Um Herói Um Tanto Seboso



Narcisa passou andar com as garotas nos dias que se sucederam. Não tinha a menor vontade de estar com ninguém, tampouco queria ficar sozinha. Apesar de ter continuado a se sentar ao lado de Severo nas aulas, sua capacidade inigualável de ignorá-lo era o suficiente.
Não falou com ele ou olhou para a cara dele a semana inteira. Ele não tentou reverter o quadro. Narcisa havia ganho um ótimo em seu dever de casa em poções sobre a pedra da lua. Aquilo a encheu de orgulho. Queria que ele visse que poderia se sair bem em poções sem a ajuda dele, e estava se esforçando o dobro.
Ele percebeu e ficou feliz que sua briga estivesse servindo para alguma coisa. Novamente a poção de Narcisa ficou abaixo da dele e a de Lilian, mas ela apenas pensou que era a prova definitiva que ele era um inútil.
No final de semana, enquanto todos aproveitavam o tempo delicioso que estava fazendo, Narcisa ficou no dormitório estudando. Ela finalmente tinha tempo livre, então pegou um dos livros de magia negra, que estava em uma capa de “Hogwarts, Uma História” e começou a estudar. Estava muito interessada, mas o dormitório não era um bom lugar para praticar. Usaria a sala precisa.
No Domingo, ela subiu bem cedo e certificou-se que não havia sido seguida. Lá havia tudo que ela precisava para praticar alguns feitiços e transfigurações. Havia coisas realmente complicadas ali e ela temia que precisaria de ajuda. Mas ainda não era hora. Que aprendesse os feitiços fáceis primeiro.
Praticou o dia inteiro e depois foi dormir, exausta. Ela havia estado evitando o salão principal e a biblioteca em horários que a maioria das pessoas estava por lá. Só ia comer quando quase todo mundo já o tivesse feito e tinha chegado atrasada em algumas aulas, perdendo vários pontos, o que ninguém reclamou, já que estavam certos que ela havia ganho bem mais pontos do que havia perdido por sua displicência com horário.
Para manter seus deveres de casa em dia, ela geralmente ia à biblioteca nas primeiras horas da manhã, ou nas últimas horas do dia.
Na segunda-feira ela voltava a repetir tudo, já estava ficando acostumada. Se concentrou nas aulas apenas, e conseguiu ganhar vinte pontos para a Sonserina por fazer seu rato desaparecer na primeira tentativa. Aparentemente sua raiva e mágoa alimentavam seu talento.
Aparentemente sua vaidade não tinha sido nem um pouco abalada e ela continuava atraindo os olhares dos garotos, mesmo aqueles que não eram da Sonserina e não tinham coragem de admitir sua atração pela garota mais esnobe da escola. Naquele dia ela estava particularmente bela, com seu cabelo preso em rabo de cavalo por uma fita.
Estava comendo no final do dia quando uma coruja veio em sua direção. Era uma coruja marrom e ela já sabia que era de sua mãe. As corujas costumam entregar a correspondência de manhã, mas como naquele dia ela não havia tomado café da manhã, nem almoçado, ela provavelmente não conseguira entregar-lhe a carta.
Estava escrito apenas o de sempre. Preocupações de mãe. Preocupações que ela não tinha com Andrômeda, mas sempre dispensara muita com Bellatrix e Narcisa. Junto havia uma outra carta. Esta endereçada a Sirius.
Narcisa não entendeu. Sabia que sua tia sempre tivera muita vergonha de mandar cartas a Sirius na Grifinória, mas ela sempre fazia esse tipo de coisa através de Régulus. De qualquer forma, era melhor ir procurar o primo.
Pegou suas coisas e foi andando para o saguão de entrada. No caminho, esbarrou com Perséfone, que ficou vermelha. Provavelmente estaria fazendo o mesmo que ela estava fazendo no primeiro dia de aula.
- Onde você está indo, Narcisa?
- Procurar meu primo.
Subiu para Torre da Grifinória mesmo sem saber como entraria, mas no caminho ela viu um movimento estranho. Se escondeu, e viu o primo com seus amigos, desaparecendo pela parede. Ficou curiosa sobre aonde daria aquela passagem secreta e o que eles estariam fazendo. Pensou em segui-los, mas a última vez que havia se aventurado por uma passagem secreta havia se dado mal.
Resolveu ir. Ela era monitora e era sua obrigação anotar esse tipo de coisa. Puxou a tapeçaria e entrou no buraco que ali havia.
Abaixada, seguiu elo estreito túnel de pedra. Quando chegou ao final, apenas pôde ver seu primo e os amigos já entrando na floresta proibida. Ela os pegaria. Sorriu e seguiu com determinação.
A floresta estava muito escura e ela usou o feitiço lumus. Mas não estava adiantando muito. Ela andava apressadamente, mas sem fazer ruídos. Ela fora ensinada a caminhar com elegância e finalmente isso havia se mostrado útil.
Viu uma luz em um canto e a seguiu. Teve que sair da trilha e quanto mais se embrenhava na floresta, mais escuro ficava. Suas vestes ficavam presas e ela já estava bastante arranhada. E agora tinha quase certeza de que estava perdida.
Mas então ouviu uma barulho. Seguiu o barulho, mas continuava caminhando rumo ao nada. Então o barulho estava mais alto, parecia estar atrás dela gora. Quando ela se virou, deu de cara com um lobisomem.
Tentou estuporá-lo mas errou o feitiço.
- Impedimenta. – o feitiço atingiu o lobisomem no peito, dando-lhe tempo –
Então pôs-se a correr o mais rápido que pôde. Mais a frente, assim que tinha pulado um arbusto e cortado sua perna, deu de cara com cachorro enorme.
Seu coração estava na boca. Ela estava suando frio e tremendo muito. Correu na direção contrária, mas sabia que eles estavam próximos. Então sentiu unhas enormes penetrando sua carne e foi jogada no ar. Caiu e sua cabeça entrou em choque com uma árvore. Desmaiou.
A menina estava caída, completamente indefesa. O lobisomem já se preparava para atacá-la. Só não o havia feito ainda pois o cachorro que assustara Narcisa estava o atacando, junto com um cervo. Ele se livrou dos dois e foi em direção a ela. Nada poderia salvá-la.
Ele avançava contra ela, quando seu peito e seu rosto foram cobertos de cortes e ele foi jogado para trás, sangrando bastante. Uivou de dor e fugiu. O cervo se levantou e foi imediatamente atrás dele, mas o cachorro ficou.
Um menino de cabelo seboso saiu de trás das árvores e se agachou ao lado de Narcisa. Ela estava bastante machucada, mas estava respirando e seu coração estava batendo. Usou um feitiço convocatório para recuperar a varinha dela, que guardou no bolso, então concentrou suas forças e a pegou nos braços.
O cachorro parecia agora estar satisfeito e entrou na floresta pelo mesmo caminho que o cervo e o lobisomem haviam entrado. Os encontrou logo a frente. O lobisomem estava muito ferido e ao lado dele estava Tiago e Pedro. Então o grande cachorro deu lugar a Sirius.
Severo carregava Narcisa com dificuldade. Ela havia se embrenhado na floresta e agora era difícil sair. Estava cada vez mais machucado, mas procurava proteger a garota de todas as maneiras.
Quando finalmente atingiu a trilha novamente, ficou paralisado. A sua frente, estavam Tiago, Sirius e Pedro carregando o lobisomem. Ele apenas olhou por um momento e então entendeu. Sua face já não tinha cor, mas agora estava ainda mais pálida. Pôs Narcisa no chão, encostada um uma árvore, tirou sua varinha do bolso e se aproximou do lobisomem, que sangrava muito. Sussurrou um feitiço e o fluido de sangue diminuiu. Repetiu o feitiço mais duas vezes e as feridas pareciam terem sido costuradas.
- Temos que levar os dois para a Ala Hospitalar imediatamente. – sua voz saiu num silvo –
Ninguém disse nada. Apenas continuaram caminhando pela floresta o mais rápido que podiam. Sirius tinha vontade de perguntar se ele não precisava de ajuda, mas sempre se continha. Eles três já quase não estavam agüentando com o lobisomem e Severo parecia estar conseguindo carregar Narcisa muito bem.
- Eu não entendo como Narcisa pôde segui-los. Vocês deveriam estar debaixo da capa de invisibilidade, não? – Severo finalmente quebrou o gelo, mas a pergunta não fora nada agradável de qualquer forma –
- A Lilian nos pegou na despensa no outro dia e confiscou a capa. Nós não conseguimos pegar de volta e ela ainda não entregou a professora Minerva. – Tiago respondeu, constrangido. Em outra ocasião, jamais teria dado satisfações ao Seboso, mas eles tinham posto a vida de Narcisa em risco e ele se sentia culpado. –
- Foi muita irresponsabilidade. Poderia ter sido um aluno menor e mais indefeso. Algo realmente ruim poderia ter acontecido.
- Nós deveríamos ter ido para a casa dos gritos. – murmurou Sirius –
- Poderia ter sido ainda pior. O salgueiro lutador provavelmente destruiria Narcisa e eu não poderia fazer nada.
- Você tem razão. – dessa vez foi Pedro quem falou, ele estava chorando. –
- Eu sinto muito por isso. – Severo precisava pedir desculpas, sua consciência doía. –
Eles continuaram caminhando até que chegaram aos terrenos. Andavam o mais rápido possível. Quando chegaram ao portão, se perguntaram o que fariam, não poderiam voltar pela passagem secreta. Então o portão se abriu e Dumbledore, acompanhado da professora McGonagall e do professor Slughorn apareceu. Aparentemente já haviam dado falta de Severo e Narcisa.
Ao ver aquela cena, os professores ficaram preocupadíssimos e correram na direção dos garotos. Dumbledore conjurou macas onde eles deitaram os dois e elas flutuaram até a ala hospitalar. Ninguém falou nada no caminho.
- O que aconteceu? – Madame Pomfrey perguntou assim que eles entraram -
Dumbledore olhou para os garotos como pedindo que eles explicassem.
- Narcisa bateu com a cabeça. – Severo se limitou a dizer –
- E ele cravou as unhas nas costas dela antes de atirá-la contra a árvore. – completou Sirius num sussurro –
- E o que aconteceu a Remo? – Ele perguntou calmamente –
Todos se entreolharam e ninguém ousou responder. Severo então resolveu responder antes que Dumbledore usasse legilimência, o que seria pior.
- Foi um feitiço meu. Eu inventei. Eu já o havia usado mas ele jamais causou tanto estrago.
- Em quem você já havia usado, Sr. Snape?
- No Lúcio, enquanto nós praticávamos duelos. Mas não se preocupe, foi fora da escola e Lúcio sabia exatamente que eu iria usar o feitiço e o que ele faria. – tentou justificar o que sabia que era injustificável. Dumbledore saberia que ele havia inventado um feitiço das trevas e o expulsaria. -
Dumbledore não parecia estar com raiva. Parecia apenas preocupado e estava calmo.
- Diga a Madame Pomfrey tudo que puder ajudá-la a salvar o Sr. Lupin.
- Sim, senhor.
Madame Pomfrey estava ficando louca. Não sabia qual deveria examinar primeiro. Foi direto ao menino e fez tudo que estava ao seu alcance, não só para salvá-lo, mas para deixá-lo sem cicatrizes. Logo ela se voltou para Narcisa. Ela não havia quebrado nada e tinha tido umas escoriações leves. A batida aparentemente não fora nada grave.
Enquanto isso os três professores conversavam.
- Foi magia negra o que ele usou, Alvo. Você sabe que foi. – McGonagall tentava de todas as maneiras manter sua voz baixa –
- Aparentemente. Mas a situação já é bem complicada sem pormos esse problema no meio, Minerva.
- Agora temos outros dois alunos que sabem sobre o Sr. Lupin. Ainda por cima temos uma aluna atacada, e sendo ela filha de quem é, eu aposto que isso será um grande problema. – foi Slughorn quem falou -
- É verdade. Os Black não deixaram barato, Alvo. É a filhinha preferida deles.
- Temos que manter a situação sobre controle. Minerva, você fica aqui. Assim que a menina acordar, descubra o que ela sabe. Eu irei falar com os garotos.
- Claro. Pode deixar, Alvo.
- Você vem comigo, Horace?
- Sim, claro que sim.
A professora McGonagall conjurou uma cadeira ao lado da cama de Narcisa. Os outros dois professores esperaram até que Madame Pomfrey tivesse dado uma olhada nos arranhões e cortes que eles tinham e os tivesse dispensado e subiram todos para a diretoria.
Todos pareciam muito desconfortáveis. Dumbledore mantinha sua calma inabalável. Era algo bem parecido com como Narcisa ficava nas aulas. Ele se sentou e os observou por um momento, que eles sinceramente acharam que era uma eternidade.
- Alguém vai me contar o que aconteceu? – ele finalmente falou –
- Foi culpa nossa. – Tiago disse rapidamente – A Lilian tinha confiscado minha capa de invisibilidade e nós saímos mesmo assim. Nós não fomos cuidadosos o suficiente. Nós, nós... – ele ficou sem palavras –
- Poderíamos ter matado a Narcisa. – Sirius completou – Eu realmente a acho esnobe, mas ela é uma boa pessoa quando se pode conhecê-la melhor. Ela só passa tempo demais com a Bellatrix. Ela poderia realmente ter se machucado ou morrido e a culpa seria toda nossa.
Todos ficaram em silêncio, olhando para ele. Ele estava completamente transtornado e ainda tinha dito em voz alta que Narcisa era uma boa pessoa. Ele estava realmente mal pelo o que tinha acontecido a prima. Mais do que pelo que tinha acontecido a seu melhor amigo, que fora realmente pior.
- E você Sr. Snape, não tem nada a acrescentar?
- Bom, o que aconteceu foi que Narcisa foi procurar o Sirius. Ela tinha recebido uma carta da mãe dele pra ele, ou algo assim. E quando ela o viu saindo do castelo àquela hora, ela o seguiu. Por coincidência eu estava por ali naquela hora. Ela poderia ter ficado dentro do castelo e notificado isso a algum professor, mas ela saiu. Então ela tem responsabilidade também. – Severo era o único que conseguia ser sensato em uma hora dessas – Eu a segui pela floresta e vi que o lobisomem estava prestes a atacá-la e ela estava inconsciente, então eu apenas ataquei. Creio que não pensei muito no que eu estava fazendo, desde que ela estivesse a salvo.
- Bom, eu creio que nós teremos um problema gigantesco quando isso chegar aos ouvidos dos pais dela.
- Ninguém precisa saber que era Remo, professor. – todos olharam surpresos para Severo. – Eu acho que Narcisa não sabe, e se descobrir, eu a persuadirei a não contar a ninguém. Ela entenderá.
Havia lágrimas nos olhos de Dumbledore e nos olhos dos marotos quando Severo terminou de falar. Nunca pensaram que ele seria capaz de um gesto de bondade.
- Eu posso voltar a ala hospitalar agora? – ele continuou – Eu quero estar com a Narcisa quando ela acordar.
- Eu acho que antes você deveria ir ao dormitório, trocar as suas vestes e contar a Andrômeda e a Lúcio o que aconteceu. Acho que eles gostariam de saber. A professora McGonagall está com ela agora. E vocês só poderão estar com ela amanhã, porquê já está muito tarde.
Severo ficou surpreso. Não podia imaginar que Dumbledore pestrasse tanta atenção em seus alunos a ponto de perceber que existia uma ligação muito especial entre Narcisa e Lúcio, e a ponto de querer alimentá-la. Ele tinha razão. Eles tinham que saber. E Rabastan também. Ele se importava com Narcisa tanto quanto eles. E era melhor mesmo que não fossem todos para a ala hospitalar ou criariam muita confusão.
Quando ele contou aos três, imediatamente eles quiseram descer. Lúcio não ligava nem um pouco para as ordens de Dumbledore e já estava deixando a sala comunal quando Slughorn apareceu.
- O prof. Dumbledore me mandou vir e ficar aqui com vocês. Certamente será uma noite difícil.
Eles ficaram presos ali a noite toda. Ninguém dormiu. Severo estava maquinando uma maneira de matar aula no dia seguinte para ficar com Narcisa e tinha certeza de que não era o único.
Na ala hospitalar, Narcisa agora era perturbada por um de seus usuais pesadelos. Mas dessa vez, Bellatrix não estava nele. Ela estava começando a se distanciar da irmã. Ela suava e se movia muito na cama. A prof. McGonagall enxugava sua testa e segurava sua mão.
Então ela acordou assustada.
- Onde eu estou?
- Na ala hospitalar, minha querida.
- O que aconteceu?
- Você não se lembra?
Narcisa tentou lembrar. Sua cabeça doeu.
- Sim. Eu estava sendo perseguida por um lobisomem e um cachorro enorme. E então, eu não lembro de mais nada.
McGonagall ficou aliviada que a menina não soubesse de nada.
- Está tudo bem agora.
- Como eu saí de lá?
- Severo a salvou e a tirou de lá.
Uma enorme culpa invadiu Narcisa. Ela não tinha falado com ele a semana toda e ele tinha ido salvá-la quando ela estava se metendo onde não fora chamada.
- Onde ele está?
- Poderá vê-lo amanhã.
Ela ficou angustiada. Não conseguia dormir. E não queria dormir. Tinha medo que dessa vez Bellatrix tivesse cansado de lhe dar trégua. A professora também ficou acordada a noite toda com ela. Conversaram sobre amenidades. Narcisa sentia muita dor, mas não reclamou nenhuma vez. Até que pegou no sono.
Nenhum dos meninos dormiu na sala comunal. Nas primeiras horas da manhã, Severo foi ao dormitório, pegou suas vestes e saiu. Tomou um banho e foi direto a enfermaria. Slughon permitiu, por ordem de Dumbledore. Severo deveria ir primeiro.
Quando chegou a ala hospitalar, viu que havia uma cortina em volta do leito de Remo. Narcisa não sabia de nada, eles tinham certeza agora. A menina estava dormindo, mas McGonagall ainda estava acordada, segurando a mão da garota. Ela se virou para ele.
- Imagino que você queira ficar a sós com a Senhorita Black. – disse ela se levantando e saindo – Mas não se atrase para a aula.
- Sim, senhora.
Ele se aproximou do leito da garota. Os arranhões haviam sumido. Ela estava extremamente pálida, no entanto. Ela parecia ter sentindo sua presença e acordou, abrindo imediatamente um dos seus grandes sorrisos.
- Meu herói.
Ele estendeu sua mão aberta para ela. Era sua fita de cabelo.
- Obrigada. – ela pegou a fita e o abraçou –
- Acho melhor você ficar deitada.
Ela voltou a se deitar e ele se curvou sobre ela, para que pudessem conversar melhor.
- Como você está?
- Estou bem. Graças a vocês.
- Não foi nada.
- Foi muita coisa, Severo. É bom saber que nas piores horas eu posso contar com você. Mesmo quando nós estávamos brigados.
- Eu queria pedir desculpas por aquilo.
- Não, quem tem que pedir desculpas sou eu. Eu fiquei descontrolada.
- Está tudo bem. Não é culpa sua. Você está realmente confusa, Narcisa, desde que Bellatrix e você começaram a se afastar. Ela sempre fora seu ponto de referência e é normal, agora que você está começando a se descobrir, que você não esteja muito certa do que você quer. Você viveu a vida toda sobre a influência dela e deve estar sendo bem difícil ver o quanto vocês são diferentes e escolher seus próprios caminhos. Você está se desentoxicando da influência dela. E você deve tirar quanto tempo for preciso. Você vai ver que as coisas vão ficar claras daqui a algum tempo.
- Talvez eu realmente esteja apaixonada pelo Lúcio. Eu sou uma fraca.
- Isso é certamente o que sua irmã diria. Mas se houver sentimentos por ele realmente, você vai ter que aprender a viver com isso, a contorná-los de alguma maneira. Lúcio está bem confuso também e vocês terão dificuldade até se acertar, é verdade. Mas se evitar não vai ajudar em nada.
- É, eu sei. Eu tenho sido muito criança.
- Não. Você só está confusa. Os valores de sua irmã ainda te afetam e te afetarão por muitos anos. Amar o Lúcio não vai fazer com que você se torne fraca, ou burra, ou nada disso. Desde que você continue sendo sensata como sempre foi. O Lúcio tem que entender isso também. Eu havia dito a ele no ano passado que se ele tinha sentimentos por você, ele deveria parar de ser tão frio e deveria se aproximar de você. E ele acabou se tornando um cachorro babão. Então eu só estava tentando convencê-lo que ele não deveria mudar só por amor. Ele deve continuar sendo ele mesmo, mas deveria assumir seus sentimentos por você. E você deveria fazer o mesmo.
- Eu penso que sim. Mas é tão difícil.
- Bom, você tem que controlar sua vaidade e usar a cabeça. Você sempre foi a mais racional das pessoas e agora está preocupada com a favoritismo que alguns professores não tem por você. Como se fizesse alguma diferença em quão inteligente você é. Concentre-se no que é realmente importante.
- Eu sei. A única coisa que deveria importar agora é resolver o que há entre Lúcio e eu, porquê isso está realmente trazendo dor. Lúcio e eu deveríamos conversar seriamente, mas ele está distante agora.
- Ele está ocupado, não está distante. Você é que está. Ele apenas parou de correr atrás de você. Se entendam, porquê vocês podem fazer muito um pelo outro.
- Eu vou tentar.
- E tenha paciência.
- Eu vou tentar.
Ele a envolveu em uma abraço terno, fraternal.
- Eu estarei sempre aqui pra você, Narcisa. Lembre-se disso.
- Eu vou lembrar.

N/A: Por favor, comentem.

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