Sexed Up

Loose lips sunk ships

I'm getting to grips

With what you've said

No it's not in my head

I'll lay on bed, but I'm OK

Why don't we talk about it?

Why do you always doubt that there could be a better way?

It doesn't make me wanna stay



A noite em Londres estava fria. Pela janela, Ronald Weasley observava os flocos de neve caindo lentamente. Ele se deitou na cama, cansado. Sob seus olhos, olheiras começavam a se formar. Hora após hora, dia após dia, lembrava-se da conversa que tivera com Hermione Granger. Já haviam se passado quatro semanas.



"- Precisamos conversar. - ela disse seriamente quando se encontraram. Seus olhos estavam ligeiramente avermelhados e Rony tinha a impressão de que estavam marejados.

- Por que você não senta? - ele perguntou, gentilmente, puxando a cadeira com a mão. Ela o olhou e algumas lágrimas começaram a cair de seus olhos. Sentou-se, sem jeito, enquanto tentava ao máximo não olhá-lo diretamente. - Sobre o que precisamos conversar?

- Sobre nós. - respondeu automaticamente, como se houvesse praticado aquelas falas durante algum tempo. - Não podemos continuar como estamos. Simplesmente não podemos. - completou em voz trêmula.

Rony tomou um pouco do café quente que segurava. O inverno aquele ano estava sendo rigoroso desde o início. Sem dirigir-lhe o olhar, falou friamente.

- Podemos resolver tudo. - Mas suspirou logo em seguida, duvidando um pouco de suas próprias palavras. - Precisamos resolver tudo.

- Rony, eu não agüento mais. - ela falou, as lágrimas agora correndo livres por seu rosto. - Você não sabe como isso é difícil para mim, mas não podemos continuar como estamos. Simplesmente não podemos. Estamos sempre brigando ou fazendo as pazes. - argumentou, tocando-lhe a mão.

- Quem diria, hein, Mione? Você, a sabe-tudo de Hogwarts, incapaz de achar uma solução para um problema no nosso relacionamento. - Rony estava cheio de sarcarmo e rancor, mas ela sabia o que aquilo significava.

- O problema é que somos muito parecidos. - ela sussurrou, levantando-se. - Adeus, Ronald Weasley. - E foi embora."



Rony fechou os olhos, com raiva de Hermione, com ravia de si mesmo. Adormeceu, tentando esquecer os péssimos dias que haviam se passado e os péssimos dias que viriam.



Why don't we break up?

There's nothing left to say

I've got my eyes shut, praying they won't stray

and we're not sexed up

That's what makes the difference today

I hope you blow away



Terminar era, sem dúvida, a saída mais fácil para ambos. Não era novidade alguma que Hermione Granger e Ronald Weasley podiam passar horas discutindo, para logo em seguida darem as costas um ao outro e ir ambora. Depois de tantos anos, não havia mais nada banal para ser discutido. Com o tempo, as discussões se tornaram um pouco mais sérias, assustando até mesmo os amigos do casal. Hermione, trabalhando no Ministério, viajava muito pelo Reino Unido enquanto Rony, jogando pela Seleção Inglesa de Quadribol, viajava muito pelo mundo. Durante alguns meses, passaram as noites ora discutindo, ora conversando, aquela situação. Logo aquele assunto também havia se esgotado com uma única conclusão: eles nunca chegariam a uma conclusão. Parecia que algo fora embora com a convivência. E ele queria simplesmente esquecer tudo aquilo.



You say we're fatally flawed

Well I'm easily bored, Is that okay?

Strike me off your list

Make this the last kiss

I'll walk away



Assim que os dois começaram a namorar, as piadas (e apostas) sobre a duração do relacionamento dos dois não demoraram a aparecer. Em Hogwarts, diziam que os dois eram tão opostos quanto Sonserinos e Grifinórios - embora os dois dissessem, entre risos, que isso não era verdade, pois nenhum deles namoraria um Sonserino.

Quando a onda de excitação causada pelo início da namoro passou, o casal teve de admitir que parte da diversão do namoro também passara. E quando Rony notou isso, e foi falar com Hermione, ela dissera que aquilo passaria também, e que não havia porque se preocupar.



Rony lembrou-se de tudo o que havia acontecido entre os dois, e como Hermione lhe dava nos nervosos. Quando acordou, no dia seguinte ao término um tanto quanto frio da relação, sentia algo que nunca pensara sentir por alguém, muito menos por Hermione. Sentia raiva da jovem. Ela, então, que o esquecesse, pois ele também a esqueceria. Mas ele ainda tinha o último beijo do casal muito vívido na mente.



“Era Natal - mais exatamente três semanas antes do rompimento. Estavam todos na casa dos Weasley, rindo alto, comendo e bebendo durante o almoço. A alegria enchia cada canto da pequena sala que ocupavam. Rony chegara da última eliminatória para a Copa Mundial dois dias antes, e Hermione chegara de sua última viagem à Escócia na noite anterior. Depois que todos estavam saciados, as sobremesas foram postas à mesa, fazendo com que todos os presentes brincassem com a fartura de comida e a falta de espaço na sala. A jovem acabara de se servir quando uma coruja de penagem marrom escura bateu com o bico na janela.

- Ministério. - ela disse, pedindo desculpas aos presentes e levantando-se da mesa. Foi até a cozinha, onde poderia ter um pouco de privacidade e silêncio para ler o pergaminho.

- O que houve? - Rony perguntou, entrando na cozinha silenciosamente e prevendo a resposta.
- Estamos sendo requisitados na Irlanda. - respondeu, dobrando o pergaminho e guardando o no bolso da calça jeans, pois uma das únicas coisas que ainda mantinha de seu tempo de trouxa era a forma de se vestir.

- E quando vocês se encontram?

- Daqui a três horas. Voltamos quatro dias. - ela avisou, temendo a reação do namorado.

- Mione, você acabou de chegar... - disse ele, tocando-lhe o ombro com tristeza. - Tem certeza de que precisa ir? Passamos mais tempo separados do que juntos. Queria poder passar um tempo com você, só com você...

Os olhos dela marejaram, e quando voltou a falar, Hermione Granger tinha a voz um pouco trêmula.

- Eu preciso ir, Rony... Eu volto logo, você sabe disso. Daqui a quatro dias eu volto, como eu disse. Ainda poderemos passar o final do ano juntos...

- Só no caso de você não voltar, então... - disse ele, enlaçando-a pela cintura e a beijando em seguida. - Feliz Ano Novo. - disse, saindo da cozinha para juntar-se aos familiares.”



Why don't we talk about it?

I'm only here

Don't shout it

Given time we'll forget

Let's pretend we never met



No final, não mais se falavam. Parecia que o diálogo entre o ruivo e a sabe-tudo havia desaparecido. E, quando estavam juntos e começavam a conversar, não era bem isso que acontecia. Em determinado dia, assim que Hermione voltara da viagem à Irlanda, a pior discussão entre os dois irrompeu.

“- Oi, Rony. - ela disse ao chegar na casa dele. O homem estava sentado no sofá.

- Você sabe que dia é hoje? - perguntou, sem respondê-la e sem olhá-la nos olhos.

- Dia dois de janeiro.

- Você ia voltar dia vinte e nove de dezembro, lembra? - falou, carrancudo, levantando-se do sofá e ficando frente a frente com ela. Continuava muito mais alto que qualquer um de seus colegas de turma mas, com a prática diária de quadribol, ganhara corpo. Hermione, em frente a ele, beirava a fragilidade.

- Rony, por favor, não vamos começar. Acabei de chegar em Londres, tive uma viagem cansativa, vim te fazer uma visita... É é assim que você me trata?

- As eliminatórias recomeçam amanhã, em Praga. - falou, e logo em seguida apontou para duas malas que estavam no canto da sala. - Parto daqui a uma hora e meia.

- Então como você pode falar das minhas viagens? - tentou brincar com um sorriso tímido nos lábios.

- Você realmente quer comparar, Hermione? - ele perguntou num tom abaixo do normal, e ao ouvir seu nome, dito daquela maneira fria, ela se descontrolou.

- Quando eu passei a trabalhar no Ministério, você sabia que seria assim. Sabia, e mesmo assim me deu todo o apoio que eu podia querer. - falou, elevando o tom de voz. - Você sempre soube que eu teria que viajar quando fosse preciso, então não venha me pressionar! - completou, praticamente gritando.

- Eu preciso ir agora. - ele disse, virando as costas para ela. Pegou as malas e, ainda falando em um tom baixo, completou. - Não precisa gritar, eu estou aqui, sempre estive aqui, lembra? Com o tempo isso passa.

- Com o tempo esqueceremos. - Hermione discordou, acalmando-se e falando tão friamente quanto ele.

- Um dia nos esqueceremos que nos conhecemos? - ele perguntou e, sem esperar uma resposta, fechou a porta atrás de si.”



Why don't we break up?

There's nothing left to say

I've got my eyes shut, praying they won't stray

and we're not sexed up

That's what makes the difference today

I hope you blow away



Então terminaram. Essa não era a coisa mais natural a ser feita? Quando chegaram ao (raro) consenso de que não mais conseguiam ter uma tranqüila conversa de casal e que, muito provavelmente, nunca conseguiriam ser um casal tradicional, onde ela o esperaria pacientemente em casa para que ele pudesse lhe contar seu dia, não havia mais o que ser consentido. Era só uma questão de quem daria a palavra final. Rony rogava para que esse dia não chegasse, não queria terminar com tudo, não conseguiria. Então, quem teve a coragem de dar o ponto final foi ela. No final, ela conseguira fazer algo diferente, e aquele dia ficaria marcado na mente dele para sempre. Nunca haveria um dia como aquele para Rony.



Screw you, I didn't like your taste

Anyway, I chose you

and that's all gone to waste

It's Saturday, I'll go out and find another you



Naquela semana, a quarta após o rompimento, Rony finalmente dera uma virada na própria vida. Continuava a sentir raiva de Hermione com cada centímetro de seu corpo, cada gota de seu sangue fervilhava ao imaginar que um dia ele fora apaixonado por ela. Queira mais era que ela conseguisse seguir com a vida dela, porque ele não mais agüentava a sabe-tudo de Hogwarts. Passou aquele sábado pensando em cada defeito de Hermione Granger, por menor que fosse até o mais óbvio. Mas, conforme ia avançando em sua lista, ele entendia cada vez mais o que ela falara no pequeno restaurante. Conforme ia fazendo a lista sobre Hermione Granger, ele via refletido Ronald Weasley. Compreendeu, finalmente, algo fundamental em sua existência.

À noite, convencido de que não havia solução para o que solucionado está, pegou seu casaco e saiu. Se Hermione não fora corajosa o suficiente para dar a eles uma chance, ele procuraria outra. Outra chance, porque não conseguia imaginar sua vida sem Hermione.



Why don't we

Why don't we break up
There's nothing left to say

I've got my eyes shut

Praying they won't stray

And we're not sexed up

That's what makes the difference today

I hope you blow away

I hope you blow away

I hope you blow away

I hope you blow away

Blow away

Blow away

Just blow away



Certeza ele não tinha nenhuma. Não tinha como adivinhar como a mulher da sua vida reagiria. Mas tinha que tentar.

- Hermione, ainda não acabamos. - disse quando ela abriu a porta de seu apartamento.

- Rony, o que você quer? - ela perguntou, obviamente cansada. Olheiras claras começavam a aparecer sob seus olhos.

- Eu já disse, ainda não acabamos. - repetiu, indo porta adentro mesmo sem ser convidado. Então, sorriu. Sorriu como não sorria há muito e logo em seguida gargalhou. Era ela, somente ela. Não havia outra, claro!

Hermione, ao ouvir o som das risadas de Rony, também sorriu e em poucos segundos também ria. Ele a pegou no colo sem aviso prévio como se estivessem em lua-de-mel.

- Eu te amo, Mione. E, não importa o que aconteça, não consigo viver sem você. - ele murmurou, ainda sorrindo. - Hermione Granger, você quer casar comigo?

Ela parou de sorrir. Seu semblante assumiu uma seriedade incrível e sua respiração podia ser ouvida claramente por Rony.

- Onde mais encontraria outro como você? - ela perguntou, passando suas mãos pela nuca do namorado.

- Espero que você nunca suma daqui... - acrescentou, levando-a para o quarto. O que aconteceu depois, não interessa. O que importa é que Rony e Hermione continuaram os mesmo, e por isso foram felizes e infelizes, juntos para sempre.