Único



“Oppugno”

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"Realmente não havia nada no meu suco de abóbora?" perguntou Ron, maravilhado. "Mas o tempo está bom… e Vaisey não jogou… eu realmente não tomei poção da sorte?"
Harry sacudiu a cabeça. Ron encarou-o por um momento, e então se virou para Hermione, imitando a voz dela. "Você colocou Felix Felicis no suco de Ron esta manhã, por isso que ele defendeu tudo! Vê!? Posso defender gols sem ajuda, Hermione!”
"Eu nunca disse que você não podia – Ron, você achou que tinha tomado também!"
Mas Ron já havia passado por ela e saído pela porta tempestuosamente, com sua vassoura sobre o ombro.
"Er," disse Harry, para quebrar o repentino silêncio; ele não esperara que seu plano acabasse deste jeito. "vamos... vamos subir para a festa, então?"
"Vai você!" disse Hermione, piscando para afastar as lágrimas. "Estou cansada de Ron no momento, e não sei nem o que eu fiz..."

Harry Potter and the Half-Blood Prince, capítulo 14
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Hermione caminhou contra o vento, enxugando as lágrimas que caíam sem parar sobre seu rosto. Por quê, POR QUE Ron estava agindo daquele jeito com ela? O que ela fizera?
Certo, agora há pouco ela poderia ter deixado Ron achar que ela pensava que ele não era bom o suficiente em Quadribol. Mas não foi isso que ela quis dizer. Ela só estava querendo fazer a coisa certa. Só a coisa certa. Quero dizer, ela achou que Harry dera Felix Felicis para Ron antes do jogo. Acabou que ele não dera. Foi coincidência Vaisey não ter jogado e o tempo estar bom. E Ron jogou bem porque achou que tinha tomado Felix. Mas Hermione jurara que vira... Mas mesmo assim, não justificava a atitude de Ron desde ontem.
Ela sentiu um formigamento no nariz e no canto dos olhos. Além da tristeza apertando seu coração, ela sentiu raiva. O que ela FIZERA? O que possivelmente poderia ter magoado tanto R on, para ele estar agindo tão indiferentemente em relação à ela? Hermione passara o dia inteiro e a noite inteira vasculhando seu cérebro, vasculhando as memórias dos últimos dias para tentar descobrir algo, qualquer coisa que fosse, qualquer mínima frase que pudesse ter deixado Ron chateado. E ela se esforçou, mas não encontrou nada.
Tentara fazê-lo falar, mas não adiantara. Ele apenas a ignorara mais ainda. E isso a machucava demais. Ela ODIAVA ser tratada assim. Especialmente quando se tratava de Ron.
Mais lágrimas desceram pelo rosto dela. Hermione sacudiu a cabeça. Ela tinha que parar de chorar. Mas ela não conseguia. Ela só iria parar de sentir-se daquela maneira quando falasse com Ron.
Um espasmo de determinação desceu sobre ela. Hermione ergueu a cabeça para o castelo. Agora chega, pensou ela. Ela iria atrás de Ron, iria agarrar o braço dele, forçá-lo a encará-la. Iria esclarecer as coisas. Iria fazê-lo falar. Iria OBRIGÁ-LO a falar. Ela precisava saber o que diabos tinha feito.
Hermione secou as lágrimas das bochechas e caminhou rapidamente em direção ao castelo, determinada. Pareceram-lhe horas até que ela encontrou-se em frente ao quadro da Mulher Gorda. Ela já podia ouvir o barulho de comemoração vindo de lá de dentro. Com certeza havia uma festa para comemorar a vitória da Grifinória.
Hermione respirou fundo, estufou o peito, ergueu o queixo, disse a senha e entrou portal adentro.
Realmente HAVIA uma festa. Pessoas tomando cerveja amanteigada, comendo docinhos numa mesa improvisada, pulando de felicidade... Hermione deu alguns passos e olhou em volta, procurando por uma cabeça ruiva. Não seria difícil de achá-lo, pensou. Continuou a vasculhar a multidão incessantemente, a determinação em falar com Ron crescendo dentro de si. Até que uma cena despertou sua atenção.
O que ela viu ficou estampado em sua mente. Por alguns segundos, ela achou que parara de respirar. Toda a determinação esvaiu-se, substituída por um desespero, uma decepção, uma tristeza profunda. Ela sentiu seu coração se espatifar em mil pedaços enquanto observava o ruivo que estivera procurando agarrado com uma loira, quem, após alguns segundos, Hermione identificou ser Lilá Brown.
Ela queria correr pra longe, mas ao mesmo tempo não conseguia se mover. Hermione sentiu o aperto no seu coração se intensificar cada vez mais. Os olhos dela se encheram de lágrimas, era insuportável. Insuportável. Como ele pôde...
Quando recobrou o uso das pernas, ela levou as mãos à boca, e sentindo-se começar a chorar, correu para fora da sala comunal, magoada. Decepcionada. Triste. Confusa. Ela precisava esquecer aquela maldita cena.
Entrou na primeira sala vazia que encontrou. Sentou-se numa mesa e tentou se acalmar, tentou desfazer o buraco que tinha se formado dentro de seu peito. Precisava de algo que desviasse a atenção daquela maldita, daquela horrível cena. Praticar, pensou ela. Preciso praticar meus feitiços.
Pegou sua varinha e fez o primeiro feitiço que veio em sua mente, sem saber exatamente qual era. Um bando de pássaros dourados apareceram e começaram a rodear sua cabeça, voando graciosamente.
Como ele pôde..., pensou ela novamente. Aquele...
Ela sentiu o choro dentro de si crescer, querendo explodir. Mas ela não se permitiu. Não, não, não, não vou chorar por causa dele, não vou...
Ela o convidara para o baile. Convidara o garoto que vinha ocupando sua mente e seu coração por anos. Levara um bom tempo para reunir coragem o suficiente, desde que soubera da festa. Desta vez, pensara ela, não haveria Vítor Krum ou outra pessoa ali para convidá-la. Bem, talvez houvesse alguém que a convidaria, mas ela não queria. Ela queria ir com Ron. E sabia que o único jeito disso acontecer seria ela convidá-lo, já que Ron não fazia parte do Clube do Slug. E ela o fizera. E ele dissera sim.
Hermione ficara eufórica, porque sabia que sua intenção em ir à festa com ele, não fora exatamente como amigos. E sabia que ele também percebera isto. E ele aceitara. Ele aceitara. E agora, ele fazia isso...
O formigamento no canto dos seus olhos aumentou. Hermione apertou os olhos fortemente, olhando para o teto. Quando ela achava que as coisas entre eles estavam finalmente indo a algum lugar, Ron começava a agir indiferentemente com ela. Quando ela achava que as coisas estavam se resolvendo, lá estava ele, agarrado em outra garota.
Por quê? Por quê? Será que todas as pistas que ele dera de que poderia gostar dela haviam sido falsas? Será que ele nunca sentira nada por ela?
Não, as pistas foram extremamente claras. Havia um outro motivo. Ela não fazia idéia do qual seria ele, mas agora, também não estava animada a descobrir. Ele conseguira. Partira o coração dela.
Hermione sentiu-se doente. Derrotada. Magoada. Ela olhou para o chão. Foi quando a porta se abriu e Harry entrou. Hermione não conseguia encará-lo. Ela não conseguiria encarar ninguém. Continuou olhando para suas mãos e falou com uma voz extremamente aguda e frágil: “Ah, olá, Harry... eu estava apenas praticando...”
Harry respondeu “É… eles são - er - muito bons…” Hermione ergueu os olhos. Ela podia dizer que o amigo estava querendo dizer alguma coisa sobre a cena na sala comunal. Hermione precisava falar alguma coisa. Não queria, mas precisava. As frases saíram de dentro dela antes que ela pudesse contê-las.
“Ron parece estar gostando das celebrações,” Ela nem reconhecia sua própria voz.
“Er… parece?” tentou desconversar Harry. Hermione girou os olhos, sentindo o formigamento aumentar.
“Não finja que não o viu,” disse a garota, agudamente. “Ele não estava exatamente se escondendo, estava---?”
E então, quando ela achava que as coisas não poderiam piorar, a porta se abriu. Hermione ergueu os olhos rapidamente. ELE entrou, puxando ELA pela mão. Pela mão. E rindo. RINDO.
“Uh” fez Ron, ao ver Hermione e Harry.
“Ooops,” fez Lilá, saindo da sala com uma risadinha. Hermione não conseguia tirar os olhos do ruivo, este, entretanto, estava deliberadamente evitando seu olhar. E então o crápula falou numa voz embaraçada e ao mesmo tempo corajosa “Oi, Harry! Estava pensando aonde você tinha ido!”
Hermione não agüentou. Ela desceu da mesa, com os passarinhos ainda rodeando estranhamente sua cabeça. Ela sentiu um turbilhão de emoções negativas. Podia socá-lo, podia pular encima dele e bater no peito dele e obrigá-lo a falar porque tinha feito aquilo com ela. Mas ela surpreendeu a si mesma quando falou, com a voz mais fria e indiferente que conseguiu.
“Você não devia ter deixado Lilá esperando lá fora,” Ron ergueu os olhos para ela, franzindo a sobrancelha. “Ela vai ficar se perguntando aonde você foi.”
E ela endireitou-se e caminhou até a porta, no que pareceram anos, com diversos pensamentos em sua cabeça, e o buraco em seu peito latejando, seu coração doendo e o nó em sua garganta aumentando cada vez mais. Ela tentou se controlar. Não iria chorar por aquele idiota. Aquele imbecil, que havia partido seu coração. Não. Ele não merecia. Ele não merecia suas lágrimas. Ela tinha apenas que caminhar tranqüilamente até a porta e mostrar que não se importava nem um pouco. Tinha que sair dali com a cabeça erguida.
Quando chegou na porta, entretanto, a raiva dentro de si cresceu. Os olhos dela formigaram mais do que insuportavelmente e ela sacou sua varinha e virou-se para o ruivo, com o peito explodindo.
“OPPUGNO!” gritou ela, apontando a varinha para Ron. Imediatamente, os pássaros que circundavam sua cabeça voaram direto para Ron, atacando-o, mordendo-o e bicando-o. Ele soltou uma exclamação e cobriu o rosto com os braços, tentando se proteger. Ron olhou para ela entre seus braços, num olhar indescritível. Hermione sentindo lágrimas virem aos olhos, lançou a ele o olhar de fúria mais vingativo que conseguiu dar.
“Tireelesdecimademim!”gritou Ron.
Hermione não agüentou mais. O peito dela parecia que ia explodir, e o nó em sua garganta havia ficado insuportável e grande demais para ser ignorado. As lágrimas rolaram dos olhos dela e ela caiu no choro. Não importava quantos pássaros Hermione açulasse para cima de Ron, não importava o quanto os canários o machucassem, não seria o suficiente, não chegaria nem perto da dor e do sofrimento que estava em seu peito naquele momento.
Soluçando, Hermione virou de costas e saiu dali correndo, correndo para longe daquele ruivo que havia partido seu coração.

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Comentários (1)

  • Thomas Cale

    O.O O.O O.O O.O Que profundo... Nunca tinha lido essa situação pelo ponto de vista de Hermione e acho que foi terrivelmente mais triste do que pelo ponto de vista do Harry (até porque não era ele que gostava do Ron). Mas se eu já tinha ficado P*** da vida quando li a burrice do Rony pelo ponto de vista do nosso protagonista Harry, agora fiquei ainda mais p*** da vida.  Enfim, fic ótima, meus parabéns!!

    2011-12-29
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