A porta das ilusões

A Porta Das Ilusões

Gritar foi a primeira reação dos dois. Estavam caindo cada vez mais rápido, seus corpos colidiam freqüentemente e os sons eram ensurdecedores. Estavam sendo sugados, sentiam-se assim. A velocidade foi diminuindo aos poucos até eles estarem flutuando. Tudo abaixo continuava escuro e um aroma de flores exalava pelo ar. Num piscar de olhos sentiram seus pés baterem no chão mole.
Gina olhou a sua volta e ficou perplexa com o que viu. Aos seus pés estava um caderno preto com as letras douradas V.W brilhando no meio da capa, era o seu diário, pegou-o imediatamente e lançou um feitiço de redução nele para que pudesse por no bolso de suas vestes. Draco olhava enojado pra toda aquela paisagem e nem reparou nas ações da garota ao seu lado.
Depois de algum minutos de observação, Malfoy declarou ainda com cara de nojo.
- Como pode existir um lugar tão... tão ... argh... tão... Rosa?
Gina riu, era o máximo que podia fazer naquela situação. Mas Malfoy não via graça naquilo. Não sabia onde estava, estava ao lado de uma Weasley e tinha a ameaça de ficar cego com todos aqueles tons berrantes de rosa ao seu redor. Cansado de esperar a resposta pra a perguntar feita, saiu andando. Gina riu mais ainda, não era um riso prazeroso, mas um riso nervoso.
- Onde vai?
- Procurar uma saída, ao contrario de você eu não acho graça em estar em um local totalmente rosa e que não faço idéia da onde ele seja.
- Não é de lugar algum! - ela voltou a rir
- Como não? Estamos aqui, certo?
- Não, não estamos... - ela de repente fitou seria o céu rosa clarinho e antes dele falar algo ela continuou - esse lugar não existe, é só nossa imaginação, de verdade ainda continuamos na sala!
- Ora Weasley! Não me venha com suas bobagens...
- Não é bobagem! Fred e Jorge já me falaram desta sala muitas vezes, mas eu não me dei conta que era nela que a gente tava entrando hoje, estava agoniada.
- Você não serve pra nada mesmo Weasley! Estou aqui por causa da sua estupidez! Vamos diga logo, se sabe tanto sobre a sala deve saber como se sai dela.
- Ah! Sim... pode levar dias, vai depender só de nossa cabeça e de pedirmos socorro na hora certa...
- Não entendi!
- Pensei que fosse eu a burra e estúpida.
- Mas é você! Você é a Weasley! Só que não quero decifrar enigmas agora, fale claramente.
- Talvez depois... agora o que você fazia naquela sala tão cedo?
- Não lhe interessa. O que você tava fazendo que não impediu aquele pelúcio de pegar o diário?
- Não lhe interessa.
Os dois se olharam faiscando em raiva e calaram-se por um bom tempo, de vez em quando resmungando algo baixinho.
- Hum.. Malfoy?
- Que é agora?
- Nada! Só ia informar que vou procurar algo pra comer.
- Que isso me importa?
- Você é um estúpido!
- Obrigado! É exatamente a minha intenção.
- Hunft! Sabe, se você não esta com fome, eu estou
- Quem lhe disse que eu não estou com fome?
- Você deu a entender... agora eu vou procurar comida.
- Ótimo! Traga pra mim aqui.
- Eu acho que você não entendeu bem. Eu vou procurar comida, mas PRA MIM!
- Pensei, que grifinórios eram mais solidários.
- Pensei que Sonserinos buscassem o que querem.
Gina simplesmente se virou e começou a caminhar pelo campo. Atrás dela ia Draco de braços cruzados e com a cara fechada. Uns minutos de caminhada e eles tiveram a visão de um local repleto de frutas: cerejas, framboesa, uva, morango, maça, manga, acerola. A maioria daquelas frutas os dois não conheciam e olhavam de esguelha pra elas, como se tivessem medo delas o atacaram de repente. A barriga deles roncavam, as frutas os chamavam... eles não puderam resistir e comeram.
- Não deve fazer mal, deve?
- Não seja estúpida Weasley, se fizesse você já estaria morta. Ate que não seria tão mal se fossem venenosas.
- Ah! Cala a boca Malfoy! Será que não podemos ter uma conversa civilizada?
Malfoy continuou comendo e Gina o olhando esperado uma resposta, mas ele não deu.
- Eu não gosto de ser ignorada.
- Eu não me importo com seus gostos.
- Poderia então se importar com a educação e me responder pelo menos.
- Você me mandou calar a boca... - disse com tédio.
- Então podemos ter uma conversa civilizada? - disse ignorando a ultima resposta.
- Não! Não quero conversar, ainda mais com você.
Draco voltou a comer indiferente a Gina.
- Desse jeito você vai acabar com as frutas e nem sabemos quanto tempo passaremos aqui! - Disse Gina, aquele silêncio a incomodava
- Espero que não seja muito, senão eu vou ter que lhe enfeitiçar.
- Porque??- ela disse indignada
- è o único jeito de você ficar calada. Sua voz me incomoda. - "Não incomoda... porque eu falei isso? Ah! Porque ela é uma Weasley"
Bom, digamos que Gina realmente levou esse comentário a serio, ao invés de ignorar como aos outros. Se calou e se afastou o máximo de Draco o resto do dia.
A noite ia chegando. Gina observou o pôr-do-sol mais lindo de sua vida. O céu foi mudando de rosa para lilás ate chegar ao roxo claro, que foi escurecendo até chegar ao roxo escuríssimo que estava agora. Gina passou quase a tarde inteira sentada em um montinho observando a natureza rosa e principalmente observando Draco. Ele parecia estar bastante entediado com tudo aquilo e pra passar o tempo ficava enfeitiçando e transformando bichos. Só que parece que nem todas as criaturas aceitaram bem ser enfeitiçadas e muitas vezes Draco teve que fugir delas correndo como um louco pelo campo. Gina considerou essas cenas as mais divertidas dos últimos 5 dias de sua vida e riu tanto que muitas vezes chorou. Como era de se esperar Draco ficava mais e mais mal humorado a cada ataque de riso de Gina e ate chegou a ameaçar a garota com a varinha. Bom, como Gina não duvidava da coragem de Draco realmente enfeitiçar ela, ficava quieta e abaixava o rosto pra rir a vontade.
A noite havia chegado e o sono chegou com ela. Gina estava cansada e realmente precisava de uma cama. Mas como conjurar uma cama? Talvez Malfoy soubesse, mas ela teria que falar com Malfoy, mas isso seria muito, muito chato, e necessário.
- Hum... é... bom...
- Que é Weasley?
- Vocêsabeconjurarumacama?
- O quê? Fale de va gar, entendeu?
- Você... sabe... conjurar... uma... cama?
- Sei.
- Ótimo! - disse se sentindo bastante aliviada
- Eu sei conjurar UMA cama!
- Como assim?
- Simples. Só posso conjurar uma! É muita magia pra uma varinha só... então sinto que não posso lhe ajudar.
- Você vai me deixar dormi no chão ?!?!
- Porque não?
- Porque... Ah! Malfoy, por favor eu estou cansada.
- Igualmente.
- A cama é pequena?
Malfoy levantou as sobrancelhas, desconfiado...
- Pode ser uma cama de casal. Pretende dormi comigo é Weasley? - disse Draco com um sorriso maroto nos lábios. " Juro que não me importaria... "
- Não do modo que você ta pensando. - disse ela corando. - eu só queria dividir a cama.
- Nunca pensaria no que você pensou que pensei, não gosto nem de tocar em você Weasley, mas se você insisti pode dormir na mesma cama que eu. Só tem uma condição!
- Qual?
- Se controle...
- O que você quis dizer com isso?
- Pra você não me agarrar no meio da noite. Pensa que não vejo como me olha garota? .
- Você é muito CONVENCIDO, mas eu aceito, tudo é melhor que a grama.
Em menos de trinta segundos apareceu a frente deles uma cama. Draco deitou-se do lado direito e Gina do lado esquerdo. Draco de barriga pra cima e Gina virada pra dentro.. ficaram os dois concentrados em dormir e depois de quinze minutos de tentativa e muitas olhadas para Draco, Gina adormeceu. Draco virou-se e deitou de lado assim como Gina, e ficou observando a menina. Era a segunda vez que ele a via de olhos fechados e aquela imagem sempre o deixava estranho. Teve vontade de tocar aquelas sardas, acariciar os cabelos vermelhos, mas se conteve. Gina se mexeu e mudou de posição, ficando de costa para Draco, que ficou olhando os cabelos da garota ate adormecer.
Tudo era quente, vermelho e rotativo. Parecia que tinham mudado as coisas de lugar, Draco via tudo de um ângulo esquisito e tudo rodava. Coçou os olhos e tentou em vão se levantar. Continuava no labirinto, mas ele agora não era tão amplo e os caminhos haviam diminuído, sobraram poucas escolhas. Sentado no chão Draco observou os caminhos, eles pareciam mais iguais agora, e Draco escolheu pelo da direita, mas não se levantou. Seu corpo ainda estava mole e sua cabeça doía muito. Ele se sentia arrebatado, como se tivesse passado por uma guerra e o venceram. Como um vento aos ouvidos de Draco, uma voz baixinha soou e foi aumentando, mas Draco não entendia o que ela falava. Sentiu-se bem ao ouvir aquela voz e pode levantar-se. Foi andando, como se seguisse a voz... mas pra onde ela o estava levando? Não sabia se queria ir, gritava para ela esperar ele decidir, mas a voz invadia sua alma, e possuía sua razão, ele parecia não ter controle sobre ela. Draco gritou em protesto, tinha que reagir, não lhe parecia certo...
- Draco? Draco? Calma, você ta me machucando... Malfoy? Você esta bem? ACORDE!
Draco suava frio e apertava forte o braço de Gina, estava praticamente jogado contra a menina.
- Weasley? Onde eu estou? - perguntou confuso.
- Você esta bem?
- Claro, porque não estaria? - disse concertando-se
- Você me pareceu assustado. E bem, você estava me apertando muito forte, ainda esta, podia me soltar?
- Ah! - Draco largou a garota rápido e virou-se para se ajeitar.- Eu falei alguma coisa demais?
- Você estava gritando, mas nenhuma palavra inteira, sabe? Você realmente esta bem?
Draco olhava pro campo adiante, era humilhante ter se mostrado fraco em frente a uma Weasley. Mas ela não estava zombando dele, parecia muito preocupada ate. Era estranho alguém realmente se preocupar com ele, mas não demonstrou nenhuma gratidão.
- Estou. Estou bem. Te machuquei?
- Não, to bem. Sabe Malfoy não precisa ficar com vergonha por eu ter lhe visto assim, isso acontece.
"Ela por acaso lê mentes? Desde quando sabe o que eu sinto? Muito intrometida essa Weasley". Draco gargalhou friamente.
- Não pense que me conhece garota! Eu não estou com vergonha.
- Então olhe pra mim quando fala, ou não sou a única covarde aqui?
Draco virou e fitou seus olhos castanhos, havia algo estranho neles, brilhavam tanto...
- É a única covarde aqui Weasley! Agora chega da conversas, levante-se da cama que eu preciso desconjurar e sinto fome.
- Fome? Pelo menos algo você sente, começava a achar que não era humano, que não possuía sentimentos.
- Eu possuo sentimentos, se é o que quer saber. Agora levanta!
- Claro Malfoy...claro! - " Se possui sentimentos deveria demonstra-los... tcstcs"
Gina levantou-se da cama e esticou as vestes. Algo caiu na hora que ela fez isso e Draco reparou.
- O que é isso Weasley? - Disse se aproximando.
Gina olhou pro chão e viu um retângulo preto, logo identificou: seu diário. Abaixou-se na hora e fechou o diário em suas mãos.
- Deixa-me ver. - pediu Malfoy.
- Nunca!
- Não me obrigue a usar a força.
- Já disse que não vou deixar, aconteça o que acontecer.
- Por acaso isso não é seu...
O rosto de Draco clareou em satisfação e Gina vendo, começou a correr. Draco correu atrás.
- Ahh Weasley! Não me faça correr de novo.
- Ta correndo porque quer!
Eles passaram pelo local das frutas, atravessaram lagos, correram ao redor de arvores. Gina ria, pareciam duas crianças.
- Isso é ridículo, você não pode correr pra sempre.
- Nem você! Desista Draco!
Ao perceber o que tinha falado, Gina parou e colocou a mão na boca. Um espaço atrás Draco também parou e em silencio foi aproximando-se dela. Estavam a um passo um do outro. Podiam sentir o perfume do outro.
- Do que você ma chamou, Weasley? - seus olhos de pedra perfuraram os de Gina. "Momento perfeito... ela está distraída" Então puxou rápido o braço que Gina estava segurando o diário. Gina deu um passo pra trás, mas tropeçou em um pedra e caiu, Malfoy caiu em cima, estavam afastados uns cinco centímetros, o cabelo de Draco encostava na bochecha de Gina. Draco apertava o pulso da garota ."Responda! Não seja fraca Weasley" e apertou mais forte o pulso. Gina levantou a outra mão e tirou o cabelo de Draco do rosto dela e colocou atrás da orelha dele ao mesmo tempo que dizia.
- Draco! Não é esse seu nome? - disse sorrindo...
Malfoy segurou a outra mão da garota e apertou contra o chão também. Gina fechou os olhos de dor e gritou:
- SOCORRO!

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