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Os dias foram passando e o frio aumentando, mas nada afectava a ansiedade e tensão que se fazia sentir em todo o castelo. Os alunos de Durmstrang e Beauxbatons chegariam no dia seguinte, facto que se poderia adivinhar pela agitação de cada aluno. Harry se encontrava no mesmo estado, mas por outras razões: assombrava-o a ideia de que Ginny se rendesse aos encantos de um charmoso francês ou de um forte e atlético búlgaro.
- Harry deixa-te de coisas, sabes bem que a Ginny só tem olhos para ti.
- Olhos…eu queria que ela tivesse coração só para mim…
- Oh…sabes bem o que quis dizer. Deixa-te de inseguranças ridículas!
- Mas, Hermione, se assim é porque não estamos juntos?
- Ora, mas que pergunta mais descabida, a Ginny já sofreu muito por ti, sabes bem disso. Uma rapariga não esquece as coisas assim…
- Como me arrependo… - murmurou Harry, de olhos postos no chão.
- Agora de nada vale. Eu penso que a Ginny só precisa de se sentir segura, de saber que desta vez te vais entregar a ela se restrições, sem tentativas escusadas de a proteger de qualquer perigo que acabará sempre por chegar.
- Alguma sugestão de como o fazer? - perguntou o rapaz pouco confiante.
- Vai falando com ela, faz-lhe uma surpresa, dá-lhe carinho, sê original Harry! E depois rematas apostando tudo na festa! - aconselhou a amiga entusiasmada.
- Quanto à parte da originalidade conto contigo, sim? - perguntou Harry com olhinhos de pedinte.
Hermione atirou-lhe uma almofada do sofá e respondeu, sorrindo:
- Tudo para vos ver felizes. Mas verás que nem vai ser necessário, tudo se passará mais rápido do que imaginas, eu sinto.
Harry suspirou. Ron, que acabava de entrar na sala comum, trazia uma cara com um misto de confusão e espanto.
- Não imaginam a cena a que acabo de assistir.
- Ai! Diz lá Ron... - pediu a morena.
- O Malfoy...
- Draco - interrompeu ela -mas o que houve com ele?
- Calma... certo, o Draco passou por mim no corredor, de olhos postos no chão, sem sequer me insultar, nem a mínima palavra…
- Chama-se desprezo Ron, é típico dele. - observou Harry.
- Não, mas o mais estranho ainda está para vir, não só penso que ele nem me viu, como um miúdo do 2º ou 3º ano foi contra ele enquanto brincava com os colegas e ele nem reclamou, nada. Estava completamente apático.
- Ele estava doente, não era? Pode ser que seja algo grave. - concluiu Harry.
- Por Merlin, Harry! Que coisa...ele deve estar a passar um mau bocado com toda a história dos pais...- murmurou a rapariga, mais para si que para eles.
- Mas tu achas que ele já sabe? - perguntaram em uníssono.
- Uhm? Eu? Ah... não...quer dizer, nã sei...tabém como é que poderia saber? - respondeu ela nervosa.
-Ah bom...
- Mas lá que é muito estranho, é... - disse Ron.
- Temos mais com que nos preocupar, não é? A McGonagall pediu que passássemos no gabinete para a ajudarmos com os preparativos da festa. - começou Hermione querendo mudar de assunto, não podia mais preocupar-se com aquele ingrato.
- Mas não é só para a semana?
- Certo, Harry, mas é necessário pensar bem nas coisas, ver o que é necessário e, primeiro que tudo, certificarmo-nos de que as visitas ficarão bem instaladas.
Assim, seguiram para o gabinete da directora onde ficaram algumas horas. Os rapazes quase que apenas ouviam a troca de ideias entre Hermione e a professora. Era realmente uma coisa de mulheres, eles tratariam de montar tudo.

* * *

Domingo acordou um dia frio e chuvoso, no entanto, chegados ao Salão Principal, o trio encontrou o local repleto de estudantes. O fenómeno seria, à partida, impensável mas, visto que era dia de uma visita a Hogsmeade, tudo se justificava.
- Bom-dia Ginny. - cumprimentou Hermione enquanto se sentavam ao lado e em frente à ruiva, na ponta da mesa dos Gryffindor.
- Bom-dia, tão cedo? Também vão passear?
- Ora, achas que íamos perder a oportunidade de deixarmos os estudos de lado por umas horas? - atalhou logo Ron.
- Ron! Não sejas bruto! Estás a preparar o teu futuro…
- Pronto Hermione, ainda é cedo para sermos, sim? - pediu Ginny piscando os olhos freneticamente.
Harry ainda não tinha dito nada, esperava por uma palavra de Ginny, como que para mostrar que haveria tréguas entre eles, que Harry tinha permissão para tentar emendar a situação a que haviam chegado.
- Harry, estás cá? - chamou Hermione.
Neste momento todos se viraram para ele e repararam que o seu olhar se dirigia a Ginny. Hermione, como sempre perspicaz, entende logo o que o amigo esperava e, apercebendo-se de que a ruiva, como Harry, esperava por uma qualquer palavra, cutucou a amiga discretamente dirigindo-lhe um olhar em direcção Harry. O efeito foi imediato:
- Aham... - começou a garota, hesitante - passaste mal a noite Harry?
- Uhm...não... - respondeu, meio surpreendido - Aliás, tive um sonho óptimo... - completou com os olhos brilhando.
Ginny enrubesceu e Hermione não pode conter um sorriso.
- Como vai ser afinal? Temos mesmo de ir fazer as compras para o baile? - interrompeu Ron, alheio àquele momento.
- Ron não sejas preguiçoso, sim? Ainda agora começou o dia...
- Sim, Hermione, tudo o que quiseres - respondeu beijando-lhe as mãos ao de leve.
- Ah! Como eu tinha saudades deste mel todo…!
- Não agoires Ginny, não quero passar por uma daquelas outra vez… - pediu o irmão.
Hermione levantou-se, esticou-se para chegar ao outro lado da mesa e depositou um beijo nos lábios de Ron, murmurando-lhe ao ouvido 'Nem vais'.
No segundo seguinte as tossidelas de McGonagall fizeram-se ouvi, anunciando que a professora iria falar:
- Espero que, como sempre, o pequeno-almoço tenha estado d vosso agrado. Peço-lhes que comecem a dirigir-se para o Hall de entrada para que seja feita a contagem dos alunos e a verificação da devida autorização. Não se atrasem pois os professores não esperaram por ninguém…
Os alunos começaram imediatamente a levantar-se, principalmente os mais novos com medo de perder a sua oportunidade de visitar a aconchegante e divertida vila. Os quatro aceleraram a ingestão do pequeno-almoço e, pouco tempo depois, estavam já no Hall.
- Vou ter de ficar no castelo a tratar de uns documentos para a estadia dos alunos de Durmstrang e Beauxbatons aqui, são capazes de tratar de tudo sozinhos? Basta que escolham tudo e façam a encomenda, certo? - perguntou McGonagall que se tinha aproximado.
- Claro professora, não há problema. -respondeu de imediato Hermione, prestativa.
- Muito obrigada, confio no vosso bom gosto meninas. - concluiu piscando-lhes o olho.
- Parabéns Ginny, acabas de ser inserida na 'Comissão de Preparação de Festas'. - murmurou-lhe Hary no ouvido enquanto se dirigiam para os campos.
Ginny sentiu um arrepio e ficou sem resposta. Sempre que Harry fazia aquilo ela sentia eriçar cada pêlo do seu corpo. Era como se um descarga de energia a percorresse a cada milímetro, cada célula. Sentia-se ridícula, qualquer pessoa o podia fazer, mas com Harry não. Com Harry cada movimento tinha uma consequência, cada palavra se reflectia no seu estado de espírito, no seu ser.
Foi interrompida nesses seus voos psicológicos por Hermione que a chamava perguntando qual a loja que visitariam primeiro.
- Vocês não têm uma lista? Eu não faço ideia do que acordaram com aMcGonagall.
- Não Ginny, de qualquer forma há coisas básicas para um baile, somos raparigas, sabemos disso.
- Os vestidos… - brincou Harry, mas foi interrompido por Ron.
- Hey! Estás a menosprezar o nosso bom gosto!
-Ron, estás bem? Perguntou Ginny passando a mão na testa do irmão com umaexpressão de teatral preocupação - Ainda há pouco reclamavas!
- Sim mas… não quer dizer que tenhamos mau gosto ou não tenhamos capacidades para escolher a decoração, não é Harry? - respondeu, ferido no eu orgulho e procurando apoio no amigo.
- Claro e…vamos prová-lo hoje. Daremos a nossa opinião em cada decisão a tomar. - prometeu.
- Óptimo! Vai ser um dia produtivo. - exclamou a morena dando um beijo a Ron, orgulhosa - O Salão terá de estar perfeito!
Ginny sugeriu uma loja que não abrira há muito tempo, mas da qual já ouvira falar muito bem. Ao lado da porta, numa placa de metal negro lia-se, a prateado, 'Secrets' - entraram.
A loja era lindíssima, decorada de forma moderna e jovem mas com um requinte clássico. Estava dividida por corredores e tinha um segundo andar.
- Acho que nos vamos perder aqui dentro… -comentou Ginny encantada.
- Sim, por isso mesmo é melhor dividirmo-nos.
- Eu fico contigo -atalhou Ginny de imediato com medo que a amiga tivesse a brilhante ideia de a juntar a Harry.
- Nada disso - começou Ron - eu e o Harry vamos participar mas é melhor que fiquemos com uma de vós para não corrermos riscos.
Ginny abriu a boca para retrucar mas Hermione concluiu:
- O Ron tem razão, eu fico com ele aqui e tu e o Harry ficam com o andar de cima.
Ginny lançou-lhe um olhar frio a que a amiga respondeu com um sorriso inocente e encolhendo os ombros. Harry também se sentia constrangido, o golpe de Hermione tinha sido baixo, mas sabia que teria de agir normalmente. Antes de se virar, Hermione piscou-lhe o olho. De seguida olhou para Ginny timidamente e sugeriu:
- Vamos?
No andar de cima as cores eram diferentes e todo o andar, bem como os objectos, se pintavam em tons de amarelo, laranja e vermelho, num ambiente que retratava perfeitamente o Outono.
Harry seguiu Ginny para uma prateleira e que estavam expostos uns majestosos castiçais.
- Consegues imaginá-los nos centros das mesas?
- Sinceramente…não Ginny.
Ela não conseguiu deixar de soltar uma gargalhada.
- E queres tu ajudar…- comentou enquanto pegava em uns e outros, examinando-os ao pormenor e parecendo tentar imaginá-los nas mesas.
- Há tanto tempo que não te rias assim…comigo.
A garota ficou séria de repente, pousou o castiçal que segurava e avançou para o corredor seguinte.
- Também há já muito tempo que não estávamos juntos…pelo menos assim, sem discussões.
- Não sabes a falta que me fez, Ginny…
- Harry -interrompeu - pára.
Ele assim fez, não queria piorar a situação. Dirigiu-se ao corredor do fundo no qual havia uma mesa preparada como exemplo, com alguns dos objectos da loja. Contudo, Harry não gostou das escolhas, não para um baile em Hogwarts, não para receber os ilustres visitantes. Decidiu surpreender Ginny: começou por escolher a toalha, depois os guardanapos, pratos e, claro, os copos de água, vinho, tudo a que tinham direito, até uns cálices requintados em que Harry já conseguia imaginar uma boa dose de cerveja de manteiga. Fixou tudo e foi à procura da garota nos outros corredores. Viu-a através de um e seguiu-a. Avançavam pelo corredor em lados opostos. Ela, com os olhos fixos nas prateleiras de baixo, onde estavam exibidas travessas em forma de folha, ia-se baixando para as ver melhor e, portanto, ainda não o tinha visto. No fim do corredor Ginny maravilhou-se com uma amostra de um tapete:
- Harry, vem cá!
O rapaz, do outro lado, tocou-lhe na mão que sentia agora a textura do tapete:
- Estou aqui.
- Ai Harry, que susto! Gostas? Não ficava bem estendido até à 'pista de dança' ? -perguntou, atropelando-se nas palavras, graças ao seu coração que batia descompassado.
- Adoro.
- A sério?
- Claro! Agora é a minha vez, vem ver se aprovas as minhas escolhas. - pegou-lhe na mão e guiou-a até ao último corredor. Ela, sem reacção, deixou-se ir. O rapaz mostrou-lhe tudo aquilo que tinha escolhido.
- As peças são todas muito bonitas mas…não achas que fica um pouco laranja demais?
- Será?
- Vá lá Harry, faz um esforço, tenta visualizar. -pediu ela.
Harry fechou os olhos, imaginou o Salão iluminado com uma luz levemente alaranjada, as peças que ele tinha escolhido perfeitamente dispostas em cima das mesas.
- Tens razão, talvez com um pouco de branco…na toalha, por exemplo?
- Era exactamente o que estava a pensar, estás a melhorar!
- Então está escolhido, não é?
- E o tapete, que achas?
- Depois perguntamos à Hermione. Agora tu, fecha os olhos e visualiza.
- Não Harry, vamos descer. - preveniu ela com medo do que ele iria fazer.
- Não Ginny, visualiza. - murmurou ele enquanto lhe tapava os olhos - Estás numa mesa a ver todos dançarem, todos se divertem, um quadro lindíssimo, só lá faltas tu... danças comigo? -perguntou, a medo.
- Isso é um convite para o baile?
- Pergunto-te se danças comigo aqui.
- Agora? - a garota abriu os olhos, desconfiada.
- Fecha os olhos! Agora, sim. - e pegou-lhe na mão, fazendo-a rodopiar.
- Harry! -exclamou, novamente de olhos fechados, como ele mandara.
Ele puxou-a de novo a si e passou-lhe a mão pelos cabelos:
- Com esta luz a brilhar nos teus cabelos ficas anda mais bonita. - notou que ela ia abrir os olhos e tapou-lhos com a mão - Ainda não. Tenho de te dizer isto, se não estiveres assim já sei que me interrompes…
- Mas…
- Sshhh…sabes o que tenho sofrido com a indiferença com que me tens tratado? Sei que agi mal, mas arrependo-me. Sabes que te adoro Ginny, porque é que não podemos ficar assim?...Sempre…
Fez-se silêncio. O momento era indescritível, não havia música mas ambos a sentiam e dançavam juntos, de corpos colados.
-Tenho medo… - admitiu, devagar.
- De mim?
- Não, ao contrário, da tua ausência… medo que me deixes de novo e que dessa vez e não consiga aguentar.
- Não vou, não sou capaz. Eu já não faço sentido se não estiveres aqui.
Ginny tirou as mãos de Harry dos seus olhos e deixou-o ver que estes estavam já marejados. Abraçou-o bem forte e ambos suspiraram como cúmplices, sentindo e sabendo aquilo que tinha ficado por dizer.
- Harry, Ginny! Vamos! - chamou Hermione do andar de baixo.
Eles soltaram-se, olharam-se e nada mais. Ginny não sabia se deveria dar o passo seguinte e Harry não quis arriscar-se a perder o que tinha acabado de conquistar, saberia esperar um pouco mais.

Foram almoçar ao 'Três Vassouras' e visitaram mais algumas lojas onde deixaram algumas encomendas voltando, ao final da tarde, à 'Secrets' para verificar o que Harry e Ginny tinham escolhido e que foi acolhido por Hermione e Ron com grande entusiasmo.
De volta a Hogwarts, Harry e Ginny trocaram olhares enternecidos que não passaram despercebidos a Hermione, a qual iria exigir à amiga que lhe contasse tudo assim que tivesse uma oportunidade.

* * *

Na sala comum dos Slytherin, Draco olhava o tecto do calabouço, deitado no sofá, de mente vazia, cansada. Sentiu alguém sentar-se a seus pés.
- Draco, estás bem?
Era Stella Burnet, uma rapariga do 7º ano, de cabelos castanhos com algumas madeixas loiras, lisos, olhos cor de aveia e um fino nariz arrebitado que lhe ficava deliciosamente bem devido à sua personalidade de menina superior. Já há algum tempo que tentava a sua sorte com Draco, mas este não andava com disposição para joguinhos e Stella tinha acertado na hora errada de novo.
- Não Stella, portanto é melhor que me deixes sozinho. - respondeu sem se mexer.
Mas a rapariga não se deixava intimidar facilmente:
- Vá lá Draco, pára com isso…é um desafio? Também consigo ser muito fria quando quero.
- Mas que desafio?! Queres deixar-me e paz?
- Txiii, espero que essa tua disposição não tenha nenhum erro ou falhanço por trás. Tenho um recado para ti.
Houve qualquer coisa que aqueceu Draco por dentro ao ouvir estas palavras, mas nem ele percebeu porquê. Sentou-se no sofá e perguntou à rapariga de que era o recado.
- Não adivinhas?
Um nome passou pela cabeça de Draco mas, da maneira que a sua última conversa tinha acabado…além disso, que tipo de relação poderia ela ter com alguém como Stella? Draco acabou por encolher os ombros.
- Uhm…o Snape quer que faças um servicinho. É bom que vás a casa dele amanhã cedo.
- Snape? Como é que sabes que…ah não acredito…
- Foi a minha mãe que me disse - e chegando-se ao ouvido do rapaz - os meus pais tornaram-se seguidores d'Ele desde aquela 'tentativa de guerra'. - explicou ela, orgulhosa.
- Oh não…e eu que pensei que me tinham deixado e paz! - murmurou ele, desconcertado.
- Como? Que disseste? Mas tu não estás d lado deles?
- Eu?! Uhm, oh…sim, claro! Senão por que o Snape me mandaria esse recado? - a consciência voltou a Draco e este percebeu que, por enquanto anda era demasiado cedo para se revelar contra Quem-Nós-Sabemos.
- Certo, o recado está entregue então. - Draco assentiu - E não mereço nada por desempenhar tão bem as funções de uma coruja? - perguntou levantando-se e colocando-se de joelhos junto do rosto pálido do rapaz.
Draco pensou como era possível alguém fazer uma observação daquele tipo, reduzir-se às funções de uma coruja.
- E o que queres tu, Stella? Já te disse que não estou com paciência… - respondeu rispidamente virando se para as costas do sofá.
- Muito bem, mas não me escapas! - a rapariga saiu, resignada, não sem antes deixar um beijo plantado na bochecha de Draco.
E agora: ir ou não ir falar com Snape? Vontade não existia, mas teria de ser. Draco calculou que ele lhe iria confiar uma qualquer missão que este não estava disposto a realizar, que este quereria esquecer para deixar de ter o que quer que seja que ver com aquela gente. Mas disso Snape não podia saber, contava com ele e assim seria, por enquanto.

* * *

Na manhã seguinte Draco estava quase sozinho no Salão tomando o pequeno-almoço. A verdade é que comeu muito pouco, parecia não conseguir engolir nada na ânsia de saber o que teria de fazer e como agiria frente a Snape sabendo agora toda a verdade sobre a sua vida até ali.
Saiu de Hogwarts sem dar nas vistas e, uma vez fora dos domínios do castelo, materializou-se em casa de Snape, no beco Urdidor. Apesar das horas, Severus já se encontrava de pé, folheando um livro no sofá.
- Esperava-te mais cedo. - começou com a sua voz fria.
Draco teria de agir naturalmente se queria descobrir tudo com o mínimo de riscos, mas era difícil pois a sua vontade era agarrá-lo com toda a força que tinha e obrigá-lo a dizer tudo o que sabia sobre a sua 'adopção' pelos Malfoy.
- É domingo…
- Certo, mas o dever chama-te. -continuou, fazendo-lhe sinal para que se sentasse à sua frente.
- O dever é algo muito relativo…- respondeu o loiro sem pensar.
Severus soltou uma gargalhada desprovida de qualquer tipo de sentimento.
- Não sabia que já ensinavam filosofia em Hogwarts.
- Não sejas irónico, Severus, não estou com disposição.
- Ora, se disposição? Pois vou dizer-te o que tens de fazer e verás como o brilhozinho de vingança vai voltar aos teus olhos. -Severus esperou por uma resposta que não chegou, Draco encolheu os ombros -Bom, terás de tirar das mãos do Potter um mapa que parece mostrar a posição de todas as pessoas que estejam dentro do castelo, já ouviste alguma coisa sobre ele?
- Não. Acreditas mesmo nisso?
- Sim, há alguns anos encontrei o Potter a deambular pelos corredores do castelo muito tarde. Trazia um pergaminho na mão que eu tentei enfeitiçar para me mostrar o que escondia mas…continuou em branco. - Severus não quis contar que, na verdade, o pedaço de pergaminho o insultou.
- Uhm…de qualquer maneira não poderei ser eu a tirar-lhe o mapa. Ele deve ter essa preciosidade bem guardada no dormitório dos Gryffindor.
- Oh Draco, poupa-me! E tu não és capaz de lá entrar enquanto todos estiverem nas aulas? - observou Snape com o seu típico tom de desdém.
- Não me quero arriscar por uma coisa tão pequena. Ainda tenho um ano de estudo em Hogwarts e não o quero deitar fora sendo expulso por isso.
- Draco, vê se entendes uma coisa: se te unires a Quem-Nós-Sabemos não precisarás de te preocupar com o teu futuro. Resta saber se Ele continua a querer-te d seu lado, um cobarde como tu… - Snape sabia que Voldemort preferia ver-se livre de Draco de uma vez, mas este era das poucas ligações que lhe restavam dentro de Hogwarts.
- Talvez não queira, não é? - Draco começava a ficar furioso com aquela conversa, com o facto de saber que o queriam usar. Mas, depois disso, que futuro lhe teriam reservado?
- Podes sempre controlar alguém, aliciar um Gryffindor a fazê-lo…
- Certo, e como?
- Como este tipo de atitudes já são de esperar vindos de ti, escrevi uma carta, anónima, ameaçando a morte do irmão de Colin Creevey.
- Morte?! Do Dennis? Isso não é aliciar, isso é chantagear, aliás, trata-se de um ultimato!
- O resultado é o mesmo. O Colin é um miúdo medroso, fraco...fazes com que ele receba a carta e, mais tarde, entregas-lhe esta em que se combina o ponto deencontro para que ele mo entregue.
- A ti? Como?
- Sim, a mim. Sabes que Hogsmeade tem uns óptimos pub's para tratar desse tipo de assuntos.
Draco tinha ficado assustado com a frieza de Snape. Estava mais fraco, não havia dúvida. Há algum tempo atrás, a sua maldade tê-lo-ia feito delirar com a ideia de chantagear alguém com um assassínio, ainda que fosse apenas por saber que não teria de ser ele a executá-lo. Agora sentia um peso por ter de cumprir a simples missão de fazer chegar uma carta aterradora a um colega. O pior é que não sabia se deveria considerar esta mudança boa ou má, mais uma vez tudo lhe parecia muito mais simples se continuasse um Malfoy ao serviço de Voldemort. Mas, havia uma pergunta que ainda vagueava na cabeça de Draco:
- Severus, como soubeste da existência desse mapa?
- Já te disse que os pub's são lugares óptimos e há miúdos dispostos, por inveja ou vingança, a contar a qualquer encapuçado aquilo que lhe pedem. - revelou, com um sorriso malicioso.
- QUEM te contou?
- Smith, Zacharias Smith.



N/A: oiee! estive muito tempo sem postar e, para ser sincera, só voltei pela insistência de uma amiga (marisa). Entao qualquer reclamação por esse cap (que até eu acho q n tá com nada) vcs têm que fazer a ELA! =)
Bom, duvido que aqueles que liam a fic ainda estejam esperando a sua actualizaçao mas...obrigada a todos os que lerem e ainda mais aos qe cmentarem, critiqem muito!

Beijo especial na marisinha, obrigada por tudo (=*

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