Décimo Dia



Capítulo 11 - Décimo Dia

Gina se vestiu e desceu para tomar o café, quando chegou lá, todos a olhavam como se ela fosse algum tipo de monstro, não deu a mínima. Sentou-se ao lado de Crabble e Goyle e serviu-se de um pouco de chá.
Os dois meninos se olharam com cara de bunda, levantaram e saíram, sentando-se no outro extremo da mesa, o mais longe possível do loiro que parecia não dar a mínima.
Terminou o seu café como se nada tivesse acontecido, se levantou e, quando estava passando pela porta principal, trombou com Draco, que olhou para ela meio hesitante.
"Isso não é real. É só um papel, Gina... Agora, beije-o!", pensou ela, respirando fundo.
Respirou fundo, enlaçou Draco pela cintura e beijou-o. Deu para perceber a surpresa dele, mas logo ele correspondeu, Gina respirou fundo ao soltá-lo e olhou para si mesma enojada.
Era como beijar um espelho, só que ele correspondia... O que dava uma sensação tosca e nojenta para aquela ação.
"Estou me sentindo uma lésbica egocêntrica, ótimo!", pensou a garota, revoltada.
"Precisamos conversar", murmurou ela, assim que o soltou, depois saiu andando em direção aos jardins e fingiu que nada aconteceu enquanto todos a olhavam espantados.
"É só uma peça... Nada disso está acontecendo... É um terrível pesadelo abstrato... Nada disso é real... Nada disso está acontecendo... É sua uma ilusão da minha mente conturbada", dizia ela, num mantra.
Gina sentou-se num bando e começou a brincar com a sua varinha, enquanto esperava por Draco que chegou cerca de cinco minutos depois. Ele parecia bem desconcertado.
"É bem difícil ficar naquele salão com todo mundo me olhando como se eu fosse um doido varrido", comentou ele, angustiado.
"Supostamente, você é. Porque você é uma Weasley ruiva, pobre e bangela - como você sempre me disse minha vida inteira - e você um Malfoy loiro, de olhos azuis e rico, somos loucos por estarmos juntos. Você devia saber disso.", resmungou Gina, sem nem erguer os olhos do lago.
Draco ficou em silêncio e deu um tapinha fraco no ombro de Gina.
"Eu estava enganado... Você não é... bem... bangela", disse ele, com um sorriso.
"Não tente melhorar", cortou Gina "Nada vai mudar o fato de que nos odiamos e que, quando voltarmos aos nossos corpos, isso continuará acontecendo".
"Não acho que conseguiremos voltar aos nossos corpos com esses pensamentos", desaprovou ele "Olha, você tem que arranjar um lado bom nisso tudo. Eu deveria estar agindo dessa maneira, além do mais, eu estou no corpo de uma..."
Gina olhou para ele com os olhos repletos de tristeza. Ele se calou, xingando-se imensamente pelo o que tinha falado à garota.
"Vamos, termine... Você ia dizer: 'uma Weasley pobre, feia e mal vestida', não ia?", perguntou ela, abraçando os joelhos e olhando para o mar e, então, Malfoy teve um relance, rápido porém claro, da garota Weasley ali, sentada, abraçada às pernas e olhando para o Lago, como se buscando por socorro. E ele nunca a havia achado tão atraente como naquele momento.
"Na verdade, eu ia dizer que estava no corpo de uma garota muito atraente e é desconcertante receber tantos olhares mal intencionados... eu falei isso em voz alta?", perguntou-se ele, assustado.
Gina sorriu.
"Disse, disse, sim", então, para a surpresa de Gina, Draco também deu um sorriso.
"Bom... Não é mentira"
"Mas vai começar a ser se você continuar dando esses meios sorrisos, eles simplesmente não ficam bem em mim. Invente um novo sorriso", ponderou a garota, séria.
Ele riu de novo, mas não para mostrar outro tipo de riso, mas porque havia gostado do comentário dela. Era espirituoso, embora cheio de sarcasmo.
"Eu também te amo, Weasley"
"Não, não ama. Se amasse não me chamaria pelo segundo nome e nós não estaríamos desse jeito"
"Sim... É verdade"
"De qualquer maneira, é melhor darmos um jeito de terminar com esse namoro caluniado"
"Na verdade... Eu acho que devemos continuar com ele... É um ótimo jeito de nos conhecermos melhor"
"Okay... Que bicho te mordeu?"
"Eu só pensei..."
"Olha, você não pensa! Eu penso por nós dois. Vamos fingir que terminamos o namoro, mas, antes disso, nós temos que ir ao baile. Temos que ir ao baile juntos, porque eu não acredito que alguém vá querer sair com a gente depois disso", disse Gina rapidamente.
Gina olhou para ele, como quem perguntava se ele estava bem.
"Será que eu o estou assustando?", perguntou-se, preocupada.
"Sim, você está me assustando.", disse ele, respondendo a resposta mental dela.
"Como leu meus pensamentos?"
"Não li... deu para ‘lê-los’ na sua cara", adicionou Draco.
"Certo, algo que você não tenha entendido?"
"Sim... Se você quer passar esse 'tempo juntos', como namorados poderíamos fazer isso melhor! Poderíamos passar mais horas do dia juntos!", argumentou ele.
"Definitivamente... ele deve estar quase morrendo!", pensou Gina, exasperada.
"Certo... Se você acha que é melhor assim... Vai agüentar a barra?"
"Barra? Que 'barra'?", perguntou Draco, confuso.
"Se chama Ronald Weasley, é ruivo e está vindo em nossa direção", informou Gina, se levantando para encarar o irmão.
"Vamos embora, Gina!", rugiu o irmão "Quero você longe do Malfoy!"
"Larga ela, Weasley! Nós estamos juntos!", disse Gina, puxando Draco de maneira que Rony não pudesse alcançá-lo.
"Olha, Malfoy, você está começando a me irritar! Solta a minha irmã!", rosnou Rony.
"Olha, eu não sou de ninguém! Ron...Ronald, vá embora! Eu estou muito bem aqui com Draco e é bem aqui que eu vou ficar!", disse Draco, secamente, o que surpreendeu tanto a Gina - porque seria exatamente assim que ela agiria, caso isso acontecesse - como a Rony - que nunca vira a irmã tão fria em toda a sua vida.
"Eu vou embora, sim, Gina... Mas nós nos falamos quando você for dormir!"
"Então eu acho que eu não vou dormir! Você não está entendendo, Ronald? Eu não pertenço a você! Eu não pertenço a ninguém e você não tem o direito de falar com quem eu ando, namoro ou nada do tipo!", berrou Draco.
Para ele era relativamente fácil fingir que era Gina, porque já tinha presenciado algumas brigas dela com Ronald, mas também porque era só imaginar que o Weasley era seu pai e estava falando exatamente tudo o que tinha vontade de falar para ele, se pudesse fazê-lo.
"Eu não quero o seu dinheiro sujo, e nem mesmo quero ser um comensal da morte!", berrou ele, e só mais tarde percebeu o que fez. Tarde demais para voltar atrás, Draco deixou a boca com a mão e recuou até sentir seu corpo trombar contra o de Gina.
"O quê... você... disse?", perguntou, lentamente, Ronald.
"Nada. Eu não disse absolutamente nada. Você deve estar louco...", resmungou, enquanto dava cotoveladas em Gina, para que ela desse um jeito na situação.
"Você ouviu o que ela disse, Weasley. Ela disse que está comigo e nem você, nem ninguém, vai mudar isso. Agora some da nossa frente, porque, se você não percebeu, nós estávamos namorando. Você sabe o que é isso? Quando uma pessoa sai com alguém de quem gosta? Ou será que nem para isso aquela trouxa sangue ruim presta?"
"Não fale assim da Hermione..."
"Como se fizesse alguma diferença o que falo ou deixo de falar. É você que não repara nela, não eu".
Rony ficou boquiaberto, enquanto Gina pegava a mão de Draco e o guiava para longe de Rony.
"Vamos para um lugar mais calmo".
"Mandou bem...", sussurrou Draco, quando estavam longe de Rony.
"Obrigada, você também não foi nada mal... além daquele deslize...", os dois se calaram e, naquele instante, Gina sabia que não deveria perguntar para ele sobre aquilo.
Era algo que o perturbava e eles não precisavam de coisas perturbadoras agora, precisavam se entender e ela se esforçaria ao máximo para fazê-lo.

Continua...

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