Fuga e busca



Harry Potter e o Olho do Dragão
Capitulo Um - Fuga e busca


O quarto estava semi-escuro, somente iluminado por uma luzinha bruxuleante emanada pela lareira ao fundo do recinto. Um homem descansava numa poltrona verde, ouvindo a madeira crepitar ao fogo ardente. Ele olhava para a porta quando sussurrou:

- O que querem aqui?

Três figuras entraram no quarto; dois deles eram grandes e corpulentos; o outro era bem menor, faltava-lhe cabelos, os olhos pequeninos e úmidos e uma cara que recordava um rato asqueroso.

- Milorde... - falou o homenzinho de imediato, a voz tremida - não... não o encontramos...!

- Procuraram bem?

- Sim, por toda Londres. In-interrogamos os trouxas, mas eles não vi-viram nada.

- Não sei como pode ter conseguido fugir - interveio uma das figuras corpulentas.

Lorde Voldemort se ergueu de seu "trono" e andou pelo quarto, sua capa negra arrastando-se no chão aveludado, um tipo de tapete bem luxuoso. Foi até a lareira e se escorou no consolo durante algum tempo. Quando se virou para os seus visitantes, ele soltou um autêntico rugido:

- Idiotas! - Estava furioso, e seus olhos (que se assemelhavam a de uma serpente) irradiavam fúria. De repente, levantou a varinha em direção aos servos e gritou: - Crucio!

Os três se reviraram no chão, cobertos por uma dor angustiante. Parecia que eles iam explodir por dentro a qualquer momento, mas o tempo se prolongava, e a dor aumentava mais e mais. Até que Voldemort baixou a varinha.

- Encontre-os! - ordenou ele, dando as costas para os moribundos. - Nada me escapa assim tão fácil!

- Sim, milorde - responderam em uníssono Crabbe e Goyle.

Os dois eram estudantes de Hogwarts, mas agora faziam parte do grupo de jovens que Voldemort recém “contratara” para seu exército. Achara melhor renovar suas forças com sangue novo e nada como um grupo de sonserinos para abastecê-lo. Além dos brutamontes havia Draco Malfoy, Pansy Parkinson, Blás Zabine entre outras figuras jovens.

Severo Snape, seu maior aliado na luta pelas trevas, foi quem tivera a idéia. De fato era muito boa e por isso ele aceitou como viável para seus planos. Entretanto os novos combatentes não tinham muita experiência e quase sempre falhavam nas missões. Um exemplo fora Draco Malfoy. O inútil não fora capaz de derrotar um tolo velhote!

Crabbe e Goyle partiram, enquanto Rabicho continuou em seu estado mórbido, próximo à porta. Dirigia-se para saída quando voltou a ouvir a voz sussurrante de Voldemort resvalar pelo ar sinistro do quarto:

- Volte aqui, Rabicho!

Com dificuldade o comensal se virou, fazendo uma reverência um pouco ostensiva demais para o momento:

- Sim, senhor?

- Se eles não encontrarem, pagarão com sua vida.

O animal em pele de gente engoliu em seco, concordando quase contra a vontade. Ele fez menção de sair do quarto, mas foi interrompido pela voz sussurrante do mestre mais uma vez, que o chamava:

- Rabicho!

- Sim?

- Continue investigando o bruxo...

- Sim, milorde.

- Não quero falhas e não as admito em hipótese alguma, entendido?

Rabicho fez outra reverência, com o ar todo empertigado e saiu.


XXX XXX



Um garoto andava sem rumo numa rua deserta, com apenas a roupa do corpo e uma varinha quebrada. Ele possuía uma pele bastante alva, dezessete anos e cabelos louros platinados. Seus olhos cinzentos estavam fundos, pois há dias não dormia. Estava fugindo para um lugar bem longe daquele terror que havia passado recentemente.

Estava no seu terceiro dia de liberdade. A casa onde funcionava o quartel-general de Lorde Voldemort serviu-lhe de lar durante dois meses. Vivia atordoado e preso numa jaula imunda, pois tinha fracassado numa missão e aquele era o seu castigo.

Passara um bom tempo recebendo maldições, seu corpo sangrava cada vez mais, e parecia que seus gritos não eram ainda o bastante para pagar pelos seus pecados. Voldemort lançava as Cruciatus pessoalmente. A dor era mais intensa do que qualquer outra coisa. O terror se prolongou por vários dias, até que conseguiu fugir.

Lá estava ele agora, sozinho e sofrendo as conseqüências de um mundo sinistro quase mergulhado pelas trevas. Não havia jeito de encontrar sua mãe, a única que poderia ajudá-lo no momento, pois desaparecera misteriosamente. Seu pai ainda permanecia preso em Azkaban, mas isso era questão de dias. Logo ele seria solto... Porém de nada adiantaria também a sua liberdade. Lúcio Malfoy iria com certeza entregá-lo para Voldemort, com o intuito de pedir desculpas ao milorde por suas últimas atividades, que se realizaram desastrosamente.

Teria que se contentar com a solidão. E com sua varinha quebrada, que não estava servindo de nada para a fuga. Soltava apenas algumas fagulhas desajeitadas e, por sorte, conjurava alguns cobertores e algo para comer. Durante a fuga ele teve que lutar com um comensal e na luta o oponente quebrou a sua varinha.

Perguntava-se a todo o momento quem poderia ajudá-lo, mas a resposta era sempre a mesma: ninguém. Havia uma voz para lembrá-lo toda vez que ele pensava nisso... Está pagando pelos pecados, Malfoy. Todos os pecados que seu pai e sua mãe cometeram e os seus próprios. Quem mandou ter sempre o nariz em pé? Lembre-se que há sempre Alguém vigiando seus passos e seus atos. E um dia, cedo ou tarde, pagará moeda por moeda.

De fato ele já estava pagando suas moedas para esse certo Alguém. Mas até quando conseguiria resistir às agruras da vida? Para responder esta pergunta, ele precisava de auxílio. Seu inimigo agora era, sem dúvida, Lorde Voldemort. Mas quem se aliaria a ele para enfrentá-lo? Foi aí que apareceu, como um estalo na cabeça, um nome. Ele poderia salvá-lo.

Recordou-se de uma frase que caberia bem para a situação.

- O inimigo de meu inimigo é meu amigo! - Ele a pronunciou em voz alta, sorrindo logo depois.

Caminhava despreocupado por uma viela, meditando na frase que lhe viera à cabeça quando se deparou com uma sombra sinistra se projetando no chão mais adiante. Ergueu a cabeça e divisou a silhueta de um homem escorado num muro. Um terror enorme apossou sobre ele, e repentinamente seus pés se estancaram no chão. A vontade era correr dali, mas algo o prendia. Voldemort tinha o descoberto, era o seu fim...

O homem saiu de sua posição e dirigiu-se até o jovem, seus passos ecoando nas poças d’água e no asfalto molhado. Parou quando se deteve em frente ao garoto. Tirou a capa que cobria parte de sua cabeça e o encarou. Severo Snape inclinou-se e balançou a cabeça:

- Palerma! - Deu um tapa no rosto de Draco, a bofetada o levou ao chão. - O que está fazendo aqui?

Com dificuldade, Draco fitou o seu ex-professor de poções em Hogwarts. Viu um homem de cara macilenta, olhos negros como a noite e cabelos oleosos que pousavam nos ombros. Viu também um ódio imenso irradiar de seus olhos e por isso não conseguiu dizer sequer uma palavra.

- Deveria estar bem longe! - resmungou Snape novamente.

- Para onde devo ir então? - berrou Draco, furioso. - Não há ninguém que possa me ajudar!

- Não é preciso de auxílio algum! Eu vivi durante esse tempo todo com nenhum tipo de ajuda e não será você o único que não conseguirá se virar... Fuja para bem longe! Ou quer ser pego por milorde?

Draco levantou-se do chão e assim que ficou de pé recebeu outra bofetada.

- O que está esperando? - Snape vociferou para o amontoado de gente que havia logo abaixo de seus pés. - Procure-o!

No chão, Draco estranhou a última palavra que o bruxo pronunciara. Procurar quem? A não ser que... Porém como ele sabia que...

- Li sua mente, sei que você pensou nele - explicou Snape, a voz parecendo ecoar na cabeça de Draco.

- Mas ele não me receberá! - disse o loiro, engasgando com as próprias palavras.

Snape não disse nada, girou os calcanhares e seguiu o caminho pela viela. Draco, enquanto isso, via o bruxo se afastar ao sabor da chuva que começava a cair. Antes de virar a esquina, Snape virou-se e disse a Draco, num tom não muito alto:

- Recorde-se da frase que veio em sua cabeça! - Segundos depois havia desaparatado.

Draco Malfoy continuou olhando para o vazio, as palavras de Snape ainda vinham com extrema clareza em sua mente. Recorde-se da frase que veio em sua cabeça! Foi então que ela novamente apareceu: o inimigo de meu inimigo é meu amigo.

Ele já havia decidido.


XXX XXX



- Onde está meu filho?

Narcisa Malfoy estava atrás de grossas barras de metal, enquanto seus olhos ferinos alcançavam uma sombra encostada ali perto. A sombra, cuja pergunta fora dirigida, mexeu-se e depois gargalhou friamente.

- Onde está ele? - perguntou a bruxa mais uma vez desesperadamente.

Não teve resposta, além da gargalhada que ainda soava. Narcisa deixou uma lágrima cair de um olho e sem se deixar abater um minuto a mais, limpou o líquido cristalino do rosto. Esmurrou as grades com violência, o barulho de pesado metal ecoando naquele calabouço frio e escuro. Sua beleza estonteante parecia esmorecer a cada minuto que passava ali, presa e sem forças.

- Me ajude, por favor! - choramingou ela mais uma vez para a espécie de carcereiro que zombava mais adiante. Suas mãos crispadas no ferro deslizavam, enquanto o corpo caía lentamente.

A figura então saiu de seu posto. O "toc" "toc" de seu sapato era ensurdecedor em meio aquele silêncio. Parou em frente ao amontoado de gente que agonizava de tristeza e gargalhou mais uma vez. Cessou os risos quando falou:

- Cissy, Cissy... Está no fundo do poço como o seu marido!

Narcisa continuou calada, o corpo imóvel no chão frio de pedras.

- É uma pena que seu filhote fugiu... Se não fosse por ele, você estaria solta e ao lado de milorde!

O carcereiro soltou outra risada de escárnio. Sua cabeça inclinou-se para trás enquanto a boca enegrecida por uma espécie de maquilagem trouxa abria e fechava em constante movimento. A risada era de alguém que não possuía mais coração ou algo que valesse no seu interior... Perdera um bom sentimento havia anos.

- É uma pena - disse o ser, num tom nada misericordioso.

Narcisa se levantou, o corpo doendo a cada esforço proporcionado pela ação. Ficou diante da irmã, Belatriz... A carcereira.

- Ajude-me, minha irmã...

- Não tenho irmã e não me chame disso! - bufou Belatriz, ficando de costas para Narcisa.

- Deixe-me sair daqui! Deixe-me salvar o seu sobrinho - tentou Narcisa mais uma vez, esticando o braço para irmã.

- Você tem Severo... - retrucou a irmã com desgosto. E virando-se, prosseguiu: - Não foi ele que ajudou o filhote a fugir? Agora ele deve auxiliá-lo lá fora...

Narcisa soluçou, abafou outra crise de choro e então sussurrou:

- Severo não pode... Mas eu posso, se você...

- Eu devia contar para milorde a traição de seu pupilo mais querido - A voz saiu repleta de ódio e rasgada de ironias.

- Por favor - clamou Narcisa mais uma vez.

Belatriz não respondeu ao chamado de clemência da irmã. Sentia repulsa de Narcisa por aquele gesto pífio e totalmente desapropriado de um Black de verdade. E, além disso, não poderia trair seu mestre... Ela era fiel.

No entanto, ela era sua irmã... O sentimento agora rugia dentro de si, sentimento de fraternidade. Viu mais uma vez o rosto branco e sem vida de Narcisa, os olhos fundos e tristonhos, a boca fina temendo desaparecer, a maçã do rosto mais protuberante do que nunca. Um retrato fiel da morte.

- Por favor, minha irmã, deixe-me sair... - murmurou Narcisa, como se fosse o seu último pedido.

- Não posso! - gritou em fúria. - Não posso!

Ela correu gritando as mesmas palavras. Subiu aos tropeços a escada que dava acesso ao andar superior, numa violenta luta contra seus princípios. Olhou a cena terrível que deixava para trás... A irmã agarrada às grades, ainda tentando convencê-la:

- Por favor,... Por favor.

O seu último ato, vencido com muita força em seu cérebro, foi fechar as portas do calabouço, deixando aquele pedido perdido na escuridão e no silêncio.


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Preview - Harry se despede dos Dursley, eparte para a Toca. Porém antes ele recebe uma sinistra visita de uma velha, que lhe dá duas cartas. Você confere em Cartas e despedidas.

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E aí, pessoal! O que acharam? Péssimo!? Joga fora!? Como essa menina tem a coragem de postar esse lixo? Ou então... Ótimo, perfeitosa! Maravilhosa! Bem, sei que é o primeiro capitulo ainda e não dá muito pra comentar sobre a história em si. Só que eu gostaria muito que vocês comentassem. Iriam deixar uma pobre garotinha tão feliz! ; ) Intão? Bora comentar?

Enquanto isso, eu vou escrevendo mais capítulos que a história só está começando. Divirta-se!!

Malfeito feito
Selina


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