peça do destino, eu me apaixonei por ela. Eu sou Ronald Weasley. Ela é Hermione Granger.




I've kept it inside for the longest time

Eu mantive isso aqui dentro por muito, muito tempo




Amor. Eu nunca acreditei nesse cara, assim em relações homem-mulher. Pra mim essas baboseiras de romances e paixonites não iriam acontecer comigo. O engraçado é que convivi com esse “cara” dentro de mim durante anos e nunca o dei importância. Talvez por medo ou insegurança. O fato é que acreditava que nasci solteiro e assim iria permanecer até a morte. As mulheres iam e vinham. Ficar com uma só seria desperdício, já que existiam tantas outras. Meu melhor amigo também compartilhava das minhas idéias e quando saíamos juntos sentia essa idéia mais forte, como se fosse uma verdade absoluta e imutável. Mas aí quando ele tinha apenas 19 anos, traiu nossa ideologia. Casou-se. E pior: com minha irmã.


Tudo bem. Eu ainda a tinha na minha vida. Mas ela era diferente. Acreditava no amor. E quando eu começava com esses meus pensamentos anti-amor, perguntando-a como logo ela, tão cética em relação a tantas coisas, acreditava nessas besteiras, então ela sorria (às vezes eu falava nisso só pra vê-la sorrir) e me dizia que um dia eu iria me apaixonar e a entenderia. “Entenderia?! Como assim? Então você ama alguém?!” – um dia eu a perguntei. Ela me respondeu, serena, que amava a vida, o trabalho, seus pais, seus amigos (isso me deixou feliz). Então eu retruquei, dizendo que não era desse tipo de amor que eu falava. Aí ela disse uma coisa que me fez pensar: “Olha para os seus pais e acredita.”



Destino. Eu também não ia muito com esse cara. Mas talvez se eu o deixasse agir, sem interferir, talvez hoje eu estivesse com ela em meus braços e não aqui sentado e angustiado, ansiando falar com ela, as lembranças todas vindo à tona. Porque o destino tentou me mostrar tantas vezes o que eu tentava esconder. Porque apesar das idas e vindas a gente sempre se esbarrava. Porque depois das brigas a gente sempre fazia as pazes. No entanto teimei em levar a vida a meu modo e deu no que deu. Uma sucessão de erros.




And I can't keep keeping

E eu não posso continuar guardando

All this love that's inside my heart

Todo esse amor que está dentro do meu coração




Essa minha aversão por amor tinha uma explicação. E só agora me dou conta disso. Ainda me lembro como se fosse hoje daquela noite. Tinha 17 anos na noite em que finalmente a beijei...








>> A mesa tinha 4 lugares que estavam ocupados por 2 “casais”. As garotas estavam igualmente lindas. Eram Gina Weasley e Hermione Granger. Os garotos estavam igualmente embasbacados com a beleza delas. Eram Harry Potter e Ron Weasley. Era o baile de formatura de Harry, Ron e Mione e todos estavam igualmente entediados com aquela festa. As garotas, porque seus acompanhantes não as tiravam pra dançar. Os garotos, porque achavam essa coisa de dançar muito chata. Foi aí que Hermione quebrou o silêncio, levantando-se e dizendo com um sorriso no rosto:


- Ah, quer saber? Nós sempre vamos nos lembrar dessa noite pelo resto das nossas vidas, como a nossa última em Hogwarts, como um divisor de águas. E eu não vou ficar sentada. Vou fazer com que essa festa seja inesquecível. Ao menos pra mim.


E foi exatamente o que ela fez. Esqueceu-se naquela noite que era monitora-chefe e que se formou com as melhores notas da sua turma. Esqueceu-se da sua prudência e sobriedade. Embriagou-se com uísque de fogo, dançou todas as músicas, mesmo sem saber dançar e deu corda a todos os garotos que vieram falar com ela, fato esse que deixou Ron, seu acompanhante, muito irritado. Harry e Gina tentaram controla-lo o máximo que puderam, mas quando ele a viu dançando uma música lenta com um garoto que estava quase passando a mão onde não deveria, se descontrolou. Foi lá e a arrancou dos braços do rapaz e saiu puxando-a porta afora do castelo.


- Você é um estraga-prazeres! – disse Hermione, emburrada.

- Amanhã você vai me agradecer, sua pinguça!

- Sabe... – ela disse abraçando-o – Eu não estou bêbada, só um pouco tonta... – ela quase caiu, mas ele a pegou no colo e a sentou embaixo de uma árvore, junto ao lago, e sentou ao lado dela. Não adiantou muito: ela levantou. Ele, cansado, continuou sentado. Ela tinha que ficar desse jeito, logo nessa noite, logo no dia em que planejara declarar-se a ela... É, isso mesmo. Ron iria se declarar, dizer que estava apaixonado. Ele não sabia ao certo desde quando gostava dela, mas percebeu isso depois de fazer mais uma cena de ciúmes daquelas, por causa de Vítor Krum. Decidiu falar de seus sentimentos na noite do baile, porque seria o último dia em Hogwarts e se ela não o correspondesse, pelo menos não a veria todo dia nunca mais. Mas ela estar daquele jeito só podia ser um sinal de que ele não deveria falar nada. É, era melhor não falar nada mesmo. Nunca que uma garota como Hermione iria gostar de um cara como ele.




Maybe it's safer not to say that I care

Talvez seja mais seguro não dizer que eu me importo





- Esse dia... – ela disse sonhadoramente, abrindo os braços – É um dia do qual nós vamos lembrar daqui a muitos anos. Essa noite é uma dádiva. Olhe a lua e as estrelas refletidas nesse lago! Quando voltaremos a ver tamanha beleza? Olhe esse céu, a lua cheia... o tempo poderia estar mais perfeito? Eu poderia me apaixonar numa noite como essa... – ela disse, chegando mais perto e provocando um leve tremor nele e finalmente sentou ao seu lado.

- Não sabia que você poderia ficar tão poética, bêbada.

- Não é a bebida. É a sua presença que me inspira. – ela olhou nos olhos dele. Ele desviou o olhar dela, ficando vermelho instantaneamente. Ela sorriu.

- Ron, esse é o nosso último dia.

- Eu sei.

- A gente não vai mais se ver todo dia. Talvez até a gente não se veja nunca mais.

- Vamos nos ver sim! E se escrever também... sempre amigos!

- Falar isso agora é fácil. Mas a perda de contato vai ser inevitável. Mas é claro que sempre serei sua amiga, mesmo que perca o contato... – ela disse encostando a cabeça no peito dele. Ele estremeceu novamente.

- Mione... o que vai acontecer com a gente? Agora que terminamos o colégio? – ele perguntou, referindo-se à relação deles.

- Vamos encontrar uma profissão, trabalhar... – ela respondeu, mostrando que não entendeu muito bem a verdadeira intenção da pergunta dele.

- Se isso significar perder o contato contigo, então eu odeio crescer.

- Eu também não quero perder você... mas não vamos falar nisso agora. E aí, qual vai ser a melhor lembrança que você vai levar de Hogwarts? – ela perguntou. Ron não estava entendendo-a muito bem ela não estava falando coisa com coisa...

- A melhor lembrança... acho que foi quando nós ganhamos a taça de prata do quadribol no quinto ano...

- E o melhor momento?


Ron olhou o céu. Ele estava realmente lindo. O vento formava pequenas ondinhas no lago e também brincava com as mechas do cabelo de Hermione, que estava encostada nele, com a cabeça pousada em seu peito, de olhos fechados, com um sorriso se formando em sua boca...


- Este é meu melhor momento. – os dois disseram ao mesmo tempo.


Ela abriu os olhos e sorriu pra ele.


- Até me sinto lisonjeada...

- Hei, sabe o que eles dizem? – ele disse, interrompendo-a.

- O quê?

- Que quando duas pessoas falam a mesma coisa ao mesmo tempo, as duas têm de fazer um pedido.

- E ele se realiza? Você sabe que não acredito nessas coisas...

- Depende da sua fé.

- Então já sei o que vou pedir. E você?

- Já fiz o meu.


Ele abaixou a cabeça pra beija-la e ela fechou os olhos, pressentindo isso. Os lábios se tocaram e se entregaram à paixão do beijo. Ficaram se beijando segundos, minutos, horas? Não sabiam, nem importava. O que é o tempo para os apaixonados? Às vezes amigo, às vezes inimigo. A espera podia ser angustiante, mas a alegria do encontro compensava qualquer coisa. Que diferença há entre dia e noite, segundos e horas, amanhecer ou anoitecer, quando se ama alguém? As coisas se confundem, se fundem. E isso é que é mágico.


Eles pararam e ela sorriu um sorriso bobo, que ele retribuiu. <<







O que aconteceu depois daquilo? Ela vomitou no meu sapato e desmaiou. No dia seguinte ela não lembrava de nada. E eu morri de vergonha por ter me aproveitado de uma garota bêbada, que nem comentei nada com ela. Esperei anos por aquilo e fracassei totalmente. Foi aí que eu decidi que o amor não valia a pena. Comecei a sair com várias mulheres e aprendi muito sobre elas. Ela? Ela estava certa sobre nós. A gente ficou sem se ver durante um bom tempo. Mas o casamento de Harry e Gina fez a gente se esbarrar novamente. Nós conversamos muito e fiquei sabendo que ela morava sozinha e começara a estagiar no Profeta Diário, mas logo seria efetivada a colunista, segundo rumores. E por isso ela estava radiante e linda. Como sempre.




Maybe this road won't lead me anywhere, but...

Talvez essa estrada não me conduzirá a lugar algum mas...




Ela não sabia, mas me incentivou a ser mais independente com aquela conversa que tivemos. Eu trabalhava no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, ainda morava com meus pais e ganhava muito pouco, mas decidi alugar um apê pra mim e assim o fiz depois de alguns meses.


Mas aí veio o destino. Quando a gente acha que tem o controle de tudo, ele vem e nos mostra que estamos errados. O destino me fez escolher morar justamente no prédio da Mione. Precisamente no andar dela. Coincidência? Casualidade? Não. Destino. Hoje eu assumo isso. Fui vítima dele! Mas como fui feliz naquele ano em que fui vizinho dela!


Ela sabia dos meus casos e das minhas reflexões sobre o amor. Eu sentia que ela não aprovava, mas também não falava nada. Não a vi com homem nenhum durante esse tempo. Também, quando ela não estava trabalhando, estava comigo. A gente saía muito. Ela me mostrava lugares trouxas legais, nos divertíamos a valer juntos. As pessoas até pensavam que nós éramos namorados! Nós formávamos uma dupla diferente, mas nos completávamos, nos entendíamos. Eu a tinha e ela era minha amiga, minha psicóloga, minha mãe, meu céu, meu chão. Já não brigávamos como antes, mas nossas discussões eram freqüentes. E se um de nós saísse chateado de uma delas, cinco minutos depois já estávamos rindo da cara um do outro de novo. Acho que no fundo ainda a amava, mas não queria sofrer de novo por esse amor. Quantas vezes tive ímpetos de beija-la, tocar-lhe os cabelos, abraça-la... era impossível, Hermione devia me considerar como irmão...





If I don't tell you now

Se eu não te disser agora

I may never get the chance again

Talvez eu nunca tenha essa chance novamente





Aí aconteceu de eu ter que viajar pra França a negócios. Lá eu conheci Suzanne, uma francesinha linda, morena de olhos azuis, e me encantei com ela. Só não esperava é que ela se apaixonasse por mim. Depois de termos saído algumas vezes, ela me pediu em casamento. Disse que eu poderia me mudar pra lá e que trabalho não seria problema. Realmente não seria, afinal o pai dele era um grande manda-chuva do ministério de lá. Seria uma ótima oportunidade pra mim, profissionalmente e financeiramente (afinal nunca gostei de ser pobre), mas não sentimentalmente. Então eu, Ron Weasley, me surpreendi dizendo que não me casaria, porque não a amava. Daí ela se virou pra mim e falou:


- Ora, o que é o amor, meu caro? São apenas quatro letras e duas sílabas, que ninguém sabe explicar! O que nós temos não é melhor do que isso?



O que é o amor? O único momento de amor na minha vida foi naquela noite em Hogwarts. Porém aquilo não passou de uma ilusão, porque ela não se entregou ao àquele momento como eu. Ela estava bêbada. Nunca teria ficado comigo se estivesse sóbria.


Amor era ilusão e Suzanne era uma tentação de linda. Ela era meio maluquete, o que dava vontade de fazer loucuras também. Então eu aceitei cometer a loucura de me casar.







>> - Eu não acredito em você!!! – foram as palavras de Hermione quando soube que Ron ia se casar. Ele fora na casa dela contar. Ela era a primeira pessoa a saber.

- Que foi? Não me julga responsável o bastante pra casar? – ele perguntou, surpreso com a reação dela.

- Não é isso... é porque você... você a ama, Ron?

- Sinceramente... não. – ele disse parecendo desanimado.

- Então eu não entendo...


Ela o olhou com um olhar profundo, diferente. Então seus olhares se cruzaram e ele viu alguma coisa naquele olhar que o fez se arrepender de ter aceitado se casar, que o fez ter muita vontade de abandonar tudo e voltar atrás. Se ela ao menos dissesse que o amava, se pedisse pra ele ficar, então ele desistiria de tudo.




To tell you that I need you

De lhe dizer que eu preciso de você




- Ela é legal! E se eu for pra França, terei melhores oportunidades, melhores trabalhos e sabe... o pai dela é muito rico. – ele se sentiu um monstro ao dizer essas palavras. Parecia que estava mais interessado no dinheiro, do que na futura esposa! – É a primeira pessoa a quem eu conto isso. Quero saber sua opinião.


Como ele queria que ela gritasse e fizesse uma cena de ciúmes, o xingasse por ser tão interesseiro. Então eles brigariam e depois fariam as pazes. Ele diria que a amava, sempre amou e se ela correspondesse talvez poderiam acabar com aquela noite, naquela cama que agora ele podia ver pela fresta aberta da porta do quarto dela.




To tell you what I'm felling

De lhe dizer o que estou sentindo

If I keep these feelings in

Se eu guardar esses sentimentos

And if I don't say the words

E se eu não disser as palavras

How will you hear what's inside my heart

Como você escutará o que está dentro do meu coração?




- Quem sou eu pra dar opinião na sua vida? Eu só posso te dar os parabéns e te desejar toda a felicidade nessa sua nova fase... – se ela dissesse essas palavras em tom de ironia ou desprezo, ele ficaria chateado. Mas ela disse com meiguice, abrindo um lindo sorriso. E isso o fez se sentir muito pior do que chateado. O fez sentir-se como um miserável. – Sabe... – ela continuou – Um dia nós vamos lembrar dessa noite. Eu. Você. Nós dois. Os caminhos se separando. Novamente. É estranho dizer isso, mas é uma coisa que veio agora na minha cabeça... – parecia que ela ia continuar a falar mas parou de repente.




How will you know that

Como você saberá isso?

If I don't tell you now

Se eu não te disser agora





Então ela o abraçou e eles mantiveram o abraço durante muito tempo. Ron achou estranha a forma como ela o abraçou. Era como se não quisesse deixa-lo ir. Ele também já não queria mais ir. Nenhum dos dois queria se separar naquele momento, afinal ficariam separados pelo resto da vida. Aquelas palavras doces que ela disse provocaram nele um efeito semelhante a um soco no estômago. Se sentia como um desgraçado, como se tivesse perdido todas as suas forças. Sem forças pra jogar tudo pro alto e lutar por ela. Sentiu seu coração partir, nunca esteve tão mal. E ela ao se despedir dele sentiu uma grande parte do seu coração ir embora com ele. <<







Ela não foi ao meu casamento. Disse que não foi porque estava doente. Nós perdemos o contato novamente, mas ela não me saía da cabeça. Acho que nunca saiu.


O casamento foi bom nos primeiros meses, mas depois começou a ficar um inferno. Minha mulher era mimada demais, cheia de vontades, típica garota rica e fútil. Eu comecei a ganhar muito dinheiro e a fazer parte do mundo deles... e odiei!!! Era tudo muito falso, aquelas pessoas só viviam de aparências. Tive de aprender e me acostumar com tudo que era fino, a comer pouco e só coisas ruins e francesas. Tudo o que eu desejara desde sempre se realizou: eu era rico e tinha uma bela mulher. Mas aí eu descobri que nada disso me fazia feliz, pelo contrário, eu me sentia como um prisioneiro naquele mundo. Era feliz e não sabia. Que saudades de conversar com Hermione, de devorar cachorros-quentes com ela ás duas da manhã, dos almoços na Toca, dos loucos programas trouxas que fazíamos... mas agora essas são apenas boas lembranças.


Nós estávamos em mais uma daquelas recepções chatas, quando o destino, esse menino travesso, resolveu aprontar mais uma das suas comigo. Eu pensava que seria mais um dia chato e normal na minha vida, quando eu a vi e não pude crer imediatamente, até que ela também me viu e junto com seu sorriso, trouxe a paz novamente pro meu coração.







>> Ron estava numa rodinha com a mulher, o sogro, e outros caras importantes lá da França, num coquetel que ele nem sabia pra que era, se sentindo totalmente deslocado, quando viu Hermione entrar acompanhada de um homem que ele não conhecia no salão. Ele ficou chocado pois ela estava muito diferente, super arrumada, deslumbrante de vestido longo e decotado. Nem parecia aquela Hermione de jeans e cabelos totalmente despenteados com quem ele conversava horas no seu apartamento em Londres.


Ela o viu, sorriu e foi de encontro à ele.


- Ah, Ron! Que saudades!


Ele sentiu seu coração bater mais forte e uma alegria que há muito tempo não sentia. Queria abraça-la e gira-la no ar, mas agora era rico e educado, então pegou sua mão e a beijou.


- Nossa! Que cavalheiro!

- Também senti sua falta... mas o que faz por aqui?

- Não acredito que você não sabe! O meu artigo sobre a libertação dos elfos, ganhou um prêmio e será um dos homenageados essa noite!


Normalmente Ron faria uma careta ao ouvir de novo sobre aquela obsessão da Mione por elfos, mas ao vê-la tão feliz, não pôde deixar de sorrir.


- O meu marido não é muito de leituras... – disse Suzanne, que estava ao lado de Ron, ouvindo a conversa.

- Perdão, permita-me apresentar-lhe minha esposa, Suzanne, esta é Hermione Granger.

- Muito prazer. – disse Hermione, sorrindo – Gostaria de apresentar-lhes também o meu... chefe! – ela disse ainda sorrindo – John Tyler – e apontou para o homem que lhe dava o braço.


Ele queria ficar conversando a sós com ela a noite inteira, mas isso não foi possível. Todos iam cumprimenta-la pelo artigo e ainda teve a homenagem... ela parecia tão feliz... ao contrário dele. A mulher também, não o largava. Grude chato! E quem era aquele tal de John ridículo que estava com ela?! Passou o resto da noite procurando defeitos no homem, emburrado.


Quando já estava aquele clima de fim-de-festa, todos se despedindo, ele a viu sozinha em uma sacada, olhando as estrelas. Deu uma desculpa qualquer à mulher e foi fazer o que ele desejou durante toda a noite: falar com ela.


- Quem diria, hein Mione... famosa...

- Fama não me interessa, Ron. Só me interessa conscientizar as pessoas... e olha pra você! Todo diferente, primeira classe, falando de mim!

- Olha pra gente... quem diria que há dois anos atrás, nós éramos dois zés-ninguém?


Ela se limitou a sorrir e a olhar o céu novamente.


- Cadê seu acompanhante? – ele perguntou ironicamente.

- Acho que me trocou por algumas garrafas de champanhe... esse céu... – ela disse ainda olhando pra cima.

- O quê tem? – ele disse olhando pro céu também.

- Ta lindo... esse céu de Paris. Me lembra uma certa noite...


Ele a olhou assustado. Será que ela lembrava?! Mas ela olhou e mudando de assunto, perguntou:


- E você, tá feliz?

- É eu tô... ta tudo indo muito bem... – ele mentiu – E você?

- Tô levando.


A conversa tomou vários rumos até que chegou nas lembranças que tinham de Hogwarts e do inseparável trio que formavam com Harry. Ficaram nessa de sessão nostalgia durante algum tempo, lembrando somente das coisas boas, com um brilho nos olhos e um sorriso na boca.


- Porque lembrar é tão bom? – ela perguntou com ares sonhadores.

- É o que faz a gente perceber que a vida vale a pena.

- Concordo com você, mas em parte, pois se nós estamos lembrando é porque algum dia a gente já viveu. E é passado, não volta, por mais que a gente queira... só volta na nossa memória. Lembrar é bom, mas viver em função de lembranças, esquecendo o presente e o futuro não torna nossa vida melhor. O que faz mesmo a vida valer a pena é o agora, nós dois aqui filosofando e olhando as estrelas. Aí então, algum dia no futuro, essa noite passará a ser uma lembrança. – ele não percebeu, mas Hermione dizia aquelas palavras mais pra ela mesma.

- Uma boa lembrança – ele completou.


Ela sorriu e voltou o seu olhar para o céu. Ele achou que a luz do luar que lhe tocava o rosto a deixava simplesmente linda. Já estavam em silêncio há um bom tempo. No que ela estaria pensando? Ou seria em quem?


- Aquele cara... é... seu...

- Namorado? – ela completou, adivinhando o pensamento dele – Não o John é só meu amigo, além de chefe.

- Ah, que bom! – ele disse sorrindo. Mas aí caiu em si e completou – Porque ele é meio esquisito, né...


Ela deu uma gargalhada e disse:


- Será que algum dia você vai mudar? Tomara que nunca... <<







Depois daquele dia eu não consegui pôr a máscara de novo e voltar a ser o Ron da alta sociedade. Aquela pergunta: “Ta feliz?”, ecoava na minha cabeça. “Não, Hermione, eu não to feliz, eu não sou feliz, sou apenas um fantoche que faz o que os outros mandam, um hipócrita, que finge ser uma coisa que não é em tempo integral e ainda mente sobre isso pra sua melhor amiga.”


Me sentia mais péssimo que o costume. Parecia que ia explodir a qualquer momento. E acabei explodindo mesmo, numa noite em que briguei feio com Suzanne e descontei tudo nela. Aí me sentindo pior ainda, assumi pra mim mesmo que só uma pessoa poderia me ajudar.







>> Ron desaparatou na casa dela, no momento em que ela entrava.


- Mas o quê... – ele não a deixou terminar a frase. Foi ao seu encontro, a abraçou e chorou todas as suas mágoas em seu ombro.

- Olha eu não sei o que aconteceu, mas agora ta tudo bem... por que a gente não senta?


Ela o conduziu até o sofá e sentou-se ao lado dele.


- Quer me contar o que houve?

- Ah, Mione... você é um anjo, sabia? – ele a abraçou novamente e chorou mais um pouco. Ela acariciava os seus cabelos. Sentir o calor do corpo dela era o céu. Sentir o corpo dela tão próximo, junto ao dele... era melhor sair logo daquele abraço, senão faria alguma besteira.




I'd give anything to be in your dreams

Eu daria qualquer coisa pra estar em seus sonhos




- Eu menti quando te disse que era feliz. Acho que sou o mais infeliz dos infelizes. Não amo minha mulher e duvido muito que ela me ame. Estou sempre cercado de pessoas interesseiras e invejosas. Não tenho um único amigo lá, sempre estou rodeado de gente falsa e eu próprio vivo sob uma máscara de falsidade, sempre fingindo ser o que não sou... me sinto tão sozinho... preciso de você... não sei como você ainda me agüenta...




And I can't stand standing by

E eu não posso agüentar essa situação

With this dream that's inside my heart

Com esse sonho dentro do meu coração




- Hei, não fale isso! Sempre amigos, lembra?

- Lembro, claro que lembro! A questão é: você lembra? – ele perguntou surpreso.. a última vez que falaram nisso foi naquela noite da formatura.

- Claro que lembro... eu não estava tão mal assim pra esquecer.

- Eu pensei que você tinha esquecido! Você não falou nada comigo no dia seguinte...

- Não falei porque morri de vergonha por ter vomitado no seu pé e desmaiado... e depois você não falou nada comigo... pensei que queria esquecer aquela noite, que achou que o beijo foi coisa de momento... – ela disse olhando pro chão.

- Claro que não! Eu pensei que você não lembrava de nada! Não percebe?? Se não houvesse esse mal-entendido, talvez tudo poderia ser diferente entre nós!


Ela continuou olhando pro chão. Ele pôs as mãos cobrindo o rosto e os dois ficaram em silêncio durante algum tempo. Até que ele tomou coragem pra perguntar uma coisa que deveria ter perguntado há muito tempo. E se a resposta para aquela pergunta fosse um não, mesmo esperando por isso, ele sairia de lá mil vezes pior do que entrou.


- Mione, naquele dia em que eu te contei sobre o casamento, ou mesmo antes, na escola, você me amava? – ele perguntou muito rápido, com medo, mas também curioso.




Maybe I'm only gonna make a mistake

Talvez eu vá apenas cometer um erro

And there's a chance maybe my heart will break, but...

E existe uma chance, de que talvez meu coração irá se machucar, mas...




- Será que eu preciso mesmo responder a essa pergunta com palavras? A resposta ta na minha cara, Ron. Olha nos meus olhos e vê.


Então ele a olhou nos olhos e viu o mesmo olhar da noite em que a contou sobre o casamento. Olhar profundo, diferente, olhar de amor. Os olhos dela estavam embaçados de lágrimas querendo cair. Ele se sentiu amado e feliz, como se daqueles olhos castanhos emanasse uma onda de calor que o aquecia e tinha o poder de cura-lo de todas as feridas. Como ele não percebera isso antes? Ela o amava, sempre amou! E mesmo sofrendo ao vê-lo com outras ou casado, não deixou de amar, de acreditar nesse amor. Esteve sempre ao lado dele, dando sua amizade, sem cobranças, sem pedir nada em troca...




If I don't tell you now

Se eu não te disser agora




- Eu te amo... – os dois disseram ao mesmo tempo. Ela sorriu e fechou os olhos, deixando a lágrima cair.

- Sabe o que eles dizem, né? – ele perguntou, sorrindo. Ela assentiu com a cabeça, abriu os olhos e sussurrou:

- Faça um pedido.


Ele a abraçou e beijou-lhe a nuca, o pescoço, a bochecha, o cabelo, a boca. Ela se entregou totalmente ao beijo, às suas carícias, à ele.


Nem em seus melhores sonhos Ron imaginara que o corpo dela fosse tão perfeito, sua pele tão macia, seus carinhos tão bons. Aquela noite foi a melhor noite de amor que ele já teve, justamente por ser a única.


Amanhecia e ele estava acordado olhando pra ela. Estava tão sedutoramente linda dormindo... os cabelos soltos se espalhando pelo travesseiro, os lábios a formar um meio sorriso. Era quase um sonho estar ao lado dela, mas naquele momento em que os primeiros raios de sol entravam no quarto, ele começava a despertar para a realidade. Ele era casado. Não gostava nem um pouco disso, mas não mudava o fato de ser casado. Não iria transformar Hermione em uma amante. Ela era pra ser a primeira, mesmo porque sempre foi em seu coração. Merlim! Ela viera pura aos braços dele! Como ele pôde se deixar levar pelo desejo? Não, na verdade foi muito mais do que isso que ele sentiu quando a levou pra cama. Mas mesmo assim não justificava o fato de ele ter sido um cafajeste. Como iria encara-la quando ela acordasse?


Ela despertou lentamente. Soltou um grande bocejo, se espreguiçou, abriu os olhos e sorrindo-lhe disse:


- Bom dia...


Ele vendo-a sorrir encabulada, com as faces vermelhas, não pôde resistir a tocar-lhe os cabelos novamente, acariciar seu rosto... Que vontade de jogar tudo pro alto e ficar ali, pra sempre! Mas acordou pra realidade e levantou-se subitamente.


- O que houve? – ela perguntou, sentando-se ao lado dele.

- A gente precisa conversar.

- Eu sei. – ela disse com a voz carregada de emoção. <<







A nossa conversa foi um completo fiasco. Eu pedi perdão, disse que não devia ter me aproveitado dela daquela forma e ela interpretou isso de uma forma totalmente errada. Disse furiosa, que não tinha nada o que perdoar, pois se entregara a mim de livre e espontânea vontade, mas que se eu me arrependi tanto assim por ter passado a noite com ela, que voltasse pra França e pra minha mulher. Tentei consertar o que eu disse, mas só piorei a situação. Nós tivemos a nossa pior briga, falamos coisas horríveis um para o outro , até que ela me expulsou de sua casa.


Naquele dia chorei por mim, por ela, por nós. Por tudo o que poderia ter sido e não foi por nossa culpa.


Decidi que não ia deixar acabar daquele jeito. Eu a amava, apesar de tudo e o nosso amor era e única certeza na minha vida. Pediria o divórcio à Suzanne e jogaria sim, tudo pro alto pra ficar com ela. Faria o que fosse preciso pra reconquista-la. Reconquistar a minha vida. Lembranças já não bastavam pra mim. Iria correr atrás do meu futuro. Do meu amor.









N/A: E aí gente, o q vcs acharam??? Eu amei escrever! Resolvi escrever do ponto de vista do Ron, pq já tava cansada de escrever do ponto de vista da Mione em Ritual... A fic é pequena, só vai ter + um cap (esse do ponto de vista dos dois).

Ai! Q emoção!!! Essa é minha primeira songfic!!!! Ainda + c/ essa música q eu amo... (ela faz parte da trilha sonora de Amor ou amizade – q eu adoro – c/ o gato do Freddie Prinze Jr. – lindu!! – e tbm já fez parte da trilha sonora da minha vida... hehehe ...)

Esse negócio de pedido eu tirei da minha kbça, hein... Ah, e o nome do chefe dela (Tyler) pq eu tava ouvindo Hole in my soul na hora e ñ tinha idéia de nome, então...

Comentem meu povo!!! Por favor!!! É mt importante p/ mim, opiniões... e aguardem q já já o último cap ta no ar! =) Bjuzzz da Ju!










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